História Me deixe sozinha - Problemas e soluções

Me deixe sozinha cap. 40

 O dia está mais nublado do que o costume, tenho certeza que senti alguns pingos com a brisa que me atingia de leve, mas não me cubro com nada além da touca de minha blusa de frio, sei que meu rosto vai começar a ficar vermelho por causa da temperatura, mas apenas coloco as mãos nos bolsos e continuo esperando por Victoria, eu não faço ideia do que pode acontecer comigo, só sei que isso está acontecendo muito recentemente, eu não saber de algo, tenho certeza que isso é algo novo.

  Estou chutando uma grama morta com a ponta de meu tênis quando uma sombra clara passa pela minha frente, levanto a cabeça esperando ser Victoria, mas é Gabriela que me olha com cara feia, agradeço por não ter sorrido quando achei que fosse minha amiga, seria horrível sorrir para essa garota. Ela ainda me encara, mas não diz palavra alguma, nem mesmo quando cruza os braços e começa a bater um dos pés freneticamente.

-Nós duas vamos poder parar de olhar para a cara uma da outra se você me dizer logo que merda quer?

 Ela faz um som de desaprovação com a boca e me olha mais furiosa ainda.

-Você nunca está satisfeita não é, é uma vadia mesmo.

 Quem faz o som de desaprovação agora sou eu, mas soa mais como sarcasmo quando volto a olhar para ela, chega a ser engraçado a maneira como ela é estupida.

-Sim, sou uma vadia, mas você tem que ser mais especifica, já peguei tanto garoto querendo ficar satisfeita, de qual você está falando?

 Ah, como eu amo a ironia, principalmente quando vejo que ela deixou a cara de Gabriela ainda mais vermelha de fúria.

-Você acha que eu quero ficar aqui brincando? Você sabe de quem eu estou falando, para de agir toda sínica, por que isso só funciona com os garotos.

 Toda a situação fica ainda mais hilária quando percebo que ela está falando de Luiz, bem ela vai se ferrar feio, mas o que posso fazer, é o que ela quer. Assim que vou responder a criatura vermelha e furiosa a minha frente, ela continua.

-Não acredito que você dormiu com ele, você realmente é uma piranha, ficou dando em cima do Carlos, namorou com o Murilo e deu para o Luiz, qual será o próximo, vai fazer um oral no professor Eduardo?

 Foi com essa frase que minha diversão acabou, fiquei travada no meio da calçada como se estivesse escutado errado, é isso, eu devo realmente ter escutado errado.

-Perdão? O que eu fiz com Luiz?

 Ela bufa novamente, tenho a impressão de estar conversando com uma bomba relógio, mas mesmo assim, tenho que continuar a cortar os fios.

-Não se faça de sonsa comigo sua piranha, você deu pra ele, ele está se gabou disso o dia todo ontem, foi por isso que você faltou né, nossa mas você é realmente uma vadia.

 Eu não escutei errado, por mais que eu queira, agora até mesmo minha virgindade está sendo difamada.

-Eu não fiz sexo com ele.

 Ela se desarma um pouco, mas ainda consegue disparar ofensas.

-Tem certeza? Talvez ele tenha passado nessa coisa aí, e você nem percebeu.

Eu tiro a touca e olho nos olhos dela, assim que vou contar toda a verdade, me lembro de meu plano, isso é perfeito, não posso fazer isso ainda, você conseguiu Gabriela, serei uma vadia, pelo menos por um tempo.

-Tenho certeza, não fiz sexo com ele, ainda.

 Eu a deixo para trás e vou a caminho de Victoria, que está se aproximando de mim sem perceber, eu consigo ouvir a música alta vindo de seus fones daqui, ainda estou gelada com toda aquela situação, mas sinto que se eu não conversar com Victoria agora, nunca mais terei a chance.  Eu seguro a mão dela, que se assusta um pouco, mas assim que me vê, ela sorri, eu a puxo para um lugar longe da bomba atômica que Gabriela se tronou, ela ainda está no lugar de onde sai, mas está travada no chão, não sei se tenho pena dela, mas claramente não gostaria que ninguém ficasse assim por causa de alguém como Luiz.

-Porque Gabriela está parada ali?

-Por que eu vou fazer sexo com Luiz.

 Agora é Victoria que para no lugar, ela me olha de forma tão surpresa, que seus olhos grandes ficam ainda mais grandes, então tenho que responder.

-Relaxa, foi só o que eu disse para ela, eu e Murilo vamos armar algo contra ele, então tive que dizer isso, se não ela poderia estragar tudo, a língua dela parece ter vontade própria.

 Ela solta o ar que tinha prendido nos pulmões, e me olha, finalmente tranquila.

-Garota não me fala uma coisa dessas, eu quase morri aqui, pensei que ia perder outra amiga por causa do pau do Luiz.

Foi engraçado, mas não consigo rir.

-Victoria, eu preciso te contar algo, uma coisa que eu fiz.

Ela ainda sorri, mesmo com o clima engraçado ter se dissipado com algumas palavras minhas, mas seu sorriso, parece mais radiante do que antes.

-Finalmente, achei que você nunca fosse me contar.

 O sorriso ainda está no rosto dela, e a minha expressão seria se transformou em uma extremamente confusa, então ela continua.

-Eu soube no mesmo momento em que isso aconteceu, Carlos veio correndo até mim com um sorriso confuso no rosto, ele me disse o que aconteceu, e o porquê de ele ter ficado feliz.

 -Espera, se você sabe, por que está sorrindo? Devia estar furiosa comigo.

 Eu a interrompi, mas ela continua com a mesma expressão.

-Me deixa terminar, você vai entender, bom, acontece que antes, se qualquer garota chegasse perto dele, ele “ativava” o modo guerra e partia para cima, mas dessa vez, não aconteceu, claro, você beijou ele, e eu fiquei extremamente furiosa, mas depois eu percebi, você meio que nos ajudou, então eu acho que obrigada.

Estou mais confusa ainda.

-Você realmente acha que conseguiria me evitar se eu não quisesse?

 Não me lembro de como usar palavras, então apenas concordo com ela.

-Eu te perdoo se é isso que você quer, mas, se fizer aquilo de novo eu te esgano.

 Eu apenas aceno, quando finalmente me lembro de como responder ela, eu conto tudo, toda minha versão de meu pecado, ela escuta tudo atentamente, e no final a resposta continua a mesma, “ errar é humano” ela parece extremamente sábia e feliz hoje.

-Ok, entendo que você me desculpou, mas mesmo assim, você está sorridente demais, com uma pessoa que foi uma total vadia.

 -Ah, eu sou uma pessoa muito boa sabe.

 Ele ergue a mão para tirar uma mecha de cabelo do rosto, então eu vejo aquilo, e entendo, ela tem uma aliança no dedo.