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História Medicine - Chained


Escrita por: leonhardtprice

Notas do Autor


Música do capítulo: Chained - The XX

Aviso de gatilhos do capítulo: Sinais (implícitos) de abuso, Autoflagelação.

Capítulo 3 - Chained


Chapter III – Chained

 

13 de outubro de 2013

O céu ainda estava relativamente escuro para uma manhã em Washington D.C., indicando uma provável chuva naquele dia. O clima não estava tão quente, motivo pelo qual as janelas da caminhonete estavam apenas alguns centímetros abertas, um pouco de vento entrando. Max gostava de dias ensolarados, mas por algum motivo o tempo fechado daquele dia não lhe incomodava – pelo contrário – talvez pelo fato de que o céu nublado e o vento frio representavam bem o seu humor no momento.

O pensamento a fez lembrar de que ainda tinha que responder a mensagem que sua mãe havia lhe enviado mais cedo. Não que Maxine não se importasse com a preocupação de seus pais, ela simplesmente gostaria que não tivesse de falar sobre qualquer coisa relacionada a tudo o que aconteceu, e conversar com seus pais implicava justamente falar sobre o tornado. Ela tinha de admitir para si mesma que por mais que amasse seus pais, gostaria de evitá-los.

A morena pegou sua mochila, procurando por seu celular, e abriu a mensagem de sua mãe, que perguntava sobre as garotas, como elas estavam e quando chegariam à Seattle.

“Quanto tempo falta pra chegarmos lá?” Max perguntou à Chloe, sua voz baixa como sempre nos últimos dias, observando o fato de que a garota estava sem sua jaqueta. Ela nunca entendeu como a garota de cabelos azuis era tão resistente ao frio, enquanto para Maxine qualquer leve vento já a fazia arrepiar.

“Segundo o Google, duas horas no mínimo. A Vanessa tá perguntando?” Chloe disse após olhar para a tela de seu próprio celular, apoiado no suporte que havia no para-brisa.

Max assentiu, logo em seguida lembrando-se de que a garota ao seu lado não podia ver, visto que estava olhando para a estrada. “Sim.” Ela disse, enquanto respondia e enviava a mensagem em seu celular.

A morena abriu o navegador em seu celular, hesitando para pesquisar qualquer notícia sobre Arcadia Bay. Depois de alguns longos segundos, desligou a tela de seu celular, voltando a guardá-lo em sua mochila. Ela pôde ver sua câmera no meio de seus pertences, e percebeu que pela primeira vez em praticamente sua vida inteira, não teve vontade nenhuma de registrar qualquer coisa por meio de uma foto, muito menos seu próprio rosto. Talvez seu espírito já estivesse de fato quebrado. Ela tentou dissipar seus próprios pensamentos, encostando a cabeça na janela da caminhonete enquanto observava a estrada e as árvores passando rapidamente.

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Max sentia suas mãos e pernas atadas fortemente à cadeira em que estava sentada. A aflição familiar crescia em seu peito toda vez que se lembrava do quão fraco seu corpo estava, do quão doente e frágil ela se sentia. Sua cabeça latejava, criando picos de dor toda vez que qualquer minúsculo feixe de luz passasse pela sua visão ao tentar abrir os olhos. Ela podia sentir mãos geladas tocando seu pescoço, minutos depois recuando para dar lugar aos barulhos de cliques da câmera.

“Este ângulo destaca a sua pureza...” Ele dizia. Era quase impossível para Max tirar aquela voz de sua cabeça, a mesma voz que lhe causava desespero e ansiedade, que a fazia sentir sua vida se esvaindo de seu corpo a cada segundo que passava. As frases eram constantes e confusas na cabeça da garota, ela podia ouvir tudo e nada ao mesmo tempo, algumas palavras ainda se sobressaindo. “Como você, Max, eu... sou uma câmera. E como algumas culturas acreditam, eu vou usar a minha câmera... Para capturar a sua alma. Não se preocupe, nossa sessão só está... começando.”

“Não... Para...” Tudo o que a garota conseguia fazer era usar a pouca energia que tinha para balançar sua cabeça, na tentativa falha de tirar aquelas vozes e aqueles pensamentos de sua mente. A angústia era a mesma, o medo era o mesmo, mas agora ela se sentia... Acostumada. Acostumada com o sentimento de morte, de vulnerabilidade. Os pensamentos continuavam, porém agora Max podia escutar uma voz diferente, mas não familiar, no meio de tantas palavras confusas.

“...Max.” Ela ouvia, procurando focar toda a sua atenção naquela voz que lhe trazia conforto no meio de tanta ansiedade. “Presta atenção em mim. Presta atenção na minha voz...” A morena podia começar a sentir um toque em seu joelho, e dessa vez um toque que não lhe amedrontava. Ela continuou a fazer o que lhe foi orientado, definindo seus focos, até que abriu os olhos.

Rachel estava sentada no chão à sua frente, seus braços e pernas livres; ela não estava presa e apenas as duas estavam ali. Max, contudo, podia perceber hematomas em algumas partes de seu corpo, principalmente em suas pernas expostas, visto que a garota loira usava um short pequeno. Os cabelos longos e macios de Rachel que Maxine havia visto em fotos estavam levemente bagunçados, com algumas partes sujas do que a morena entendeu como sendo uma mistura de terra e sangue. Ela também pôde ver o que parecia ser uma mancha no pescoço da outra garota.

“Eu preciso tirar você daqui...” Max disse olhando para o quarto pouco iluminado em sua volta, fazendo força e se movimentando numa tentativa de soltar-se da cadeira, enquanto sentia lágrimas formando em seus olhos. Ela foi interrompida por Rachel, que colocou uma mão em seu ombro, indicando para a garota não se distrair ou se desesperar, e prestar atenção nela.

“Você não pode fazer isso.” A garota loira disse, explicando-se logo que percebeu a testa franzida de Max e todas as dúvidas que passavam na mente da morena. “Você vai entender. Mas agora você precisa ser forte e pensar em você. E nela.” Rachel continuou, e a garota sabia que ela se referia à Chloe.

Maxine não entendia. Ela não conseguia entender como a garota de longos cabelos loiros ainda parecia tão... viva. Mesmo fraca e machucada ela ainda era forte, e a morena conseguia sentir isso, conseguia sentir a força que movia Rachel, o quanto ela lutava mesmo diante de coisas que fazia Max sentir-se morta por dentro, como se não fosse mais uma pessoa. Ela queria tirar Rachel daquele lugar e mudar tudo.

“Você não pode mudar isso, Max. Eu tenho que estar aqui.” A garota loira disse, como se lesse os pensamentos de Maxine. A mão que estava em seu ombro agora procurava forças para tirar as fitas prendendo os pulsos e as pernas da garota.

“Eu não entendo... Rachel...” A morena começou a dizer, sendo interrompida logo em seguida.

“Mas vai. Você e Chloe vão entender, juntas.” Rachel disse, dando ênfase na última palavra enquanto arrumava a franja de Max, logo após ter soltado a garota. “Nada acontece sem um motivo, Max. Entenda que você não tá nessa sozinha. Eu sei que parece, mas você não tá indo contra o universo, eu prometo. Você só precisa entender certas coisas, coisas que tiveram de acontecer. E Chloe precisa aceitar essas mesmas coisas também.” Ela terminou, oferecendo um leve e sincero sorriso para Max, que mesmo no meio de tantas dúvidas já não sabia mais o que dizer e não tinha mais argumentos.

A morena olhava fundo nos olhos avelã de Rachel, como se procurasse uma resposta. Ela então começou a prestar atenção nos machucados da garota mais uma vez, concentrada nos hematomas e principalmente na mancha em seu pescoço, e seu estômago revirava de angústia. “Max.” A garota loira disse, procurando tirar Maxine daqueles pensamentos. Antes que a garota pudesse falar qualquer coisa, um barulho alto pôde ser escutado seguido de um grito.

“MAXINE! Não tente fugir de mim!” A voz masculina disse, e Rachel levantou-se, apressando Max, que segurou o pulso da outra garota fortemente em preocupação. A garota loira olhou fundo nos olhos de Maxine, como se lhe dissesse que ficaria tudo bem e que ela deveria ir.

Max acordou em sobressalto, percebendo que não havia chorado apenas em seu sonho. Ela estava ofegante, tentando controlar sua respiração e seu choro, uma vez que não queria afligir Chloe, que estava dirigindo. A garota de cabelos azuis, contudo, percebeu a inquietação da morena.

“Max?” Ela disse, preocupada, enquanto estendia uma de suas mãos para segurar a mão de Maxine, a outra mão ainda no volante. A garota punk observava a estrada, procurando por algum lugar onde pudesse estacionar, depois de alguns segundos avistando um estabelecimento que parecia ser um pequeno mercado ou algo do tipo. Ela estacionou rapidamente, desligando o carro e voltando sua atenção para a garota ao seu lado.

“E-eu sonhei c-com ela...” Max dizia arfante e entre soluços. Ela procurava as palavras para explicar para Chloe tudo o que havia acontecido, o que havia visto, e a sensação de culpa ao não poder salvar Rachel nem mesmo em seu mero sonho. A garota de cabelos azuis soube naquele mesmo segundo que aquilo se tratava de Rachel, e engoliu seco tentando esconder a angústia em seu peito.

Chloe já não sabia mais o que fazer, o que dizer. Ela só gostaria de tirar Max de tudo aquilo, de todos aqueles pensamentos e pesadelos. O que fazer quando a pessoa que você mais ama e com a qual você mais se importa no mundo se sente presa dentro de sua própria mente, e nem você pode tirá-la de lá? Quando essa pessoa sonha com o homem que causou mais destruição na vida dela e até mesmo na sua, o homem que controlou e abusou das duas pessoas que você mais ama em sua vida? Chloe sentia-se incapaz, e isso nunca foi tão danoso para ela. Tudo que ela queria fazer era ajudar Max, e ela não podia. A outra garota, contudo, já havia a salvado de novo e de novo, tirando-a até dos momentos em que ela mesma acreditou que não aguentaria e não teria forças para passar. Por que ela não podia fazer isso para a morena?

A próxima coisa que ela sentiu foram algumas lágrimas solitárias escorrendo pelo seu rosto, enquanto ela olhava atenciosamente para Max, que tentava explicar o máximo que conseguia.

“C-Chloe... Eu não consegui, Chloe... Eu não consegui tirar ela de lá, ela não... Ele...” Maxine se frustrava cada vez mais toda vez que tentava explicar. “Eu não aguento mais...” Ela dizia quase que gritando, como se estivesse se deteriorando por dentro, e aquilo nunca doeu tanto em Chloe.

“Max... Foi só um sonho, não tinha nada que você pudesse fazer.” A garota punk disse numa tentativa de ajudar Maxine, enquanto tentava segurar suas próprias lágrimas. As mãos de Max agora estavam esfregando seus olhos com força como se tentasse apagar tudo aquilo, e todos os outros pesadelos, de sua mente, e a aflição começou a se tornar raiva aos poucos dentro do peito da morena, raiva de si mesma. As mãos que antes estavam em seus olhos agora passavam pelas laterais de seu rosto, Max pressionando as unhas com força contra sua pele.

“Max, para!” Chloe disse ao perceber o que a garota fazia, tentando puxar os pulsos da morena, que resistia, para longe do seu rosto. O rosto de Maxine ficou instantaneamente marcado pelas suas próprias unhas por conta da intensidade da força com a qual havia se machucado, alguns pequenos e quase não visíveis pontos vermelhos de sangue aparecendo ao longo das marcas. “Ah, Max...” A garota de cabelos azuis dizia com certo desespero em sua voz, segurando ambos os pulsos da garota com uma mão, enquanto com a outra procurava colocar a franja de Max atrás das orelhas da mesma e secar algumas gotas de lágrimas no rosto dela, tomando cuidado para não encostar nos ferimentos.

Chloe averiguou o local onde estavam atentamente, procurando por qualquer lugar em que elas pudessem ir para que ela tomasse conta das feridas da outra garota. Ao encontrar um banheiro próximo, a garota punk tirou a chave do contato, abrindo a porta e indo ao outro lado da caminhonete rapidamente para buscar Max, que estava vestindo o capuz de seu moletom. “Vamos.” Ela dizia, seu rosto demonstrando sua preocupação, enquanto segurava o braço da garota e trancava o automóvel.

Ao chegarem ao banheiro – que além de pequeno era relativamente sujo, com alguns pedaços de papel espalhados no piso – Chloe abaixou o capuz de Max, lavando suas mãos antes de colocar água nos arranhões com cuidado. A morena franziu a testa por conta da ardência, uma vez que de qualquer forma nenhum cuidado mudaria o fato de que qualquer mínimo toque doía. “Desculpa...” A garota punk disse enquanto segurava o queixo de Maxine com uma mão, continuando a molhar os machucados com a outra. Ela então pegou um pedaço do papel toalha no suporte do banheiro, usando apenas para secar as lágrimas de Max, visto que provavelmente não era uma boa ideia usar aquele papel nas lesões – que ela decidiu não secar, enxugando apenas algumas gotas de água que escorriam pelo pescoço da morena.

Chloe secou suas próprias lágrimas logo depois. “Eu ainda devo ter um antisséptico guardado em algum lugar do carro.” Ela pensou, lembrando-se do fato de que guardava na caminhonete uma máquina de tatuagens que costumava usar – geralmente depois de beber no mínimo três garrafas de cerveja – e uma vez que pegar uma infecção na pele (pra que sua mãe descobrisse mais uma ‘besteira’ que fazia) nunca foi uma boa ideia, ela costumava a levar antissépticos com ela.

As duas voltaram para o automóvel, e Chloe procurou o objeto entre a bagunça de seu carro. Max observava em dúvida, até que a garota punk encontrou. Ela checou a data de validade, e nunca esteve tão grata ao achar um antisséptico não vencido, logo após espirrando a substância nos machucados da garota.

“Max. Olha pra mim.” Ela disse, suas sobrancelhas ainda franzidas, e continuou a falar apenas quando a morena olhou em seus olhos. “Não é sua culpa. Por favor, para de jogar a responsabilidade de tudo em você.” Max pôde ver a água que se formava nos olhos vermelhos de Chloe.

“Não é sua culpa, Maxine, só o fato de você ter destruído uma cidade inteira e matado milhares de pessoas, e acima de tudo não se arrepender disso.” Os pensamentos invasivos de Max cortaram a atenção que ela direcionava à outra garota, que levantou seu rosto novamente para que ela lhe encarasse.

“Existem coisas que você não pode mudar... Que nenhuma de nós pode. A culpa não é sua.” Chloe continuou a dizer, enxugando seu rosto logo depois. O verdadeiro culpado era Jefferson, e ambas sabiam disso, mas foi incômodo para a garota punk pensar em citar isso. Ela não queria lembrar – e não queria lembrar Max – de que ele existia, ou sequer existiu.

“Eu sinto, Chloe... Sinto que ele tá vindo atrás de mim. Ele vai me encontrar... Ele sabe onde eu moro, e ele vai vir atrás de mim, de nós.” A morena dizia no meio de soluços, e Chloe podia sentir o pânico em sua voz.

“Ele não vai te encontrar, Max, ele provavelmente nem está vivo. Vai ficar tudo bem, a gente vai estar com seus pais, estaremos seguras.” Ela disse, esperando ter aliviado pelo menos um pouco do desespero que Maxine sentia, cuidadosamente beijando a testa dela logo após. Ela sabia que a preocupação da morena não era de todo inválida, mas era pouco provável de qualquer forma, inclusive pelo fato de que uma das pessoas que Chloe tinha quase certeza que estavam vivas era David, que provavelmente foi protegido do tornado na sala escura.

Após algum tempo de silêncio, o ambiente ocupado pelos pensamentos quietos de ambas as garotas, Chloe ligou o rádio, colocando uma música qualquer, e assim elas seguiram viagem. A garota de cabelos azuis olhava para a morena regularmente durante o trajeto, conferindo o estado da mesma e segurando a mão de Max sempre que encontrava a possibilidade de tirar uma das mãos do volante. Elas se atrasaram mais do que o esperado por conta do trânsito no trajeto, e assim o céu foi escurecendo um pouco mais conforme a tarde passava, enquanto elas saíam da estrada e se aproximavam da cidade, até que as luzes dos postes e dos prédios começavam a contribuir para a iluminação das ruas.

Max pôde reconhecer Seattle quando elas chegaram à cidade, e a ansiedade em seu peito aumentava a cada mero quilômetro mais próximo de sua casa. Ela não estava preparada para os abraços e as tentativas de conversas, para as perguntas e as mentiras que teria de inventar. A morena checou o horário em seu celular, eram quase quatro horas da tarde. Ela pediu para que Chloe parasse em algum lugar para elas comerem – e para que Maxine pudesse adiar o encontro com seus pais, mas ela não mencionou isso – e assim foi feito. A garota de cabelos azuis encontrou um KFC no caminho, e não demorou muito tempo para elas serem atendidas e pedirem seus pratos.

Alguns minutos após as garotas terminarem suas refeições, e logo que começaram a se ajeitar para pagarem a conta e irem embora, o celular de Chloe vibrou, e segundos depois, o de Max. Elas se entreolharam, preocupadas, e checaram seus celulares.

“Chloe? Filha, onde você está? Por favor me responda

10/13   4:16pm”

A leitura de Chloe foi interrompida pela voz de Max. “É a sua mãe... Ela tá perguntando onde nós estamos.” Para o que a garota de cabelos azuis assentiu, indicando que a mensagem em seu celular também veio de Joyce. Ela sentiu um alívio no peito, e pelas feições da morena ela pôde dizer que a garota também sentiu o mesmo. Joyce estava viva. Era tudo o que ela precisava saber, mesmo tendo consciência de que ela provavelmente não voltaria para Arcadia Bay – no máximo para uma visita, porém não tão cedo. Agora ela só precisava contar isso para Joyce. Antes que ela ou Max pudessem responder a mensagem, o celular de Chloe tocou, para o que a garota atendeu no mesmo instante.

“Chloe? Chloe, por favor, fala comigo-” Joyce dizia no outro lado da linha, sua voz demonstrando preocupação e quase que desespero.

“Calma. Eu ‘tô bem, mãe.” Ela respondeu, e pode ouvir o suspiro de alívio de sua mãe. Antes que Joyce pudesse fazer mais e mais perguntas, Chloe se adiantou, continuando a falar. “Eu ‘tô com a Max. A gente tá bem, estamos em Seattle. Quase chegando na casa dela.” A garota de cabelos azuis procurou segurar sua ânsia de perguntar sobre o que havia acontecido, quem ainda estava vivo. Uma parte de si não queria saber.

“Ah, filha.” Joyce respondeu, com alívio em sua voz. “Eu não consegui te mandar mensagens antes, não tínhamos sinal, estávamos tão preocupados.” Ela dizia, e os verbos no plural indicaram para Chloe que David provavelmente também estava vivo. “Ficamos presos no Two Whales durante um tempo, eu e mais algumas pessoas; aquele moço, Frank, e seu cachorro, além de mais um homem que estava abrigado aqui. Aquele garoto, amigo de Max, ele tentou sair daqui antes do tornado parar, eu tentei evitar. Não sabemos onde ele está.” Ela explicava, e Chloe estava consciente de que a chamada estava alta o suficiente para que Max pudesse escutar ao seu lado. Ela olhou para a morena, suas sobrancelhas levemente franzidas, até que sua mãe continuou a falar. “David está bem. Têm muita coisa acontecendo, com o tornado, e todas aquelas coisas sobre o professor de Blackwell... Ele escapou daquele bunker onde ele, os policiais e David estavam-” Antes que ambas as garotas pudessem terminar de ouvir, seus corações já palpitavam fortemente, e Chloe pôde ver Max abaixando a cabeça, ansiosamente mexendo nas mangas de seu moletom. “-eles tentaram pegar ele, mas era muito perigoso. Ele provavelmente foi pego pelo tornado, de qualquer forma.”

“Mãe.” Chloe começou a dizer, procurando palavras não tão rudes para explicar para Joyce que a última coisa que elas gostariam de saber era detalhes sobre o que havia acontecido. As garotas gostariam de simplesmente esquecer tudo o que aconteceu. “Não é uma boa hora pra... tudo isso.” Chloe pôde ouvir um leve suspiro de Joyce, que depois de alguns segundos de silêncio perguntou: “Quando você vai voltar?”

Chloe respirou fundo, apoiando seu cotovelo na mesa e passando a mão pelo seu rosto, procurando pelas palavras para responder. “Eu não... Eu não vou voltar. Não tenta nem me fazer mudar de ideia, mãe.” Ela disse, antes que Joyce pudesse falar algo.

“Chloe, por que você faz isso?” A pergunta era vaga, e a garota não gastou suas forças tentando responder. Após alguns segundos de silêncio Joyce voltou a falar. “Me mande mensagens. Pelo menos fique segura, e não... Não faz nenhuma besteira, Chloe. Por favor. Eu te amo.”

“Tá. Eu também te amo.” A garota respondeu, desligando o telefone logo após sua mãe.

O caminho para a casa de Max foi silencioso, e Chloe podia perceber a morena secando algumas lágrimas de seu rosto, cuidadosamente devido aos machucados que ainda ardiam. Depois de alguns minutos elas finalmente chegaram ao seu destino, a garota de cabelos azuis parando o carro na frente da garagem da casa da morena; eram poucos os lugares para estacionar. Max observou algumas luzes acesas, lembrando-se do quão desacostumada estava com aquele lugar que um dia lhe foi familiar.

Estava na hora.


Notas Finais


Desculpem a demora, espero que gostem desse capítulo!


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