Droga! O fim de semana acabou! Tenho que voltar para casa, e lembrar da minha vida. Na casa da minha avó, eu sempre esqueço da minha vida real. Tão bom isso! To ansiosa pra voltar lá e passear nos arredores da mansão.
O despertador toca alto, fazendo minha cabeça chacoalhar. Segunda-feira, que chato! Seria melhor se as segundas não existissem, mas pensando bem, se segundas não existissem, terças-feiras seriam igual às segundas, então daria na mesma, enfim... Escola! Que saco!
Meu pai, pra variar, saiu cedo para o trabalho, antes de eu acordar. Vou ter que ir para a escola a pé.
Cheguei exausta na escola, afinal, minha casa fica a uns seis quarteirões do colégio.
Não encontrei a Luka, será que ela não vai vim pra aula hoje? Estava entrando no colégio quando tomo um susto com os gêmeos Kagamine, Rin e Len, eles são engraçados de mais, falam com qualquer um que apareçam na frente deles, são dois loirinhos dos olhos azuis, muito elétricos, parecem robôs movidos a uma bateria infinita.
Rin e Len têm o costume de ficar no portão do colégio dando “boas vindas” para os alunos, mas na verdade, eles sempre assustam as pessoas.
-Ooooooiiiiieeeee... –Disseram os gêmeos em coro.
-Oi crianças! – Disse bagunçando os cabelos dos Kagamine, adoro irritar os dois, ficam mais engraçados ainda.
-Ei! Não faça isso! Fiquei horas no banheiro arrumando esse cabelo. – disse Rin ajeitando o cabelo.
-É verdade! Quase não deu tempo de escovar meus dentes! – disse Len mostrando os dentes.
Len e Rin também são os maiores fofoqueiros do colégio, sabem de tudo o que acontece. Eles devem saber onde a Luka estava!
-Vocês dois sabem onde a Luka Megurine tá?
-A rosada? Eu a vi entrando na sala faz uns dez minutos – disse Len, apontando para a sala – Ela nem fez aquelas brincadeirinhas que costuma fazer com a gente.
Estranho, a Luka não fez nem uma espécie de brincadeira com os Kagamine, muito estranho, ela ama irritar Len e Rin! Fui correndo para a sala para ver o que tinha acontecido.
Cheguei na sala, a Luka tava lendo um livro com o seguinte nome: “Como cuidar de uma família”, eu me assustei, logo pensei e perguntei:
-Luka, você está grávida, foi expulsa de casa e vai ter que formar uma família sozinha? – Disse estranhando o livro que ela lia.
- Não Miku! Tá doida? Meu pai foi demitido! Tá desempregado. – Disse tirando os óculos que ela usa para a leitura.
-Mas sua mãe trabalha? Dá pra sustentar sua família até seu pai arrumar um novo emprego! – Eu disse tentando dar uma explicação aquela atitude de Luka.
-Miku, você lembra do vício em jogos do meu pai? – Me olhou com uma expressão meio triste.
-Claro, como poderia esquecer! Sua família quase perdeu a casa por causa de umas das dívidas do seu pai! Mas ele não tinha parado de jogar? – Perguntei.
-Pois é Miku-chan... Eu e minha mãe descobrimos ontem que meu pai tava jogando em um cassino clandestino. E o pior, ele tá devendo uma alta grana pra um ricasso, por causa das apostas que ele faz, e não temos dinheiro pra pagar nem um terço. – disse a Luka abaixando a cabeça na mesa. E continuou – O patrão, quer dizer, o ex-patrão do meu pai descobriu o vício e o demitiu, e vai ser difícil ele conseguir um novo emprego, pois isso vai queimar o filme dele...
-Nossa Luka, que barra! – disse sem conseguir pensar em algo para animá-la.
Sentei no meu lugar que era atrás da mesa da Luka na última carteira da sala, encostada na janela. Comecei a passar a mão nas costas da Luka, e olhei para a janela, os Kagamine continuavam no portão dando susto nos outros, me distrai.
-Búh! – o inconveniente do Shion me deu um susto que eu até pulei da cadeira.
-Miserável, vai assustar outra! – disse disfarçando o susto que levei – Cadê sua alma gêmea? – disse me referindo ironicamente ao Kamui.
-Não lhe interessa! – Disse o moleque me provocando.
-O que aconteceu com a Megurine? – Shion voltou a atenção à Luka.
-Também não lhe interessa. – Devolvi a resposta mal dada que ele me dera antes.
Faltavam uns cinco minutos para começar a aula, que seria de português. A Luka tava quase chorando, coisa que era raro, ninguém tava notando, pois ela tava com a cabeça abaixa. Mas eis que...
-Olha só, nossa mais querida chata da escola tá chorando! – Kamui chega e vai direto a Luka, para irritá-la.
- Kamui, não tô pra brincadeiras hoje, me deixa em paz se não quiser levar uma surra! – Disse a Luka irritada.
-De quem? – Pergunta ironicamente o rapaz dos cabelos roxos.
- Kamui, dá pra deixar a Luka em paz? – eu disse – Ela não tá bem hoje, tá com problemas familiares, porque infelizmente ela não nasceu montada na grana igual a você e o Shion! – disse apontando pra ele e Shion.
Kamui ficou em silêncio. Vi que o Kaito iria dizer algo para defender o amigo, mas ficou quieto. Deve que se tocou que eu tinha razão.
A aula passou lentamente, a professora de português nos fez recitar sonetos. Coisa que eu amo, mais finjo que odeio para não abalar minha reputação de durona no colégio.
A Luka ficava o tempo todo com uma mecha do cabelo na mão enrolando-o e olhando pela janela, mas na verdade tava pensando em outra coisa. As aulas foram passando.
Chegou a hora do intervalo. eu e Luka não saímos da sala.
-Miku, estou com medo. – diz Luka com os olhos rasos d’água
-Medo? Medo do que? – eu pergunto-a.
-Meu pai com essa dívida enorme, não terá dinheiro para pagar essa escola. Acho que vou parar de estudar aqui!
-Não! Não diga isso Luka! O que seria de mim sem você nessa escola? Sei que é difícil pagar a mensalidade da escola, pro meu pai também é muito difícil. Mas a gente arruma um jeito!
-Não Miku, a gente não arruma um jeito, quando se trata de dinheiro, as coisas mudam, dinheiro não cai do céu ou nasce em árvores.
-Pense positivo, talvez essa cara perdoe a dívida do seu pai.
-Quem dera. – suspirou – Meu pai me disse que minha educação é muito importante, e que não vai me tirar da escola por isso, mas sem dinheiro não tem escola paga. E sem escola paga, não tenho estudo!
-Então acredite em seu pai Luka, você não vai parar de estudar nesse colégio por conta disso!
O intervalo acabou, a aula passou, e eu já tava indo embora para casa a pé.
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