História Me deixe sozinha - Mais alguém?

Me deixe sozinha cap.7

 Após uma longa aula de português, já estou casnada de toda essa conjugação de verbo, e de garotas me encarando, pelo visto, a maioria delas acha a mesma coisa que Gabriela, então possivelmente também irão me odiar, eu so queria saber que porra são PDE´s, pego minha mochila no mesmo tempo que Carlos segura minha mão, eu travo sobre o toque de sua mão, essa personalidade múltipla dele, é algo que ainda não sei lidar.

-Desculpa, eu realmente sinto muito por antes, para compensar, porque nó não almoçamos juntos?

 Espero que ele não tenha dito isso alto demais, eu realmente estou ferrada se não. Olho em volta, as garotas encaram sua mão segurando a minha mão, mas não parecem chocada, elas não ouviram, ótimo.

-Eu vou almoçar com outra pessoa.

 Não é totalmente mentira, eu já consigo imaginar Victoria correndo até minha sala. Assim que penso nela, me solto rapidamente de sua mão, ela gosta dele, e é a única garota que eu não odeio, não quero que um dos primeiros garotos que dá em cima de mim, seja o mesmo que uma provável amiga goste.

-Desculpe se estou sendo enxerido, não era minha intenção, mas.... Você vai almoçar com.… seu namorado?

 Droga, droga, droga, o que eu respondo, falta de respostas nunca foi um problema para mim, deve ser por isso que tenho um histórico de brigas tão extenso, mas assim que abro a boca, esperando que quaisquer palavras fujam dela, para me ajudar a fugir dessa situação, uma mão passa pelos meus ombros e sinto um arrepio por todo o corpo, tento não me mexer com toda essa estranha excitação em meu corpo, afinal, nem sei quem é, olho para o lado e Murilo está encarando Carlos com um olhar de superioridade.

 Quase que imediatamente, me lembro do que ele disse no hospital e coro ‘’eu cuidarei de você’’ mas, e a parte do namorado? Acho que ele não devia estar fazendo isso, quero me soltar de seus braços, mas terei tempo para fazer isso quando a situação com Carlos se resolver.

-Ela não tem namorado K, mas mesmo assim, ela não vai almoçar com você.... Ela tem companhia melhor.

 Achei alguém melhor que eu no termo brigas, ótimo, agora isso será um inferno, olho para ele, não era isso que eu estava esperando com essa ajuda, abaixo a cabeça e me liberto de seus braços, e caminho até a porta, como sempre, eu sou o centro das atenções, olho para trás, apenas por um momento suficiente para ver que ambos me olhavam, seus olharem estavam tão confusos quanto minha mente.

 Assim que me liberto de todos os olhos atentos, abro os braços respiro fundo, algo que sempre faço quando estou sobre pressão, respiro fundo, penso em todo caminho do oxigênio até meus pulmões, sei que isso é uma maneira bem nerd de cuidar de sua ansiedade, mas que escolha tenho, nunca me senti tão apreensiva, essa coisa de brigar por mim, é nova, não sei se gosto disso.

 Assim que abaixo os braços, algo me puxa e eu cambaleio para trás, assim que penso que irei atingir o chão alguém me segura pelos braços, olho para cima e vejo o rosto assustado de Victoria, então ela começa a rir, perde a força e nós duas caímos, ela continua a rir, sua risada é tão engraçada que começo a rir junto dela, ela para assim que eu começo, ela tem uma expressão de surpresa fascinante.

-Eu não sabia que você sabia rir, isso é legal.

 Ela diz enquanto se levanta e me oferece a mão como apoio para levantar, aceito e ela me ajuda a bater a poeira em minhas roupas escuras.

-Sabe, apesar do preto combinar com você, é escuro demais para tudo isso.

 Ela acena para meu corpo, não sei o que ela quis dizer com isso, então fico calada, até ela perceber que não faço a menor ideia sobre o que ela está dizendo.

-A amiga, isso foi um elogio, você é bem bonita.

 Ok mais elogios, sério, o que colocam na agua desse lugar? Não quero mesmo entrar em mais um debate sobre o por que não considero minha aparência agradável, não com ela, então apenas confirmo com a cabeça.

-Bom, sua próxima aula é de que?

 Ela percebe minha vontade de mudar de assunto e não discute, nossa, eu realmente gosto dela.

-Artes, uma das poucas matérias que eu sou boa.

 Ela ri um pouco, apenas inclino a cabeça, não rio de piadas auto opressivas.

-Tenho certeza que você é bem inteligente, não se menospreze.

 Ela me olha confusa, mas apenas acena.

-Minha próxima aula é matemática, apenas uma das matérias em que me saio muito bem, por que eu me esforço. Viu só, não é feio sentir orgulho de seus feitos.

 Ela apenas faz um biquinho, e acena com a cabeça pelo corredor, pelo visto nossa conversa acabou.

Volto para a sala, mas apenas eu estou na sala, pelo visto, os estudantes não acham que 10 minutos de intervalo entre as aulas de 1 hora não são o suficiente, mas eu não me importo, tempos 5 aulas no total, temos 3 intervalos de 10 minutos e o almoço, que você pode comer na hora que achar melhor, mas muitos deixam para o intervalo do meio, o que dura 30 minutos, o sistema dessa escola é muito complicado.

  Esperei em um momento na sala, mas ninguém parecia determinado a sair, assim que decido sair em busca de alguma informação, bato em alguém que vem em minha direção, ele não produz som algum, mas bati em seu peitoral com velocidade,  minha cabeça bateu em sua clavícula, eu dou alguns passos para trás, ele é alto, assim que olho em seu rosto ele está com a cabeça inclinada, ele é bonito, que inferno há nesse lugar onde todos são atraentes, ele parece oriental, mas sua boca é carnuda e seus olhos são um pouco mais arredondados que puxados, e são negros, tão escuros quanto seu cabelo, que vai até um pouco abaixo de sua sobrancelha, ele tem uma pintinha na boca, que fica mais amostra quando ele a meche, como se estivesse pensando, e se aproxima de mim.

 -Você é a novata?

 Alto e claro, ele não parece ser antipático, apenas parece querer ir direto ao ponto, já gosto dele.

-Sim, meu nome é Beatriz.

 Ele sorri, seus dentes são brancos, e se não fosse por causa de seus caninos pontudos, seria uma escultura para qualquer ortodontista.

-Prazer, ouvi falar de você Beatriz, meu nome é Luiz, o que você está fazendo aqui?

 Luiz, bom, ele é simpático educado e bonito, ainda não quero socar a cara dele.

-Estou na aula de matemática, mas, não tem ninguém aqui.

 Ele abaixa a cabeça, e olha para mim com um sorriso torto, nossa ele é muito atraente.

-Bom, por acaso eu sou ajudante de professor, e bom, o professor de matemática não dá aula nessa sala, ele tem alergia a tinta descascando, então ele fica no andar de baixo, até repintar aqui.

 Ai meu deus, estou perdendo a minha primeira aula de matemática, droga, droga, droga ...

-Você pode me levar até lá? Não posso mais perder aulas.

 Ele respira fundo e nega com a cabeça.

-Na verdade eles estão no meio de um teste agora, então você não pode entrar.

 Então eu também perdi um teste, legal, estou acabada, meu histórico vai para o lixo, terei que tocar flauta doce no farol vermelho para poder comprar um pão com mortadela, eu começo a hiperventilar, ele percebe meu subconsciente a beira de um colapso e coloca as mãos em meus ombros, seu toque é tão tranquilizador que minha respiração se regula assim que ele me toca, olho em seus olhos e sua expressão me tranquiliza ainda mais.

-Não se preocupe, ele repetirá o teste, ainda mais com suas notas, não precisa se preocupar.

 Quero saber como ele sabe de minhas notas, mas não acho que seja a hora, respiro fundo, ele pega uma pasta que eu não havia percebido que ele deixara em cima de uma das mesas.

-Mas, para passar o tempo, você pode me ajudar com umas papeladas? Tenho certeza que você é ótima com isso também.

 Eu coro por causa de seu elogio, não foi algo pessoal, mas pelo visto, parece que gosto de ser elogiada por minhas habilidades, confirmo com um aceno de cabeça e nós nos sentamos na mesa onde o professor de matemática deveria estar, tento focar no trabalho, mas não consigo me segurar a olhar para ele de tempo em tempo, eu posso estar louca, mas tenho certeza que vi ele corar, tão lindo.