História Me conquiste de novo - Não cometa o mesmo erro que eu

Pra mim estava sendo como um momento nostálgico, exceto pelo fato de que eu e o Castiel não estávamos juntos. Falando em Castiel eu acabei esquecendo dele completamente quando aceitei que o Dake estaria lá também, eu me sentia nervosa e ansiosa por motivos mais do que óbvias e a janela do carro parecia extremamente interessante no momento, ainda mais com aquelas músicas tocando no rádio do carro, eu quase me sentia em um clipe de música triste. Em um determinado momento eu me distraí muito realmente, eu não sei exatamente o que do lado de fora daquele carro estava tão interessante pra chamar a minha atenção, deveria ser as gotas da chuva descendo pelo vidro fechado. O som da chuva misturado com a melodia daquela música fazia tudo ficar mais lento, a letra poderia não ser nada que se encaixe na minha vida, mas me fazia pensar sobre ela. Olhei pro lado lentamente vendo os olhos do Castiel concentrados na estrada, sim, ele estava tentando e eu conseguia enxergar isso, mas então por que essa dúvida ainda acaba comigo? Levantei um pouco os olhos até o vidro retrovisor e pude ver as crianças conversando animadamente na parte de trás do carro, eles também cantarolavam a música no meio da conversa algumas horas. Sabe quando você está em algum lugar e sente que não se encaixa ali onde está? Definitivamente esse não era o caso, eu conseguia sentir que eu não estava no lugar errado, ou que estava desconfortável, mesmo com o silêncio ali na frente não era desagradável. Voltei a encarar a janela agora um pouco mais pensativa, o que eu estou realmente esperando que aconteça? Pra falar a verdade, nem eu mesma sei direito.

Cast - Ali, nós já chegamos. (Escutei ele me chamar tocando levemente no meu braço fazendo com que eu me virasse pra ele.)

Me distraí tanto com os meus próprios pensamentos que mesmo olhando o lado de fora através da janela, eu não tinha reparado que o carro já havia parado. Eu estava ali fisicamente, mas parecia que a minha mente estava vagando por qualquer outro lugar. Olhei pros bancos de trás novamente e vi que as crianças já estavam se desfazendo dos cintos animados para saltarem do carro e entrarem logo no shopping. Saímos todos juntos de casa por que assim seria muito mais fácil e não precisaríamos ficar andando por aí até nos encontrarmos lá dentro, já teríamos que fazer isso com o Dake mesmo. Voltei a minha atenção pro Castiel novamente encontrando os olhos dele me encarando e a única coisa que fiz foi sorrir minimamente sem mostrar os dentes e sem graça.

Tudo bem, agora eu me sentia desconfortável, e não era pra menos, o clima pesado que a presença do Dake juntamente com o Castiel proporcionava era sentida no ar, três adultos ali e quem conseguia quebrar o silêncio mortal eram as crianças. Já estávamos na fila pra entrar na sala para assistir o filme, as crianças conversavam animadamente como sempre e acabavam nos envolvendo na conversa, talvez eles percebessem que as coisas não estavam indo muito bem e não queriam deixar assim, mas eles sempre agiam dessa maneira então era meio difícil de dizer se esse era mesmo o motivo. Assim que entramos nós fomos sentar nos lugares marcados, como eu estava na frente eu me sentei primeiro, na cadeira no canto no fundo da sala. Eu não sei que tipo de confusão que eles arrumaram ali na hora de sentar, mas quando eu fui ver o que era as crianças já tinham feito o Castiel se sentar ao meu lado e os três ao lado dele, deixando o Dake na outra ponta, tudo bem, eu tenho certeza de que dessa vez eles fizeram isso por querer, talvez não por causa do Castiel, mas sim do Dake, de certa forma eles nunca gostaram muito da ideia de me ver com outra pessoa, apenas suspirei tentando ignorar o fato e prestar atenção no filme que havia acabado de começar.

Senti meu celular vibrar no meu bolso e o retirei rapidamente olhando o que era, uma ligação da gravadora e coisas assim eu não podia deixar de atender. Eles me ligavam quando queriam pedir alguma música em cima da hora praticamente, tinham medo de que eu abrisse o email tarde demais. Avisei que precisava sair e rapidamente já estava do lado de fora ouvindo o produtor pedir a tal música, pro próximo fim de semana, dessa vez o tempo não era tão curto assim é eu poderia trabalhar sem quase me descabelar como da última vez quando o tempo era de dois dias. Guardei o celular de volta no bolso e comecei a voltar para a sala do cinema, mas parei ao ver um pedaço pequeno de papel dobrado no chão, o peguei desdobrando e percebi que era uma foto, tinha uma garotinha loira no colo de uma mulher tão loira quanto a garota no colo dela, elas estavam felizes.

Dake - Ali eu p… (Olhei pra frente o vendo vir em minha direção saindo de dentro da sala e parou de falar observando a foto na minha mão.) Onde achou isso? (Ele perguntou franzindo a sobrancelha e retirando a carteira do bolso a revirando.)

Ali - Hum… Estava no chão, é sua? (Perguntei sem entender e o vi assentir e pegar a foto quando a estiquei em direção à ele.)

Dake - Eram minha filha e minha esposa. (Ele disse suspirando… Oi? Ele foi casado?)

Ali - O que aconteceu? (O vi fechar os olhos e engolir seco.) N… Não precisa contar se não quiser, quer dizer, eu só perguntei sem pensar muito. (Eu disse sem graça, ele não parecia muito confortável sobre isso.)

Dake - Não… Tudo bem. Afinal eu disse que te contaria um dia certo? (Ele disse forçando um humor.) A mulher na foto era a Bia, ela era minha esposa e a garotinha era a Letícia, nossa filha. Nós tínhamos um casamento bom, nada que fosse um problema muito sério. A Bia tinha um amigo, o melhor amigo dela. Uma vez nós estávamos passando um fim de semana com a família dela e esse amigo na casa de campo dos pais dela, eu tinha saído pra comprar algumas coisas e quando eu cheguei eles… (Cada palavra que ele dizia ele pronunciava com dificuldade, engolindo seco sempre.) Eles estavam no sofá e pelo pouco que eu quis escutar da explicação dela, eles confundiram as coisas e uma foi levando a outra, mas eu não quis saber, eu briguei com ele, bati, peguei o carro naquela noite e fui embora, eu não queria pensar, eu não queria entender, eu só queria ficar longe dela naquele dia. Eu fiquei durante dias sem vê-la, sem atender as ligações e sem querer escutá-la, então ela cansou de tentar falar comigo por telefone e preferiu fazer isso pessoalmente. Ela pegou a Letícia e… E foi atrás de mim, mas estava chovendo aquele dia, então ela… Ela perdeu o controle do carro e acabou batendo. Essa é a última foto que eu tenho das duas, eu as amava, e eu sei que ela cometeu um erro, mas eu cometi um erro maior ainda em não entender que na vida erros são cometidos e que eles podem ser resolvidos se a pessoa estiver realmente arrependida. Eu só percebi isso quando era tarde, a gente realmente só percebe o que perdeu, quando já é muito tarde. (Eu estava sem saber o que falar, chocada com o que ele havia me contado.)

Ali - Dake eu… Eu sinto muito. (Foi a única coisa que eu consegui dizer.)

Dake - Eu só vim dizer que eu precisava ir embora, recebi uma ligação do serviço. E… Você realmente não pode sair comigo. (Ele disse com humor dessa vez enquanto eu ainda me sentia chocada.) Ei, não cometa o mesmo erro que eu. Eu sei que isso pode parecer difícil, mas erros graves também podem ser perdoados e pelo que eu percebi, ele realmente se arrepende. Adeus Ali. (Ele disse bagunçando os meus cabelos e sorrindo de lado indo embora.)

Fiquei mais alguns segundos ali parada tentando absorver tudo exatamente e logo suspirei voltando pra dentro da sala e sentando no meu lugar.

Sophi - Mãe, cadê o Dake? (Ela perguntou baixinho assim que me sentei ao lado do Castiel novamente.)

Ali - Foi embora, ele precisava ir trabalhar. (Ela murmurou um “Ah tá” baixinho.)

Cast - Tudo bem? (Ele perguntou parecendo um pouco incomodado talvez,.apenas sorri de lado assentindo com a cabeça e respondendo com um “uhum”.)

O filme havia acabado e já era por volta das 18:30, o filme tinha sido grande e as crianças fizeram questão de ficar até acabar os créditos finais pra ter certeza de que não haveria nenhuma cena depois dos créditos, aquele tanto de nome subindo na tela não parecia nunca ter um fim. Eles não teriam aula no outro dia por ser domingo então não precisávamos voltar pra casa correndo, por esse motivo nós estávamos agora sentados comendo uma pizza, eles conversavam sobre o que tinham achado do filme e pela primeira vez em muito tempo estávamos realmente agindo como uma família de verdade, como nos velhos tempos, isso era bom, era bom sentir que de certa forma as coisas continuavam boas, mas aquilo que o Dake tinha falado ainda estava na minha cabeça e a frase que mais se sobressaia era “não cometa o mesmo erro que eu”. Eu não sei como eu me sentiria se eu passasse por algo assim.

Han - Eu acho que eu bebi muito refrigerante. (Ela reclamou colocando as mãos sobre a barriga enquanto nós andávamos em direção ao estacionamento.)

Sophi - Eu também eu preciso ir no banheiro. (Ela fez o mesmo pressionando as pernas uma contra a outra.)

Erick - Eu também quero, minha bexiga vai explodir. (Ele também estava inquieto.)

Ali - Sabem onde é? (Eu perguntei e eles assentiram.) Voltem rápido. (Eu disse me encostando na parede vendo os três saírem correndo.)

Cast - Até que não foi tão ruim assim não é? (Ele disse com humor me fazendo rir.)

Ali - Isso me faz lembrar de como as coisas eram antes. Eu sinto falta disso e se eu sinto eu sei que eles sentem mais ainda. (Eu disse sendo sincera e notei que ele ficou um tempo calado, provavelmente pensando que eu tinha me sentido mal por isso.) Eu não estou reclamando não se preocupe, eu apenas concordei com você, foi bom. (Eu disse com humor agora o fazendo rir levemente.)

Cast - Podemos fazer mais vezes então. (Eu assenti sorrindo.) Se depender deles faríamos todos os dias. (E isso é verdade, ficamos um tempo em silêncio e novamente aquilo estava martelando na minha cabeça.)

“Não cometa o mesmo erro que eu.”

Ali - Ei Cast… (O chamei baixo, mas foi o suficiente para que ele escutasse.)

Cast - O que foi? (Ele perguntou me olhando curioso agora.)

Mordi os lábios e respirei fundo, ou eu estava ficando completamente louca, ou então o que o Dake disse tinha mexido muito comigo, seja por qualquer um dos motivos eu fiz o que eu queria fazer. Quando eu menos percebi eu agi no impulso, me aproximei dele rapidamente e passei as mãos pelo pescoço dele encostando os nossos lábios em um selinho, ele ficou surpreso no começo, mas logo passou as suas mãos pela minha cintura me apertando firmemente contra ele e me beijando de verdade agora. Sua boca procurou a minha de forma desesperada, sua língua explorava a minha boca com vontade, com fome e de forma selvagem. O beijo era um tanto quanto desesperado, como se um precisasse desesperadamente do outro para sobreviver e respirar, eu sentia tanta saudade dos beijos dele que eu me sentia cada vez mais mole em seus braços. Ele sugava minha língua e a acariciava com a sua, apertando suas mãos na minha cintura como se quisesse me prender para que eu não fugisse correndo e isso me fazia suspirar pesadamente durante o beijo. Mais e mais, eu queria mais, mas no momento eu ia ficar apenas até aqui, não era como se estivéssemos voltando exatamente agora, mas eu queria fazer algo em vez de ficar parada esperando alguma coisa que eu não tinha ideia do que era. Quando eu já sentia a necessidade de respirar, eu quebrei o beijo mordendo o seu lábio inferior levemente.

Cast - Wow, o que foi isso? (Ele perguntou ofegante e com humor ainda me segurando perto dele me fazendo soltar uma risada baixa e leve.)

Ali - Só uma recompensa pelo seu esforço. (Eu disse baixo deslizando as mãos do seu pescoço o soltando e as repousando sobre o seu peito, sorri pra ele o olhando naqueles olhos cinzas e lhe dei mais um selinho rápido e me soltando de verdade agora antes que as crianças chegassem.)