Talvez, se sua roupa fosse mais longa ou se seu decote fosse menor...
Talvez, se não tivesse provocado ou se tivesse sido uma "boa garota", não estaria se sentindo tão só nesse momento. Não estaria sem vontade de se ver no espelho ou de ir a balada novamente.
Não teria chorado durante toda a noite, não teria se culpado tanto, se sentido tão imunda. Porque era assim que ela imaginava estar. Suja, podre.
Ela ainda podia sentir as mãos apalpando-a, a risada nojenta, as palavras imorais sussurradas no seu ouvido. Podia escutar seus gritos por ajuda, seu choro abafado, os soluços histéricos.
Ela tomou um, dois, três banhos. Mas a sensação ainda se alastrava pelo corpo. Quanto mais tentava esquecer, mais lembrava de como foi tratada como lixo, como um brinquedo usado.
Sentou em um canto do quarto e chorou. Contou para sua mãe, fez um boletim de ocorrência na polícia. Mas o que eles poderiam fazer? Não tinham como tirar aquilo de sua mente, como reverter a situação. Justiça seria se pudessem devolver sua vontade de sair e viver.
Talvez, se aquele homem soubesse receber um não, ou se soubesse respeitar uma mulher. Nada disso teria acontecido.
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