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História Me deixe sozinha - Partidas dolorosas


Escrita por: Lari_Doramak04

Notas do Autor


EU SOU A RAINHA DA PROCRASTINAÇÃO!!!! DESCULPA!

Capítulo 47 - Partidas dolorosas


Fanfic / Fanfiction Me deixe sozinha - Partidas dolorosas

Me deixe sozinha cap. 47

 

 Não sei exatamente o porquê, mas meus batimentos aceleram, eu não tenho medo de cemitérios, deve ser o nervosismo que Eduardo está dividindo comigo, apenas comigo, pois mamãe parece estar feliz de se encontrar nessa situação, quero saber como ela faz, ele respira fundo e desliga o carro, mas nenhum de nós sai do carro, mamãe segura a mão dele, ainda no volante, seus olhos estão fixos no horizonte, nunca vi Eduardo nessa situação, ele não se parece nada com o homem cheio de classe que encontrei no primeiro dia de nossa mudança.

-Está tudo bem se você não quiser fazer isso agora, mas um dia terá que acontecer.

 Mamãe até parece uma psicóloga, o mais incrível é que funciona, ele dá um sorriso tenso e começa a sair do carro, por meio segundo nossos olhos se encontram pelo retrovisor, seus olhos estão incrivelmente determinados, já os meus, nem mesmo quero saber, deve ser algo entre nervosismo ou terror total, mais um suspiro profundo e descemos do carro.

 O dia nublado deixa o cemitério ainda mais triste, além de uma moça que chora intessamente à alguns metros daqui, nós somos os únicos nesse lugar, Eduardo nos guia, mas meus passos são tão relutantes que meia volta mamãe segura meus ombros me guiando, ela deve pensar que eu quero fugir, ela está certa.

-Você terá que fazer um esforço amor, isso é importante.

 Ela pensa que estou com medo do cemitério, e deixo ela continuar a pensar assim, até mesmo tento me fazer acreditar que é essa a verdade, mas não é, eu sei que não.

 Eduardo que até agora estava hesitante, agora está a muitos passos de distância, assim que ele para, seus olhos se repousam sobre uma lapide pequena e rosada, mas o que destaca mesmo, é um pequeno ramo florido de ipê rosa, imediatamente sei que Murilo esteve aqui, o que me lembra sobre a mensagem que recebi mais cedo, eu preciso ir até a casa dele, olho para Eduardo esperando ver um olhar confuso, mas ele sorri,

 Assim que dei mais um passo para me aproximar, mamãe segura minha mãe branca e trêmula, e me entrega um pequeno buquê de flores que nem mesmo sei de onde veio, olho para ela confusa, mas ela sorri.

-Espere um pouco, ele precisa ver ela sozinho.

 Então eu e mamãe o observamos de longe, ele se abaixa e passa a mão pela lápide, vejo seu rosto ficar vermelho, então ele chora, como eu nunca vi um homem chorar antes, mas sei que isso é o melhor agora, mamãe finalmente me solta e caminha até minha frente até Eduardo, que enxuga suas lágrimas enquanto pede desculpas incessantemente, mamãe se aproxima primeiro e se abaixa do seu lado, passado os braços por ele, como ela fazia quando eu acordava a noite chamando por papai, quando eu o via me carregando em meus sonhos, mas assim que eu acordava era apenas memoria, é por isso que mamãe está tão calma.

 Limpo algumas lágrimas que rolam pelo meu rosto e coloco o buquê na lápide, me lembrando da fotografia que Murilo me mostrou, os olhos profundos de Rebecca e seu sorriso superficial, e por um momento vejo meu nome naquela lápide, minha foto nas mãos de Murilo e mamãe chorando aos pés de minha lápide, balanço a cabeça para afastar esse pensamento, eu não sou ela, eu arrumei tudo, ninguém nunca mais será ela, me vejo repetindo isso como um mantra quando todos nos levantamos e saímos do cemitério.

  Mamãe e Eduardo estão mais à frente, eu caminho lentamente, enquanto olhos meus pés, meus passos são curtos, não quero alcança-los, tanto por ele precisarem desse momento, quanto por não ser mais capaz de ver Eduardo tão frágil, olhar meus pés começa a se tornar repetitivo, me viro para olhar as lápides, faço mentalmente a conta de quantos anos cada uma daquelas pessoas viveu, pelo visto a taxa de vida de todos aqui é bastante longa, 90, 80, 95 anos, quase todos anciões, sei que se eu procurar com certeza acharei alguém que viveu um século, mas me paro de frente a uma lápide, 34 anos, de todas as lápides que li, essa é o com menos tempo, vejo que fiquei parada demais, quando escuto alarme  do carro de mamãe, corro para alcança-los.

 A viagem de volta, diferente da ida não teve aquele clima tenso, é como se estivéssemos deixado todas as coisas que pesavam em nossa mente haviam sido apagadas naquela lápide, a conversa fluiu levemente. Eu pedi para descer antes para ir até Murilo, talvez tenha sido aquele ramo de ipê, mas eu estou extremamente louca para vê-lo.

 A loja continua do mesmo jeito, diferente da atendente, hoje uma mulher tão velha que não percebeu minha presença até eu passar na sua frente a substituía.

-Você sabe onde o Murilo está?

 Ela ergue a cabeça devagar até me responder com um sorriso e uma aceno de mão até onde ele com certeza estava, nem sei por que perguntei. Vou direto até as escadas até escutar um estalo vindo das poltronas, me viro apenas para ver Murilo deitado nelas com fones de ouvidos que escuto os ruídos daqui, me aproximo lentamente, quase na mesma velocidade em que ele se senta, assim que me aproximo, antes de eu poder me sentar, ele envolve minha cintura em um abraço, sua cabeça roça o topo de meu umbigo, eu passo a mão por seus cabelos recém pintados de preto e ele se afunda ainda mais no tecido leve do meu macacão, penso nisso como um momento descontraído, até escutar um suspiro, assim que ele me olha, seus olhos estão vermelhos.

-Eu não quero te deixar Beatriz.

Estou confusa, mas apenas volto a acariciar seu cabelo, sinto meu peito apertar todo esse lugar se envolve em uma aura escura e triste repentinamente.

-Não se preocupe, você não vai.

Ele para de me olhar, mas não me solta, se afasta o suficiente para não precisar quase torcer o pescoço para me encarar, suas mãos escorregam até minhas coxas, seu toque me arrepia, mas o clima não está tão agradável, ainda mais quando ele me olha nos olhos.

-Eu vou me mudar com minha mãe.


Notas Finais


Obrigada por lerem!!!
Laridorama0412


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