História Me deixe sozinha - Bombeiros bonitões

Me deixe sozinha cap. 54

                A simples ideia de perder Victoria não tinha passado em minha mente até entrar realmente no ginásio, o lugar que a minutos atrás era, com exceção das luzes no teto, coberto por um branco puro, agora estava coberto por chamas, assim que a fumaça atinge meus pulmões, começo a tossir desesperadamente até conseguir cobrir meu nariz, não ajuda muito, mas por enquanto de uma tosse até a morte, e é assim que o faço, começo a correr em busca de Victoria.

                Podem ter se passado 10 minutos ou apenas alguns segundos que estou correndo ao lado das chamas nas mesas onde até agora a pouco estavam todos os alunos de nossa escola, tento não pensar nisso e assim que o faço escuto um choro vindo mais à frente, então acelero mais ainda, mas assim que chego no local, vejo apenas Gabriela, que mesmo nessa situação tenta  manter o orgulho, examino ela rapidamente e descubro o porquê de tantas lágrimas, uma barra de ferro que havia despencado do tento estava em cima de suas pernas, o ferro da barra estava laranja por conta do calor que era posto, o fogo estava a centímetros dos saltos de fivela de Gabriela, não consigo esconder minha frustação ao simplesmente chutar a barra tomando cuidado para ganhar uma queimadura de segundo grau, Victoria estava aqui em algum lugar, e a fumaça havia voltado a me incomodar. Eu a levanto sem que ela me diga nem uma palavra nem mesmo uma de frustação, começamos a caminhar até a porta, as tosses de Gabriela chegam a me irritar a um ponto de eu entregar o tecido que eu tinha para cobrir meu nariz, ela pega, mas as tosses não sessam, assim que estamos a metros da porta, vejo de relance os saltos cintilantes de Victoria do outro lado do salão, solto Gabriela com cuidado, e sou a primeira a falar mesmo em meio a tosses exageradas.

-Vá até a porta, agora!
 

Ela volta a chorar enquanto manca até a porta, ela vai conseguir. Ainda tossindo corro até Victoria que está a centímetros de uma mesa em chamas, mas o que realmente reparo é uma garota que me lembro apenas de ver caminhando de grupo em grupo pela escola, ela balançava Victoria que estava desacordada desesperadamente, o vestido longo de Victoria estava preso em meio a algumas coisas que eu não conseguia identificar direito tanto pelo fogo que ficava maior nelas quanto por isso, seja lá o que seja estivesse em pedaços, a garota tem quase metade do tamanho de Victoria, mas assim que me vê fica de pê, e me olha com suplica, nem precisa pedir duas vezes respondo apenas para mim mesma, me agacho e rasgo o vestido de Victoria com facilidade por conta do tecido arruinado, sinto algumas queimaduras em minhas mãos, mas não tenho tempo para sentir dor, apenas faço um sinal para a garota a minha frente, cujo nem o nome sei para que me ajudasse a colocar Victoria em minhas costas, e ela o faz, a imagem de garota frágil é quase substituída quando ela começa a chutar as mesas que caiam em meu caminho até a porta, sinto a exaustão tomando conta de meus membros, apenas a adrenalina da situação não era tão suficiente para me deixar de pê, começo a me movimentar mais devagar e meus pulmões queimam ainda mais, tento me distrair da ardência olhando para a situação, me precavendo para coisas que podem cair ou estourar, mas só vejo de relance pelas pequenas janelas próximas do teto no ginásio, luzes, bombeiros, acho que a sensação de salvação me ajuda a continuar, até com mais velocidade.

                Chego na porta apenas para ver Gabriela desmaiada próxima grandes portas do ginásio, a fumaça com certeza atrapalhou o seu caminho, mas a cena chega a ser irônica, não tenho tempo para rir e sinto o efeito da adrenalina diminuir então apenas olho para a garota que não tem mais lágrimas nos olhos quando acena que sim com a cabeça e corre até Gabriela a pegando por trás dos ombros e a puxando até fora, assim que a alcanço estamos a centímetros da porta, que se abre em um estrondo, e cerca de cinco bombeiros entram rapidamente com um ar profissional, me sinto inútil perto da maneira como eles chegam rapidamente até nós e pegam as garotas desmaiadas, me sinto melhor apenas por segundos antes de o outro bombeiro me pegar no colo rapidamente e me carregar para fora, da mesma maneira que outro faz com a garota que me acompanhava, então estamos do lado de fora.

Estou atônita com as luzes e pessoas que formam um círculo por poucos segundos a minha volta, apenas até o bombeiro que me carregou até o lado de fora, mandar todos se afastarem, ele tira o capacete e esfrega o cabelo, parece furioso.

-Você só pode estar maluca, o que estava fazendo lá dentro, se conseguia andar devia ter saído de uma vez, isso foi muito perigoso.

                Talvez a falta de oxigênio tenha afetado meu cérebro, por que enquanto recebo o sermão apenas penso em como ele era bonito, o seu uniforme não escondia seus músculos, nem mesmo a tatuagem que subia por seu pescoço, seus olhos verdes e maxilar definido ficavam ainda mais marcantes com o fogo atrás de si, seu cabelo ainda bagunçado continuava arrepiado, e sua pela morena era o que fazia com que ele parecesse ainda mais um anjo, mas eu apenas começo a tossir depois de todo esse sermão, o que faz com que ele suavizasse sua expressão e gritasse por oxigênio para outro bombeiro atrás dele, que nem de longe se destacava de tal maneira.

-Se acalma, respire, preciso parar um incêndio.

                Ele volta a colocar o capacete enquanto uma mulher corria até mim com uma mascará de oxigênio, que aceito sem pensar duas vezes, vejo pessoas colocando Gabriela em uma maca e imediatamente me lembro de Victoria, me levanto apressada apenas para ser forçada a sentar novamente segundos depois, a mesma mulher que havia me entregado a máscara agora me olhava feio enquanto pegava uma pequena lanterna e examinava meus olhos, mas mesmo assim não me aquieto.

-Minha amiga, que eu carregava, onde ela está?