História Me deixe sozinha - Erros

Me deixe sozinha cap.34

  Victoria chega quando ainda estou no banho, e por algum motivo, eu não me sinto estranha ao descer de roupão até a porta, ela está de pijamas e carregando uma mochila cheia de alguma coisa, mas o que mais chama atenção é seu sorriso, ele é tão brilhante que me contagia, e então estamos nós duas, sorrindo uma pra outra na porta de casa, a única coisa que domina minha mente é o fato de que o cara que ela gosta quase me beijou, e eu deixei, eu me sinto podre, mas ela não percebe, apenas me empurra para dentro de casa e joga a mochila no chão.

-Eu sei que somos muito amigas, mas não chegamos ao nível de fazer coisas homossexuais, vai se vestir, temos muitas coisas para fazer.

 Apenas concordo, sem graça pelo que ela acabou de falar, mas ainda sim concordo, subo para meu quarto e visto a primeira peça que encontro, o que não é bem do meu feitio, mas é confortável me vestir, falar, agir de maneiras estranhas perto de quem você gosta sem ser julgada, é para isso que servem os amigos.

 Assim que desço as escadas, Victoria está na cozinha, tem uma tigela de morangos na mesa, mas ela está no fogão, eu encaro os morangos por um momento, ela gosta deles com chocolate, abro a geladeira e tiro o pote que mamãe deve amar mais do que ama a si mesma, Victoria olha para mim assim que escuta o som da geladeira se fechando, e assim que vê o chocolate, seu sorriso malicioso é maior que o meu, mas ele logo volta para o fogão, ela está fazendo macarrão instantâneo, rio alto, mas ela está confiante em suas habilidades culinárias.

-Sério Victoria?

 Ela sorri, ela perece realmente feliz ultimamente.

-Você vai gostar de qualquer coisa que eu cozinhar Bia.

 Nesse momento é como se minhas palavras tivessem memorias.

-Mas da última vez você e Murilo fizeram espaguete, não....

 Ela se lembra, claro que se lembra, por isso não fia espantada como eu, eu vejo Murilo de avental, vejo ele olhando minhas roupas, vejo ele me abraçando, só essa memória, apenas essa, foi o suficiente para que lágrimas rolem pelo meu rosto, eu as seco antes de Victoria se virar para mim, eu realmente amava ele, eu me lembro da felicidade que senti naquele momento, mas a raiva de mim mesma por só me lembrar daquilo me irrita, me irrita pois isso não é o suficiente para eu ama-lo de novo, sinto que eu estou me proibindo de descobrir  a verdade, sinto que, isso não é o suficiente. Victoria passa o macarrão instantâneo para duas tigelas, eu finjo que não sou afetada pela lembrança repentina enquanto ela o refrigerante, passamos o restante da noite comendo, rindo, e anotando as coisas que eu me lembrava, essa, definitivamente será uma memória que guardarei para toda minha vida.

 Acordo primeiro ainda em estado pós quase noite toda acordada caminho até o banheiro, até torpeço em Victoria, que está deitada ao lado da minha cama em uma posição quase impossível para qualquer pessoa que não estivesse dormindo, ela parece extremamente confortável. Meu rosto está inchado e meu estomago ronca loucamente, eu acordo Victoria e nós tomamos o café da manhã juntas, mas ela vai embora antes da hora de ir para a escola, eu entendo, também faria isso, mas, ficar sozinha agora, é doloroso, o curto tempo que tenho antes de ir à escola parece uma eternidade, então vou até a cozinha, e procuro o avental que Murilo usou na noite em que me lembrei, mas nada me vem à cabeça, nenhuma lembrança a mais, o que me deixa ainda mais frustrada.

  Apesar de estar ansiosa para a aula, chego atrasada, eu e Victoria, mas quando chegamos na escola, ela não estava tão cheia, corremos atoa novamente, isso sempre acontece.

-Tenho que ir para minha sala, até daqui a pouco.

 Apenas concordo e sigo meu caminho, paro em frente à minha sala e respiro fundo, mas assim que vou dar meu primeiro passo para entrar, um frio corta minha espinha, olho para o lado por reflexo e lá está ele, Luiz em frente a sala ao lado da minha, com uma garota nos braços, olho bem e a reconheço, Gabriela, e seu sorriso é tão grande que não consigo olhar por muito tempo, ela não sabe no que está se metendo, mas eu sei, e é por isso que meu coração acelera, meus pés bambeiam e sinto meu corpo esfriar, e ele fica ainda mais frio quando ele olha em minha direção, ele não tem nenhuma marca de luta, apenas um sorriso estupido no rosto, meus pés travam no chão quando ele solta Gabriela e dá um passo em minha direção, quando eu sinto tudo girar novamente, sinto uma mão em meu ombro, Carlos encara Luiz, que recua assim que o vê, mas ainda não perde sua pose, caralho como eu odeio ele, Carlos me empurra para dentro da sala, estamos sozinhos.

-Você vai ter que evitar ele por enquanto, eu e Murilo temos um plano contra ele.

 Estou assentindo constantemente esses dias, acho que as palavras não são suficientes para responder as perguntas confusas que me fazem. Ele dá meia volta para sair da sala, e involuntariamente seguro a mão dele, ele se solta rapidamente, mas sem grosseria, e se vira para mim.

-O que foi?

 Seus olhos cinza estão sem expressão.

-Sobre, aquilo no hospital....

 -Eu preferiria eu nós não falássemos mais sobre aquilo, foi um erro, eu não sei como, mas não consegui controlar meu problema, e ele foi mais forte que eu, mas não vai acontecer novamente, eu gosto da sua amiga, e tenho certeza que você concorda comigo, você é uma boa amiga.

 Meu peito pesa, não, eu não sou uma boa amiga, eu estou aqui, em uma sala sozinha com o namorado da minha amiga, e a única coisa que me passa pela cabeça é nosso quase beijo. Ele volta a se virar para porta, mesmo sabendo que teremos aula, mas eu não posso deixar ele ir assim, eu o seguro novamente e enquanto ele gira de volta para mim, eu o beijo, os lábios dele são quentes e macios, mas ele não retribui o beijo, assim que ele me afasta, vejo algo na porta, alguém está olhando, e assim que olho melhor, eu vejo, é Murilo.