Point of View of Anitta Jolie Greene
- Charlotte, você sabe que eu odeio quando... - Thomas parou sua fala quando tocou minhas mãos que cobriam seus olhos.
Ficando nas pontas dos pés, depositei um beijo em sua nuca, antes de tirar minhas mãos de seu campo de visão. O moreno se virou para mim e sorriu maliciosamente.
Quando Thomas abriu a boca para falar, coloquei meu indicador sobre seus lábios, e, com a outra mão lhe monstrei dois ingressos. O moreno franziu o cenho.
- Yiruma, Tommy. Teatro ZinZanni, hoje, às oito. - falei, sorrindo como uma criança.
- Como sabia que eu adoro música clássica? - perguntou ele, pegando um dos ingressos e arregalando os olhos ao ver que eram para as primeiras filas.
Dei de ombros: - Você tem dedos longos. E o toque do seu celular é Maybe.
O moreno passou a língua nos lábios.
- Fica analisando meus dedos, Greene? - aproximou-se de mim e prensou meu corpo contra as portas dos armários verdes dos corredores.
Revirei meus olhos: - Eu toco violino e piano. Sei reconhecer. Nem tudo gira em torno do seu corpinho, Anderson. - ele colou nossos troncos, o rosto a centímetros do meu.
- Esqueceu do adjetivo gostoso, depois do substantivo corpo. - sorriu maliciosamente.
- Não era você quem queria aulas de Literatura, Tommy? - meus olhos estavam pousados em sua boca. O corredor estava cheio e diversas meninas e meninos paravam para assistir a cena.
- Não foi você que acabou de me chamar para sair, Anny? - rebateu ele, arqueando as sobrancelhas. Merda.
- Aceita ou não? Você não é a minha única opção. - minha voz estava falha. A pelvis dele roçava em minha cintura e eu podia sentir que ele estava ereto.
- Te encontro lá, Greene. - sussurrou ele, mordiscando o lábulo de minha orelha. - E, eu posso até não ser a sua única opção. Mas sou a primeira. - dito isto, ele roubou um selinho e saiu andando pelo corredor, ignorando os olhares de admiração das garotas e os de inveja dos garotos.
Respirei fundo, passando a mão pelo cabelo e recompondo-me.
O show está no papo! Pretendo deixar o Tommy calminho, para depois fazê-lo pegar fogo. Preciso da sua Ducati. XX - 13h23min
Naquele mesmo dia, horas mais tarde, depois de algumas brigas com Newt, eu estava terminando de me arrumar. Um vestido verde, três palmos e meio acima do joelho, mocassins de mesma cor, batom rosa claro e cabelo arrumado em uma meio taça frouxa.
Apertando minhas bochechas em frente ao meu espelho, fiquei pensando em como aquele look combinava com a Anny de três anos atrás. Balançando a cabeça e ignorando meus devaneios, passei perfume pela segunda vez e desci as escadas.
- Cuidado com o Cooper. Nada de gasolina comum, senão ele engasga. E não passe dos 180, ele não foi feito para correr. - disse meu primo, balançando a chave de seu Mini Cooper no indicador, enquanto me listava tudo o que eu não deveria fazer com o carro.
- Não é mais fácil eu ir com a Ducati? - perguntei, revirando os olhos.
- Só se você for de calça.
- Nem pensar!
- Então escute o que estou dizendo! – Newt contestou, voltando a falar sobre a delicadeza do carro.
- Newtie, pare de viadagem e me dê logo a chave desse maldito carro. Você não deveria estar fazendo marcação serrada na vadia da Charlotte? - murmurei irritada, arrancando a chave de sua mão. Atônito, o louro soltou um grunhido de surpresa, ignorando o assunto sobre Grey.
- Cuidado! Não esqueça de descer esse vestido! E nada de passar dos 180! - gritou ele, enquanto eu corria sorrindo para o carro. - E, você está linda! - emendou quando eu já estava saíndo da garagem e manobrando o carro – Não deixe ele passar a mão em você!
Rindo, lancei-lhe um beijo e dirigi até a St.Mercer com a Royst, ao som de Ghost, da Halsey. A música combinava com o momento. Combinava comigo e com Thomas. Suspirando, desci do carro e verifiquei se estava tudo no lugar.
Com o celular na mão, vi que já eram 8:39. Eu estava bastante atrasada. Merda. Assim que cheguei a entrada do grande Teatro e vi tudo fechado e ouvi a música retumbando alto, senti minhas esperanças se desmancharem. Praguejei baixinho, fazendo uma anotação mental de acordar Newt com aguá fria amanhã. Tudo culpa dele. Filho da...
- Greene? - era Thomas. Mordi meu lábio inferior ao ver o garoto alto a minha frete. Thomas usava uma calça jeans preta, blusa social branca e sapatos pretos sociais. O cabelo estava sedutoramente desgrenhado.
- Acho que perdemos o show, Tommy. Desculpe. - falei, baixando o olhar para minhas mãos, envergonhada.
- O que é isso, Ann. Não perdemos nada. Talvez as músicas de From the Yellow Room, mas eu não gosto muito desse álbum. Vem. - murmurou ele rapidamente, um sorriso maroto no rosto, estendendo-me a mão.
Fazendo uma careta, peguei sua mão, já imaginando o que iríamos fazer. Corremos para os fundos do Teatro, onde havía uma escada que dava no terraço, para casos de emergência. Olhei para cima, arrependendo-me de ter vindo de vestido. Respirei fundo. A nova Anny não se importa, repeti para mim mesma. Não se importa.
Jogando meu cabelo para trás, comecei a subir a escada de emergência o mais sensualmente possível, sabendo que Thomas estaria olhando tudo dali debaixo. Assim que subimos no terraço, Thomas lançou uma piscadela para mim e, me puxando de novo corremos até a porta que havía ali. Para nossa sorte, estava destrancada.
Descemos as escadas de madeira velha rapidamente, tentando não fazer barulho, o que não deu certo, sendo que os espirros de Thomas me fizeram rir. Fazendo uma careta para mim, corremos pelo sótão do Teatro.
- Por aqui, Tommy. - falei, puxando-o para uma porta que dava no quartinho de figurinos, e que dava vista para o andar de baixo.
Assim que entramos e fechamos a porta, pudemos ouvir a música retumbando alto ali. Thomas sorria.
- Como sabia? - perguntou, me puxando. Deitamos no chão em frete a janela de vidro, observando Yiruma tocar Kiss the Rain.
- Ano passado meu tio teve uma conferência aqui em Seattle. Insisti tanto para vir que ele me trouxe. Iria ter um show da Lindsey Stirling, minha violinista favorita, mas os ingressos já haviam esgotado. Jorge e eu fizemos quase a mesma coisa que eu e você, só que foi mais emocionante. - contei, sem olhar para ele, admirando os dedos do pianista dedilharem delicadamente as teclas do instrumento.
- Quer dizer que comigo não foi emocionante? - perguntou Thomas, sentando-se e me encarando. Sentei-me também, meio sorrindo, meio fazendo uma careta.
- A primeira vez sempre é a mais emocionante. - disse, dando de ombros. Thomas levantou-se e ofereceu-me sua mão.
- River Flows In You. - murmurou, intitulando a música e apontando lá para baixo com um aceno de cabeça. - Minha favorita. Dança comigo Srta. Greene? - encarei-o, estática.
- Não sei dançar. - dei de ombros, sem olhá-lo.
Thomas segurou meu pulso, puxando-me para cima e contra o seu corpo.
- Mais um motivo para dançar comigo. - sussurrou, colocando as mãos em minha cintura. Entrelacei meus braços em seu pescoço, deixando que ele guiasse meu corpo.
Eu estava sem salto, ou seja, quase quinze centímetros mais baixa que Thomas, o que me irritava um pouco. O moreno guiava meu corpo habilmente, fazendo tudo parecer fácil.
E, ali, encarando os seus olhos, senti a nossa bolha ser reestabelecida. A mesma bolha em que ficamos há três anos, quando ele me beijou. A mesma bolha que me fez acreditar que eu era tão especial para ele, quanto ele era para mim.
Logo a música começou, mas ignoramos o fato. Thomas tirou uma das mãos de minha cintura e começou a acariciar meu rosto. Nossos corpos se aproximavam lentamente. Nossas bocas estavam a centímetros uma da outra. Até que a porta do quartinho foi escancarada, revelando um segurança.
Fomos expulsos dali e o homem só não chamou a polícia porque Thomas deu-lhe uma boa quantia por seu silêncio. Kiss the Rain tocava novamente, dessa vez com acordes em violino também. Senti meus pelos arrepiarem-se.
- Desculpe, Tommy. - murmurei, quando saímos do Teatro. O moreno sorriu.
- Da próxima vez vamos fazer direito. Jantar, show, minha casa. - disse ele, passando o braço por meu pescoço. Revirei meus olhos, tendo uma ideia.
- Tenho uma ideia. Vamos. – puxei-o para o Cooper, rindo de sua cara de curiosidade.
Dirigi com calma, conversando com ele sobre música clássica e sobre algum dia tocarmos juntos. Paradise, do Coldplay tocava baixinho. Assim que chegamos ao aeroporto, digiri para a entrada que dava aos hangares. Thomas franziu o cenho quando mostrei para o guarda um cartão de acesso privado.
Estacionei o carro e andei com Thomas até o Hangar Greene. Flier estava ali, meu planador que eu havía ganho de aniversário de 16 anos. Cameron, o helicoptero de Newt também estava ali. O jatinho azul com as iniciais A.J.G não estava ali. Sorrindo, puxei Thomas para as escadas que davam no terraço do Hangar. Sentamos na ponta, os olhos para a pista, as pernas pendendo no ar.
- Você pilota? - perguntou o moreno, admirando os aviões ao longe com um olhar temeroso.
Sorri, assentindo: - Sempre gostei de voar. E depois que virei amiga de Peter, não deixei-o em paz até que me ensinasse.
- O avião ou o helicóptero? - perguntou, os olhos brilhantes. Será que Tommy tem medo de altura? Hm, interessante. Vamos fazer um teste.
- É um planador, Tommy. Prefiro planadores, são mais silenciosos. - comecei a olhar para baixo. Três, talvez quatro metros. Um tornozelo torcido, no máximo, se eu caísse errado.
- Pare de se inclinar. - pediu ele, colocando a mão em meus ombros. Sorrindo para ele, pulei. Eu já tinha caído de alturas muito maiores, aquilo não era tão difícil. Caí de pé, ficando de cócoras por causa da dor do impacto brusco. Dois segundos depois, Thomas estava do meu lado.
- Você é maluca?! - gritou ele, se jogando no chão ao meu lado. Comecei a rir.
- Queria ver a sua reação. - gargalhei, empurrando-o de brincadeira.
- Você é maluca. E eu odeio altura. - ponto para Anny! Levantando-me, olhei para o céu e sorri, antes de começar a andar para o carro.
- Bom, agora sei onde ficar sem que você me alcance. - sussurrei baixinho, prevendo um final para aquilo.
Anitta Greene iria fugir como uma águia. Voando pelos céus.
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