História Memórias - How Long Will I Love You

Residência Nara, 23 de Setembro – 16h20min. – 11 anos depois.

Olhar aquele álbum de fotos tinha me feito ficar nostálgico e eu acabei relembrando bastante sobre o passado. Tenho certeza que muitos de meus amigos também.

Olhei ao redor e observei Naruto abraçar Hinata protetoramente enquanto seus dois filhos brincavam no jardim.  Sasuke e Sakura conversavam observando a filha que brincava com os filhos de Naruto; Sakura acabou abrindo o próprio hospital, depois que a filha nasceu o que não foi uma surpresa.

Ino tinha lágrimas nos olhos, e quase esmagava a filha mais nova nos braços, enquanto Gaara ria com Inojin, o filho dela com Sai. O garoto era filho de Sai, mas hoje também era filho de Gaara. Somente quando a criança nasceu nós soubemos quem era o verdadeiro pai, entretanto Sai não cumpriu sua promessa e Ino e Gaara cuidaram da criança sem problemas, somente três anos depois eles tiveram outro filho.

Os quatro moravam em Suna agora, eu nunca duvidei que ela aceitaria o pedido dele. Ela o amava desde que se conheceram afinal, e ele tinha lutado para conquista-la e provar seu amor. Mesmo sem nunca ter recuperado as memórias que perdeu, ela conseguiu encontrar seu caminho e seguir em frente. Eles puderam começar de novo e construíram uma vida juntos. 

Demorou um tempo, entretanto, Sai também conseguiu recomeçar com outra pessoa, alguém que finalmente o retribuía. Eles iam a Suna algumas vezes por mês ver Inojin.

Tenten e Neji tiveram um filho, ele era extremamente parecido com o pai. Era algo recorrente nessa geração aparentemente. Ela havia se tornado uma grande empresária assim como Neji, e ele acabou se tornando um grande amigo de seu sócio, Lee. Os dois não haviam mudado praticamente nada, continuavam melhores amigos e era evidente a paixão que nutriam um pelo o outro.

Olhei para o lado e vi Shikadai, meu próprio filho, folheando o álbum com tamanha curiosidade que parecia querer devorar as fotos uma a uma. Não pude conter o sorriso quando ele parou e me encarou. Ele tinha os mesmo olhos excessivamente expressivos que ela.

A foto que ele olhava agora, era do meu segundo primeiro encontro com Temari, pouco depois de ela ter voltado a Konoha para acompanhar as últimas semanas de gravidez de Ino. Aquela foto em si, era um tanto constrangedora.

Centro de Konoha, 20 de Junho – 19h27min. – 11 anos antes.

- Eu não imaginei que você ia me trazer para cá, de todos os lugares. – ela falou assim que finalmente chegamos ao parque. Eu a tinha pedido em namoro ali. Dei de ombros, as mãos nos bolsos.

- Dá para ver as estrelas muito bem nesse lugar. – ela arqueou as sobrancelhas e olhou para o céu. De fato, a noite estava linda. - Quer um sorvete? – ela assentiu.

Caminhamos um ao lado do outro em silêncio, quis segurar a mão dela, porém me detive. Sua expressão era neutra. Dei uma olhada no lugar, havia poucas pessoas por aqui hoje, sentamo-nos em um banco depois de comprarmos o sorvete.

- Você parece bem. – ela comentou. Virei um pouco para o lado, para poder olhar para ela, e Temari parecia muito bem. - Eu já te disse para não olhar para mim assim. – pegue no flagra outra vez, eu nunca conseguiria disfarçar.

- Não é como se eu simplesmente pudesse evitar. - ela corou, contudo, não desviou os olhos. – Você sabe.

- Esqueci que você não consegue se controlar. – provocou. Bom, aquele era um jogo para dois, e eu sabia com atingi-la.

- Não perto de você. – revidei.

- Eu sei. – foi tudo o que ela respondeu. Temari era uma mulher decidida e muito equilibrada, era inocência minha pensar que ela havia vindo para esse encontro despreparada, deixei que ela ganhasse dessa vez, não respondi e demos o assunto como encerrado.

Quando a levei para casa, muito mais tarde, Temari me deu um beijo no rosto e depois de um ‘até mais Nara’ fechou a porta.

Residência Nara, 23 de Setembro – 16h23min. – 11 anos depois.

- Vocês não estavam usando aliança. – ele disse por fim e eu assenti. Esperei que ele perguntasse o porquê, mas não o fez, apenas voltou a olhar para a foto. Buscava algo que pudesse lhe explicar o que tinha acontecido, provavelmente.

Centro de Konoha, 20 de Junho – 20h17min.

Decidimos comer em uma lanchonete pequena, próxima do parque. Cada movimento que ela fazia parecia ter sido pensado especialmente para me enlouquecer. Cada vez que o olhar dela se demorava em mim, eu tinha             que fazer um esforço absurdo para não beija-la e ela sorria vitoriosa.

- Você é má. – afirmei derrotado. – Sabe o que está fazendo não é? – ela deu de ombros.

- E você já deve ter pensado em pelo menos dez maneiras de me fazer parar. – ela respondeu. Eu tinha pensado em quinze. – Mas, você não quer que eu pare realmente.

- Você provavelmente iria gostar de oito das possibilidades. – provoquei e ela meneou a cabeça.

- Tem tanta certeza assim? Então por que não tenta?

Começou uma chuva fina lá fora e eu me escorei na cadeira.

- Eu já disse a você, não brinque comigo mulher.

- Quanto mais você diz isso, mais eu quero jogar. – ela revidou.

Temari não aceitaria perder. Não era sobre quem cairia na provocação do outro primeiro. Ela conhecia-me o suficiente para saber que eu planejei antecipadamente cada momento daquela noite, e ela queria tirar-me do controle.

Levantei da cadeira e fui pagar a conta, quando voltei a nossa mesa ela parecia confusa. – É melhor irmos, antes que a chuva fique mais forte. – expliquei e ela assentiu me seguindo até o carro. Não obstante, o caminho até lá não era tão curto e nós acabamos um tanto molhados.

O caminho até o hotel dela foi tranquilo, o único som que se ouvia era a música no rádio, o encontro terminando muito antes do que eu tinha planejado. Parei o carro no estacionamento do hotel em que ela estava com Gaara.

- A noite foi divertida. – falei e ela virou para mim, após tirar o cinto, pronta para responder, porém sem chance.

Segurei seu queixo e puxei seu rosto para perto do meu, ela arregalou os olhos no processo, beijei-a no rosto, perto de sua boca, lentamente. Uma de minhas mãos estrategicamente acariciando seu pescoço e a outra a envolvendo levemente num abraço. Afastei meu rosto minimamente para que nos olhássemos, nossas bocas quase se tocando. A atmosfera dentro do carro ficando pesada.

- Boa noite Temari. – eu disse e me afastei com um sorriso de canto, enquanto ela ainda permaneceu sem reação por alguns segundos, até entender o que tinha acontecido.

- Muito bom. – ela falou quando se recompôs, negando-se a perder. – Por um breve momento eu pensei que você ia me deixar ganhar de novo. – ela me olhou sugestiva. – Eu até que gostei. – ela definitivamente queria me enlouquecer.

- Temari... – comecei, contudo, fui interrompido pelos lábios dela. Com poucos movimentos ela já estava quase sobre mim, no banco do motorista.

Imprevisível. Essa era a última coisa que imaginei acontecer hoje.

Apertei a cintura dela, pressionando-a contra minha pelve. Ela soltou meu cabelo. Beijei-lhe o pescoço tão forte, que tenho certeza que ficaria uma marca.

Decidida. Quando queria algo Temari conseguia.

Minhas mãos subiram da cintura dela para seus seios. As mãos dela estavam dentro da minha blusa. Ela direcionou os beijos para meu pescoço. Nós estávamos indo rápido demais, de novo.

Fogo. Nós estávamos queimando, e então ela parou. Tão abruptamente tinha se aproximado ela se afastou. Olhei-a confuso e ela estava sorrindo provocativa.

- Não dessa vez Nara. – ela estava ofegante. Sua roupa estava amassada, o penteado havia sido desfeito, e alguns fios de cabelo estavam grudados na pele, pelo suor. Fechei os olhos e respirei fundo, seria cruel se aquilo fosse mais uma provocação. Virei-me para ela e seus olhos diziam que não tinha sido planejado, não era mais um jogo. Éramos apenas nós e nossos desejos. – Ainda não.

Antes que eu pudesse responder ela saiu. Suspirei. Precisaria de alguns minutos para me acalmar. Procurei pelo banco o prendedor do meu cabelo, mas não encontrei. A porta do carro abriu e ela entrou agitada.

- O que foi?

- A Ino vai ter o bebê. – ela meio que gritou e eu dei partida no carro em direção ao hospital.

Residência Nara, 23 de Setembro – 16h27min. – 11 anos depois.

- Foi no dia que Inojin nasceu. – ele constatou e eu assenti. – Hinata ainda estava grávida, enquanto tia Ino tem um bebê nos braços. – ele explicou como chegou àquela conclusão, eu não entendi por que ele gostou tanto dessa foto.

Hospital de Konoha, 20 de Junho – 20h40min.

Quando nós chegamos ao hospital Gaara andava de um lado para o outro na sala de espera, acompanhado por Sasuke e Sakura. Os três olharam para nós com uma cara de espanto. Só então me dei conta de nossa situação.

- Está uma loucura lá fora, com essa chuva. – ela foi mais rápida que eu. Agradeci estarmos encharcados pelo curto caminho que fizemos do estacionamento até a entrada do hospital. – Como está Ino? – ela rapidamente trocou de assunto.

O parto demorou algumas horas, e tivemos que esperar um pouco mais até que pudéssemos entrar para vê-los. Gaara estava emocionado.

- Sai vai querer saber...

- Não se preocupe com isso, amor. – Gaara a interrompeu. Nós dois já tínhamos conversando sobre isso com Sakura e Chouji. Nesse momento, alguma enfermeira já deveria saber o resultado. – Ele é nosso filho, não importa o que um papel diga.

Já eram quase duas horas da madrugada quando eu fui deixar Temari no seu hotel novamente. Dessa vez eu a acompanhei até a porta do apartamento; ela virou-se para mim ainda no corredor, se despediu e entrou.

Dessa vez nós faríamos as coisas devagar, dessa vez eu não a perderia.

Residência Nara, 23 de Setembro – 16h30min. – 11 anos depois.

- Por que vocês estavam sem aliança? – ele perguntou finalmente.

- É uma história longa. – era mesmo. – Talvez sua mãe te conte algum dia. – ele suspirou, mas pareceu aceitar, por enquanto.

Olhei para o jardim e ela nos observava. Continuava linda, na verdade, ela parecia cada vez mais linda. Quando ela sorriu, quis correr até lá e beijá-la e fazê-la minha, no entanto apenas sorri de volta. Temari se aproximou de nós caminhando devagar e eu meneei a cabeça para disfarçar o rubor em meu rosto, era incrível como conseguíamos dizer coisas com olhares, ela sentou ao lado de Shikadai, e arqueou a sobrancelha ao ver qual foto era motivo de minha conversa com o garoto, eu dei de ombros quando ela me olhou questionadora, e ela mudou a página do álbum.

Franzi o cenho ao ver que ela colocou em uma foto que eu não sabia estar ali.  

- O que tem de mais nessa foto? – ele perguntou; quando ela apenas sorriu ele olhou para mim.

- Esse foi o dia em que pedi a mão de sua mãe em casamento. – pela segunda vez. – Faz onze anos hoje. – o vi arregalar os olhos verdes.

- Isso... É incrível! – ele disse empolgado. – Vocês noivaram na mesma data que meu aniversário. – realmente ele puxou muito mais a ela, toda essa energia.

- Já que você falou, temos um presente para você. – ela disse e lhe entregou o tabuleiro de shouji feito com peças de porcelanato.

Shikadai correu para mostrar o presente aos amigos e Temari moveu-se para mais perto de mim, aconchegando-se entre minhas pernas.

- Feliz aniversário, preguiçoso.

Aquela mulher havia aparecido como um furacão em minha vida. Inteligente, provocante, orgulhosa, sexy, ela era perfeita para me ganhar, ela era demais para mim. Ela simplesmente bagunçou a minha vida, e eu não queria que nada fosse diferente.

Ela fez uma leve caricia em minha mão. Cada vez que eu olhava para ela tinha a certeza que tudo o que passamos tinha valido a pena. Eu a amava ainda mais que antes, se isso era possível.

- Feliz aniversário, problemática.