História Me nota crush!!! - Centro do Universo

    Jongin:

   Ah, o intervalo/recreio/hora do lanchinho, o único horário que faz valer a pena a ida até o colégio... Tirando o barulho de gente gritando na cantina e a correria dos alunos atrás de alguma mesa vaga para comerem suas coxinhas em paz, é claro, fora isso, o horário é lindo!

   Quando o sinal bateu, nossa, foi como se, pela primeira vez, ninguém tivesse me pedido bala depois de me verem com um pacote. Foi incrível. Era uma sensação boa de liberdade.

   Os alunos saíram correndo da sala como se a vida deles dependessem disso (Meus filhos, se acalmem, ninguém tá distribuindo chocolate de graça, ok?) Apenas Tao parecia ser o normalzinho dali (o renascentista diferentão) embora isso não fosse verdade, mas acho que isso se devia ao fato dele não ter muitos amigos já que os outros alunos tinham um certo preconceito por ele ser chinês e usar óculos. Eu, pessoalmente, achava isso um absurdo! Ele devia transformar esse fato da vida dele em algo lacrador de bocas. Tipo eu, sabe. Antes, EU era zoado por não ser branquinho como os outros floquinhos de neve, mas aí decidi ficar gostoso pra calar a boca de geral e hoje em dia eu sou um verdadeiro poço de sedução, cobiçado por muitos e odiado por virjões que não conseguem pegar nem resfriado. Eu sou a Universal. Mas não vou ficar falando em como sou maravilhoso e perfeito porque isso todos já sabem.

   Eu estou SOZINHO no momento, andando sem rumo pelos corredores daquele inferno, ops, colégio, não devo insultar o inferno dessa forma... Enfim, estou SOZINHO! porque aquele projeto mal feito de alicate ambulante, vulgo Park Chanyeol, foi atrás de Kris lá na sala dele e me deixou abandonado nessa pocilga! Aquele Dumbo...

   Queria saber o real motivo dele ficar todo animadinho pra ir buscar Kris lá no terceiro ano, porque, sinceramente, não creio que uma pessoa tão sedentária como ele, que fica cansado só por estar respirando, goste de subir uma escada só pra ir buscar o amiguinho. Se fosse eu, aposto um real que me deixava lá largado. As vezes eu chegava a pensar que Chanyeol tinha uma quedinha por Kris, mas descartava essa ideia porque... sei lá, era estranho, quer dizer... Tipo, toda caneta precisa de um bocal, e nesse caso, os dois eram canetas, se é que vocês me entendem.

   Melhor parar de pensar nisso porque, nossa, a gayzisse de Chanyeol tá começando a me afetar (Ele pode me jurar de pés juntos que é hétero umas mil vezes que mil vezes eu rirei da cara daquele trouxa).

   Comecei a andar despreocupadamente pelo corredor quase vazio, recebendo alguns olhares maliciosos de algumas garotas. Se ser bonito fosse crime, acho que eu pegava prisão perpétua (Nem me acho, né? Até porque não estou perdido).

   Continuei em devaneios e quando fui ver, algum idiota quase esbarrou em mim enquanto corria loucamente pelo corredor.

   Vai, passa por cima, infeliz.

   Quer me matar? Me esfaqueia logo de uma vez. Aproveita e morre.

   Olhei na direção em que o retardado tinha ido, e das muitas coisas que eu podia dizer para ele, que já estava lá na casa do caralho com asas, eu só disse uma:

   --- ESPERO QUE TROPECE NOS PRÓPRIOS PÉS E MORRA.

   Voltei-me novamente para a frente e pude avistar um garoto pequeno, ajoelhado, tateando o chão em busca de algo, com alguns papéis à sua volta. Pelo visto o retardado havia feito uma vítima.

   Me aproximei do garoto e pude ver seu rosto com uma expressão demoníaca, os olhos semicerrados, a testa franzida, e os lábios cheinhos formando um bico enraivecido. Ouvi ainda um resmungo sair de sua boca. Com um pouco de medo (Na verdade eu já estava me cagando mas vamos ocultar isso um pouco) me ajoelhei em frente à ele e percebi que o que tanto este procurava era um óculos de grau, jogado pouco à frente de si. Peguei aquele óculos em minha mão e entreguei às suas, vendo-o colocar logo em seguida no rosto e me olhar curiosamente com seus grandes olhos. Estremeci por completo com aquilo.

   --- Obrigado. --- Disse tão baixinho que mal consegui ouvir.

   Começou a apanhar os papéis com certa rapidez, e eu como  verdadeiro cavalheiro, embora um pouco cagão, o ajudei. Recolhi uma última folha e vi coisas nela que me deixaram assustado, uma verdadeira obra do Satanás. Havia números espalhados pela folha, triângulos e circunferências, que eu poderia jurar serem vários pentagramas usados num daqueles  rituais, e... cálculos! Que caralhas era aquilo, paizin?!

   Forcei minhas vistas para tentar ver se entendia o que era aquilo(?) e então percebi que se tratava de uma prova de matemática, que por sinal o garoto à minha frente havia acertado 100% dela. O olhei realmente impressionado, ou o garoto era muito inteligente ou tinha feito pacto com o capeta.

   --- Uau, você é nerd. --- Eu disse todo sorridente, porque, pra falar a verdade, nesse colégio não tem muitas pessoas... assim, inteligentes.

   Pra mim, o que eu disse soava como um elogio, mas acho que o garoto à minha frente não havia gostado muito. Fechou a cara e pegou com brutalidade os papéis da minha mão.

   --- VAI PRO INFERNO, IDIOTA!

   E saiu apressado para sabe-se lá onde.

   Que bruto! Senti vontade de gritar um "Talvez eu realmente visite o lugar que você nasceu!" mas fiquei com medo de que aquele baixinho pudesse me jogar uma macumba... E de macumba já me bastava Chanyeol.

   O intervalo passou normalmente depois daquele incidente com aquele baixinho. Voltei para a sala e me sentei ao lado de Chanyeol, que já estava de volta. Hunf, seu traidor que prefere passar o intervalo com o povo do segundo andar... Bem, Kris é meu amigo também... só não passei o intervalo com eles porque fiquei com preguiça de subir as escadas. O quê? É algum crime ser preguiçoso? Já era.

  Felizmente chega a ultima aula, amém, mas infelizmente ela é de matemática, o terror de todo aluno, acho eu, né. Olhei para o professor rapidamente. Ele mal entra na sala, faz um rápida explicação e do nada já passa um exercício no quadro enquanto se senta para tomar um cafézinho. Até hoje não entendo o motivo de todo professor de matemática beber café... Seria porque eles têm pacto com o capiroto e por isso bebem aquele líquido quente pra relembrar como é o calor do inferno? Reflitam.

   Olho para aqueles números e logo me lembro daquele garoto de óculos que era bom em matemática... Como ele conseguiu resolver todos aquelas questões do tinhoso? Ele teria feito um pacto, assim como o professor de matemática? Humm...

   Após algum tempo analisando aquele exercício, tento enfim resolvê-lo. Se aquele projeto de exú consegue resolver uns cálculos eu consigo também, certo? ERRADO! Eu já tentei todas as fórmulas, mostrei o exercício para o professor e o capiroto chefe só sabe falar que está errado! Kidsgrama, para gabaritar uma prova aquele baixinho deve ter feito pacto mesmo! Pronto, acabei de comprovar com um simples exercício que aquela criatura nasceu mesmo nas terras baixas.

   A aula acabou e a primeira coisa que fiz foi jogar minhas coisas na mochila. Olhei para o lado e vi que Chan dormiu, nem parecia um filhote de elfo daquele jeito. Fiquei encarando ele e inúmeras coisas malignas passaram pela minha mente. Eu poderia rabiscar a cara dele... Ahn, muito clichê. Poderia pintar ele de corretivo? Nha... acho que faria muita sujeira. OU eu poderia pegar uma fita e prender ele na mesa?!

   Dei um sorriso maligno, procurei uma fita dentro da minha mochila e infelizmente só encontro bolinhas de papel e uns treco que eu não sei o que é. Desisto de tentar sacanear ele e  simplesmente o acordo de modo delicado, como um amigo que prefere fazer companhia para o outro amigo do segundo andar, merece... dando um super tapa em seu braço.

   Bem, eu perturbei muito o dumbo durante todo o trajeto, principalmente por que empurrei ele e ele acabou acertando um garoto aleatório que inventou um novo apelido engraçado  “Poste orelhudo com pernas”. Só de lembrar dá vontade de ri. Provoco ele mais um pouco e ele me empurra. Que audácia é essa de empurrar Kim Jongin?! Empurro de volta, e ele me empurra também! MASOQ?

   Vamos subindo o segundo andar nos empurrando até que Kris aparece. Como não posso perder a chance de zoar ChanYoda conto logo tudo o que aconteceu durante o trajeto. Mas acho que ele não gostou disso porque saiu com uma cara de "Vou me tacar de uma ponte", então eu só ignorei a bad dele, conhecendo aquele lá como eu conheço aposto que mais tarde ele ia me encher o saco no facebook.

   Atravessei aqueles portões infernais e me senti livre, abrindo os braços, igual a Rose do Titanic, e sentindo a brisa leve batendo no meu rosto.

   --- Tá se preparando pra voar, é?

   Sabe a sensação de liberdade? Então, já era.

   --- Você estragou o meu momento Hollywood, Kris. --- Não que aquele sobrancelha de taturana tenha se importado com meus sentimentos. --- Vamos almoçar, FanFan. --- Sim, ele me bateu por causa do apelido fofo, que pelo visto só eu achei fofo. Aquele frio... --- Poxa, Kris! Eu te dou comida, carinho e amor e é assim que você me trata?! SEU INGRATO!

   --- Nunca te pedi nada. Você faz isso porque é trouxa.

   Abri a boca fingindo estar sentido, e até levei uma mão à boca para enfatizar mais a minha encenação.

   --- É assim, né? Nunca mais faço nada por você, seu ridículo...

   --- Vamos comer primeiro, vem logo.

   Como Kris já sabia onde era o restaurante do meu tio, saiu andando na frente sem me esperar. Abusado!

    Pouco tempo depois chegamos ao restaurante dos Kim's. Comida de graça, me aguarde.

   --- TIO MINNIE!! Ô TIO! --- Gritei. Gritei mesmo. Vocês devem estar pensando "É um restaurante, seu condenado, faz silêncio". Eu faria silêncio se o local estivesse cheio, o que não era o caso, já que naquele horário quase ninguém ia lá, o que me dava total liberdade para gritar. Kris me encarou de repente, acho que ele teve um mini ataque cardíaco. Bem, problema dele.

   --- FAZ SILÊNCIO, PRAGA!

   Vejo o marido do meu tio, Jongdae (cujo apelido é Chen não sei porque) na recepção com os  braços cruzados. Acho que ele não gosta muito quando eu vou comer lá. Não sei por que, hehe.

   --- Tio Chen!! --- Dou um abraço bem forte nele. --- Cadê o tio Minnie?

   --- Veio comer de graça de novo, encosto?

  --- Poxa, ChenChen, cadê as considerações? Eu gosto tanto de você...

   --- Jongin, deixa o Chen em paz. --- Tio Minseok aparece do nada na nossa frente. --- Boa tarde, Yifan.  --- Ele sorri para a taturana parada atrás de mim.

   --- Boa tarde, Senhor Kim.

   Meu tio é tão gentil... Não que eu me aproveite disso, claro, claro que não, imagina!

   --- Tio Minnie... --- Ele olha todo carinhoso pra mim e eu retribuo o olhar. ---  Tô com saudades da sua comida, sacas?

   --- Você come aqui todo dia, seu sem vergonha! --- Chen resmunga.

   --- Não fale assim do Jongin, Kim Jongdae!

   --- Mas meu amor, ele se aproveita da sua bondade pra comer de graça, não percebe?!

  --- OLHA AQUI JONGDAE, O RESTAURANTE TAMBÉM É MEU E EU DOU COMIDA DE GRAÇA PRA QUEM EU QUISER, ENTENDEU?! --- Eita! Treta de casados! Adoro. --- E VAI ARRUMAR A PORRA DE UMA MESA PRA ELES LOGO!

   Chen só me fuzilou com os olhos e saiu resmungando para arrumar uma mesa. Nem adoro uma coisa dessas, hehe.

  Enquanto estávamos almoçando tranquilamente com o meu tio Minnie, percebi um olhar estranho em minha direção, mas era só Jongdae atrás da caixa registradora, resmungando uns coiso que eu não sabia o que era.

"Vô matar o Xiumin. Fica dando comida de graça pra esse garoto... Só quero ver quando formos à falência, vacilão."

   A comida do tio Xiumin era deliciosa, mas sabem o que era mais delicioso ainda? A sobremesa de graça... e a cara de psicopata que o Chen fazia quando levávamos uma colher do doce na boca! Bye bye, dinheiro.

   Voltei pra casa feliz da vida, embora sozinho, porque Yifan não quis me levar até lá. A vida é assim mesmo, você ajuda a pessoa e a pessoa te deixa voltar sozinho pra casa com riscos de morrer esfaqueado por um psicopata que tava passando e aí do nada resolveu esfaquear alguém.

   MAS felizmente, eu cheguei em casa são e salvo. Peguei minha câmera digital, coloquei na mochila e saí de novo. Precisava fazer algo que eu gostava de fazer.

   Fui para uma praça não muito longe da minha moradia e fiquei observando a paisagem, algo que eu gostava muito de fazer. E depois de tantos minutos ali parado vi algo que me chamou a atenção: uma planta no gramado.

   A plantinha mais bonita que eu já vi. Ela tava lá, toda bonitinha, balançando com o vento como se estivesse dançando hula, bem verdinha. Uma graça, a pequenina. Merecia uma fotinha.

   --- Diga "xis". --- E tirei.

   Ficou perfeita, se bem que era óbvio que ficaria, fui eu quem tirei, né. Sou incrível.

   Definitivamente aquela foto ia parar no meu mural de fotos.

   Como sempre acabo passando a tarde toda no parque, tirando fotos de diversas coisas que eu achava interessante, quando o melhor de um dia ensolarado fica para o final: o belo pôr do sol. Pego minha câmera e tiro a última foto do dia.

   Após observar o sol sumindo, dou um sorriso e apenas volto para casa e encontro meus pais jantando. Cumprimento eles e me junto à mesa, depois disso apenas tomo meu banho e vou para minha caminha e acabo dormindo.

   Jongin foi dormir e nem guardou a meia...