História Memórias - Shake It Out

Hospital de Konoha, 23 de Novembro – 13h50min.

- Oh Deus, você acordou. – uma voz, um pouco familiar, chamou a minha atenção e interrompeu a enfermeira que me atendia. Fazia pouco tempo que eu havia entendido que estava em um hospital. Porque, como e há quanto tempo estou aqui ainda era um mistério. A mulher não respondia claramente nenhuma de minhas perguntas.

- Desde quando ela está acordada? – a tal voz voltou a perguntar. Elas começaram uma conversa, muito confusa, e então outra mulher, a dona da voz, surgiu em minha frente.

- Como se sente? – ela tinha um sorriso no rosto. Com dor, foi o que quis responder.

- O que aconteceu? – perguntei e olhei-a bem, quanto mais forçava minha memória, mais dor sentia.

- Você sofreu um acidente. – ela respondeu com a voz preocupada. – Não se lembra?

- Só lembro-me de um barulho muito alto, uma luz forte... Minha cabeça está doendo. – respondi e ela anotou algumas coisas.

- Você lembra meu nome? – o olhar assustado não passou despercebido por mim.

- Sakura. – eu acho. Estava confuso, mas eu conseguir lembrar. Ela suspirou aliviada.

- Eu vou te dar um remédio para dor. – ela deu uma instrução à outra enfermeira, que imediatamente começou a mexer nos aparelhos ao lado de minha cama. – Depois faremos alguns exames, tudo bem? – assenti. Meus olhos ficaram um pouco mais pesados e percebi que o remédio para dor também me faria dormir.

Sala de espera do Hospital de Konoha, 23 de Novembro – 13h50min.

- Eu vou à cantina, querem algo? – Shikamaru perguntou e ambos negamos, quando ele saiu eu toquei seu ombro, ela hesitou um pouco, porém depois me abraçou.

- O que aconteceu Ino? – perguntei enquanto fazia carinho em seus cabelos. Ela ficou um tempo em silêncio, definitivamente, não queria me contar.

- Eu discuti com Sai. – ela disse baixo. – As coisas não vão bem. – parecia que eu tinha sido sugado para seis meses no passado. – Eu sei que você também não está bem, mas...  Eu estou perdida, Gaara. Sinto-me tão confusa.

Os olhos dela estavam tão tristes que eu senti meu coração sangrar. Queria poder romper o sofrimento dela. Queria contar-lhe a verdade. Queria dizer-lhe que a amo.

- O que ele falou que te destruiu assim? – eu estava irritado, entretanto, não quis demonstrar isso. Ela desviou os olhos, aparentemente constrangida e eu supus que Sai havia dito algo sobre mim ou sobre nós. – Você não devia sofrer assim por alguém que não ama.

Muito menos por alguém que ama, mas isso eu não podia dizer.

Ela arregalou os olhos surpresa e depois me mostrou um sorriso triste. – Não é somente por ele. - Era por mim que sofria, por não saber a verdade? Tudo o que queria era que ela fosse feliz e foi isso que consegui? – Desculpe, eu não lhe contei tudo... Eu estou grávida.

- E não está feliz? - perguntei e ela se encolheu.

- Eu ainda não sei como me sinto. – imagine quando souber que o filho pode não ser do Sai. Como ela reagiria se soubesse que o filho pode ser meu? Ela nem lembra que estávamos juntos. Ela lembra que estava apaixonada por mim?

- Vai ficar tudo bem. - Acariciei seu rosto e ela fechou os olhos. – Você vai descobrir o que fazer...  E, eu não vou embora desta vez, não até que você esteja bem.

- Eu senti falta de você. – ela revelou. - Eu senti tanta saudade disso, eu quis dizer. – se corrigiu.

- Você é tão bonita... – ela sorriu.

Ela continuou de olhos fechados, o rosto estava tão próximo de mim, devido ao abraço em que estávamos... Seus lábios entreabertos quase como um convite. Eu desisti de você, mas não pude resistir. Inclinei um pouco a cabeça e encostei meus lábios nos dela; quando ela não se afastou eu a beijei. Não pensei em consequência alguma.

- Como eu fui tão tolo de deixar você escapar tantas vezes? – os olhos azuis fitaram-me surpresos, ainda próximos devido ao beijo.

- O que você disse? – a voz dela saiu num sussurro.

- Ino. Eu preciso te contar uma coisa. – a atenção dela estava em mim. – Talvez você me odeie depois que eu disser, contraditoriamente, você nunca me perdoaria se eu não contasse.

- Gaara, está me assustando. – ela merecia saber a verdade.

- Me perdoe, por ter sido tão fraco. – pedi e segurei uma de suas mãos. – Me perdoe, por não ter falado antes, em nenhuma das vezes. – não tinha mais volta. – E mesmo que você não lembre que eu já tenha lhe dito isso, mesmo que você lembrasse... Eu amo você.

Sua expressão era indecifrável, uma mistura de sentimentos tão profundos que eu só tinha visto uma vez. Quando tinha dito isso a ela a primeira vez.

- Eu... Eu já ouvir você dizer isso? – ela perguntou com os olhos marejados; ela pôs as mãos nos lábios e se libertou de meu abraço.  – Foi por isso que eu queria me divorciar de Sai?!

Era muita coisa para ela associar, eu só esperava que ela ainda me amasse e que pudesse me perdoar.

- Onde está Shikamaru? – a voz de Sakura nos interrompeu. Apenas quando Ino se virou ela percebeu o que estava acontecendo. - Desculpem atrapalhar. – Ino passou as mãos no rosto disfarçando as lágrimas.

- Está tudo bem. – ela respondeu. – Shikamaru foi à cantina, já deve estar voltando. – Sakura mordeu o lábio inferior e só então eu notei o quanto ela estava agitada.

- O que aconteceu Sakura? – perguntei, e como se por adivinhação Shikamaru chegou ao momento em que ela respondeu.

- Temari acordou. – ela falou devagar e com um pequeno sorriso. Senti um alívio tão grande me invadir que desejei gritar. Shikamaru continuava em silêncio.

- Podemos ir vê-la? – Ino perguntou.

- Ainda não.

- Porque não? – Shikamaru finalmente reagiu.

- Ela acordou há pouco tempo estava confusa e reclamando de dores, aplicamos uma medicação forte, é melhor que ela descanse agora.

- Confusa? – perguntei preocupado. Foi assim que Ino acordou também. – Como ela está realmente?

- O importante é que ela está fora de perigo de vida agora.  – ela olhou rapidamente para Ino. – Entretanto, ainda temos que fazer alguns exames para saber se ela teve sequelas.

- O que isso significa? – Ino questionou.

- Por enquanto... Que o pior já passou, mas não acabou ainda. – ela suspirou. – Se animem um pouco, tudo vai ficar bem. - Porém eu não me sentia mais animado. Ela tinha finalmente acordado, mas o que aconteceria agora? - É melhor avisarem aos outros. – ela sugeriu e depois se virou para Ino. – Quer vir a minha sala?

Ino não me olhou apenas seguiu Sakura em silêncio. Eu queria terminar nossa conversa, entretanto era melhor deixar para outro momento.

- Você fez a coisa certa. – Shikamaru falou depois que as duas saíram, parecia ler meus pensamentos, ou simplesmente não queria pensar que Temari poderia ter o mesmo destino que Ino.

- Como você?... Esqueça. – era obvio que ele tinha percebido.

- O quanto você contou a ela? Sobre vocês? – ele perguntou.

- Apenas sobre o que sinto. Não pude dizer-lhe mais nada.

- Você disse muita coisa. – ele respondeu. – O que você acha que vai acontecer agora? – ele perguntou.

- Eu tenho a impressão que nada vai melhorar. – era a verdade.

- Eu também.

- Precisamos avisar aos outros que ela acordou.  

Residência Yamanaka, 23 de Novembro – 17h15min.

Quando eu entrei na sala de Sakura, longe do olhar de todos, eu me permitir mais uma vez naquele dia, chorar. Era tudo tão devastador. Tão assustador. Era tanta coisa para descobrir de uma única vez. A nossa conversa ainda se repetia em minha mente, como um grito que não cessava.

- Ei, acalme-se um pouco, isso não vai te fazer bem. – ela me estendeu um pouco de água. – Quer falar o que houve?

- Você sabia Sakura? – era uma pergunta retórica, mas eu queria que ela respondesse, no entanto, ela ficou em silêncio. – Que ele me amava?

- Me desculpe, não queríamos que passasse por isso. – ela respondeu. – Gaara achou que ia ser difícil para você descobrir abruptamente que vocês tinham um caso.

- O quê? – ela arregalou os olhos. – O que você disse?

- Ele não falou isso para você? – ela colocou as mãos sobre os lábios. – Perdão Ino.

- Que história é essa Sakura? – perguntei sentindo meus olhos marejarem. – Me diga a verdade, ao menos você.

- Ino, você queria se divorciar por que estava tendo um relacionamento com Gaara. – ela revelou e aquela única frase fez tudo se encaixar.

O modo como Gaara olhava para mim, como parecia triste, eu ter resolvido me divorciar. E eu não lembrava nada disso. Sentia-me suja por ter enganado Sai, mesmo que ele tivesse me enganado depois. Triste por não lembrar-me de nada que passei com Gaara. Ela fez com que eu ficasse no hospital por algum tempo, até que estivesse mais calma e então deixou que eu viesse para casa. Agora eu estava esperando por Sai.

Quando ele chegou, parecia que nada havia acontecido.

- Que bom que está em casa. – ele falou com um sorriso. – Quando ligaram dizendo que Temari havia acordado pensei que você iria para o hospital. – vendo que eu continuava em silêncio ele se interrompeu e olhou ao redor da sala. – Que mala é essa?

- Não da mais. – disse finalmente. - Eu estou indo embora. – fechei minhas mãos tomando coragem.

- Eu pedi que conversássemos antes. – ele largou suas coisas sobre o sofá.

– Eu preciso lhe contar algo... Eu estou grávida Sai.

- Eu já sabia. – ele falou e eu assenti, eu já suspeitava disso. - Você está me dizendo que está grávida e que vai embora? – ele disse incrédulo. – Você não pode estar bem Ino.

- Eu pensei muito em tudo que vivemos, e cheguei à conclusão que não importa o quanto tentássemos, nunca daria certo.

- Você não pode me deixar estando esperando um filho meu! – nenhum sentimento transpassava por sua expressão. – Nós podemos tentar! Com o tempo...

- Eu não sei se é seu. – disse rápido o bastante para que ele não entendesse contraditoriamente ele entendeu. Sakura não tinha dito isso, ou Gaara, mas se eu estava com ele na época em que engravidei era uma possibilidade não é?

- Quem? – Ele perguntou virando-se de costas para mim.

- Gaara.

- Foi por isso! – ele deduziu. – Foi por isso que você quis se separar?

- Me desculpe Sai...

- Vocês continuam? – eu neguei com a cabeça. – Saia daqui Ino... Eu não posso ficar perto de você agora.

Eu não tinha certeza se havia sido a melhor coisa a se fazer, ou a melhor escolha, porém era a mais justa, para nós quatro.

Bar Mitsashi, 23 de Novembro - 18h56min.

Eu tinha decidido dormir um pouco antes de abrir o bar essa noite, agora vejo que foi uma má escolha. Eu tinha sonhado com Neji. No sonho ele se declarava, mas diferente do que aconteceu eu não o neguei, nós acabamos fazendo amor. Um arrepio subiu por minha espinha, ao lembrar.

Entretanto, essa não foi a pior parte, isso veio depois, quando ele apenas levantou e foi embora me deixando sozinha. Como ele fazia com todas as outras. Esse era meu maior medo, e eu não ia deixar que acontecesse comigo.