História Maze Runner - Punição

Aquela maldita atadura coçava demais e isso me deixava ainda mais nervosa do que eu já estava; Graças ao meu machucado eu já havia perdido mais da metade da reunião onde decidiriam a punição que Thomas e eu receberíamos por ter quebrado a regra de nunca ir além dos muros. Pulei ansiosa quando Jeff reapareceu: - Já posso ir? - perguntei.
- Deve ir - afirmou - Newt pediu para chama-la, precisa estar lá para se defender.
Corri para fora da enfermaria, estava quase explodindo de curiosidade; Era possível ouvir as vozes alteradas de longe, mas não identifica-las.
"...fazer dele um corredor" foi o que ouvir Minho dizer quando entrei.
Gally foi o primeiro a me ver e avançou furioso: - Você começou tudo isso - acusou me apontando o dedo - aquele trolho só entrou no labirinto porque você resolveu bancar a heroína.
- Ao menos eu fiz alguma coisa - rebati irritada - Minho precisava de ajuda e ninguem se mexeu, se você ou qualquer um mais forte que eu tivesse ido teria dado tempo de entrarem antes dos portões se fecharem.
- As regras existem para alguma coisa, sabia?
- Antes dessas malditas regras vem a minha consciência - rebati - jamais dormiria em paz sabendo que não fiz nada por covardia.
- Você podia ter morrido - me surpreendi com o leve desespero em sua voz. Ele tinha ficado preocupado?
- Você se importa? - cheguei mais perto sem demonstrar fraqueza ou emoção.
- Me importo com os clareanos - rebateu sério - e com as regras desse lugar, elas existem por um motivo - ele se virou para Newt - eles tem que receberem uma punição.
- E qual você acha que deve ser a minha punição? - desafiei Gally.
- Não é ele que escolhe - Newt veio até nós.
- Mas eu quero saber - disse firme - o que o meu irm... o que Gally acha que eu mereço como punição.
Gally me encarou por menos de dois segundos antes de cuspir as palavras: - Dois dias e duas noites no amançador sem comida e visitas.
Contive as lágrimas que subitamente surgiram em meus olhos.
- Isso não vai acontecer - Newt afirmou sério como nunca o vi - ela terá a mesma punição que Thomas, uma noite no amançador.
- Só falta querer torna-la corredora também - reclamou Gally inconformado.
- Por que você me odeia tanto? - me contive para não gritar.
- Desde que você chegou eu não tenho paz - avançou novamente até mim - não vê o quão cruel isso é? O que todos aqui mais querem ou quiseram em algum momento da vida é uma família ou ao menos um pouco das próprias lembranças de volta. Você quer que eu acredite que é minha irmã, mas e se eu acreditar? O que eu faço se te perder? Você é problema, poderia ter morrido no labirinto ontem mesmo. De que me adianta saber que tenho uma irmã, para sofrer e me preocupar? Eu não quero isso. Não quero ter uma irmã. Não quero você como irmã.
- Também não quero ter você como irmão.
A sirene ecoou por todos os lados, não tão alto como dentro da própria caixa, eu me lembrava muito bem desse barulho. Olhei para Newt curiosa e assim que ele se moveu, eu o segui.
A surpresa foi para todos quando abrimos a caixa e nela havia outra garota.

"Esther" a voz feminina veio do outro lado da porta.

A sala era tão escura e eu não via nada há dias, eu já estava 'imune' ao meu próprio cheiro e acostumada com a única refeição que recebia por dia.

"Esther, responde, por favor" insistiu a menina.

"Vá embora" foi o que pronunciei.

"Seu irmão está tão preocupado" comentou.

"Ele me colocou na solitária" disse revoltada.

"Ele não sabia que o castigo seria tão severo" disse "ele se desesperou quando soube da sua crise de pânico, ele não sabia que usariam seu medo de escuro contra você".

"O que está fazendo aqui?" minha voz saiu rude.

"Seu irmão foi proibido de vir até aqui embaixo" comentou "ele queria pedir desculpas".

"Quantos dias ainda faltam?"

"Quatro" respondeu me fazendo respirar com dificuldade somente de imaginar passar mais quatro dias no escuro daquela solitária tento pesadelos terríveis e crises de pânico sérias.

"Sai daqui" gritei.

"Esther".

"Sai daqui, Teresa".

No momento que Gally me levou até o amançador senti meu coração acelerar, dentro da cela era um breu, um escuro tão intenso que quase fez minhas pernas bambearem. Tentei controlar minha respiração enquanto Gally fechava a cela e eu encarava o escuro com os olhos embaçados de lágrimas; Eu estava sendo dominada pouco a pouco pelo medo e não conseguia conte-lo. Segurei meus braços tentando não tremer e ao ouvir Gally se afastando corri até as grades ansiosa: - Gally - gritei - por favor, não me deixa sozinha.
Ele continuou caminhando como se não estivesse me ouvindo: - Gally - ele ignorou novamente me fazendo começar a chorar, era o inicio de uma crise de pânico, eu sabia - por favor - sussurrei.
- Esther - a voz de Thomas estava próxima e eu tentei me concentrar em sua voz enquanto observava Gally se afastar - não precisa ter medo, não está sozinha.
- Está escuro - choraminguei.
- Feche os olhos e converse comigo - orientou - esqueça o escuro, imagine um dia ensolarado.
Fechei os olhos e escorreguei, me sentando no chão: - Converse comigo, Esther.
- Queria que você fosse meu irmão - desejei tentando controlar minha respiração e o choro compulsivo.
- Também queria ser o seu irmão - rebateu suavemente - você é a garota que qualquer um teria orgulho de ser irmão.
- Qualquer um menos o Gally - comentei.
- Ele tem medo de se machucar - observou calmo - mas gosta de você.
Me calei e o silêncio dominou o local por algum tempo.
- Diz alguma coisa - pedi ainda de olhos fechados.
- Como será que surgiu esse seu medo de escuro? - disse curioso.

"Aos 5 anos eu vi um crank no porão da minha casa, onde nunca tinha luz"

- Não sei - menti.