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História Medicine - Runnin Low


Escrita por: leonhardtprice

Notas do Autor


Música do capítulo: Runnin Low - Blackbear

Aviso de gatilhos do capítulo: Sexo explícito, Heterossexualidade compulsória, Desconforto sexual, Drogas, Tentativa de abuso.

Capítulo 5 - Runnin Low


Chapter V – Runnin Low

 

13 de outubro de 2013

A noite chegava, e com ela a necessidade de qualquer coisa que distraísse Max dos pensamentos que insistiam em atormentá-la. As garotas haviam passado a maior parte do tempo em que chegaram a casa no quarto da morena, entre conversas ou apenas momentos de quietude em que aproveitavam a presença da outra enquanto os barulhos da televisão enchiam o cômodo.

Elas não ligaram o canal de notícias. O que Maxine menos precisava no momento era se deparar mais uma vez com a destruição que tinha causado, e que inconscientemente sabia que faria de novo se fosse necessário. Ao invés disso, assistiram a uma maratona de Pronto Socorro: Histórias de Emergência – e a morena não poderia nem explicar o quão grata estava com o fato de aquela maratona estar passando na TV, possibilitando que ela se distraísse com uma de suas séries favoritas.

Casos de perfurações extremas, problemas cardíacos, qualquer caso daquela série – por mais absurdo e angustiante que fosse – não lhe causava mais ansiedade do que ela já havia vivenciado nos últimos dias. Max tentou ignorar o fato de que no meio da sua angústia o que lhe distraía e quase que lhe acalmava era assistir histórias de pessoas no pronto socorro com canos na cabeça ou galhos no estômago. E nem Chloe podia negar que se interessava por seriados assim.

As garotas mal perceberam quando no meio de suas conversas começaram de alguma forma a jogar ‘eu nunca’. Ao invés de bebidas, já eram muito gratas pelo pote de Pringles, e a cada rodada que uma perdia tentavam comer por volta de duas ou três batatas de uma vez. A arte do improviso em qualquer tipo de jogo já era algo muito familiar para Chloe.

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9 de novembro de 2011

O sol entrava pela janela iluminando apenas algumas partes do quarto, enquanto uma brisa leve entrava e refrescava o dia de verão. Chloe odiava o calor de todas as formas possíveis, mas se contentava com o trabalho que o ventilador e o vento que vinha de fora refrescando seu corpo e principalmente suas pernas – visto que ela usava um short simples – faziam no quarto. A garota de cabelos azuis observava a fumaça de seu baseado subindo em direção ao teto, às vezes mudando de rumo por conta do vento, enquanto estava barriga para cima e deitada com a cabeça em um de seus braços, sem vestir sua touca por conta do clima quente.

Não demorou muito para que ela ouvisse a porta se abrindo no andar debaixo e o barulho de garrafas batendo levemente umas contra as outras, e a garota sabia que era Rachel. Havia deixado as chaves debaixo do tapete de fora para que a loira destrancasse a porta quando chegasse, uma vez que ambos Joyce e David estavam trabalhando, felizmente para a garota de cabelos azuis.

A garota loira subiu as escadas, entrando no quarto e fechando a porta atrás de si. Chloe pôde perceber que alguma coisa estava errada pela forma como Rachel se comportava, além da forma com a qual colocou a sacola de garrafas no chão, pegando uma das garrafas de vodka e entregando para a garota enquanto pegava uma de cerveja para si mesma.

“O que foi?” Chloe perguntou, tomando um gole da bebida enquanto aproveitava a sensação do álcool descendo pela sua garganta, apagando seu baseado logo depois e deixando-o de lado.

“Nada.” Rachel respondeu, e a garota punk quase não conseguiu conter uma risada por conta da forma nada convincente com a qual a loira falou aquilo.

“Se não quer me contar então...” Chloe disse, dando de ombros, e tomando mais goles do líquido na garrafa enquanto checava seu celular.

Rachel prestava atenção nos movimentos da garota, quase que completamente desatenta enquanto se distraía com seus pensamentos. As coisas já estavam ruins o suficiente e ela não precisava contar tudo o que estava acontecendo para Chloe. Não por não confiar na garota, mas ela já estava cansada de sentir como se tivesse de escolher entre pessoas extremamente importantes para ela, e infelizmente ela sabia que a garota de cabelos azuis a faria se sentir assim mesmo que sem querer. Da mesma forma que ele havia feito ela se sentir.

Ela só queria que tudo ficasse bem e que pudesse aproveitar a companhia de uma das pessoas que ela mais amava, e foi por isso que tentou controlar seu próprio nervosismo e irritação com tudo o que havia acabado de acontecer; ela não precisava colocar a garota punk ainda mais no meio daquilo tudo. Se Frank de fato achava que poderia falar o que quisesse sobre Chloe e ficar por isso, Rachel tinha algumas notícias para ele.

“Eu nunca?” Ela sugeriu depois de alguns minutos de silêncio, para o que a garota de cabelos azuis assentiu, sentando-se na cama ao mesmo tempo em que Rachel se levantava do chão e sentava-se ao lado dela.

“Eu nunca saí do país.” Chloe começou, dando um sorriso para a loira quando ela franziu os olhos em um desafio, enquanto tomava um gole de sua bebida. Sempre que jogavam conseguiam descobrir algo novo sobre a outra – se é que isso era possível – mas sempre começava da mesma forma: dizendo algo que sabiam que a outra já havia feito. Era o objetivo do jogo, não?

“Eu nunca... Misturei vodka com Coca-Cola.” A loira continuou, rindo. Chloe revirou os olhos enquanto bebia. Aquela havia sido definitivamente uma péssima ideia que tinha um gosto próximo de gasolina, mas ela gostava de arriscar.

Passaram alguns minutos e o jogo continuava. A garota punk já havia bebido uma parte considerável da garrafa – relativamente grande – da sua bebida, enquanto Rachel já estava quase no fim da segunda garrafa de cerveja, sua blusa xadrez já estava no chão por conta do calor – que provavelmente era consequência não só do clima, mas também do álcool.

“Eu nunca tive dois orgasmos seguidos.” Chloe disse com um sorriso de canto enquanto Rachel tampava o rosto, fingindo estar com vergonha. Fofo o suficiente, considerando que a loira nunca ficava com vergonha – e não estava de fato. “Ninguém mandou ter me contado isso.” A garota de cabelos azuis completou enquanto Rachel terminava a garrafa de cerveja, deixando-a de lado e pegando outra.

“Será que eu sou de fato a perdedora nessa rodada?” A loira disse brincando, mostrando a língua para Chloe, que riu. “Então já que é pra ser jogo baixo, vamos lá.” Ela continuou, sorrindo de canto do jeito que apenas Rachel Amber fazia. “Eu nunca fiz sexo com uma garota. Deve ser bem diferente.”

“Você definitivamente é a perdedora nessa, Rach. E pode apostar que é diferente.” Chloe disse, levantando a garrafa de vodka e tomando um gole. Antes de terminar de beber ela pôde sentir a loira deitando a cabeça em seu colo, olhando para o teto enquanto mordia os lábios. Pela primeira vez em muito tempo a garota de cabelos azuis poderia dizer com toda certeza que não conseguia ler as expressões de Rachel. Talvez tivesse algo a ver com o que quer que tenha acontecido, ela pensou. “Quer me falar o que aconteceu?”

Rachel suspirou. Ela não estava mentindo para Chloe, estava? Será que aquilo era de fato considerado mentir? Ela estava apenas omitindo algumas informações para que as duas pudessem ficar bem e aquilo tudo não acabasse em mais uma briga no dia. Ela confiava na garota punk mais do que em qualquer outra pessoa, mas ela também sabia como a garota era, como ela não conseguia esconder quando se incomodava com certas coisas, e como ela não conseguia expressar as coisas de forma madura quando estava nervosa, mesmo que não quisesse causar uma briga.

Ela então apenas balançou a cabeça negativamente se ajeitando no colo da garota enquanto passava a mão e traçava desenhos pela perna da mesma, como uma brincadeira que lhe distraía. “Eu queria tentar.” Rachel continuou, de forma mais tímida que gostaria de admitir. O coração de Chloe palpitava tanto com as palavras da garota quanto com o toque dela. Por alguns longos segundos ela desejou ter a certeza inocente de não saber do que aquilo se tratava.

“Tentar o que?” Ela disse, evitando contato visual, fingindo se distrair com o movimento do ventilador. A garota punk apenas sentiu a loira mover a cabeça, ainda no colo dela, encarando-a. E com aquele olhar ela teve certeza do que se tratava e já não tinha mais nada para dizer que a ajudasse a fugir da situação, como se Rachel tivesse a colocado entre quatro paredes. “Se você quer um experimento, vai pra alguma festa, Rachel. Tem muitas garotas que querem ficar com você.” Chloe completou, ainda evitando olhar para a loira, que percebeu o nervosismo da garota punk principalmente pelo fato de ela não ter usado seu apelido para se referir a ela.

“Eu não quero um ‘experimento’.” A loira disse, agora também evitando contato visual enquanto mexia no rótulo da garrafa. “Eu não quero simplesmente... Transar. Sei lá, é como uma chance de ter uma primeira vez de novo, que não seja com um cara qualquer que eu nem sei o nome numa festa. Sabe aquelas histórias clichês de ter a primeira vez com alguém que você gosta de verdade e bla bla bla?”

“Sei. Você não quer simplesmente transar, então quer transar e depois ir, sei lá, sair pra tomar um café ou fazer brownie de maconha? Romântico.” Chloe disse, sarcástica, e Rachel riu. Ela já estava acostumada com o jeito da garota de cabelos azuis.

A loira levantou-se de seu colo e se aproximou com cautela. Por mais que Rachel quisesse aquilo, ela não queria lhe pressionar a nada. Estava cansada de pessoas estando ao lado dela sem quererem estar ali verdadeiramente, cansada de não saber interpretar as intenções das pessoas mesmo quando jurava conseguir. E se ela fosse ficar com Chloe daquela forma, que fosse por total vontade da outra garota.

Por alguns segundos a garota de cabelos azuis simplesmente encarava a outra, se distraindo com todos os detalhes de seus cabelos, de seu rosto, sua boca. Ela sabia que Rachel tinha consciência do que tudo aquilo significava pra ela, do que aquele tipo de contato com ela causava em Chloe; e a loira sabia da importância de tudo aquilo para a garota punk. E por mais que ambas soubessem que Rachel poderia estar com outra pessoa qualquer no dia seguinte, elas também sabiam que o que elas tinham não mudaria. Não mudaria com o que estava prestes a acontecer, e não mudaria com o que aconteceria depois. Seguiriam a mesma antiga tática de não falar sobre tudo aquilo. Não como se não tivesse acontecido, mas como um tipo de conversa inoportuna para se falar sobre.

A próxima coisa que Chloe sentiu foi seu corpo se inclinando enquanto Rachel se aproximava ainda mais e os lábios de ambas se juntavam. A garota de cabelos loiros ficava cada vez mais perto dela, enquanto colocava uma perna de cada lado do corpo da garota punk, suas mãos acariciando os cabelos azuis da outra garota. O beijo era calmo ao mesmo tempo em que feroz; não tinha apenas desejo, mas também demonstrava tudo o que uma sentia pela outra que não conseguiam manifestar por meio de palavras: a proteção, a calma, a confiança e até mesmo a amizade.  Chloe, contudo, poderia jurar que não se lembrava de tremer da forma como estava tremendo desde a sua primeira vez, e podia ver que Rachel também estava naquele estado.

Era curiosa para ambas a forma como estarem juntas daquela forma demonstrava mais questões nada relacionadas com romance, e Chloe sinceramente não sabia se aquele fato era bom ou não, visto que talvez fosse mais uma prova de que aquilo não daria certo, de que havia barreiras que impossibilitavam aquilo entre elas. Não barreiras erguidas por elas mesmas, mas que simplesmente estavam lá, pela forma como o relacionamento delas era, pela personalidade de ambas.

Mas nenhum daqueles pensamentos importava naquela altura da situação, e eles logo desapareceram do pensamento de Chloe na medida em que seu objetivo principal passou a ser tirar o cropped preto da garota loira com a ajuda da mesma, deixando nua a parte de cima do corpo dela, que agora alternava mordidas e beijos no pescoço da garota punk enquanto suas mãos geladas entravam por debaixo da regata da mesma. Chloe soltou um leve suspiro com aquilo, combinado aos beijos de Rachel em seu pescoço, e num ato rápido empurrou a loira sem muita força de forma que ela ficasse com as costas na cama, a garota de cabelos azuis sentando-se em sua cintura logo em seguida.

A posição facilitou para que Rachel tirasse a regata de Chloe, e o sutiã preto da mesma logo em seguida, enquanto a garota punk desabotoava o short de cintura alta da loira, traçando uma trilha de beijos pelo corpo da mesma logo em seguida, de seus seios até sua barriga, e parando os beijos na altura da cintura, para o que a garota de cabelos longos murmurou alguma reclamação, tirando um sorriso de canto de Chloe.

“Para de provocar.” Rachel disse, sua respiração ofegante, e a garota de cabelos azuis deu uma leve mordida em sua cintura como resposta, fazendo com que ela soltasse mais um gemido.

“Você que tá apressada demais.” Chloe respondeu, subindo seu corpo para dar diversos beijos na loira, alternando entre a boca, a bochecha e o pescoço da garota, dando pequenas mordidas nas clavículas dela logo em seguida. Não demorou muito tempo para que o short da garota punk também fosse descartado, deixando ambas apenas nas roupas íntimas inferiores, que logo estariam no chão. Um tempo se passou enquanto as garotas continuavam, e por conveniência, Rachel foi a primeira a atingir o clímax com um alto gemido, Chloe intercalando o uso de dedos e língua e ajudando a conduzir o orgasmo da loira.

A garota de cabelos azuis foi a próxima a estar deitada de costas, Rachel subindo em seu colo e focando toda sua atenção no beijo fervoroso que dava na garota enquanto acariciava seus cabelos azuis. O traço de beijos que a loira oferecia descia pelo corpo da garota punk, chegando finalmente no lugar onde ela mais queria. A inexperiência dela foi quase que imperceptível, visto que Chloe podia dizer que ela não apenas repetia os atos que a garota de cabelos azuis havia feito antes, mas Rachel também tinha um jeito próprio; um jeito que fez com que não demorasse muito para que a garota punk também atingisse seu orgasmo.

Minutos se passaram e as garotas continuavam na cama, uma ao lado da outra, apenas um lençol cobrindo seus corpos enquanto Rachel abraçava a cintura de Chloe, a cabeça deitada no ombro da garota de cabelos curtos enquanto a mesma acariciava seus cabelos loiros. “E os brownies de maconha?” Rachel perguntou com um sorriso, tirando uma risada de Chloe.

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23 de novembro de 2011

A festa já estava acontecendo há algum tempo, a música eletrônica tocando alto enquanto pessoas se esbarravam e pisavam nos pés umas das outras constantemente, alguns casais nos cantos. “Nojento.” Chloe pensou ao perceber um dos casais quase que tentando destruir a parede de tanto que se empurravam no meio de um amasso. Ela se ajeitou na roda enquanto todos esperavam Justin terminar sua garrafa de cerveja para que pudessem começar o jogo, Rachel sentada ao seu lado. Algumas pessoas não familiares para ela também se sentaram ou foram convidadas, e a garota punk pôde ver Trevor do outro lado do grupo, se ajeitando no chão enquanto duas garotas pintavam suas unhas, rindo. Típico dele, estar numa situação daquelas e estar aproveitando.

“Ok, hora de começar!” Justin disse, claramente bêbado – e chapado provavelmente – enquanto colocava a garrafa no meio da roda. Na maior parte do tempo Chloe apenas dava goles de sua cerveja enquanto mexia no rótulo da garrafa, distraída observando a festa, ocasionalmente voltando sua atenção para o jogo de verdade ou desafio, geralmente quando algo de fato empolgante acontecia e algumas pessoas na roda começavam a gritar – ainda mais. Não existia classe ou dinheiro nenhum que controlasse essas festas e as pessoas ali, nem mesmo quando o Clube Vortex estava envolvido. Acabava na mesma merda sempre, e a garota de cabelos azuis agradecia por não ir à maioria daquelas festas. Era cansativo lidar com aquelas todas aquelas pessoas, ainda que ela se entretivesse consideravelmente assistindo tudo o que acontecia, principalmente as brigas constantes em que o Prescott se envolvia enquanto chapado.

A distração da garota só foi interrompida quando ela se deu conta de que a garrafa havia parado em Rachel, que escolheu desafio. Claro. Regra número um ao se jogar verdade ou desafio em uma festa? Não escolha verdade. E o desafio foi extremamente óbvio, ainda que Chloe tivesse esperança em algo diferente. Em festas, principalmente se estivessem jogando algo, na primeira oportunidade colocariam Rachel para beijar alguém ou algo do tipo. Dito e feito, no momento seguinte a loira beijava um dos amigos de Trevor enquanto os outros na roda contavam 10 segundos.

A garota de cabelos azuis desviou o olhar, estressada não só por aquilo, mas também pelo fato de saber que não tinha nenhum direito de cobrar algo de Rachel ou de se irritar com aquilo. Não demorou muito para que ela levantasse da roda logo após a loira voltar ao seu lugar, limpando o batom borrado. Chloe fingiu estar distraída com o celular, ignorando um comentário qualquer sobre ela que ela não havia escutado – e não pretendia saber também.

Ela só ainda não sabia, contudo, como quinze minutos depois ela já estava num armário qualquer com aquele garoto. Entre seu estresse, sua ansiedade, a música alta e as fortes luzes da festa, ela mal acompanhou com atenção os próximos acontecimentos, e ali estava ela. Chloe podia sentir o cheiro de álcool no garoto enquanto ele beijava e mordia seu pescoço, apressado. Apressado até demais, ou talvez apenas o típico jeito de agir de garotos de Blackwell que não se importavam com absolutamente nada além do que tinham no meio das pernas, visto que ele não havia se dado ao trabalho de meramente lembrar-se do preservativo e, pasme, não pareceu satisfeito quando Chloe tirou um do bolso de sua jaqueta.

“Eu não sou estúpida, cara.” Ela disse, revirando os olhos ainda que ele não pudesse perceber direito no armário, pouca luz entrando.

Eles continuaram, e o tempo de prazer de Chloe durou exatos seis segundos depois de um leve desconforto por conta do ímpeto, da pressa ou da rapidez – ou tudo isso – do garoto, e antes que seu corpo se acostumasse com a sensação. Não demorou muito para que ele atingisse seu orgasmo, encostando-se ofegante na parede. E apenas isso. “Eu poderia ter me poupado disso.” A garota de cabelos azuis pensava enquanto colocava sua calça de novo, simplesmente cansada demais – mental e fisicamente – pra protestar sobre o orgasmo que ela não teve. Ele não saberia fazer aquilo em menos de quinze minutos, de qualquer forma. De três garotos, apenas um havia conseguido uma vez, o que fazia Chloe pensar que talvez o problema fosse ela.

A garota checou seu celular, e ainda era meia noite. Cedo demais para que ela fosse para casa e tivesse que lidar com mais problemas. Ela apenas lançou um olhar para o garoto – que não percebeu aquilo visto que estava se vestindo – e saiu do local, sem olhar para trás, indo para sua caminhonete. Passaria tempo dentro do automóvel, fumaria um pouco, e talvez até conseguisse arrumar outro lugar para ir a fim de não voltar para casa tão cedo. Já na caminhonete, Chloe ligou o rádio, colocando um dos CDs que havia achado no porta luvas, as pernas esticadas no painel enquanto observava a festa do lado de fora e fumava um de seus baseados.

Rachel havia ficado no local, e mesmo reparando que Chloe havia saído de onde ela estava, a loira não percebeu o fato de a outra garota não estar mais na festa. Depois do jogo, passou alguns minutos procurando a outra garota, desistindo um tempo depois – sabendo que a garota punk se viraria sozinha. Ela viu um grupo familiar em um dos cantos da festa, percebendo que estavam usando algum tipo de droga. Rachel estava cansada e honestamente, nem se preocupava na medida em que se aproximava deles, procurando sua própria seringa entre suas coisas, além de um pouco de heroína que havia levado.

A garota percebeu a forma como um dos garotos do grupo olhava para ela, dando apenas um sorriso de canto enquanto preparava sua seringa. Talvez por conta do álcool ou da desatenção ao deixar o objeto de lado para pegar alguma coisa em sua bolsa, ela não percebeu quando o garoto trocou a seringa. Não demorou muito tempo para que o efeito da droga começasse a agir, mas a loira se sentia diferente do que lembrava ser o efeito da heroína.

Rachel começou a ficar tonta e sentia seu corpo leve. Ela mal teve tempo de voltar a sentir as pernas para dar o primeiro passo em direção ao banheiro quando sentiu alguém próximo puxando seu braço e colocando a mão por debaixo da sua blusa, para o que ela tentou relutar sem sucesso por conta da perca de força. No meio de sua confusão mental ela não conseguia identificar as sombras das pessoas ao seu redor, misturadas com as luzes fortes da festa que ocasionalmente passavam pela sua vista, mas conseguiu perceber quando alguém afastou com força o garoto na sua frente, dizendo algo em repreensão para o mesmo antes de segurar a garota, tirando-a dali.

Chloe ouviu seu celular tocar, o identificador de chamadas indicando ser Rachel. Ela hesitou, mas atendeu alguns segundos depois, percebendo a voz diferente no outro lado da linha.

“Chloe? É o Evan. Eu preciso da sua ajuda, a Rachel tá passando mal, acho que drogaram ela. Onde você tá?” Ele dizia com pressa ainda que tentando manter a calma, e no mesmo momento a garota de cabelos azuis apagou o baseado, jogando-o pela janela enquanto ligava a caminhonete.

“Eu ‘tô no estacionamento, vou pra entrada da festa com o carro e te encontro aí.” Ela falou, desligando o telefone, encontrando ambos, que entraram no carro rapidamente. Chloe podia perceber o estado de Rachel, que quase não conseguia andar direito, respirando ofegante enquanto sentava-se ao lado da janela, Evan no lugar do meio.

“Não... Não me leva... Pro hospital...” Rachel dizia entre respirações, sua cabeça baixa enquanto ela tentava apoiar todo o peso de seu corpo em algo, numa tentativa de diminuir a tontura.

“Como não, Rachel?” Chloe disse, sua voz soando mais nervosa do que ela pretendia, enquanto voltava a dirigir, indo para sabe-se lá onde Rachel queria ir, mas pelo menos longe daquela festa.

“O Frank...” A loira continuou, mal conseguindo formar frases direito enquanto tentava colocar sua franja atrás da orelha, falhando algumas vezes nas tentativas visto que mal conseguia sentir seu próprio corpo. “Eu não sei... O que me deram... Ele pode saber...” Ela justificou, Chloe assentindo com um suspiro, preocupada ainda que parecesse nervosa.

Não demorou muito para que chegassem até o RV de Frank, Chloe batendo na porta fortemente. O homem apareceu alguns segundos depois, claramente irritado até que sua expressão mudou levemente ao ver Rachel logo atrás. A garota de cabelos azuis não só percebeu isso como também percebeu o fato de que o cachorro assassino de Frank parou de latir no momento em que Rachel entrou no automóvel, mas a garota punk já estava ocupada demais se preocupando com a loira para pensar naquilo – ou na bagunça colossal daquele lugar – e deixar sua mente criar as mais diversas teorias de conspiração.

“Quem é ele?” Frank perguntava enquanto Evan ajudava Rachel a andar e sentar-se na cadeira próxima à mesa. O garoto não teve tempo de responder antes que Chloe o interrompesse.

“Veio aqui pra assistir o show.” Ela respondeu, sarcástica. “Ele é amigo da Rachel. Será que você pode se preocupar mais com o estado dela agora, inclusive?” A garota punk continuou, revirando os olhos enquanto Frank a olhava, irritado, voltando sua atenção para a garota loira logo depois. “Eu não sei exatamente o que ela tem, mas ela tá com muita tontura.”

“Meu corpo... Não ‘tô sentindo...” Rachel completou o que a outra garota disse, enquanto tentava dar um nó em seu cabelo a fim de prendê-lo, seus braços mal funcionando devidamente. Chloe se aproximou dela ao perceber isso, prendendo o cabelo da garota.

“Parece Ketamina, é o mais provável. O que você tava fazendo?” Frank perguntou, sua testa franzida.

“Eu ia usar heroína...” A loira respondeu, tentando manter sua respiração.

“Devem ter trocado a seringa dela. Um dos garotos lá tava tentando...” Evan a interrompeu ao continuar a fala, cruzando os braços. “Enfim.” Ele não viu a necessidade de completar visto que ambos Frank e Chloe já haviam entendido. A garota de cabelos azuis desviou o olhar, resmungando o que pareceu ser um ‘puta merda’ enquanto toda culpa que era possível ela sentir passou pela sua mente. E se Evan não estivesse lá? O que aconteceria com Rachel visto que Chloe não estava lá por causa de mais uma de suas birras mentais? Frank suspirou, esfregando os olhos com uma das mãos, cruzando os braços logo em seguida.

“Preciso vomitar.” Rachel disse, indo em direção ao banheiro – que ela já sabia onde ficava, Chloe percebeu – com a ajuda de Evan.

“Você não vai fazer nada pra ajudar ela?” Chloe disse para Frank, irritada, o homem respondendo apenas com uma risada sarcástica.

“Eu não faço magia, Price. Não tem nada que dê pra fazer, só esperar. Como ela injetou, vai levar provavelmente por volta de três horas para o efeito passar.” Ele disse enquanto a garota punk suspirava, encostando-se a parede do RV.

Por volta de uma hora e meia depois, parte dos efeitos da droga já haviam passado. Chloe deu uma carona para Evan, deixando-o no campus de Blackwell, dirigindo para sua casa visto que Rachel havia concordado em passar a noite lá.

A garota de cabelos azuis pegou a chave, abrindo a porta de casa com cuidado, porém segundos depois não se preocupando com o barulho visto que a televisão estava ligada. A merda já ia acontecer de qualquer forma, óbvio. Ela revirou os olhos e deu um suspiro cansado quando David saiu da sala, cruzando os braços.

“Não basta você chegar na minha casa a hora que você bem entender, você também acha que pode trazer qualquer um aqui, é isso, Chloe?” O homem disse, e a garota fez sinal para que Rachel subisse as escadas – lentamente, uma vez que parte da tontura ainda não havia passado. “E drogada.” Ele completou.

“Ela não é qualquer um.” Chloe disse, quase que completando com ‘Ah, e ela foi a pessoa que me impediu de cometer suicídio com uma de suas armas já que ninguém nessa casa se importa mesmo, otário. Inclusive, ela tá claramente passando mal, mas claro, a preocupação é ela entrar chapada aqui. ’. Contudo, guardou aquilo para si mesma. “E essa não é a sua casa. É a casa da minha mãe.” Ela completou, sorrindo sarcasticamente enquanto dava de ombros.

“Olha como você fala comigo, Chloe.” David disse, dando mais passos em direção à garota na medida em que ela se afastava, subindo as escadas.

“Olho. No dia em que você for meu pai eu olho sim.” A garota de cabelos azuis disse enquanto inclinava-se levemente no corrimão, encarando David. Ela então deu as costas para o homem, fechando a porta de seu quarto e encontrando Rachel já deitada.

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“É chato jogar com você, sabia?” Chloe disse brincando para Max, que estava aninhada em seu corpo, interrompendo seus próprios pensamentos. A garota punk estava distraída, sua visão focada em apenas um ponto do forte de travesseiros, e ela já sentia seu estômago cheio depois de tantos Pringles que acabou comendo por perder tanto no jogo.

“Sabia.” Max disse, dando um sorriso de canto enquanto se ajeitava, colocando sua cabeça no ombro da garota de cabelos azuis.

O resto da noite consistiu em silêncio da parte de ambas na maior parte do tempo, tanto por conta do cansaço quanto pela televisão ligada, que distraía Maxine de seus pensamentos e que, principalmente, a impedia de dormir.


Notas Finais


Passei de um capítulo fofinho e calmo pra isso aqui. Well, that escalated quickly.
Espero que vocês tenham gostado do capítulo. Sei que alguns dos leitores não curtem muito amberprice, mas senti que precisava desenvolver o relacionamento das duas na história e como todos os acontecimentos futuros afetaram Chloe com base nisso.

Inclusive, acredito que não estou nem na metade da fic, mas realmente preciso agradecer todo o apoio que eu venho recebendo. Cada comentário, cada favorito, tudo isso significa MUITO pra mim, vocês não têm ideia.
E muito obrigada principalmente à Anna que tem me ajudado com a divulgação e à Marina que tem me apoiado muito também. Vocês são demais, eu amo muito vocês ♥


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