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História Meia noite você vai embora - 22:00


Escrita por: PatyNinde

Capítulo 2 - 22:00


Nada nele era deslumbrante. Ela poderia, sendo quem era, tendo o que tinha, escolher quem desejasse. Os Parkinson dominavam a economia do mundo Bruxo, juntamente com os Malfoy e os Zabini. Comprar pessoas era quase uma especialidade.

Mas ele não. Era inatingível mesmo sendo um miserável morto de fome e traidor do sangue. Era inalcançável pois vivia em função dos dois amigos repulsivos. Um mestiço e uma sangue ruim.

Era o brinquedo vagabundo que ela não poderia ter, por todos os motivos existentes.

xx

A primeira vez fora com Draco. Ele fazia jus à sua fama, e às fofocas que circundavam o dormitório das meninas. Saíra com Daphne pelo menos cinco vezes, e ela dera relatos detalhados sobre cada noite que haviam passado juntos.

Pansy às vezes ouvia, noutras apenas mandava a colega calar a boca e fofocar bem longe. Das vezes que ouviu, soube que ele fazia mágica com os dedos, e que dominava toda a dança entre os corpos. Que era adepto dos puxões de cabelo e tapas ardidos.

Pansy não havia tido nenhuma experiência aos catorze anos, e foi Draco quem ensinou o caminho das pedras em seu quarto particular nas masmorras.

Ele a convidou, sabe-se lá o porquê, para acompanha-lo no Baile de inverno, e ela aceitou.

Beberam, dançaram, riram e trocaram pequenas e inocentes carícias. A música era leve, mas constante, assim como as mãos translúcidas de Draco, que não se contentaram com pequenos apertões na cintura esguia de Pansy.

Os dedos percorreram pela seda do vestido verde escuro, e com uma leve pressão convidaram a garota para uma aproximação mais ousada. Ela não negou.

Draco, porém, era frio. Buscava o próprio prazer e tinha pressa. Gabava-se do próprio desempenho e partia.

xx

Ele, porém, era quente como o vermelho e laranja presentes em todo o seu corpo.
E ela descobriu isso no mesmo baile de inverno, quando Malfoy a deixou plantada no meio do salão para proferir insultos à Hermione Granger. Ficara preocupado, o infeliz, por não ter conseguido formular palavras de desprezo quando ela desceu as escadas que davam acesso ao salão príncipal, de mãos dadas com Krum. Malfoy era um imbecil, e provavelmente tinha uma "senhora" tensão sexual não resolvida com Granger.

Ronald Weasley estava feito uma estátua de mármore e quartzo, encostado numa fonte de pequenos querubins harpistas, que insistia em despejar gotículas incômodas de uma água que estava gelada, Pansy julgou pela exasperação do garoto . Não parecia feliz com a felicidade da melhor amiga, pelo contrário, tinha nos olhos uma sede por sangue búlgaro, que fazia com que seus olhos adquirissem uma nuance acinzentada, sombria e colérica.

Ninguém nunca havia olhado para Pansy daquela forma. Um misto de possessão, ressentimento e carinho, sim, carinho. 

Era possessivo, mas não rude e egoísta. Assemelhava-se muito ao olhar de um garoto incompreendido, que vê alguém tomando o que é seu.

Beirava a inocência, se é que ela podia pensar desta forma.

E era horrível.

Horrível porque Hermione Granger não merecia. Não merecia ser olhada daquela forma, admirada, desejada. Ela era a escória, a sujeira, a invasora. Deveria estar vivendo uma vida trouxa, sem sequer saber da existência dos bruxos.

Pansy poderia ter o que quisesse, mas não ele. Ele guardava insultos para quando a encontrasse, ela respondia à altura. Troçava das vestes de segunda mão e do horrível cheiro dos sanduíches feitos pelas mãos da horrorosa senhora ruiva que ele chamava de mãe. E claro, havia o suéter de cor indefinida, tão cafona quanto os demais, bordados para todos os Weasley, como marca da pobreza e natureza chula daquela família traidora.

Mas ele não se sentia inferior. Não se rebaixava com os insultos que saíam dos lábios dela, perfeitamente delineados com um batom violeta. Ele nunca se mostrava abalado, e conseguia proferir insultos muito piores.

Ronald Weasley não tinha olhos para Pansy Parkinson.

Isso era inconcebível.

xx

O baile transcorria normalmente, com a exceção de duas pobres almas atormentadas e solitárias que estavam em lados opostos no salão.

A música estava melosa. Romântica demais para os ouvidos de Pansy. Mas Weasley continuava lá, tão sozinho quanto ela.

O tédio foi a força motriz. E o desejo de atiçar um homem derrubado pelo ciúme foi o que guiou os pés da garota, calçados numa sandália de couro de dragão, até a fonte de querubins, a fim de resolver algumas pendências pessoais.

— Vejo que mais uma vez não vai poder ter alguma coisa que deseja. Não é mesmo, Weasley? — a língua deslizando pelo canino, e um hálito de delírio fumegante chegou até Ronald Weasley, que não fez questão de observar por muito tempo sua recente companhia.

— Vejo que mais uma vez o seu dinheiro não lhe comprou companhia, Parkinson.— o infeliz, filho de uma porca, atestou, como se carregasse consigo todas as verdades da vida. Pansy sentiu a pele esquentar e o coração disparar de puro ódio. — Seu corpo te trai. Você é tão sozinha que tenho pena.

Um riso forçado e os olhos semicerrados como de um felino que prepara o próximo arranhão.

Pansy desejou enterrar as unhas no peito daquele infeliz, mostrar, através de todos os insultos conhecidos, que ele era tão inútil quanto todos os seus duzentos irmãos. Sentiu um ódio desesperado por ele saber exatamente o que ela sabia ser verdade, mas jamais aceitaria.

Seu pai lhe ensinara o valor do dinheiro. Ele comprava pessoas, se assim fosse necessário.

— E você é tão dependente de seus amigos que me dá nojo.

Ele olhou para ela, dessa vez por mais tempo. Não disse nada. Levantou-se e caminhou até a saída, os passos arrastados e displicentes. Ele a estava ignorando. E isso foi suficiente para que ela o seguisse, a fim de esmurra-lo se necessário fosse.

Ninguém ignorava Pansy Parkinson.

xx

Enquanto seguia a figura ruiva que já estava fora do castelo, a garota cambaleava e sentia os dedos dos pés formigarem, o calçado era o culpado. Arrancou então as sandálias e apressou-em em direção à porta.

Caminhou um bocado, e quando já estava desistindo de sua vingança pessoal, avistou o garoto sentado bem próximo ao salgueiro lutador, olhando para o céu,enquanto alguns flocos de neve caíam e se prendiam em alguns fios da cabeleira ruiva.

— Como você é imbecil, Weasley!Acredita mesmo que esse traje ridículo vá te proteger do frio? — o garoto sobressaltou,e girou o corpo para contemplar a dona da voz arrogante que se dirigia à ele, embora soubesse quem era.

— Parkinson... Você está miseravelmente bêbada! Saia daqui antes que morra de hipotermia e eu seja considerado culpado por isso.

— Onde está indo? Não sabe que sair das dependências da escola é proibido? Ou seu cérebro não funciona quando está sozinho?

Ele a ignorou, novamente. Com um comprido pedaço de madeira tocou em algum lugar da árvore e o salgueiro ficou parado. Ela desconhecia esse truque.

Enquanto ele caminhava pelo que parecia uma passagem secreta, ela o seguia, sem saber o que estava fazendo. Colocou a culpa na bebida, embora estivesse plena consciência do que fazia.

— Não acredito que ainda está me seguindo. Quer dar o fora daqui antes que eu lance uma azaração tão forte nessa sua cara de buldogue, que te fará ficar trancada no seu quarto pelo resto da vida!

Ela não tinha cara de buldogue, ele sabia. Poderia reconhecer alguns traços de sensualidade nela, mas era Pansy Parkinson,isso bastava para que nada nela valesse a pena.

— Não saio daqui enquanto não mostrar o que vai fazer. Sabe que posso correr até a escola e contar à todo mundo o que você está tramando e ainda me safar das consequências. Não sabe?

Ter pais influentes era o máximo. Poder usar isso contra Weasley era maravilhoso.

A casa dos gritos. Era para lá que ele estava indo.

— Garota! De uma vez por todas, me deixe em paz! Você não tem amigos? Não tem algo mais empolgante para fazer do que seguir alguém que você odeia?

— Não. Não tenho amigos.

A sinceridade não estava prevista, mas havia ainda uma boa dose de delírio fumegante em seu organismo.

Ele não respondeu, apenas continuou a subir a escada que levava à um dos quartos. Diante do silêncio, ela continuou a segui-lo.

E o encontrou limpando o quarto, removendo grossas camadas de poeira e penas de coruja. Parte do local já estava muito bem arrumada e bastante habitável.

— Não sabia que trabalhava de elfo doméstico nas horas vagas, Weasley. — uma boa dose de deboche preencheu o ambiente quase vazio.— Sei que sua família é pobre, mas rebaixar-se a tanto não é comum, mesmo para um Weasley.

— Não seja burra! Estou guardando dinheiro para comprar este lugar. — ele respondeu distraidamente, como se não se importasse com a presença dela ali, como se ela fosse uma pessoa comum que lhe fazia uma pergunta.

E ela o detestou por isso.

— Não acredito que virá morar aqui com a sangue ruim?!

Ele ficara tão vermelho que as orelhas pareciam uma lareira acesa. Ela tocara no ponto fulcral do problema. Por certo ele tinha planos com ela, a sujeitinha de sangue podre. Já tão novo estava comprando uma casa para viver com ela.Vê-la com o magnífico Victor Krum havia sido um balde de gelo nos sonhos juvenis de Ronald Weasley.

— Tenho nojo de você, Parkinson. Achando que pode pisar em todos Porque tem uma família rica; porque pertence à uma família de sangue puro. Mas não entendi ainda Por quê está aqui. Você possui alguma desordem mental? Ou sua vida está uma merda e você quer tornar a vida das outras pessoas uma merda? Sinto informa-la que não está obtendo sucesso, apenas reforçando sua imagem mesquinha e infeliz.

Ele ficara próximo dela, uma distância mínima e perigosa. Estava enciumado e enfurecido. E ela culpou novamente a bebida por sentir vontade beijar cada ponto laranja em volta do nariz longo e pontudo, mesmo ciente de que tinha total controle de seus atos.

Com um riso frouxo e um gesto obsceno, Pansy chegou perto demais para uma pessoa que dizia odiar todo Weasley que ousasse respirar o mesmo ar que ela. Chegou perto demais, a ponto de descobrir cada cor oculta na íris azulada.

— Eu não sei o que estou fazendo.

Foi a resposta que os lábios, já não tão Violetas, sussuraram. O ar quente e o perfume extremamente adocicado que ela exalou pareciam se espalhar por todo o ambiente.

Com a palma da mão a garota alisou o pescoço salpicado de sardas e num gesto completamente instintivo os dedos entremearam-se nos fios fartos e ruivos.A língua quase felina passeou por toda a linha divisora de pescoço e rosto, até pousar nos lábios cheios e avermelhados.

Ele não reagiu, a princípio.

Mas ela sabia que ele estava gostando.

Ela sempre sabia.

Com a outra mão apalpou as nadegas,e o puxou para si, fazendo pressão com o próprio corpo.

— Ela não sabe fazer isso. Sabe? Ou você nunca tentou? — a voz manhosa, completamente diferente da garota arrogante e cheia de si talvez o tenha convencido de que parar seria má ideia.Por isso as mãos fortes e rudes pegaram os cabelos curtos com força, deixando o pescoço branco e esguio a mostra.

A língua quente e ágil percorreu toda a linha vascularizada, e na jugular se deteve por mais tempo, alternando entre pequenas mordidas e sucções.

— Parkinson... — era a única coisa que saía de seus lábios, enquanto a beijava. Não sabia porque estava ali, deixando-a exercer tamanho controle sobre seu corpo.

Mas sabia que ela seria a distração perfeita para esquecer o caminho que as mãos de Victor Krum trilharam na pele de Hermione, explorando lugares proibidos, fazendo-a se contorcer discretamente na pista de dança, num local onde ninguém poderia vê-los. Mas que ele viu.

E de repente, se ter Pansy Parkinson gemendo em resposta às suas carícias fosse o máximo que obteria naquela noite, não lhe custava nada confraternizar com a inimiga.

Os corpos estavam colados e nada ainda havia sido retirado. Com os dedos ágeis, a garota o guiou até a cama, fazendo com que um pouco de poeira levantasse.

Ela Despiu-se por completo e sentou-se no colo do ruivo, abraçando o corpo do garoto com as pernas, e tirando-lhe apenas a camisa. As unhas desenhavam caminhos no peitoral largo e coberto por finas penugens.

Ele deixou as mãos dela passearem, livres e autoritárias.

Ela era como uma dama dos quadros antigos, não tinha o corpo perfeitamente desenhado. Seus seios eram pequenos e cheios de pequenas pintas, os quadris eram largos e as pernas longas. Não tinha o rosto de buldogue, mas a aparência de uma pessoa que, se sorrisse mais, seria muito mais bela.

As duas mãos apanharam o rosto redondo, e os polegares fizeram um pequeno carinho na curva entre os olhos e o nariz.

Não era egoísta, era contemplativo.

E Pansy sentiu uma coisa estranha se remexer em seu estômago. Uma vertigem inconveniente tomou conta de seu corpo. Em seu íntimo ela sabia que o toque de Ronald Weasley era o responsável por tais sensações, mas admitir certas coisas não era muito o seu forte.

xx

Às 23:45 ela estava deitada sob alguns lençóis. Uma sensação de relaxamento perpassando cada músculo, tendão e ligamentos.

Ele não era famoso pelos corredores da escola. As garotas não exaltavam suas qualidades; não se espalhava nos dormitórios que ele tinha o dom de compreender cada detalhe do corpo feminino.

Mas ele demonstrara saber tudo sobre Pansy Parkinson, mesmo que entre eles houvesse fortes marcas de raiva e inimizade.

Coisas das quais ela sequer sabia sobre seu próprio corpo, ele mostrara conhecer.

Nada se falava sobre Ronald Bilius Weasley.

Mas agora ela não queria que falassem, pois, egoísta como sempre fora, queria ser a única garota em que ele poria as mãos.

— É quase meia noite. — Ele exclamou assustado, enquanto olhava o relógio de pulso,levantando-se com pressa, deixando-a levemente descoberta e a mercê da corrente de ar invernal—.O baile já deve ter acabado. Daqui a pouco darão pela nossa falta.

Não falaram mais nada.

Ela colocou o vestido e refez a maquiagem com um pequeno feitiço aprendido no semanário das bruxas.

O caminho inicial foi refeito, desta vez no mais absoluto silêncio. Sem provocações, discussões, ou perguntas.

Quando chegaram na entrada do castelo o relógio de Rony marcava 23:55. Encararam-se por alguns segundos, selando um acordo tácito.

Quando os ponteiros do relógio marcaram meia noite, ambos estavam novamente reunidos com seus colegas.

Nada havia mudado.

Exceto pelas pequenas impressões digitais nas peles.



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