História Me deixe sozinha - Tentação

Me deixe sozinha cap. 31

  Ele se senta na cama que diferente da minha, não faz um ranger de como se fosse cair, ele realmente deve vir muito aqui, até mesmo sua cama está em melhor estado que a minha, com dificuldade ele arruma o gesso para poder se virar para mim.

-Vai ficar aí na porta mesmo ou está afim de entrar?

 Paro de encarar o hematoma em sua costela que mais parecia mais uma paleta de cores, é até mesmo um pouco constrangedor a maneira que eu encaro, mais quanto mais eu olho, mais hematomas eu consigo ver, a única coisa que consegui fazer foi olhar para o chão, tenho certeza de que devo estar tão vermelha quanto a parte mais externa das manchas dele.

 -Bia? Olha, eu sei que sou bonito pra caralho, mas você quase fez um buraco em mim.

  Sei que era uma brincadeira para me provocar, mas só fiquei mais vermelha.

-Você não é tudo isso querido.

  Até sua risada curta me faz arrepiar.

-Sou sim, mas isso está fora de questão no momento. Então, o que quer?

 O ar dessa conversa é bem mais leve do que a com Murilo, como se essa conversa não fosse me ferir, e eu acho que gosto disso.

-Eu preciso querer alguma coisa para vir ver meu herói?

Ele ri de uma maneira tão naturalmente sensual que eu coro novamente, apenas até a risada dele o causar dor, ele geme e passa as mãos pelo abdômen tão colorido quanto definido, tento não olhar, mas a única coisa que faço é caminhar rapidamente até ele tocar seu braço.

-Quer que eu chame a enfermeira?

 Ele não retira minha mão de cima do braço dele, mas também não parece nota-la quando se levanta novamente e se senta desconfortavelmente.

-A Lurdes? Ela me drogaria e me mandaria para a Turquia ser striper para homens homossexuais.

 Finjo que rio de sua piada, mas na verdade é por imaginar a cena dele dançando sensualmente enquanto tira a roupa, a imagem some quando sinto um leve beliscão na mão.

-Pensamentos impuros comigo senhorita?

Pega no flagra, não posso nem negar, afinal estou vermelha como um pimentão.

-O que posso fazer, tenho uma imaginação fértil.

 De repente toda sua expressão de adulto protetor some, e um olhar predador surge em seu rosto, isso é tão familiar que sinto que preciso me afastar, mas não o faço, nem mesmo quando ele se inclina para perto de mim, sua respiração se aproximando de meu ouvido enquanto o calor que ele emana de seu corpo começa a me letargiar lentamente, a única coisa que quero fazer é ficar nesse momento.

-Acho que você arranjou problemas querida.

 Seu sussurro me arrepia totalmente, mas não mais que quando sua mão, mesmo com uma parte enfaixada segura minha cintura e me puxa mais para perto dele, que ainda emana um calor sensual e extremamente irresistível, ele afasta o meu cabelo do meu ombro com tanta facilidade que duvido mesmo se ele está machucado, mas isso não é importante, sinto um pouco de sua barba não feita arranhando minha clavícula quando ele beija meu pescoço e o ar foge de meus pulmões, ele me desarmou, assim quando como ele segura meu rosto e aproxima os lábios dos meus, fecho meus olhos antes dele, e isso parece agrada-lo, quando sinto sua respiração fraca se aproximando de mim, ele para, tenho medo de isso ter sido apenas uma brincadeira comigo, mas não é, sei que não pois escuto uma voz vindo do corredor, assim que abro os olhos ele está olhando em volta, como se estivesse perdido, o olhar de adulto protetor volta e ele me olha como se tivesse feito algo terrível, mas só percebo isso quando ele coloca meu cabelo de volta em meu ombro e se afasta rapidamente, a tempo de vermos Victoria e uma mulher entrando no quarto.

-Ah é mesmo, Murilo disse que você estaria aqui.

 Victoria chega quase saltitando dentro do quarto, e assim que vê Carlos, ela saltita mesmo, e com um pulo ela se senta na cama de Carlos, que parece tão feliz ao vela quando ela ao velo, e odeio a maneira como isso me deixa incomodada. Victoria se vira para mim, que também estou sentada na cama com uma felicidade tão estampada no rosto, que imagino como seria se meu cérebro estivesse tão maluco.

-Essa é sua sogra Bia, a mãe de Murilo.

 A mulher que me observava desde que entrara no quarto, tinha uma aura de sofisticação tão forte que me senti como um porco sujo, até mesmo a maneira que ela fala carrega uma classe extravagante.

-Então você é Beatriz, é um enorme prazer, antes de meu filho correr até você quando tudo isso aconteceu, ele me falou bastante de você.

 Eu apenas aceno que sim, pois estou nervosa por causa de tudo isso que está acontecendo e ainda tem Victoria que sussurra algo no ouvido de Carlos, e Deus, como isso me incomodou, como eu odeio por isso ter me incomodado.

-Sim, é um prazer, senhora?

 Até mesmo seu sorriso é sofisticado.

-Não precisa me chamar de senhora, apenas sogra está de bom tamanho, posso te chamar de enteada?

 Todos esses títulos que ele me dá me incomodam, eu não sou enteada dela, eu não namoro o filho dela, isso me fez ficar com um pouco de raiva de Victoria, mas logo vejo que isso seria inevitável, já que Murilo parece ter contato tudo para ela.

-Sim, claro.

 Concordo, mas não olho em seus olhos, a única coisa que presto atenção é em Victoria e Carlos, que sussurram incessantemente, meus pensamentos só se cortam quando a mulher se aproxima de mim e coloca as mãos em meus ombros.

-Enteada, você já recebeu alta, mas não pode voltar para casa nesses trapos, venha comigo, vamos comprar algumas roupas para você.

 Não entendo realmente se isso é sincero ou se ela só quer algum tempo sozinha comigo, mas a segunda opção se descarta assim que vejo Murilo entrar de cabeça baixa no quarto, a mãe dele sorri para ele e segura meu braço para que saíssemos do quarto, acho que ela só quer deixar Victoria e Carlos sozinhos, o que passa despercebido por eles, como a nossa saída, eles estão no mundinho deles, e eu sou a naja que quer o príncipe, que tipo de amiga eu sou? É a única coisa que penso enquanto saio do quarto.