História Maze Runner - Novato

Apertei meus dedos extremamente nervosa, estava sentada sob a 'vigilância' de Gally e Newt enquanto esperávamos Alby resolver os assuntos da clareira com o novato. Eu me arrependia profundamente por ter aberto a boca, agora eles queriam explicações, as quais eu não tinha. Quando finalmente Alby chegou, eu não me mexi, somente levantei o olhar esperando que alguém fizesse a primeira pergunta.
- Tem algo para nos contar, Esther? - Alby foi o primeiro a falar. A expressão séria e a voz calma.
- Não - respondi.
Gally que parecia estar se segurando há séculos avançou em minha direção: - Não? - repetiu incrédulo - você reconheceu aquele trolho.
- Não - neguei desesperada - não sei quem é aquele garoto.
- Você o chamou de "Tommy" - Alby colocou visivelmente mais calmo que Gally.
- Foi impulso, eu não sei como... - tentei explicar, mas Gally me interrompeu.
- Não minta - sua voz elevada me assustou por um segundo.
- Não to - afirmei intercalando meu olhar entre os três.
Newt era o único que não me encarava, seu maxilar estava travado e seu olhar fixo em um ponto qualquer.
- Será que podemos confiar em você? - Gally observou com sarcasmo e se virou para Alby - não parece estranho que há três anos um novato chega todo mês sem falta, sem quebrar a rotina. Agora ela chega, a primeira garota, três dias antes de mandarem outro novato, ao qual ela parece conhecer.
- Sim, é incomum - Alby concordou me analisando com cuidado.
"O que ia me contar?" olhei para Newt surpresa. Ele que até então estava quieto, me colocou contra a parede.
Hesitei e Newt se virou para me encarar: - O que ia me contar antes do novato chegar?
Baixei a cabeça nervosa, passando a coçar meus pontos quase em um ato impensado: - Fala logo - Gally me pressionou e eu olhei de Alby para Newt antes de começar a falar mesmo relutante.
- No dia que dormi no bosque -comecei - eu tive um sonho, talvez uma lembrança, de dois garotos - mordi o lábio ansiosa - meus irmãos.
- O garoto que chegou era um deles? - Alby perguntou pacientemente.
- Não - neguei novamente - seus nomes eram Aris e... Gally.
O silêncio se estabeleceu no local como o ar, ninguém falou por longos segundos, chocados demais para ter outra reação senão olhar para Gally. O grandalhão foi o primeiro a quebrar o silêncio, com uma risada incrédula e sarcástica: - Vão mesmo cair nessa? - perguntou aos outros dois - é óbvio que ela está mentindo, tirando o foco da relação dela com o trolho que acabou de chegar.
- Não estou mentindo - me levantei indignada - não estou afirmando que você é meu irmão, só estou contando o sonho que tive.
- Ninguém, jamais, recuperou as lembranças após chegar na clareira - Gally rebateu frente a frente comigo.
- Talvez por isso ela tenha sido atacada na manhã seguinte por aqueles objetos mecânicos - Newt supôs - não era para ela ter lembranças.
- Por que não contou sobre o sonho antes? - Alby perguntou.
- Porque é tudo mentira dela - insistiu Gally.
- Eu não sou mentirosa - rebati irritada.
- E eu não sou seu irmão - disse.
- Tomara que não seja mesmo - bradei furiosa.
- Esther - Newt chamou - Esther, para.
O olhei confusa, ele estava olhando assustado para mim, segui seu olhar e vi que sangue escorria da minha mão, eu estava novamente arrancando os pontos do meu machucado sem perceber: - Droga - resmunguei subitamente zonza, sangue era o meu fraco.
- Vou levar ela pros socorristas - Newt se adiantou.
- Não vai puni-la? - Gally questionou a Alby indignado.
- Pelo o quê? - o líder arqueou a sobrancelha fazendo o outro se calar irritado.

Jeff terminava de enrolar minha  mão para garantir que eu não voltaria a arrancar os pontos quando percebi que o olhar de Newt não desviava de mim.
- Pronto - avisou o socorrista.
- Obrigada, Jeff - agradeci e esperei o garoto se afastar para devolver o olhar do loiro - o que foi, Newt?
Ele se aproximou e se sentou ao meu lado: - queria te pedir desculpas - soltou.
- Desculpas?
- Por ter feito você contar do seu sonho na frente do Gally - explicou.
- Ele é um idiota - comentou zangada - eu disse que os nomes dos meus irmãos eram Aris e Gally, nunca disse que era ele. Além do mais, éramos crianças no meu sonho, não da pra saber.
- Mas é uma conhecidencia enorme - Newt observou.
- Podem nem serem lembranças.
- Mas o nome do novato você lembrou, devia conhece-lo.
- O nome dele é Tommy? - o olhei curiosa.
- Foi o que você disse - ele deu de ombros.
- Mas o que ele disse? - insisti.
- Ele ainda não lembra do nome - contou - acontece com alguns.
- Então, o nome dele pode nem ser esse - afirmei - vem, vamos sair daqui.
Saímos da "enfermaria" a tempo de ver a confusão se formando na beira dos portões. O novato e Gally eram o centro de tudo. Corremos para lá e assim que nos aproximamos entendemos que o novato queria entrar no labirinto.
"Calma, novato" Newt falou e então o garoto se virou para nós, seu olhar parou em mim por um segundo, mas antes que esboçasse qualquer reação os portões começaram a se fechar e igualzinho a mim três dias atrás, o novato ficou euforico de tanta curiosidade.

Quando a fogueira foi acessa, eu estava abraçada a Chuck observando os outros enquanto o menor comia sem se importar em me ter desbruçada sobre si. O novato havia me 'roubado' Newt e esses conversavam mais afastados da fogueira. Gally se divertia com suas lutas inúteis e Minho estava sentado junto a outros corredores. Eu queria distância de todos eles e a companhia até então silenciosa de Chuck era o paraíso.
Enquanto Newt e o novato começavam a caminhar entre os garotos, eu flagrei o olhar de Minho em mim, foi inevitável não devolver o olhar, mas nenhum dos dois esboçou reação, apenas nos olhamos.
"Está com medo, novato?" a voz de Gally me fez desviar de Minho e soltar Chuck. O idiota estava desafiando o novato para uma luta, me levantei intrigada, estranhamente interessada na luta. Não pareceu surpresa para ninguém que o novato começou a luta apanhando indo várias vezes ao chão, mas sempre levantando e atacando novamente com raiva das gracinhas e provocações ditas por Gally. Foi em uma dessas investidas que o novato derrubou o grandalhão e enquanto os garotos gritavam surpresos, eu sorri; Gally se sentindo afrontado nem se levantou para passar uma rasteira no novato que caiu e bateu a cabeça com violência. Enquanto eu esperava que ele resmungasse de dor, o garoto fez o oposto, levantou subitamente animado.
- Aí - chamou a atenção de todos - Thomas. Eu lembrei do meu nome. Eu sou Thomas.
"Thomas" gritaram a minha volta.
- Ainda vai negar que conhece ele? - Gally provocou ao passar por mim.

Thomas. Tommy.