História Me faça acreditar que é real - Um dia anormal

Acordei com o barulho de risadas e gritos que vinham da casa de frente da minha. Aquela casa imensa estava à venda alguns dias atrás, mas a placa de “vendo” foi retirada há uns 2 dias.

Numa cidade como Nova York era difícil encontrar casas tão próximas umas das outras como as da minha vizinhança. Eram casas grandes, porém próximas.

Me sentei na cama e não pude evitar de sorrir ao lembrar da noite anterior.

Eu conheci Nash, Cameron e Shawn.

Tinha que ficar repetindo isso para mim mesma, porque se mesmo no momento em que estava acontecendo eu achara que era um sonho, ali, na manhã seguinte, parecia que tudo aquilo tudo tinha sido, de fato, fruto da minha imaginação.

Levantei e fui até o closet. Escolhi uma roupa e depois tomei um banho.

Depois de pronta, desci para tomar o café da manhã.

Encontrei meu pai e Kevin na cozinha:

- Bom dia, Cinderela- meu pai disse com um sorriso.

Kevin estava com a boca cheia por isso só acenou com a cabeça.

Depois do café da manhã meu pai deixou Kevin em sua escola e depois me deixou na minha.

Agradeci a ele e caminhei até a porta. Respirei fundo.

De volta a realidade, Claire.

Abri a porta e entrei. Todos pararam o que quer que estavam fazendo e olharam para mim. Eu sabia que não ia ser um dia normal, mas também não sabia que ia ser tão anormal.

Pude ver Emma, do grupo das patricinhas, me olhando com desgosto. Eu sabia que era apenas inveja. Emma se dizia fã deles, mas todos sabíamos que ela era apenas um poser e ficou com inveja só porque ela queria a atenção que eu tive.

Ignorei todo mundo e fui procurar Drika e Cris.

Elas estavam perto dos armários, conversando. Estavam muito animadas e por um momento eu fiquei com medo de que elas brigassem comigo, afinal eu não havia ás apresentado para os seus ídolos.

- Claire! Você sumiu  ontem no baile!- Drika disse me abraçando – Você não vai acreditar: Shawn, Nash e Cameron estavam aqui ontem!

- Eu queria ser aquela garota que ajudou eles a saírem daqui. – Cris disse – Aquela vagabunda.

As duas riram e eu fingi uma risada.

 Eu estava em pânico, simplesmente não sabia o que fazer. Será que elas iam me entender se eu dissesse que tinha sido impossível apresenta-los?

Eu tinha quebrado o juramento que fizemos aos 13 anos de idade. Eu tinha quebrado um juramento do Rio Estige, e se fosse igual aos livros, era só esperar uma coisa horrível acontecer.

Enquanto eu pensava elas continuaram a conversar. Só saí dos meus devaneios quando, pelo alto-falante, ouvi a voz do diretor:

“Alunos, hoje no horário da quarta aula teremos uma reunião entre o ensino médio e diretoria. Passar bem.”

O silencio reinou por um momento enquanto eu virei para as meninas e falei baixinho:

- Os murmúrios começam em 3...2...1...

Eu estava certa. Todos começaram a falar, supondo o motivo da reunião. Na “New York High School” não era comum uma reunião desse tipo, com mais de uma série reunida.

- E aí? O que vocês acham que vai ser? – Drika perguntou.

Mais uma vez ninguém disse nada, até Cris com uma expressão de um misto de animação e surpresa - ela parecia que ia gritar a qualquer momento - apontou para a porta:

- Aposto que esse é o motivo da reunião.

Me virei para a porta e me deparei com uma cena que a umas horas atrás eu ia considerar impossível: Cameron e Nash entravam na escola. Pela porta da frente. Sem paparazzi. Como adolescentes normais indo para um dia normal de aula. Só que esses adolescentes “normais” eram TÃO lindos.

Para Claire, foco.

Assim como fizeram comigo, ao entrarem todos pararam o que estavam fazendo para observa-los.

O olhar de Nash percorreu o corredor a procura de algo, quando me viu esboçou u sorriso começando a caminhar na minha direção, juntamente com Cameron, que já havia percebido a minha presença.

Meu coração começou a acelerar de uma maneira anormal que atrapalhava meu cérebro de achar alguma maneira de tentar me livra daquela situação. Já podia prever escândalo das meninas pelo fato dos seus ídolos estarem bem diante delas ou por sua amiga ter quebrado um juramento que NUNCA deveria ter sido quebrado.

Me virei para as meninas com a maior cara de surpresa que eu tinha aprendido naquelas entediantes aulas de teatro.

- Hey Milady! – Ouvi aquela voz rouca que eu reconheceria a quilômetros de distância.

Droga, não podia ignora-lo.

- Oi Cameron. – Sorri, mas por dentro estava desesperada – Hey Nash!

- Olá donzela. – Falou tentando fazer uma voz formal, o que me fez rir.

Quando me virei para as meninas de novo, o sorriso se desfez do meu rosto. Elas não estavam com raiva, do jeito que eu as conhecia, sabia que elas não conseguiriam ficar com raiva quando os seus ídolos estavam bem diante delas. Porém, a expressão delas partiu ainda mais o meu coração. Seus rostos expressavam um sentimento que eu conhecia bem: decepção.

Os meninos as encaravam e um silencio se instalou no ar.

Resolvi fazer o que eu deveria ter feito no baile:

- Cameron, Nash, essas são Drika e Cris – Falei indicando cada uma.

Todos sorriram e se cumprimentaram, logo depois Cameron olhou para Nash e disse:

- Sabe, Nash, eu não sei você, mas eu não lembro de ter dito o meu nome

- Nem eu, Cam – Nash respondeu rindo e os dois olharam para mim.

Eu tinha feito um pacto comigo mesma: se dependesse de mim eles não iam descobrir que eu era uma fã.

- Não é tão difícil saber o nome de vocês depois de termos fugido de umas 10 meninas que chamavam vocês que nem umas loucas.

Eles riram e concordaram com a cabeça, mas algo me dizia que eles não estavam convencidos.

- Ah, Fala sério! É claro...- Drika disse até ser interrompida por Cris que tapou a boca dela e a arrastou até uma sala próxima.

- Tão normais quanto nós... – Ouvi Nash dizer.

- Tá, já vou indo então. – Falei.

- Meu deus! Milady Claire nos deixará perdidos nessa escola. – Cameron encenou uma voz formal.

Sorri e, entrando na brincadeira, falei:

- ok, senhores, sigam-me.

***

O sinal tocou e vários adolescentes correram se esbarrando em tudo e todos para chegar em suas salas.

- Você estuda aqui há muito tempo? – Cameron perguntou enquanto ajeitava o cabelo.

Meu deus, ele fica maravilhoso quando faz isso.

Foco Claire, foco.

Fiz que sim e continuamos o nosso caminho pelo corredor. Parei no meio do caminho e falei:

- Vocês sabem quais são as suas aulas de agora? – coloquei minha mao na cintura e os encarei.

Eles se olharam e responderam em coro:

- Não.

- Esse é o momento em que vocês correm para a diretoria e tentam pegar a primeira aula. – Eles correram se batendo um no outro.

Me dirigi para a minha próxima aula: geografia.

Cheguei na sala e avistei Drika e Cris sentadas, conversando. Me aproximei e sentei em uma cadeira ao lado delas:

- Pelo menos Shawn não está aqui – falei

Não era como se eu não quisesse ele lá, mas era diferente. Eu era uma pessoa medrosa e insegura, por mais que eu não demonstre isso. Eu tinha medo de conviver com ele e descobri que, tudo que eu achava que ele era, fosse só o que ele deixava transparecer pelas redes sociais. Mais uma vez eu estava diante de uma situação de expectativa vrs realidade, realização e decepção. Eu me sentia fraca assim, e eu odiava isso.

- Nossa, agora você fala com a gente? –Drika olhou para mim e eu congelei.

- Na hora de nos apresentar os nossos ídolos niguem fala nada, né? Você podia pelo menos ter nos dito... não acredito que você fez isso.- Cris completou.

Elas se levantaram e saíram.

Eu fiquei lá, parada. Elas brigarem comigo foi horrível. A sensação era que eu tinha acabado de levar um soco no estomago. Minhas amigas sempre me entendiam, sempre sabiam como eu me sentia mesmo que eu não quisesse que ninguém soubesse. Eu odiava brigar com elas.

Passei a aula toda desenhando no meu caderno e quando o sinal tocou eu me levantei.

Chequei o meu cronograma, próxima aula: biologia.

Quando cheguei na sala a professora não estava, então sentei e coloquei o fone de ouvido. Pude perceber que Scott me olhava algumas vezes, o que me deixou desconfortável.

Não demorou muito e um funcionário entrou na sala falando que a professora precisou ir embora e que nós teríamos o horário livre.

Resolvi que eu iria para o meu lugar preferido da escola: o jardim.

Me sentei embaixo de uma árvore, eu adorava sentar embaixo de árvores, no Central Park meu pai lia livros para mim embaixo da uma sombra de árvore, isso me deixava confortável.

Peguei o meu caderno e continuei a escrever uma história que eu já havia começado. Fui interrompida por Scott:

- Sério que você vai ficar aqui?

- Por que não? – Respondi com outra pergunta.

-Ah, vem cá! – Ele disse e me puxou para dentro da escola.

- Mas e aí? Como foi o baile? – Perguntei na tentativa de quebrar o silencio.

- Não tão interessante quanto o seu – Ele disse olhando nos meus olhos.

- Correr de meninas desesperadas não é exatamente o que eu gosto de fazer no meu tempo livre.

- É, até porque o que EU mais gosto defazer no meu tempo livre é ficar com você – Ele falou olhando nos meus olhos como nunca antes, o que me deixou desconfortável.

Scott me puxou para uma sala próxima.

Assim que entramos ele me segurou pela cintura e, me deixando ainda mais desajeitada, me puxou para mais perto.

Tentei me afastar, mas suas mãos apertaram ainda mais a minha cintura, tão forte que eu tive certeza que ali ficaria um hematoma.

- Scott, não. – Falei tentando me afastar novamente, sem sucesso.

- Scott...

Fui interrompida quando ele colou os nossos lábios aos meus.

Scott era firme selvagem. Me debati e tentei me afastar, mas ele era forte demais para mim.

Quando eu finalmente cansei, Scott me soltou e tirou a camisa.  Se ele não estivesse abusando de mim eu provavelmente iria gostar do que estava vendo, mas como esse não era o caso, assim que tive a oportunidade eu gritei o mais alto que pude.

Scott interrompeu o meu grito selando os nossos lábios mais uma vez. Eu me debatia e não correspondia ao beijo.

A porta abriu com um estrondo e eu fui retirada dos braços de Scott bruscamente.

Shawn  jogou Scott no chão e diferiu alguns socos.

Ele parou por um instante e, enquanto Scott se recuperava, se virou para mim, naquele momento eu já chorava:

- Você está bem? – Ele perguntou

Assenti com a cabeça, mas não consegui parar de chorar.

- Shawn, atrás de você!

Ele se virou no momento que Scott arremessou um jarro que anteriormente esteve na “mesa do professor”.

O jarro se estilhaçou contra a parede e pedaços de vidro voaram por toda a sala.

Shawn jogou-o no chão de novo, mas não pôde fazer nada por naquele momento o diretor entrou na sala.

Saí correndo pelo correndo pelo corredor e entrei no banheiro. Me olhei no espelho, meu nariz estava vermelho e lágrimas escorriam pelo meu rosto. Odiava me sentir tão fraca.

Sequei as lágrimas e lavei o rosto. Estava decidida a sair dali e fingir que nada tinha acontecido.

E sobre Shawn, nunca pensei que o meu ídolo um dia fosse me defender em uma briga, mas eu estava decidida de que eu não precisaria de um guarda-costas, muito menos de um príncipe encantado.