História Meant To Be - Capítulo Três: Uma Visita Especial

Não consegui me concentrar em nada do meu trabalho. Estou há meia hora tentando traduzir um pergaminho antigo que me entregaram e até agora não consegui ler a primeira linha.

Ter aquele homem dormindo no meu sofá, com a expressão tão calma e serena tinha mexido com os meus sentimentos. Ele me lembrava muito o antigo Steve e isso me assustava tanto... Eles tinham que ser parentes distantes, eu tinha que descobrir mais sobre ele.

Ouço uma batida na minha porta e levo um susto.

— Pode entrar.

— Você precisa ter um dia de folga Diana. – Uma voz familiar fala e eu logo olho para ele.

— Senhor Wayne, o que faz aqui?

— Tenho que resolver alguns problemas do meu trabalho na filial de Paris, nada de demais. – Ele diz com um meio sorriso.

— E por que está no meu trabalho?

— Resolvi te fazer uma visita, antes de voltar para Gotham.

Fico um pouco envergonhada pela sua aparição repentina. Ontem à noite eu tinha ignorado as suas ligações e hoje ele estava aqui, parado em minha frente.

— Quer dar uma volta? – pergunto, enquanto me levanto.

Bruce Wayne não viria me ver se não tivesse algo importante para falar.

— Se eu não for te incomodar...

— Imagina...

Andamos juntos pelo o museu e Bruce me conta um pouco sobre o seu trabalho, sobre como fica irritado com a presença de Arthur na Liga da Justiça e isso me faz rir. Esses dois amavam implicar um com o outro, era muito engraçado.

— Te liguei ontem a noite várias vezes, mas você não me atendeu. – Bruce se senta ao meu lado, em um banco ao lado de fora do museu.

— Me desculpe, fiquei tão atolada com o trabalho que não consegui te atender. – Respondo olhando para as crianças que estavam brincando na nossa frente.

— Você deveria descansar.

Olho para ele.

— Olha só quem fala.

Bruce ri.

— Me preocupo com você Diana.

Sorrio.

— Quem diria...

— Estou falando sério. Você é uma das poucas pessoas com quem me importo, você é uma amiga especial.

— Bruce Wayne admitindo que sou especial? Acho que o mundo vai acabar! – Digo rindo.

Ele revira os olhos.

— E como você é uma amiga especial, sei que alguma coisa está acontecendo faz tempo. Então pode me contar.

Droga.

A atmosfera muda.

Me sinto nervosa.

Não sou tão boa mentirosa.

— Estou bem Bruce.

— Eu sei que está mentindo.

— Você por um acaso está usando o meu laço em mim?

— Diana...

— Olha Bruce... – Me levanto. – Tenho que voltar. Foi muito bom te ver! Nos veremos daqui a duas semanas, na nossa reunião com o resto do pessoal.

— Se cuide. – Ele se levanta e aproxima de meu ouvido. – Eu sei de tudo, Princesa.

Fico nervosa, mas mantenho a postura.

— Tenha um bom voo.

Me afasto dele e volto para o museu.

Eu não duvidaria do que Bruce disse, até porque ele é o maior detetive que conheço. Se ele sabia o que estava acontecendo, iria me ajudar? Ou iria fazer alguma besteira que acabaria com o meu disfarce? Bruce conhecia Amanda, sabia de vários podres dela. E ela sabia que ele era o Batman.

Droga.

Maldita hora que eu fui me meter nisso.

É tudo sua culpa Steve!

*

Consegui sair mais cedo do trabalho para poder relaxar. Bruce estava certo, eu tinha que descansar um pouco. Por isso estou deitada em meu sofá, assistindo uma série qualquer, com um enorme pote de sorvete de baunilha em meu colo.

Sorvete era a minha comida favorita desde o século passado. Nada era melhor do que isso, nem mesmo a comida que me serviam em Themyscira.

Só de pensar em minha verdadeira casa, sinto uma enorme saudade. O que será que minha mãe estava fazendo agora? Como estariam as minhas irmãs? Queria poder vê-las por só alguns minutos. Eu ficaria muito satisfeita.

Volta a minha atenção para a série que está passando, mas sou interrompida pela presença de alguém. Fico em alerta e coloco o meu sorvete em cima da mesinha.

— Apareça.

— Você me surpreende a cada dia.

Bruce aparece vestido de Batman e eu me pergunto, como que ele conseguiu entrar aqui sem levantar suspeitas.

— Você sabe que está sendo vigiada 24 horas por dia? – ele me pergunta.

Pego meu sorvete de volta e o ignoro.

— O que você está fazendo ainda em Paris? – Finjo estar entediada enquanto tomo meu sorvete.

— Você se envolveu com a Amanda Waller e agora está sendo vigiada por ela, por um capacho qualquer.

Olho para ele irritada.

Eu sabia que estava sendo vigiada e também sabia quem me vigiava.

— Tenho tudo sobre controle.

— Tem certeza?

— Não me subestime Bruce, sou mais velha do que você e também mais esperta. – Continuo tomando meu sorvete e Bruce decide se sentar em meu sofá.

— Eu posso te ajudar. – Ele tira a sua máscara ao falar.

— Não preciso de ajuda. – Minto.

— Nos conhecemos há bastante tempo para você continuar a agir comigo como se eu fosse um desconhecido. Deixe essa máscara cair Diana, me diga do que precisa. – Bruce me olha sério.

Não consigo evitar de agir assim. É a minha armadura. Não posso me apegar a ninguém, todos que ficam ao meu redor morrem.

— Se eu disser você vai embora?

— Sim.

— Preciso que consiga descobrir o que tem dentro de um pen drive que consegui. São informações sobre um rapaz. – Olho séria ao falar.

— Do loiro que se parece com o Steve? – Bruce pergunta e o meu coração bate mais rápido.

Ele estava me vigiando também?

— Dele mesmo. Por coincidência, ele se chama Steve Trevor também.

— Eu não acredito em coincidências.

Reviro os olhos.

— Pode fazer isso para mim?

— Posso.

Levanto e corro para o meu quarto, para pegar o pen drive que estava na minha gaveta de calcinhas. Volto para sala e Bruce já estava de pé.

Entrego o pen drive para ele.

— Obrigada. – Sorrio. – Espero que consiga me ajudar. E sobre a Amanda, já tenho provas o suficiente que podem acabar com ela.

— Amanda é muito influente, as pessoas tem medo dela.

— Mas eu não tenho.

Bruce sorri.

— Se precisar de mais alguma coisa, por favor, me avise.

— Avisarei.

Bruce e eu nos despedimos.

— Espera! – peço.

Ele olha para mim.

— O que foi?

— Como você conseguiu entrar aqui? Pela janela que não foi...

Bruce abre um meio sorriso e coloca a sua máscara.

— Eu sou o Batman!

Solto uma risada.

— Boa noite Bruce.

— Boa noite Diana.

Volto para o meu sofá quentinho e para o meu sorvete. Bruce era um amigo de valor e especial para mim, espero que nossa amizade nunca acabe ou mude.

*

— Seja o que for, eu posso fazer. Deixe-me fazer. – Imploro para ele.

— Tem que ser eu. Tem que ser eu! Eu posso salvar o dia e você salvar o mundo.  – Não estava gostando do rumo dessa conversa. — Queria que a gente tivesse mais tempo. – Ele me entrega o seu relógio.

Olho para ele sem entender.

— Eu te amo!

Um pressentimento ruim me invade, mas tenho que continuar a lutar com Ares. Guardo o relógio de Steve dentro da minha armadura e rezo para que tudo fique bem.

Minha luta continua intensa com o Deus da Guerra e estou presa no chão. Não consigo encontrar forças para detê-lo. Olho para o céu e vejo o avião que Steve tinha entrado.

— Steve...

E então o avião explode.

— Steve!! NÃO!!!!!!

Abro os olhos assustada. Meu corpo está todo suado e minha respiração estava acelerada.

Meus pesadelos eram sempre os mesmos: a morte de Steve. E isso me perseguia fazia um século.

Me levanto e vou para o banheiro jogar água no rosto. Me olho no espelho e vejo o quanto estou pálida e cansada. Isso nunca iria acabar? Esses pesadelos me cansavam.

Volto para o meu quarto e me deito, torcendo para que eu não pense mais em Steve.

— Saia daqui. – Ordeno.

Tem alguém no meu quarto e eu sei quem é.

— Você está bem? – A voz de Trevor pergunta.

— Vai embora! – grito.

Ele faz o que eu peço e me deixa sozinha novamente. Deixo as lágrimas caírem até que pego no sono novamente.