História Me deixe sozinha - A briga

Me deixe sozinha cap. 36

 A escola parece bem mais com a minha antiga agora que não tenho ninguém para conversar, até mesmo o grupo das garotas populares me olhando feio já soa familiar, mas agora, parece mais solitário que antes, agora não posso me gabar por ninguém falar comigo, dizendo a mim mesma que é por que não gostamos das mesmas coisas, pois eu sei que não era verdade, Victoria gosta de kpop e roupas coloridas e chamativas, eu gosto de música clássica e roupas mais casuais, e mesmo assim, somos melhores amigas, ou éramos, eu não tenho certeza nem de quem eu sou, esse é um sentimento que vem me atormentando a dias, eu sou Beatriz, ou Rebecca? Eu sinto que vim substituir o lugar de uma garota que não deu o valor para as coisas que tinha, parece que estou aqui para dar valor, eu tive a melhor amiga dela, o melhor amigo por um tempo, não sei se isso é frustrante, mas certamente incomoda.

  Gabriela e as duas garotas que estão sempre com ela passam em minha frente, mas nem dão atenção a mim, Deus como eu agradeço por isso, não que eu tenha medo dela, mas não estou com o menor clima para escutar chacota de pessoas piores que eu (O que está difícil de achar), mas o que me faz prestar atenção na existência fraca delas, é o assunto.

-.... Dizem que ele mudou o visual, deve estar ainda....

  Realmente não sei o porquê de eu ter prestado atenção na conversa delas, mas assim que Murilo corta o corredor eu entendo, o familiar cabelo laranja que destacava ainda mais os pircings em sua orelha foi substituído por um preto forte, seus olhos castanhos mais amostra que nunca por causa do jeito que ele arrumou seu cabelo, ele arrumou o cabelo, está partido de lado de uma forma que deixa ele ainda mais bad boy, e pelo visto ele arranjou mais um pircing, dessa vez, uma argola dourada no nariz, ele está radiante, ele passa a minha frente, e não o culpo por apenas receber um olhar distante e doloroso, vindo de nós dois, o queixo de Gabriela quase bate no chão quando ele passa, o perfume dele, é doce e forte do jeito mais harmonioso possível, o que me deixa ainda mais melancólica, eu não me lembro de quando eu podia abraçar ele para sentir o perfume dele do melhor lugar.

  Ele passa e apenas em minha cabeça ainda sinto o cheiro de seu perfume, mas algo segura meu ombro e eu gelo, se for Victoria, como eu vou me afastar, eu preciso contar para ela o que eu fiz, mas não sei como, eu não me viro até uma voz suave me alcançar.

-Agora que seu namoradinho está fora de campo, vamos continuar o que começamos aquele dia.

 Eu trevo, é a voz de Luiz, eu quero correr mas minhas pernas não me obedecem, tudo que aconteceu de ruim comigo até hoje me volta a cabeça, e eu nem consigo correr, eu começo a tremer mas ele parece gostar, a mão que até agora estava em meu ombro começa a descer para dentro da minha camiseta, o único movimento que consigo fazer e esquivar um pouco, mas não o suficiente, ele me segura e solta uma risada que corta meu folego, levanto a mão para atingi-lo com meu punho, mas ele é mais rápido, assim que segura essa, já neutraliza minha outra mão, não me lembro de tremer tanto assim em toda minha vida, ele se abaixa, consigo sentir sua respiração quente em meu pescoço.

-Não seja má, eu tenho tanta preferência por você, sabe aquela garota, Gabriela eu acho, ela nem se compara a você.

 Um grupo de garotas passa por nós, mas apenas soltam risadinhas, como se estivéssemos agindo como um casal, eu estou com cara de que está gostando? Todo meu corpo queima de fúria quando elas começam a cochichar mais alto do que deviam, coisas como, olha que falta de vergonha, mal pode esperar o morto feder. Foi aí que eu percebi, eu posso me livrar dele, mas há algo que me impedia, desde quando eu me tornei a princesa em perigo? Então eu ri, alto, tão alto que fez Luiz achar que eu estava gostando da situação, mas ele se enganou, eu gostei de ver que não sou uma garota indefesa, ele solta minha mão, achando que eu tinha me entregado a ele, e tenta colocar ela novamente em minha camiseta, mas antes disso eu seguro a mão dele, ele tenta se soltar, mas é inútil, eu me levanto e seguro a outra mão dele, assim que eu o faço, o rosto dele fica vermelho de ódio, pelo visto ele também tem dupla personalidade.

-Você é patético, realmente acha que uma garota como eu iria se rebaixar para você?

Eu chuto suas pernas e ele cai de quatro no chão, assim que o faz eu o empurro novamente, eu o observo no chão por um momento, apenas para me lembrar, eu já fiz isso com Murilo, eu voltei a rir novamente e isso o enfureceu ainda mais, ele se levanta desajeitadamente e tenta me dar um soco, eu levanto as mãos em defesa, mas nada as atinge, assim que abaixo os braços, eu vejo, o punho de Luiz sendo segurado por outra mão, a de Murilo, ele tem uma cara de deboche que o deixa ainda mais sensual, mas dessa vez a luta é minha, eu coloco a mão sobre a de Murilo, que trava com meu toque.

-Eu cuido disso.

 Luiz começa a rir.

-Você cuida disso? Não me faça rir, eu acabo com você fácil.

 Escuto a doce risada de Murilo atrás de mim.

-Não foi o que pareceu....

 Luiz se enfurece novamente e vem em minha direção, mas eu sou mais rápida, e com um chute certeiro naquilo que ele gosta de chamar de pinto, ele cai no chão, Murilo que se divertia com a situação, finge estar sério, ele caminha até Luiz no chão, mas eu impeço.

-Dessa vez, vamos fazer do jeito certo.