1. Spirit Fanfics >
  2. Medicine >
  3. Shelter

História Medicine - Shelter


Escrita por: leonhardtprice

Notas do Autor


Música do capítulo: Shelter - The XX

Avisos de gatilho do capítulo: N/A

Capítulo 4 - Shelter


Chapter IV – Shelter

 

13 de outubro de 2013

Chloe podia sentir o coração de Max batendo fortemente enquanto ela encarava a porta de sua casa, sua fisionomia demonstrando fraqueza, tanto mental quanto física. Ela ajeitou seu capuz, deixando-o de forma a cobrir seu próprio rosto. Muitas perguntas viriam de qualquer forma, e responder sobre os ferimentos que fez em si mesma não era algo que ela pretendia fazer, mesmo sabendo que não poderia evitar por muito tempo.

A garota de cabelos azuis tomou a iniciativa, colocando uma de suas mãos no ombro de Maxine e cuidadosamente movendo-a um pouco para o lado para que pudesse tocar a campainha. A próxima coisa da qual elas se deram conta foi Vanessa rapidamente abrindo a porta, sua feição demonstrando preocupação enquanto ela puxava Max para um abraço forte. Chloe pôde ver a tentativa da outra garota de desviar seu rosto por conta da ardência de seus machucados em sua pele.

“Max, querida.” Vanessa dizia, enquanto Chloe entrava na casa, segurando sua mochila e a de Max, e fechava a porta. Ela pôde ver Ryan saindo da cozinha e se aproximando rapidamente para abraçar a filha. Após alguns segundos no abraço, Vanessa se distanciou, notando a presença da outra garota no ambiente. “Chloe?!” A mulher disse, também oferecendo um abraço à garota de cabelos azuis. “Você está tão diferente!” Completou, segurando o rosto da garota enquanto a analisava com um leve sorriso.

“Imagino que sim.” Chloe respondeu com um pequeno sorriso, e ela pôde perceber Max com o rosto baixo, olhando para o chão constantemente. Ela sabia que a garota gostaria de sair dali e ir para o seu quarto. A garota punk cumprimentou Ryan logo após ele abraçar Maxine, e ela podia sentir todas as perguntas que eles gostariam de fazer para as garotas.

“Eu não ‘tô muito bem. Vocês se importam se eu só... For pro meu quarto?” A garota morena disse antes que levasse uma enxurrada de questionamentos, enquanto arrumava sua franja como de costume por debaixo do seu capuz. Seus pais pareceram desapontados por alguns curtos segundos, porém logo depois ofereceram um fraco e levemente falso sorriso, assentindo.

“Claro, filha... Pode ir.” Vanessa disse, acariciando o ombro de Max, que podia dizer que a mãe estava extremamente preocupada e até mesmo triste. “Eu arrumei o seu quarto pra você. Pra... te ajudar a se sentir em casa de novo.” Ela completou, e mesmo no meio de tantos pensamentos desagradáveis Maxine ainda pôde perceber e lembrar-se do quanto sua mãe lhe entendia e podia sentir certas inseguranças dela. “E arrumei o quarto de visitas para Chloe.” Vanessa disse, oferecendo um sorriso para a garota punk.

“Oh. Ótimo.” Chloe pensou, sarcasticamente, para o que Vanessa falou. Max franziu a testa, dando um suspiro baixo, e o olhar dela para a outra garota foi o suficiente para que a garota de cabelos azuis percebesse que ela também havia se incomodado com o que sua mãe havia dito. Ela já tinha receio de tirar um simples cochilo de cinco minutos, quem dirá dormir completamente sozinha, sem Chloe. Se alguém fosse a acordar no meio de mais um pesadelo e ataque de pânico, ela queria que fosse a garota de cabelos azuis, e apenas ela. Max apenas coçou os olhos, cansada. Cansada demais para responder, para explicar. Ela faria isso depois, provavelmente quando Vanessa percebesse que Chloe não estava dormindo no quarto de visitas.

“Nos diga se precisarem de alguma coisa.” Ryan disse, interrompendo os pensamentos das garotas e dando um beijo na testa da filha em seguida. Elas então subiram para o quarto de Max, e antes de fechar a porta Chloe pode ouvir os pais da morena conversando no andar de baixo. A única coisa que a garota de cabelos azuis pôde entender foi Ryan falando para Vanessa algo sobre dar tempo para Maxine, e logo em seguida ela fechou a porta, colocando as mochilas em cima do pufe azul no canto do quarto.

O espaço dizia muito sobre Max assim como o antigo quarto da morena em Blackwell; fotos espalhadas e presas com imãs em um painel metálico na parede logo acima da escrivaninha da garota, alguns poucos e discretos adesivos colados nas portas do armário branco, o edredom com desenhos de arabescos em tons rosas e azuis na cama de casal, uma televisão pequena na parede, além de uma luminária de piso em um dos lados da cama e um fio de luzes acompanhado de alguns pôsteres na parede. Chloe deu um sorriso de canto ao perceber que no canto da cama havia dois ursos de pelúcia.

Max sentou-se na cama, tirando seu moletom e seus sapatos, e deitando-se logo em seguida, seu olhar vazio enquanto encarava a janela do quarto. Chloe tirou suas botas, deixando-as ao lado dos sapatos da morena, e foi para o outro lado da cama, deitando-se e se aproximando da outra garota com cautela, com receio de incomodá-la. Maxine, contudo, inclinou-se para trás, encostando-se à garota que, com a permissão passada pelo ato da morena, pousou seu braço na cintura da mesma, abraçando-a e apoiando sua cabeça no ombro dela. Max podia sentir a respiração de Chloe perto de seu rosto, e isso a tranquilizava enquanto ela sentia seus olhos arderem depois de tanto ter chorado nas últimas horas.

Seu peito doía e ela podia sentir seu estômago revirar ao lembrar-se de que Jefferson poderia estar vivo; poderia estar indo atrás dela. O sentimento de que aquilo poderia não ter chegado ao fim perturbava Max mentalmente.

“Ainda tá doendo?” Chloe perguntou em relação aos arranhões, cessando os pensamentos da morena, que assentiu levemente.

“Mas parece que tá parando de arder.” Maxine completou enquanto se distraía traçando desenhos na mão de Chloe, sua voz relativamente baixa e fraca, como já estava nos últimos dias. Aquilo a lembrou de que precisava lavar os machucados com sabão, e que inclusive um banho cairia muito bem.

“Acho que vou tomar um banho.” Ela disse, levantando-se lentamente e indo em direção ao seu armário. Chloe virou-se para observar a garota, que pegava sua toalha e sua roupa.

“Ei, isso aí é um pijama de panda?” A garota de cabelos azuis disse, sorrindo de canto, ao observar a gaveta de pijamas aberta. Max sorriu levemente para Chloe, e aquele provavelmente foi um dos únicos sorrisos verdadeiros que ela havia dado nos últimos dias. “Eu quero ver você usar isso.” A garota punk completou.

“De jeito nenhum.” Maxine disse, suas sobrancelhas franzidas, para o que Chloe deu uma risada baixa.

“Eu insisto, Maxi-Pad.” A garota de cabelos azuis disse, e o uso do apelido – que apenas Chloe utilizava – fez com que por um segundo Max sentisse que as coisas estavam normais de novo. Talvez até estivessem, mas era difícil perceber isso no meio de tanta angústia e de tantas dúvidas. As coisas poderiam estar normais, mas não estavam bem, e a única coisa que mantinha Max agarrada na realidade e na possibilidade de melhorar era estar ao lado de Chloe.

“Com uma condição.” A morena disse, e Chloe levantou as suas sobrancelhas. “Você vai ter que usar esse aqui.” Ela continuou, enquanto tirava da gaveta um segundo pijama, de guaxinim.

A garota punk tentou esconder o riso, sorrindo. Ela então suspirou e disse: “Ok. Tudo pra te ver num pijama de panda.” Max sorriu levemente com a fala da garota, pegando uma segunda toalha e jogando com cuidado para Chloe. “Eu devo ter algumas calcinhas que não cheguei a usar aqui.” Ela completou, procurando em uma de suas gavetas.

“Já dividimos escovas de dente, acho que emprestar roupa íntima limpa não é bem um problema pra gente.” A garota punk disse brincando enquanto oferecia um sorriso de canto para Max, que retribuiu o sorriso e entregou a peça de roupa que havia encontrado para Chloe, além do pijama de guaxinim.

“Eu já volto. Fica aqui.” A morena disse enquanto pegava suas coisas, apenas reparando segundos depois o quão infantil sua segunda frase poderia parecer. Todavia, ela tinha de fato o medo irracional (ou nem tão irracional assim) de deixar Chloe, mesmo que fosse para ir ao cômodo ao lado, e ela sabia que a garota de cabelos azuis entendia isso, dado que era difícil não se preocupar constantemente depois de terem passado por tudo o que passaram.

“Vou ficar.” Chloe disse enquanto levantava as mãos em sinal, dando um pequeno sorriso em direção à morena.

Depois de alguns minutos Max voltou do banheiro, e antes que a garota de cabelos azuis pudesse pegar suas coisas para ir tomar seu banho, ela não conseguiu segurar o riso ao ver a morena no pijama de panda. Ambas ainda eram crianças por dentro, ela podia jurar. Maxine ofereceu um leve sorriso de canto, deixando suas coisas em um canto do quarto e checando seu celular enquanto ouvia o barulho do chuveiro no cômodo ao lado. Nenhuma mensagem nova, nenhuma notícia. Ela colocou o aparelho em seu criado mudo, dispersa em seus pensamentos enquanto encarava o teto. Minutos depois Chloe entrou no quarto, e Max não conseguiu conter seu sorrido. Ela poderia jurar que nunca teria imaginado a garota de cabelos azuis vestindo aquele pijama. Até um vestido combinaria mais com o estilo da garota punk do que aquilo.

“Como estou?” Chloe perguntou, colocando suas mãos na cintura em uma pose.

“Uh...” Max franziu a testa, tentando procurar uma resposta que demonstrasse o que ela estava sentindo. “Quem é você? Eu gostaria muito que esse guaxinim devolvesse a minha Chloe Price.” Ela disse, e a garota de cabelos azuis não pôde deixar de apreciar internamente o ‘minha’ que a morena havia dito.

“Tá péssimo, né?” Chloe disse, suas sobrancelhas franzidas, e Max deu uma risada baixa enquanto levantava-se indo em direção ao seu armário, claramente procurando por algo específico.

“Não tá tão ruim assim. Mas isso aqui é mais a sua cara.” Max disse com um sorriso de canto, tirando da gaveta uma blusa de manga curta preta, com uma imagem do grumpy cat e a palavra ‘No’ escrita em cima. Chloe riu; de fato fazia mais o estilo dela. A morena entregou a camiseta para ela, juntamente com um short confortável qualquer que encontrou entre suas roupas.

Max então se sentou na cama, mas não pôde deixar de perceber quando Chloe começou a trocar-se, suas costas nuas uma vez que ela não estava usando sutiã – a garota punk odiava usar pijamas com sutiã, e a morena concordava que era de fato desconfortável. Nunca havia sido incomum para elas trocarem de roupa na frente uma da outra, e Maxine não se sentia desconfortável, apenas... Diferente. As coisas entre elas eram as mesmas, mas certas coisas de fato passaram a chamar mais a atenção da morena.

Ela desviou o olhar rapidamente e procurando fingir distrair-se com os desenhos em seu edredom quando a garota de cabelos azuis terminou de se trocar, virando-se. Max mexia em seu cabelo molhado, tentando desfazer alguns pequenos nós, até que Chloe pegou a escova de cabelo em cima da escrivaninha da morena, sentando-se atrás dela na cama e penteando seus cabelos castanhos. Elas costumavam a fazer isso quando crianças, e a lembrança acalmou Maxine.

Elas foram interrompidas ao perceberem que a porta se abria, e a morena não pôde deixar de se sentir incomodada e até mesmo um pouco irritada pelo fato de que Vanessa não havia batido na porta. Era um péssimo momento no psicológico de Max para que seus pais fossem invasivos, mesmo que tentando ajudar.

A expressão facial de Vanessa pôde indicar que ela provavelmente percebeu o incômodo da filha, enquanto procurava palavras para se desculpar ou simplesmente mudar o clima que havia causado para Maxine. “Eu... Trouxe algumas coisas pra vocês comerem. Se quiserem.” A mulher disse, receosamente entrando no quarto e deixando pacotes de bolacha e marshmallow na cama, além de dois copos de suco na escrivaninha.

“Obrigada, mãe.” Max disse com a cabeça baixa, e Chloe ofereceu um pequeno sorriso para Vanessa, que se aproximou da filha ao perceber os machucados – que já não estavam tão definidos como arranhões mais, uma vez que deram lugar a algumas manchas vermelhas por conta da pele irritadiça – no rosto da mesma.

“Max, o que é isso?” Ela disse, sua mão indo em direção ao rosto de Maxine para examinar os ferimentos. A morena afastou a mão dela de seu rosto de forma um pouco mais brusca do que planejou.

“Eu acabei de voltar de uma cidade onde um tornado tava acontecendo, mãe. Não é nada demais.” A garota disse tentando justificar os machucados e guardando pra si mesma o fato de sua mente mais uma vez completar suas falas com pensamentos invasivos do tipo ‘Oh, e inclusive, eu que causei aquilo e matei todas aquelas pessoas’.

Vanessa recuou, assentindo com a cabeça. “Entendo. Bem, eu vou estar lá embaixo. Se você precisar de alguma coisa, já sabe...” Ela disse, sua voz relativamente baixa, enquanto oferecia uma tentativa de sorriso para a filha, que apenas assentiu antes da mulher fechar a porta.

Chloe deu um suspiro baixo, preocupada com Max e com toda aquela situação. Ela sabia como era sentir que não poderia confiar em alguém que sempre esteve ao seu lado. Sabia como era se afastar dessa pessoa aos poucos e como isso poderia doer principalmente se estava sozinha. Mas pelo menos Maxine não estava. A garota de cabelos azuis estava com ela e assim ficariam independentemente do que viesse a acontecer.

“Eu tenho uma ideia...” Chloe disse enquanto terminava de pentear os curtos cabelos da morena e colocava a escova no criado mudo ao lado. Max virou a cabeça para olhar para a garota punk, curiosa. “... Forte de travesseiros?” Ela completou, sorrindo.

Maxine sorriu de volta com a sugestão da garota, levantando-se para pegar mais travesseiros em seu armário, enquanto Chloe ajeitava o edredom confortavelmente no chão, pegando um segundo cobertor para colocar na parte de cima do ‘abrigo’, usando a cama como apoio, enquanto Max ajeitava as almofadas que havia pegado de forma a usar como segundo apoio para o outro lado.

O espaço era apertado, mas naturalmente confortável e acolhedor, como ambas as garotas se lembravam de ser quando faziam tais fortes no tempo em que eram crianças. Elas pegariam comida o suficiente para se alimentarem por um mês mesmo que fossem passar apenas uma noite no abrigo criado, blocos e mais blocos de papéis para desenharem e colocariam músicas. Agora, contudo, tudo o que elas precisavam era uma da outra, uma playlist calma qualquer no celular de Max, e de uma luminária ligada na tomada ao lado da cama para quando o céu começasse a escurecer, além dos pacotes de petiscos.

Chloe comia os marshmallows quase que compulsivamente, eventualmente tentando fazer brincadeiras que fizessem Maxine rir, o que de fato funcionou quando a garota de cabelos azuis encheu ambas as bochechas com os doces tentando agir de forma mais séria possível enquanto elas conversavam sobre os pingos de chuva que começava a cair na janela e algumas das bandas favoritas de Max. A risada que ela tirou da morena foi leve, não sendo da forma que Chloe tanto sentia falta de ouvir, mas ainda foi uma risada. Levou alguns bons minutos para que a garota conseguisse mastigar e engolir todos aqueles marshmallows, contudo.

A garota punk pegou seu celular, tirando uma foto apenas do espaço juntamente com os pés de ambas, que estavam deitadas. Ela sabia que Max não estava exatamente no clima para tirar fotos de si mesma ou de qualquer outra coisa – e até mesmo pensar em câmeras a deixava ansiosa, embora não tenha se incomodado com o ato de Chloe – uma vez que não havia tocado em sua câmera nas últimas 48 horas, mas a garota de cabelos azuis só gostaria de poder eternizar aquele momento calmo no meio de uma tempestade de acontecimentos – literalmente.

Estar ali, num espaço feito por elas e para elas, mentalmente longe de qualquer pessoa que não fosse a outra, as acalmava. Aquilo causava à Max um sentimento de serenidade que já não sentia há algum tempo. Nos últimos dias, a morena poderia jurar que as horas estavam passando mais lentamente do que ela se lembrava e queria, mas tinha consciência de que aquilo era mais psicológico do que qualquer outra coisa – como por exemplo, mais uma influência dos poderes dela no espaço-tempo.

E ela sabia, contudo, que aquela noite também seria longa, mas dessa vez não se importava. Muito pelo contrário.


Notas Finais


Desculpem a demora, as coisas andam bem corridas aqui. Esse capítulo é um presentinho fluff pricefield pra vocês no meio de tanto sofrimento. Espero que gostem!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...