Bárbara Kettelley
Já haviam se passado muitos dias desde o dia da festa, mas Isabella estava muito estranha desde aquele dia, como se estivesse escondendo alguma coisa. Pelo visto eu não era a única a esconder coisas por aqui... mas enfim, o que quer que for ela é muito bobinha e sentimental - apesar da pobrezinha tentar se fazer de durona - então acho que não é algo que eu deva me preocupar.
Nesse tempo, eu e Marcos já nos aproximamos muito. Não sei se é muito cedo pra dizer isso, mas acho que já estou apaixonada por ele. Ele é uma ótima companhia, me faz rir e é melhor estar perto dele do que qualquer amigo que eu tenha. Se eu tivesse que deixar todos os amigos que eu tive apenas para ficar com ele, eu o faria sem pensar duas vezes.
Mando uma mensagem e marco de sair com ele mais tarde. Decido ir ao quarto da Isabella, estou no tédio e preciso de alguém pra contar da minha vida perfeitinha, mas é claro que não deixo isso bem claro. Eu invento que estou triste demais, mas sempre é por motivos idiotas, ou por nenhum, já que tudo o que eu realmente quero é chamar atenção.
- Oi, amiga. - digo com um sorriso falso, como já é de costume e entro no quarto. Ela está arrumando as malas. - Você vai sair? - indago.
- Vou passar o final na casa do Henry, lembra? - ela respondeu.
Não, eu não lembrava. Mas não é como se eu prestasse atenção nela, de qualquer forma.
- Sim, é claro que lembro. - sorrio e vou a sua frente. - Estou tão feliz por você, amiga... De verdade, você encontrou alguém que você ame e que te ama, e dá tudo certo pra você. - falo, tentando esconder a inveja em minha voz.
Sinto algo muito profundo por Marcos, mas eu daria tudo para estar com Henry em seu lugar. Ele é bonito, rico... Sem contar que tudo pra Isabella sempre foi mais interessante e eu quero isso pra mim.
- Sim, eu estou mesmo muito feliz com isso. - Suas palavras parecem sinceras, mas ela fala isso numa normalidade, como se já fosse certeza que tudo pra ela tem que dar certo... Espero que acabe tudo mal e se depender de mim, isso vai acontecer. Já tenho o plano perfeito.
Isa
Minhas malas já estão prontas, foi tudo muito rápido já que eu não tenho muitas roupas mesmo, e além do mais, é só um fim de semana. Pelo menos é o que eu estou tentando me convencer, mas por que a minha mente quer dizer que vai ser uma tortura?
Vou ter que ficar com aquele povo rico, e apesar de eu não ser totalmente inimiga de luxo, com certeza os pais do Henry são aquele tipo de gente formal até em casa e que preza as boas maneiras, coisa que eu não tenho.
- Pronta? - a voz de Henry me tira de meus pensamentos e apenas assinto, enquanto ele pega a minha mala e leva até o seu carro.
Não entendo nada de carros, mas ele é bem bonito e aposto que bem caro.
Vou em direção ao carro e abro enquanto ele coloca minhas coisas na mala. Quando ele entra no carro, me apresso logo em dizer:
- É bom você abrir e fechar a porta do carro pra mim na frente dos seus pais, se quiser que eles acreditem que você me ama. - falo.
- Sério? - ele franze a testa.
- Acredite em mim, eu sou a que mais odeia esse tipo de cavalheirismo, tenho mão e sou capaz de fechar uma porta sozinha. - suspiro. - Mas se é pra fingir, tem que ser perfeito. Temos que fazer seus pais acreditarem que estamos mesmo muito apaixonados.
- Pra você não vai ser difícil. - Henry dá a partida no carro. - Você sabe... fingir estar apaixonada por mim. Só precisa parar de fingir que não se sente nem um pouco atraída por mim;
Reviro os olhos decido não responder, sei que não adianta, pois ele é muito arrogante.
Abro os olhos atordoada sem saber onde estou, olho pros lados e minha mente parece voltar a processar o mundo real e sair dos sonhos. Ainda estou com Henry, no carro.
- Você dormiu o caminho todo. - diz. - Já estamos quase chegando.
Agora estamos basicamente no meio do nada. É uma estrada rural, mas logo consigo ver um enorme portão que dá entrada a uma enorme mansão, uma casa de campo, ao que parece. O portão se abre assim que o carro se aproxima e olho tudo, querendo perceber cada detalhe.
Ele estaciona no meio da grama que fica em frente a casa e desce do carro, mas não vem abrir a porta pra mim. Reviro os olhos e eu desço ao seu lado.
- Eu estou horrível, não estou? - pergunto mesmo sabendo a resposta. Acabei de acordar.
- Você está bonita. - disse com cuidado. - Claro, uma beleza exótica, como quem está no meio da selva.
- Como Jane?
- Você está mais como Tarzan. - brinca e eu dou um tapa no seu ombro. Dou uma olhada nisso aqui e fico pensando em como me comportar na frente de tanta gente rica. - Eles são bem normais. - responde como se pudesse ler os meus pensamentos.
- Eu preciso que coloque esses milhões na minha conta hoje mesmo. - um senhor de meia idade e barriga fala com alguém no celular enquanto vem em nossa direção.
- Milhões... Uau... - murmuro. - Mas eles são bem normais, não é?
Dou dois tapinhas no ombro dele e me aproximo do senhor, deve ser o pai dele. O mesmo desliga a ligação e não sei o como cumprimentar, então eu apenas faço o que mais odeio e o abraço, ele parece estar meio surpreso mas corresponde. O ato é rápido e logo nos separamos.
- Então essa é a sua noiva? - o homem me olha de cima a baixo.
- Sim, sou eu mesma. - respondo. - Estou feliz em finalmente te conhecer, sogrinho.
Henry bate a mão na testa como se eu tivesse feito algo errado e o senhor ri um pouco, mas não é um riso gentil, é como se fosse sarcástico e superior.
- Ele não é meu pai, amor. - Henry diz e pega na minha cintura. Tento ignorar a reação estranha que passa no meu corpo por causa disso. - Ele é pai da Natáli.
- Natasha. - ele corrige.
- Ah, foi mal. - me despeço pelo meu erro.
A situação fica meio constrangedora, mas para minha sorte - ou azar - o que parece ser a verdadeira família de Henry sai da mansão e vem nos encontrar, e do nada uma garota mais ou menos da nossa idade. Imagino que essa seja a Sasha, Nasha, ou seja lá como for o nome dela.
Sorrio pra todos, mesmo que forçado, mas ninguém sorri de volta. Tudo o que eu recebo é um olhar de cima a baixo de todos eles, caras de nojo - principalmente da minha falsa sogra - e ela fala:
- Então isso é sua nova esposa?
Onde eu me meti? Parece que aqui vai ser longo.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.