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História Memórias - Segunda chance


Escrita por: LadyNara

Capítulo 4 - Segunda chance


Bar Mitashi, 20 de Novembro - 23h00min.

- Você acha mesmo que ele vai conseguir? – Eu perguntei antes de sair do carro.

- Eu já o vi fazer isso uma vez. Você também.

- São muitos golpes para uma só pessoa.

- Nós dois sabemos o que é isso, e estamos de pé, não é? - ele tirou o cinto de segurança e virou – se para mim. – Me deixe pagar a você uma bebida.

Uma ironia considerando que eu era a dona do bar no qual estávamos. Entramos em silêncio e permanecemos no bar, os dois sentados no balcão, um de frente ao outro.

E começamos a beber. Eu estava cansada, triste, preocupada, mas não ia me permitir falar nada com outra pessoa. Eu sabia o quão difícil estava sendo para todos. Eu não ia simplesmente desabar agora. Cada um tinha seu próprio passado para carregar. Neji me conhecia e sabia que seria assim.

- Sabe... No dia em que descobri que ela estava grávida eu fiquei tão feliz. - Eu estava no terceiro copo. - Ela estava tão assustada, foi a única vez que a vi daquele jeito.

- Você soube antes de todos?

- Somos melhores amigas, morávamos juntas.

- Eles... Estavam felizes de verdade não é? – ele disse e eu larguei o copo vazio sobre a mesa. Foi estranho, no mínimo, até eu perceber que no fundo, todo esse tempo ele esteve sofrendo. Escondendo toda a dor em um rio de mulheres e amargura. - Tenten?

Eu o ouvi perfeitamente, contudo as memórias haviam me engolido outra vez.

Eu sabia que Temari e Shikamaru estavam saindo escondidos, não porque ela me contou, mas porque eu e Ino vimos. Contraditoriamente, quando ela engravidou pegou a todos de surpresa.  - Estavam sim. Ela realmente se apaixonou perdidamente por ele. 

Foi menos de um ano depois do aniversário de Naruto. Perguntei-me por muito tempo se foi pelo o Nara que ela decidiu ficar. Eu já sei que não foi exatamente por ele, ainda assim de algum modo aquilo uniu mais os dois.

Aquele dia eu havia trabalhado no bar a noite inteira e só queria dormir, no entanto, ver Temari tão agitada me preocupou. Eu a observei ir de um lado ao outro da sala seis vezes antes de decidir intervir de alguma maneira.

- Tenten eu não te contei, mas, Shikamaru e eu - ela refletiu um modo de me contar, eu revirei os olhos. - Você já sabe. - ela bufou.

- Vocês não são tão discretos assim. Até Naruto já suspeitou. - Eu ri.

- Acontece que não é isso que quero lhe contar... Eu... - Tudo mudaria para ela e partir dali.

- Acho que é melhor você ir. - Ele estranhou meu pedido, mas não falou nada; apenas levantou e se dirigiu a porta. - Neji... Boa noite. - foi tudo que falei a frase “Você acha que eu também irei encontrar alguém, um dia?” presa em minha garganta.

Eu já havia encontrado.

Hospital de Konoha, 21 de Novembro - 08h45min.

- Shikamaru, alguma novidade? - Gaara perguntou chegando ao hospital.

- Infelizmente não. – esfreguei meus olhos com as costas de minhas mãos. Duas noites acordado finalmente cobrando o preço em meu corpo.

- É melhor você ir para casa e descansar um pouco. - Ele sentou – se na poltrona ao lado da minha. - Tenten deve vir daqui a pouco, não se preocupe.

- Eu... - Ele apenas negou com a cabeça e eu suspirei derrotado. - Estarei no celular.

 Um aceno de cabeça e eu voltei à minha casa. Outro táxi, eu estava evitando dirigir. Naruto ligou algumas vezes para meu celular enquanto estava no caminho para casa, contudo eu não queria falar com ninguém.

Residência Nara, 21 de Novembro - 10h25min.

A campainha tocou pela terceira vez e eu percebi que quem quer que fosse não desistiria. Levantei do sofá e me obriguei a ir abrir a porta. Encontrei um Naruto com o cenho franzido.

- Eu cogitei derrubar sua porta. - Ele falou já entrando. – Você estava dormindo no sofá?

- Sim. - pareceu algo bem pior com o tom que ele usou.

Ele sentou numa poltrona e me estendeu um pacote. - Trouxe café.

- Não, obrigado. - Ainda levaram alguns segundos até que ele desistisse e abandonasse o pacote sobre a mesa. - Veio apenas me deixar café? - Perguntei sem muito ânimo.

- Você sabe que não. - uma pequena pausa. - O que aconteceu com ela foi horrível e...

- Foi sobre o acidente que você veio falar? - O cortei impaciente.

- Vim falar sobre você. - Ele foi direto desta vez. Nós nos encaramos por algum tempo. Ele não é o tipo de cara que escolhe as palavras que deve usar, mas, ele também sabia que não precisava dizer muitas. Eu já sabia o que era. – Estamos preocupados com você.

- Eu estou bem. – Era uma mentira vazia.

- É óbvio que não está. - Ele disse calmo. - Todos estão tristes com o que houve. - Ele olhou para as próprias mãos. – Contudo, você não pode agir como se também estivesse lá.

-Tudo começou no seu aniversário sabia? – ele abriu a boca num “o”. – Quando nos encontramos na sua festa eu nunca teria imaginado que seria ela. – recordar o passado era tão fácil antes do que aconteceu. – Iniciou-se com um flerte, uma brincadeira, eu jamais pensei que ela mudaria minha vida.

- Vocês podem recomeçar.

- Quando ela me contou foi o dia mais feliz da minha vida.

Ela não deixou o orgulho de lado nem nesse momento, mas eu podia ver nos seus olhos o quanto estava nervosa. A surpresa em sua feição quando eu a abracei. O seu riso quando entendeu o que eu lhe propunha.

Apartamento do Shikamaru, 04 de Novembro – Um ano antes.

A campainha tocou uma única vez, ela entrou em meu apartamento sem dizer uma única palavra e estava seria.

- Aconteceu alguma coisa? - Ela morreu o lábio. – Você vai voltar para Suna?

- Quer se ver livre de mim? - Ela perguntou debochada, mas seu olhar a denunciara pela primeira vez.  - Eu tenho algo a contar para você.

- O quê aconteceu, mulher? - ela estava me assustando sem fazer nada. Problemática.

- Eu estou grávida. – sem mais rodeios. A voz firme. A pose de inabalável. A única coisa que a denunciava eram seus olhos. - De você.

Residência Nara, 21 de Novembro - 11h00min.

E então, abruptamente tudo desmoronou. Nós tentamos passar por aquela situação juntos, mas parecia que estar com o outro fazia lembrar o que tínhamos perdido.

- Shikamaru...

- O que você quer que eu faça? 

- Eu realmente não sei. - Ele respirou fundo. - Mas, não acho que seja isso. Quero dizer, o que ela pensaria de você agora?

- O que ela pensou de mim esse todo?

- Você não é o tipo de pessoa que cai fácil. Ela sabe disso. Talvez você só precise por para fora tudo o que tem guardado esse tempo todo.

- A dor transforma as pessoas. - Eu não tinha mais alguém para dizer que caminho eu devia seguir. Meus mentores já haviam partido. – Eu já tive perdas de mais. Nunca vou me perdoar por aquilo. - Eu sentia como se ela também nunca fosse me perdoar. - Você não faz ideia do que é. Da dor que é.

- Isso é tudo? - Naruto estava mais serio que em qualquer outro momento até agora. – Todos nós tivemos perdas, mas não desistimos isso é o que nos faz forte. Além do mais, é claro que ela vai ficar bem, afinal quantas vezes essa mulher já nos surpreendeu? - Eu o olhei e ele tinha um sorriso largo.

Bar Mitashi, 21 de Novembro - 11h25min.

Acordei com dor de cabeça e a garganta seca. Céus, como eu estava de ressaca depois de três doses? Olhei o relógio e constatei que havia perdido a hora. Liguei para Neji e pedi que ele viesse a minha casa em alguns minutos para irmos ao hospital. Quando estava descendo para o bar, ele chegou. Pontual como sempre.

- O que aconteceu? - Ele perguntou a me ver.

- Eu preciso comer. – reclamei e ele assentiu. No caminho para o hospital ele parou o carro em uma cafeteria.

- Não sabia que ainda tinha essa blusa. - Ele comentou depois de um longo silêncio entre nós.

Eu olhei para a blusa que estava usando, era uma blusa dele que eu havia pegue emprestada há muito tempo. Dei de ombros tentando disfarçar a vergonha. Então, ele começou a rir.

- Do que você está rindo? - perguntei emburrada.

Em resposta a minha pergunta, ele apenas levou a mão ao meu rosto e passou o dedo no canto de minha boca. Parecia que eu levava choques.

- Você se sujou. - Ele disse calmamente.

- Não tem graça.

- É claro que tem. Você ficou vermelha. Faz muito tempo que eu não vejo você assim.

- Não está querendo usar seus truques baratos comigo, está? - eu brinquei e ele sorriu. Uma única palavra e eu daria a ele o mundo.

- Você não cairia em nenhum deles, por mais que eu tentasse. - O que ele queria dizer com aquilo? Eu havia entendido certo? - Além do que, se eu fizesse isso, não poderíamos mais ser amigos.

É claro que não, mais uma vez, era apenas eu confundindo as coisas. Meu celular tocou e eu me apressei em atender, falei o tempo todo sob o olhar atento de Neji.

- Quem era? - ele perguntou depois de acertar a conta com a garçonete.

- Ino. Ela pediu para ir conosco até o hospital. - ele assentiu e fomos em silêncio até o carro dele, ambos tentando ignorar o olhar nada discreto da garçonete sobre ele.

- Aquela pobre garçonete vai sonhar com você. - eu disse quando entramos no carro.

- Bom, quem sabe eu volte aqui depois. - ele disse como se não fosse nada importante.

Eu não o respondi, não poderia. Finalmente havia chegado o momento que eu evitei por tanto tempo, eu não conseguia mais ignorar ou disfarçar. A todo o custo deixei meus sentimentos amorosos por Neji de lado e construí com ele uma amizade, porém eu não conseguia mais, eu desejava mais e merecia mais, mesmo que não fosse com ele.

Quando chegamos à casa de Ino, ela já estava nos esperando e logo estávamos mais uma vez a caminho do hospital.

- Aconteceu algo? - ela perguntou depois de alguns minutos de completo silêncio dentro do veículo.

 - Não. - eu respondi e Neji virou levemente o rosto para mim, com a sobrancelha arqueada, eu desviei meus olhos.

Estava tudo virado de ponta a cabeça e eu me perguntava se, algum dia, as coisas ficariam bem para todos nós.


Notas Finais


Já estava com saudades amores <3


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