Perdera a noção. Há quanto tempo estava parada encarando o estranho na porta da sua classe? Ela não sabia dizer, só foi trazida a realidade quando sentiu um leve cutucão de sua aluna no braço.
— Está tudo bem, professora?
— Está sim, eu só... Só um minuto, já volto! — após respirar fundo, Regina segue em direção onde o tal homem estava parado e só então se dá conta que havia uma linda menininha com ele.
— Bonjour, posso ajudá-lo?
— Desculpe. — ele parecia ter acordado de um transe — Eu acho que estou na classe errada.
Regina abaixa seu olhar até a menininha ao seu lado e abre um sorriso ao vê-la se esconder atrás de seu pai.
— Você trouxe essa princesa para aula?
— Sim, é o primeiro dia dela. — Regina se perde no sotaque dele, com certeza não era francês.
— Suponho que o senhor não tenha sido informado, mas a professora das crianças retorna das férias semana que vem e eu assumi a responsabilidade da turma à tarde. Agora são as jovens. — diz com um tom de voz sereno. — Existe também a outra turma com uma outra professora, mas é à tarde também.
— Nossa! — o rapaz passa a mão pela massa de cabelos castanhos, os desalinhando e deixando-o com um ar mais atraente. — Eu não fazia ideia. Ela estuda à tarde.
— Eu não vou fazer mais, papa?
— Hoje não, princesse.
Ela abaixa os olhinhos e Regina sente seu coração derreter completamente.
— Não há outra classe nesse turno?
— Infelizmente não, a única professora que dá aula para as crianças no turno da manhã é a Belle que por motivos pessoais teve que adiar o retorno. Sinto muito!
— Tudo bem.
Regina volta a olhar para menininha e não aguentando se abaixa para ficar na mesma altura que ela.
— Ei lindinha, qual é o seu nome?
— Valentina. — responde tímida.
— Uau! Que nome lindo igual a você.
— A senhora também é linda.
— Senhora? Aprecio muito sua educação, mas pode me chamar de Regina. — fala sorrindo — Valentina, que tal você ficar com a tia Regina hoje?
— Eu posso, papa?
— Isso não irá atrapalhá-la?
— De modo algum, vou adorar ter a companhia dela. — ela fica de pé e encara o rapaz.
— Nesse caso, eu só tenho a agradecer. Ela estava muito animada para começar hoje.
— Oh, fico mais do que feliz em poder ajudar então.
— Você é um anjo!
Regina fica sem jeito e desvia o olhar, pedindo aos céus para que não ficasse vermelha.
— Pequena... — ele se agacha — Estou indo trabalhar, daqui a pouco a Ruby vem te pegar, ok? Comporte-se e nada de enrolar você e o Roland para ir pra escola, ouviu?
— Ouvi. — ela sorri e olha pra Regina.
— Qualquer coisa você pode me ligar e eu venho, aqui está meu telefone. — ele estende um cartão — Meu chamo Robin Locksley.
— Pode deixar, Robin.
Ele abre mais um largo sorriso evidenciando as covinhas e em seguida se inclina deixando um beijo no topo da cabeça da pequena, ele olha mais uma vez pra Regina antes de piscar um olho e deixar as duas ali o acompanhando com o olhar até perdê-lo de vista.
Robin. Por que Regina sentia-se tão intrigada em relação àquele homem que acabara de conhecer?
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Durante todo o tempo de aula, Regina estava se revezando entre dar atenção às suas alunas e dar atenção à pequena Valentina. A menina tinha um desejo imenso de aprender e isso fez com que Regina se lembrasse da sua infância, ela tinha o mesmo apetite pelas aulas de ballet e essa lembrança só fez com que ela tivesse a certeza de que essa menina iria longe. Suas alunas adoraram a pequena, vez ou outra alguém estava a paparicando e foi bem difícil fazer com que todas se despedissem dela no final da aula.
— E aí princesinha, gostou da aula? — Regina senta-se no chão ao lado dela que estava bastante ofegante e ela nem havia feito movimento que exigisse demais. Regina preocupou-se.
— Eu amei!
— Está tudo bem? — ela faz que sim com a cabeça.
— Eu quero ser uma grande bailarina.
— Se a senhorita se dedicar sempre do mesmo modo que se dedicou hoje, pode ter certeza que será a melhor bailarina do mundo.
— Tio Robin diz que eu vou ser, a melhor. — Regina franze a sobrancelha. Tio?
— Ele está certo, você é muito inteligente e talentosa. — Regina aperta o narizinho dela que sorri, menos ofegante que antes.
A professora estava curiosa, uma hora a garota chamou o Robin de papa e agora o chamara de tio? Apesar de confusa, ela decidiu ficar quieta, não tinha o direito de bisbilhotar a vida de seus alunos e muito menos dos pais.
— Está cansada?
— Um pouco.
— Ah... Eu ia te convidar para uma dança comigo, mas já que está cansada...
— Não tia, eu quero dançar! — ela rapidamente se levanta — Viu? Não tô mais cansada.
Regina solta uma gargalhada e fica de pé também. Ela pega o controle e põe uma música bem suave para que as duas pudessem dançar.
— Tenta me imitar está bem? Vou fazer bem devagar e falar o que você deve fazer, qualquer dificuldade eu vou te ajudar. — Valentina balança a cabeça positivamente e logo Regina fica na ponta dos pés e não demora para que a loirinha execute o mesmo movimento do jeitinho dela, já que era a primeira aula da mesma nova e era impossível ter uma ponta tão impecável quanto a da profissional.
Logo elas estão rodopiando pela sala, Regina sempre ajudando a garota a fazer os movimentos e dava altas risadas com suas caretas. Criaram uma afinidade tão rápido, que Regina tivera o desejo de ser sua professora fixa. A música acaba e elas se jogam sobre o chão rindo e satisfeitas com a dança que acabaram de fazer.
— Nininhaaaaa. — elas ouvem uma voz fina ecoar pelo ambiente e um menininho moreno de cabelinhos cacheados entra correndo na sala.
— Roland! — Valentina corre de encontro a ele e os dois se abraçam.
Regina se senta e sorri, era fofura demais para um dia só.
— Roland, eu disse pra você não entrar correndo. — uma moça alta dá a bronca e se vira pra Regina. — Me desculpa, eu tentei segurar.
— Está tudo bem. — sorri — Você deve ser a Ruby, certo?
— Isso.
— Eu sou a Regina. — ela se levanta e estende a mão — Prazer.
— Prazer, Regina! — elas se cumprimentam e Regina olha para os dois.
— Você é a...
— Babá. — Ruby completa.
— Uau! Deve ser incrível trabalhar com eles né? — indaga sem tirar os olhos das duas crianças que tagarelavam sobre algo. — Bom, eu adoro crianças e já estou apaixonada pela Valentina.
— A Tina é um amor, um verdadeiro anjo. Eu adoro cuidar deles, apesar de aprontarem bastante, mas são crianças especiais e precisam muito de amor. — a última parte soa melancólica e Regina quis saber o porquê mas novamente se repreende. Não tinha o direito.
— Roland, vem cá. — a voz de Valentina afasta a morena de seus pensamentos e ela sorri ao ver que os dois caminham em direção a ela. — Land, essa é a minha amiga Regina, você pode ser amiga dela também, mas ela é mais minha amiga porque eu conheci primeiro.
Regina solta uma gargalhada e se ajoelha para ficar na altura deles.
— Oi Roland, tudo bem? — ele sorri evidenciando suas lindas covinhas, idênticas a do Robin e Regina se encanta.
O menino cochicha algo no ouvido da Valentina e ela solta uma risada gostosa.
— É mesmo. — diz animada.
— Ei, vocês dois vão ficar de segredinhos? — Regina faz um bico fingindo estar chateada.
— Posso contar pra ela? — Valentina pergunta divertida e o pequeno apenas faz que sim com a cabeça. — Land disse que você é linda e que deveria sair com o papai.
Regina abre a boca e fecha sem saber o que dizer, tinha se esquecido como as crianças podem ser bem diretas quando querem.
— Ei, vocês dois, não podem ficar falando essas coisas. — Ruby chama a atenção deles e Regina olha pra ela.
— Está tudo bem, Ruby, são crianças. — ela volta a encará-los — Obrigada pelo elogio, Roland, você é muito bonito também.
— Obrigado! — fala um pouco envergonhado.
— Bom, vamos? Vocês ainda têm escola hoje.
— Eu posso vir na outra aula, tia Regina?
— Pode vir quando quiser.— a pequena sorri e se atira no colo da professora. — Adorei você, princesse!
— Eu também, tchau, Gina! — e ela corre pra segurar a mão de Ruby.
— Tchau Roland, foi um prazer conhecer você. — o menino sorri de novo e corre para acompanhar as meninas.
Regina observa os três desaparecerem, com um brilho nos olhos e muito encantada. Ela não sabe o motivo mas sente que esses dois seriam muito especiais!
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