(POV MEREDITH)
Era quase meia-noite quando o pager de Derek começou a tocar; o dispositivo estava do meu lado da cama. Eu tentei ler a mensagem, mas a luz do aparelho quase me cegava; rapidamente, Derek o arrancou de minha mão e ao ver a mensagem saiu em disparada pelo quarto.
“Derek?” – eu perguntei quando ele estava colocando seu sapato.
“É o Mark.”
Aquilo me pegou de surpresa, a essa altura do campeonato, nós não esperávamos mais ter notícia alguma de Mark; a não ser o comunicado de que os aparelhos tinham sido desligados, e isso só deveria acontecer em quatro semanas...
Antes mesmo de Derek fechar a porta, foi a vez do meu pager tocar. A mensagem era simples e clara: 911 – Lexie Grey.
Senti meus sentidos falharem.
Primeiro Mark?
E agora Lexie?
O que estava acontecendo naquele hospital?
“Derek, me espere.” – saí gritando e arrastando Zola comigo.
Ele me olhou consternado.
“É a Lexie...”
Depois de deixarmos Zola na creche do hospital, Derek foi para o quarto de Mark e eu fui em busca de minha irmã.
“April?” – eu chamei quando vi a cabeleira ruiva no corredor. Ela virou rapidamente e veio ao meu encontro – “o que aconteceu?”
“Meredith, graças à Deus você está aqui!” – ela me abraçou.
“April, o que aconteceu?” – senti minha garganta fechar.
“Mark... Mark sofreu uma parada cardiorrespiratória.”
Meu coração acelerou drasticamente.
“Ele... ele?” – eu engoli em seco.
Ao invés de debulhar-se em lágrimas do jeito que imaginei que ela faria, April abriu um grande sorriso.
“Essa é a questão, Mer... ele acordou!”
Ouch. Aquilo havia me pego totalmente desprevenida. Tentei falar algo, no entanto, nenhuma palavra achava o caminho para sair de minha boca. Fiquei apenas sorrindo para April tentando recuperar o fôlego.
“E Lexie? O que houve com ela?”
Ela sorriu fraco e senti meus joelhos fraquejarem.
“Kepner!”
“Lexie estava lá quando aconteceu... e bem... quando ele acordou...”
“O que aconteceu quando ele acordou?” – arqueei as sobrancelhas.
“Ele chamou pela Dra. Montgomery e disse não conhecer Lexie” – ela falou apressada atropelando as palavras.
Novamente, senti meu fôlego esvair-se. Depois de tudo o que Lexie havia passado nos últimos meses, ela não merecia isso.
Ela definitivamente não merecia isso.
“Porque você me chamou?”
Ela desviou o olhar e mordeu o lábio inferior de maneira nervosa.
“Depois de tudo isso, ela saiu do quarto correndo e simplesmente caiu no corredor. Jackson e eu ajudamos ela. Lexie está exausta, Meredith. Ela não dorme e não come há dias.”
Ela parou
“Estamos tratando-a com soro e calmantes para ver se ela melhora. Seus exames estão péssimos; ela está anêmica e suas vitaminas estão desastrosas. Agora ela está dormindo, mas precisa de alguém com ela.”
Senti minha cabeça arder e comecei a assentir lentamente.
“Você deve estar com ela, principalmente agora...”
Suas palavras ficaram no ar.
Engoli em seco e fui em direção ao quarto que ela havia me indicado.
Ao chegar lá, Lexie dormia profundamente. Sentei-me ao seu lado e comecei a acariciar seus cabelos.
Seus longos cabelos escuros...
Ela estava pálida e mais magra do que o costume. Ela parecia exausta e em parte, essa culpa era minha. Como pude deixar ela chegar a esse ponto? Como não percebi o que estava acontecendo?
Era óbvio.
Depois que nos mudamos, Lexie ficou distante e, por mais que eu não queira admitir, acho que a evitava. Lexie fazia com que eu me lembrasse de Mark... e eu realmente não gostava de reviver tudo o que nós passamos naqueles dias na floresta.
Céus, Meredith. Eu não tinha o direito de me afastar dela justo no momento em que ela mais precisava de mim por puro egoísmo.
Minha irmã precisava de mim e eu a abandonei.
Senti meu estômago revirar e tentei afastar aqueles pensamentos mantendo meu foco apenas nela.
No seu rosto.
Na sua pele clara e gélida.
No sorriso tímido que se escondia por detrás daquele semblante triste.
Respirei fundo e tentei evitar com que as lágrimas viessem à tona. Eu tinha que ser forte.
Depois de algumas horas, Derek chegou aonde estávamos. Lexie ainda dormia. Ele pousou a mão em meu ombro e lançou-me aquele olhar que eu conhecia.
O olhar que me dava arrepios.
Ele se aproximou de Lexie, beijando sua mão e ao se aproximar de mim, depositou um beijo delicado no topo de minha cabeça
“Meredith?” – ele sussurrou.
“Sim?”
“Ela vai ficar bem.” – eu sorri fraco tentando acreditar naquelas palavras enquanto via-o sair do quarto.
“Como está o Mark?” – a voz fraca de Lexie irradiou o quarto momentos depois de Derek deixar o lugar.
Rapidamente enxuguei meu rosto com a manga da blusa.
“Lexie!”
Ela sorriu.
“Como está Mark?”
Sorri fraco.
“Ele... ele está bem. Está sob cuidados.”
Lexie assentiu tentando absorver o que eu falara e lentamente, vi seu rosto murchar.
“Ele não sabia quem eu era, Mer. Ele não lembrava de mim.” – uma lágrima desceu sorrateiramente pelas maçãs de seu rosto.
“É claro que ele sabia, Lex. Ele só está confuso.”
“Não... ele não sabia...”
“Não é hora de pensar nisso, ok?” – eu apertei firme suas mãos – “temos que cuidar de você agora, Alexandra Caroline.”
Ela soluçou.
“Meredith... eu sinto que estou o perdendo. Agora que ele está bem, eu tenho essa sensação de que eu estou o perdendo. Eu acho... eu acho que acabou.”
Eu saltei da cadeira e me aninhei em seu lado na cama, puxando-a perto de mim.
“Lex, você não o perdeu. Ninguém vai deixá-lo esquecer de você! Todos nós... eu, Derek, Callie, Arizona, Cristina... todos nós vamos fazer de tudo para ele não esquecer. Ele não vai te esquecer. ”
Ela mordeu os lábios.
“Olhe para mim. Agora” – falei severa.
Ela exibia um olhar tristonho.
“Só um tolo esqueceria você, Lex.” – eu sorri – “nós duas sabemos que Mark pode ser muitas coisas, mas ele não é um tolo.”
Ela sorriu e eu a abracei forte sentindo seu corpo relaxar em meus braços.
“Ela está anestesiada e está dormindo.” – eu falei me juntando à Derek.
“Como foi?” – Derek ergueu suas sobrancelhas.
Encarei-o.
“Numa escala de um a dez. Um é péssimo e dez é ótimo.”
Eu ri.
“Seis.”
Derek exibiu um sorriso discreto me puxando para perto dele enquanto analisávamos uma tomografia do cérebro de Mark.
“E Mark?”
“É muito cedo para dizer...” – ele mordeu os lábios.
“Não ajudou nada.” – resmunguei.
Ele suspirou e lançando-me um olhar frustrado.
“Mark sabia quem eu era. Ele lembrava de mim. No entanto, ele não tinha lembranças de Avery e Kepner. Pode ser uma perda de memória temporária causada pelo trauma emocional ou...” – Derek parou por um momento – “tenho algumas perguntas para fazer a ele... quer vir comigo? Torres e Robbins também estarão lá.”
Eu assenti.
Ao chegarmos na porta de Mark, Arizona e Callie já estavam nos esperando. Elas me abraçaram calorosamente e seus olhos estavam levemente inchados.
“Meredith, como está Lexie?” – ela me olhou assustada.
“Só soubemos agora.” – Arizona completou.
“Ela vai ficar bem... só precisa ser um pouco mimada e cuidada por um adulto.” – nós rimos.
Entramos no quarto e demos de cara com Mark acordado e sorrindo.
Aquilo era incrível.
“Sloan?” – foi Derek quem falou – “Mark, tudo bem?”
Mark assentiu.
“Eu preciso lhe fazer algumas perguntas. Você se importa em responde-las?”
“Fique à vontade.” – Mark sussurrou em um tom debochado típico dele.
“Certo. Vamos começar...” – ele parou e checou sua prancheta – “qual o seu nome?”
“Mark Sloan.” – ele respondeu sem hesitação.
“Certo, Mark... em que ano você nasceu?”
“1968.”
Derek lançou-me discretamente um sorriso que eu conhecia muito bem. Era o sorriso de que as coisas estavam indo do jeito que ele havia planejado.
“Aonde você trabalha?”
“No Seattle Grace Hospital.”
Com o canto do olho, vi Arizona estremecer.
“Você sabe porque está aqui?”
Ele negou.
Nós respiramos fundo.
“Você estava em um acidente de avião. O avião caiu. Você teve um tamponamento cardíaco e teve que ser operado; durante a operação você teve um derrame. Consegue se lembrar de algo?”
“Eu... eu me lembro de gritos e uivos. E árvores... mas não tenho certeza.”
Derek estralou o pescoço.
“Ótimo, Mark. Estamos chegando a algum lugar! Agora me diga, quando você acordou, você pediu por Addison. Quem é Addison?”
“É a sua ex-mulher.”
Derek assentiu anotando algo que eu não conseguia distinguir direito em sua prancheta.
“E porque você a chamou?”
Mark permaneceu quieto.
“Mark?”
“Foi o primeiro nome que me veio à cabeça. Ela é minha amiga, certo?”
“Você sabe onde ela está agora?”
“Los Angeles?” – ele arriscou.
Todos permanecemos quietos enquanto Derek pensava.
“Agora, me diga quem é essa aqui do meu lado?” – Derek apontou para mim.
“Meredith Grey. É a sua... namorada.”
“Namorada? Tem certeza?” – Derek permaneceu calmo, apesar de aquilo ter me deixado menos confiante.
“Não sei...”
“Tudo bem. Agora me diga, quem é essa ao lado da Dra. Grey?” – ele apontou para Callie.
“É Callie. Cirurgiã ortopédica do hospital. Nós somos amigos.”
“Muito amigos.” – Callie sorriu para ele.
“Muito bem, Mark. E ao lado da Callie, quem é?”
Mark parou e pensou. E continuou pensando.
“Eu... eu... eu acho que conheço você, mas não sei de onde.”
Arizona empalideceu e começou a morder os lábios.
“Mark, tome seu tempo. Vamos esperar.”
Ele continuou quieto e pensando.
“Você esteve comigo no acidente, não esteve? Era você que gritava.”
Arizona assentiu cabisbaixa.
“Arizona Robbins. Chefe do departamento pediátrico.” – ela falou sem graça.
Lágrimas começaram a se formar no rosto de Callie.
“Mark...” – ela choramingou – “você sabe quem é a Sofia?”
Ele permaneceu quieto.
“Sofia! Você tem que saber!!” – ela começou a se descontrolar enquanto o tom de voz começava a chamar a atenção das pessoas que estavam do lado de fora do quarto.
Ele negou.
“É a nossa filha!!!” – Callie deixou as lágrimas escorrerem pelo rosto – “a filha que nós tivemos, a filha que nós criamos. Arizona e eu somos casadas. Ela é a minha mulher! Nós três somos uma família. Como você...” – ela não terminou a frase. Callie saiu correndo daquele quarto deixando a todos nós mais apreensivos.
Mark, que continuava sem entender nada, olhou confuso para mim.
“Eu tenho uma filha?”
“Tem sim. E ela é linda.”
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