História Me beija na boca, me ama no chão - Único

Baekhyun tinha ligado a rádio a caminho do trabalho naquela manhãzinha bonita de sol. Não queria ouvir notícia nenhuma, nada de política, economia, desgraça e o inferno de tanta coisa ruim acontecendo em um dia tão bonito como aquele. Girou o botãozinho do rádio antigo do seu carro até conseguir sintonizar em algum lugar que tivesse uma música boa pra ouvir.

O negócio chiou um pouco, fez uns ruídos malucos, então Baekhyun deu um tapa carinhoso no painel pra ajudar e a canção gostosinha e romântica começou a soar no volume baixo dentro do carango velho, o fazendo sorrir bobo e a se lembrar do namorado enquanto resmungava rouco e atrapalhado as letras desconhecidas da música nova.

“Você é luz, é raio estrela e luar, manhã de sol, meu iaiá meu ioiô, você é sim e nunca meu não, quando tão louca me beija na boca, me ama no chão...”

Ele resmungou a música durante o trabalho todo sem nem perceber.

*

Antes de voltar pra casa, Baekhyun passou no mercado com a listinha de compras que Sehun havia feito no dia anterior. Não podia esquecer do cereal dele, ai de si se esquecesse do cereal do namorado de novo. Nem da ração da Koko e dos ovos, estavam sem ovos e queria comer omelete na janta daquela noite.

Empurrou o carrinho pelo corredor cantarolando um baixinho “Me suja de carmim, me põe na boca o mel, louca de amor me chama de céu! E quando sai de mim, leva meu coração, você é fogo, eu sou paixão...”, pegando das prateleiras os itens que faltavam em casa.

Não podia esquecer do chocolate também, sua luz, raio estrela e luar queria chocolate.

*

Baekhyun chegou em casa de mais um do trabalho, apertando o namorado dentro do elevador bem apertadinho, escondendo o rosto no peito gostoso de Sehun enquanto ganhava um carinho na cabeça.

“Você é luz, raio estrela e luar...”, cantarolou pra ele do nada, ouvindo seu riso em seu cabelo. “Manhã de sol, meu iaiá meu ioiô...”

Sehun beijou a boca de Baekhyun antes de ele terminar.

*

Sehun suspirou e revirou os olhos quando Baekhyun entrou debaixo do chuveiro para ensaboar o shampoo dos cabelos escuros e continuou cantando alto aquela mesma música que estava na cabeça dele há dias – VOCÊ É SIM E NUNCA MEU NÃO. Era de manhã, era no almoço, era nas mensagens, era no jantar. Até mesmo Koko sabia aquela canção de cor e salteado sem saber falar de tanto que Baekhyun cantava.

Não o culpava, era uma música chiclete e tinha um ritmo bem delícia que pegava, especialmente quando Baekhyun sentava em seu colo no sofá da sala, grudava a boca em seu ouvido e sussurrava um “Você é luz, raio estrela e luar, manhã de sol, meu iaiá meu ioiô...” E aquele iaiá e ioiô viravam beijinhos e Baekhyun gemendo seu nome de um jeito tão gostoso, sua mão enfiada dentro da sua cueca. Acabavam passando mais tempo naquele sofá do que o esperado.

Mas até no banho? Cristo. Baekhyun saiu do banheiro cantarolando, remexendo os quadris e aquela bundinha bonita no ritmo da música. Sehun riu consigo, achando, por mais cansativo que fosse, adorável.

“Sehun!”, Baekhyun chamou de repente lá do quarto, meio desesperado. “Oh Sehun, vem cá!”

O mais novo empurrou os cabelos molhados para trás e retirou a água dos olhos rapidamente, saindo molhado do banheiro, pelado e tudo, o pênis balangando no meio das pernas para correr em direção do quarto. Podia ser qualquer coisa, inclusive como da outra vez que Baekhyun gritou tanto quando uma barata sentou bem no seu ombro. Mas achou melhor pegar o taco de beisebol que ficava pendurado no corredor. Vai que aquele rato ladrãozinho de uma figa tinha voltado pra comer a ração da Koko, dessa vez ia parar lá no Japão.  

Não encontrou nem barata nem ladrão de comida, apenas Baekhyun pelado no quarto, deitado na cama e sorrindo para si com uma ereção dura no meio das pernas.

“Você é luz, raio estr–”

Sehun fechou a porta do quarto, calando a boca dele o mais rápido possível.

*

“...e quando sai de mim, leva meu coração.”, Baekhyun sussurrou contra o pescoço de Sehun, recebendo dele um baixinho amor, dorme. “Meu coração é teu, sabe disso, né?”

Sehun aquiesceu, apertando Baekhyun um pouquinho mais em seu abraço.

“O meu também”, respondeu sonolento, sentindo um beijinho em sua boca.

*

Estavam os dois jogados no chão da sala no fim daquela noite, a televisão ligada em um programa bobo de culinária que fazia muito sucesso. Baekhyun parecia bastante focado em aprender a fazer aquele doce com chocolate a todo custo e Sehun só estava ali largado com a cabeça nas coxas macias dele, as mãos dadas sobre seu peito e muito pouco interessado em assistir algo além do rosto bonito do mais velho.

Olhando bobo para o rosto do cara com quem dividia as manhãs de sol e noites de luar, Sehun remexia as mãos dadas e sentia a fina aliança no dedo de Baekhyun, aquela pequena fortuna que trabalhou que nem um condenado para presentear o rapaz no fim da universidade com um pedido tímido de “seja meu namorado”. Riu quando Baekhyun riu sem saber o porquê e suspirou apaixonado quando Baekhyun mordeu o lábio inferior.

E do nada, como se fosse uma maldição, se viu cantarolando aquela música que Baekhyun passara a cada maldito segundo dos dias a resmungar.

“...quando tão louca me beija na boca, me ama no chão”, soltou rouco, chamando a atenção de Baekhyun. O namorado baixou os olhos para si e sorriu. “A gente já tá no chão, então...”  

Não foi preciso Sehun repetir nada, a boca de Baekhyun estava logo na sua para que se amassem ali no chão.