História Maybe - Decisão

- Wild? – Danni chamou, parecia apreensivo.

- Sim...? – eu respondi.

- Como ficamos a partir de agora?

“Como ficamos a partir de agora?”

 Pude ouvir a voz de Danni ecoar pela minha cabeça, me perguntando isso várias vezes. E eu não sabia como responder. Acontece que, eu não sabia ao certo o que sentia por ela. Meu coração acelerava toda vez que eu a via, mas ela me acalmava toda vez que estava com ela. Ela me fazia sentir sã, mesmo com todos os meus problemas.

- Nós temos alguma coisa? – eu perguntei, sem sequer olhar pra ela. – Achei que fosse só um beijo de uma bêbada...

A expressão da Danni mudou. Ela foi de preocupada para uma seriedade que me causou medo.

- Você disse que justamente por estar bêbada você estava fazendo o que queria. – ela me observou como se quisesse me bater. – Eu não sou um brinquedo, Wild. Você quer ou não ter alguma coisa comigo?

- Você está me pedindo em namoro?

- Não. Eu quero saber até quando você vai me usar apenas pra satisfazer a sua libido masoquista que adora um cara sarcástico, mas que muda totalmente quando descobre que o cara dos seus sonhos é uma garota! - ela disse bem assim. Tudo de uma vez. E aquilo foi como um choque pra mim.

Eu só estava confusa, mas isso não mudava o que eu sentia por ela. Só queria entender.

- Eu ainda quero você, Danni. Ainda te desejo. E ainda me envolveria com você.

- Então porque está falando no passado? – Danni cruzou os braços e encostou apenas as costas no batente da porta, folgando as pernas um pouco para frente, cruzando-as, também.

- Porque eu não sei o que você sente por mim, Danni. – finalmente olhei fixamente pra ela. – Eu sim, me sinto um brinquedo, perto de você.

- Eu não brinco com as pessoas, Wild. Brinco com o whisky dentro do meu copo. – ela disse, me encarando. – Brincar com pessoas é nojento.

Ela era realmente linda. Por dentro e por fora. Então eu me levantei do sofá e me aproximei dela. Ela pôs a mão sobre meu queixo, levantando ainda mais meu rosto, se aproximou de mim e focou em meus olhos.

- Eu gosto de você, Wild. Você é interessante. E eu gosto da nossa sub-relação.

Meu coração acelerou. Eu queria poder beija-la, mas não sabia o que fazer. Eu estava em dúvida de como considera-la a partir daquele momento, não sabia até onde iríamos. E se não desse certo? Como seria? Como faríamos? Deixei as vozes absurdas da minha mente desligadas e cantei para ela.

- I’m sorry. No! I’m not sorry... (Me perdoe. Não! Eu não me arrependo...)

- Você canta bem, Wild.

Ela sorriu da mesma forma sarcástica de sempre. Selou os lábios aos meus e eu, pela primeira vez, senti que realmente a conhecia. Ou não. Indiferente do que estivesse acontecendo, eu queria estar com ela. 

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- E então? – AyLeen perguntou quando eu voltei para o quarto.

Não sabia ao certo o que responder, mas eu não poderia esconder isso delas. Eu amava a elas mais do que a mim mesma.

- Tudo bem pra vocês terem uma amiga, bi? – perguntei receosa e vermelha.

- “BIURIFUL”? ADOOOOROOO

A brincadeira que Sarah fez com a sonoridade das palavras me fez sorrir, enquanto ela e AyLeen se aproximavam para me abraçar.

– Nada contra, linda! Ninguém tem nada a ver com sua vida. – Sarah completou. 

- Eu só quero te ver feliz, Arym. – AyLeen sorriu.

- Mas cá entre nós... – Sarah sussurrou, fazendo com que eu e AyLeen nos aproximássemos para ela gritar logo em seguida. – QUE MENINA LINDA HEIM, MULHER? MEU, DEUS, DO, CÉU! – falou assim, com as pausas. O que me fez rir. Eu ainda estava vermelha.

Não era um namoro nem nada. Mas eu queria sair com elas.

- Nós podemos sair do campus? – perguntei, colocando o dedo indicador na boca, com dúvida.

- Acho que sim... – AyLeen completou. – Mas por quê?

- Querida, se quiser sair, vamos! Comemorar AGORA! – Sarah tinha a animação extra de AyLeen.

- Já que não vou a aula hoje e já está meio tarde... –comentei. - Porque não? – sorri e elas concordaram.

Decidi que iríamos nos arrumar, iríamos sair para um barzinho Pin Up que ficava ali perto do campus. Nos arrumamos da melhor forma possível, coloquei uma camisa justa combinando com minha bermuda jeans rasgado e meu all star preto. Prendi meu cabelo Chanel apenas na parte de cima, e soltei a franja. Eu estava meio “Dane-se” para a roupa. AyLeen fez o mesmo rabo de cavalo de sempre, com uma camisa solta vermelha e um short preto, estava bem quente na verdade. Já a Sarah estava com todo o seu glamour de sempre, usando seu cropped e sua saia rodada cintura alta. Eu decidi que queria me sentir bem com quem eu amava, e gostava. Bati na porta do quarto 23. Danni abriu e me encarou.

- Posso ajudar?

- Pode. Vamos sair. – fui simples.

- Não to afim. Não hoje.

- É pra fora do campus...

Ela pensou por alguns minutos.

- Me encontra lá embaixo em dez minutos.

- Dez minu...- e eu não pude terminar a pergunta, porque ela fechou a porta na minha cara. Eu odiava aquela garota. Sarah e AyLeen riram da minha expressão de sempre se tratando da Danni. “Eu vou acabar com sua raça.”

- Vamos... – AyLeen sorriu ao apontar para descermos.

 Nós acabamos esperando mais que dez minutos pela Danni, mas compensou. Ela estava usando uma calça rasgada que até combinava com a minha, uma camisa cor de vinho gola V e os seus lindos óculos redondos pretos. Ela estava tão linda, com seu coturno de couro preto e seu colete combinando com o sapato. Ela estava com a boca brilhante, como se tivesse passado um gloss incolor, mas seus olhos estavam mais puxados devido ao sombreado um pouco mais escuro. Em seu pulso direito ela tinha uma pulseira que parecia ser feita de fios de madeira. Lógico que era só uma boa estampa com um pingente de âncora. Ela combinava com absolutamente tudo o que quisesse. Ela puxou meu pescoço pelo braço esquerdo e explodiu uma bolha de chiclete de menta depois de dizer “Vamos”.

As meninas ficaram as duas pouco para trás, mas não deixamos de conversar por isso. Estava uma noite agradável, e eu sabia que amaria aquela noite. Mas algo ainda me preocupava. O que eu tinha com a Danni? Eu não chamaria aquilo de relação, ainda que, enquanto andava eu pudesse olhar para cima e vê-la perfeitamente, com seus cabelos castanhos bagunçados de sempre, jogados para o lado esquerdo. Eu queria poder responder para ela. “Como ficamos a partir de agora?”