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História Memórias - Ninguém disse que seria fácil.


Escrita por: LadyNara

Capítulo 9 - Ninguém disse que seria fácil.


Centro de Konoha, 22 de Novembro - 11h49min.

Ouvi em silencio Naruto parabenizar Sai e desejar felicidades. Ouvi Sai dizer que não estavam tentando, mas que já era hora e que queria que a criança se parecesse com ela. Desejei rir de sua atitude e dizer – lhe toda a verdade. Dizer-lhe que o filho do qual se gabava podia ser meu, e provavelmente era. Ino me disse antes de nos tornarmos amantes, que o casamento dos dois já não ia bem. Eu não me orgulhava do que fizemos, entretanto, não me arrependia de nada. Eu só mudaria o fato de ter ido atrás dela tão tarde.

Contraditoriamente, eu também não tinha certeza; apenas Ino poderia saber, mas ela não lembrava mais. Pensei se ela realmente estaria tão feliz como ele parecia estar. Sentia-me a beira do precipício agora. Valia a pena contar a verdade e arriscar o casamento dela? Casamento que iria acabar para que ela ficasse comigo. Casamento que não ia bem, antes mesmo que eu me intrometesse. Casamento que ela recordava, diferente de mim. Não era apenas a minha felicidade que estava em jogo, era a de Ino. Eu tinha desistido dela e sofro até hoje por isso. Eu seria capaz de desistir outra vez, sabendo que ela estar esperando um filho que pode ser meu?

- Não vai dizer nada, Gaara? – Sai perguntou e Naruto parou de rir.

- Espero que a criança pareça com ela. - Ele ficou sério. - Ela vai ficar feliz se isso acontecer.

- É claro.

Ficamos os três em silêncio. Sai me encarava como se eu não fosse nada demais. A qualquer momento nós começaríamos uma briga, no entanto o toque do meu celular nos interrompeu.

- É a Tenten. – Eu disse e os dois prenderam a respiração. Era ela quem estava no hospital com Temari agora. Atendi e esperei.

- Gaara. - Ela estava chorando. Não. Não. Não. Não. – É a Temari. – Droga.

Hospital de Konoha, 22 de Novembro - 12h20min.

- Acalme-se Tenten. - repeti e apertei meus braços ao redor dela. – Vai ficar tudo bem. - Ela chorava e soluçava baixinho. Quando Shizune nos encontrou, completamente aflita, ela disse que Temari estava tendo uma complicação e a haviam levado a UTI novamente.  – Eu nunca menti pra você não é?

Ela me afastou e continuou de cabeça baixa. - Não.

- Você pode não me aceitar... – Eu nunca a culparia por isso, ao contrário, ela foi tudo o que não mereci quando eu mais precisei e eu errei com ela. – Contudo, ainda somos melhores amigos, Tenten, e eu não vou sair daqui enquanto você precisar de mim – Ela me abraçou novamente e aquilo me confortou mesmo que minimamente.

- Onde ela está? - Gaara chegou acompanhado de Naruto e Sai, eu nunca o vi tão preocupado, era a primeira vez que sua expressão o denunciava, geralmente nenhuma dor transpassava.

- Levaram-na para a UTI. – respondi. - Parece que foi uma arritmia cardíaca. – era difícil dar aquela notícia a ele.

- Não era para ser assim. - Gaara disse baixo. – Ela deveria estar acordando agora e não...

- Alguém já avisou Shikamaru? – Naruto perguntou interrompendo–o. – Você não pode pensar isso agora, Gaara.

- Ele não tem sinal no celular. - Tenten respondeu limpando as lágrimas.

- É melhor não dizer nada a ninguém por enquanto. - Sai falou calmo. – Eu preciso voltar para o trabalho, liguem–me para mandar notícias.

Enquanto ele saía, Tenten voltou a sentar-se na cadeira. Naruto nos olhou e eu desviei os olhos, lembrando a conversa que tivemos ontem. Eu sentei ao lado de Tenten. Gaara sentou no chão com as pernas encolhidas, as duas mãos nos cabelos, os braços apoiados nos joelhos. Nenhuma enfermeira vinha dar notícias. O celular de Naruto tocou, era Hinata, Tenten voltou a levantar afastando-se de mim, poucos minutos se passaram até que Naruto também teve que ir para casa. Ficamos os três no hospital. Já era quase duas da tarde quando Shizune voltou. Seus ombros baixos, o olhar cansado.

Residência Yamanaka, 22 de Novembro – 14h41min.

Algo em minha consciência dizia que as coisas não iam bem, mesmo aparentemente nada estando errado. É verdade que esqueci muitas coisas, mas não esqueci tudo, longe disso. Sai sempre me tratou como a uma rainha, no entanto, nossos problemas eram bem reais. Ele sabia que eu não o amava como ele me amava quando nos casamos e apesar disso, ele conseguia me proporcionar momentos de felicidade, entretanto não foi o suficiente, para nós dois. Então, mesmo com pouco tempo de casados nós nos afastamos gradativamente.

Ele é um bom marido, um bom amigo, um bom homem... Ele vai ser um bom pai, repeti pela terceira vez tentando me convencer. Contudo, aquelas palavras apenas me faziam pensar que viveria uma mentira para sempre. Às vezes era como eu me sentia, vivendo uma mentira.

Peguei o celular, queria falar com Sakura sobre o que tinha sentido conversando com Gaara, sobre o sonho que tive na noite anterior, sobre como ainda nutria um sentimento por ele maior que amizade, e vi uma ligação perdida de Chouji, ele estava morando temporariamente em outra cidade, com a namorada;

Retornei a ligação e não demorou muito até que ele atendesse. - Ino. Estou tentando falar com você faz dias.

- Dias? Eu só vi sua chamada agora. – ele suspirou e eu ouvi alguém o chamando. – Eu posso ligar depois.

- Está tudo bem. Eu só queria saber se você quer continuar com o processo. - Ele disse tranquilamente.

- Que processo? – perguntei nervosa.

- Você não sabe? - Que pergunta era essa, ele sabe que eu perdi a memória. - Você pediu divórcio.

Residência Uzumaki, 22 de Novembro - 15h13min.

Quando saímos do hospital, eu deixei Tenten na academia em que trabalha e automaticamente dirigi até aqui. Eu precisava conversar sobre o que estava acontecendo. Toquei a campainha, depois de dez minutos em frente à porta, pensando se realmente queria o fazer. Internamente, pedi que Naruto não estivesse mais em casa, mesmo sabendo que ele estaria. Para minha sorte, foi justamente ele quem abriu a porta.

- Vou chamar a Hinata. - Ele falou e deixou a porta aberta para que eu entrasse.

- Nem mesmo uma vez você se incomodou? - perguntei a ele, ainda da porta, que parou instantaneamente, no entanto não se deu ao trabalho de se virar. - É tão indiferente assim ao que aconteceu?

- Eu simplesmente confio nela e acredito no amor que ela sente por mim. – ele respondeu e continuou seu caminho. Não demorou muito para que Hinata chegasse à sala.

- Como vai Neji? No que eu posso te ajudar? – eu e Naruto não éramos melhores amigos, entretanto, minha relação com Hinata era agradável. Levou um tempo, mas eu e ela recuperamos nossa amizade.

- Você conversou com Tenten ontem, depois que nos falamos no hospital?

- Já faz uma semana que não nos falamos. Agora que ela pretende abrir a própria academia está sempre ocupada.

- Como? - desde quando ela ia abrir uma academia?

- O que há de errado?

- Eu não sabia. – respondi. – E... Ela descobriu que eu era apaixonado por você. – parecia uma idiotice agora, que eu tivesse levado minha paixão de adolescente tão a sério, que tivesse deixado isso guiar minha vida, tapar meus olhos.

- Foi por isso que ela sumiu. – Ela deduziu. – Naruto disse que vocês dois pareciam bem.

- Não tão bem. - resmunguei. - Eu percebi que gosto dela. - revelei, esperando que entendesse o sentido de minhas palavras.

- Finalmente. - Ela sorriu. – Eu torci por vocês mesmo antes de apresenta-los, não porque eu queria ficar com Naruto ou algo do tipo, mas porque eu sabia que vocês eram certos um para o outro.

- Parece que não. – ela franziu o cenho. – Ela não quer mais saber de mim. Tem outra pessoa. –Hinata negou com a cabeça; parecia um pouco decepcionada.

- Ela é teimosa e orgulhosa como você. Conversa com ela outra vez Neji, diz o que você realmente sente. - Ela sorriu. - Eu sei que ela gosta de você.

- Se existe outra pessoa, então, eu não posso fazer isso com ela. – decidi.

- Se você desiste assim tão fácil, então você realmente não merece tê-la. – Naruto nos interrompeu.

Hospital de Konoha, 22 de Novembro - 16h28min.

Faz mais de uma hora que eu estou sentado aqui nessa cadeira, ninguém diz nada, e o silêncio nos engole. Tenten teve que ir a uma reunião da academia em que trabalha e Neji foi com ela. Gaara continua sentado no chão. Nenhuma enfermeira voltou aqui. Ela continua em risco, então está em observação. Tudo o que aconteceu até que eu chegasse aqui ficava se repetindo em minha mente.

Hospital de Konoha, 22 de Novembro – duas horas antes.

No caminho de volta para casa, meu celular ficou sem bateria, e quando vi a ligação de Tenten, quase uma hora atrás, corri para o hospital. O carro de Naruto e o carro de Neji estavam estacionados lá. Cheguei ao momento em que Shizune lhes dizia o que tinha acontecido. Arritmia. O coração dela tinha falhado. 

- Ela já está estável, mas não sabemos se foi um caso isolado... Ela vai continuar em observação. – Ela dizia tudo com pesar. – Estamos cuidando para que não ocorra outra vez. - nem mesmo ela acreditava nisso.

Observei Tenten abraçar Neji para esconder as lágrimas. Gaara tinha os olhos arregalados. Naruto e Neji eram quem mais se mantinham firmes, quanto a mim, meu próprio coração falhou uma batida agora.

- Eu quero vê-la. – os outros que não tinham notado minha presença ainda, olharam–me assustados. - Quando poderemos vê-la?

- Sinto muito. – Ela negou com a cabeça. - Terão que esperar até que ela possa voltar a receber visitas novamente.

Isso significava que ela estava pior do que realmente ela dizia. O choro de Tenten se intensificou. Shizune saiu em silêncio. Gaara olhava fixamente para o chão, não havia lágrimas em seus olhos, apenas um vazio. Naruto pôs uma mão em seu ombro, demonstrando que estava ali se o amigo precisasse.

Eu queria invadir cada sala daquele hospital atrás dela, no entanto, não tinha forças para tal coisa, um buraco se abria abaixo de mim e eu caia sem resistir.

Hospital de Konoha, 22 de Novembro - 16h30min.

Duas horas e nenhuma novidade. Duas horas de agonia e medo. Suspirei. Quem sabe Sakura poderia vir aqui e descobrir alguma coisa. Não conseguia pensar em nada que ajudasse Gaara, eu também precisava de uma boa notícia.

- Shikamaru? - Era Shizune. A voz dela fez com que Gaara levantasse em um pulo. - Tive permissão para deixar que ela receba uma visita. – Ela deixaria a escolha para nós. - Apenas uma.

- Mas... – Gaara quis rebater.

- Posso tentar que os dois consigam ir, porém vai demorar um pouco. – Ela nos olhou desconfortável. - Quem vai primeiro?

Eu e Gaara nos entreolhamos. - Tudo bem, vá você. - Eu disse antes que ele o fizesse. O vi seguir Shizune o sumir pelos corredores do hospital. Sentei novamente e esperei que ele me trouxesse boas notícias. Liguei para Ino, caixa postal.

Gaara voltou dez minutos depois, sentou – se ao meu lado e respirou fundo. - Obrigado. – Eu apenas assenti. O celular dele tocou, era Kankurou.

- Sim. - ele disse a voz firme e potente. - Não há outro modo? ... Entendo. - pausa para ouvir o outro. - Acabei de vê-la... Ainda não... Entendo. Até logo. - suspirou.

- O que aconteceu? – perguntei, era a conversa mais longa que eu o via ter por telefone.

- Preciso ir a Suna ainda hoje. - Gaara amava aquela cidade, mas ele não queria partir, não com Temari nessa situação e sem ter resolvido sua relação com Ino. - Tentarei voltar amanhã mesmo. Mantenha-me informado.

- Claro. - E então ele saiu. Agora que minha mãe está em minha casa, eu iria passar a noite lá; Hinata é quem ficaria aqui. Voltei a sentar na cadeira fria da sala de visitas. As horas iam passando, pessoas iam e voltavam. Já era por volta das sete da noite quando uma enfermeira parou e olhou para mim.

- Nara? – Ela perguntou e eu assenti. – Você pode ir ver sua esposa agora. - Eu levantei tão rápido quanto podia. Acompanhei-a por um corredor que não conhecia ainda até que ela parou em frente uma porta e deixou que eu passasse. - Você pode ficar por cinco minutos.

Caminhei lentamente até ela. Olhei para as outras camas no lugar, antes ela esteve o tempo todo sozinha. Parei ao lado da cama e olhei-a. Novamente daquele jeito. Notei um aparelho diferente de outrora.

- Você nos deu um susto, mas eu sabia que ia ficar bem. - ela não desistiria, nunca. –Você precisa parar de ser tão problemática e acordar logo mulher. – minha voz já estava ficando embargada. – Nós sabíamos que não seria fácil, entretanto alguém tinha que ter nos dito que seria tão difícil. Tudo seria diferente agora. Aquela nossa conversa tinha que ter sido diferente. Seria diferente se eu a tivesse dito tudo o que sinto. Eu preciso que você saiba.  - Acariciei levemente sua mão, estava quente. - Eu nunca quis tanto poder abraçar você. Você tem que acordar problemática. Você precisa saber...

- Senhor Nara? - a enfermeira voltou. - Tem que sair agora. - irredutível.

- Tudo bem, eu já vou. - Olhei mais uma vez para Temari. -... Que eu amo você. 


Notas Finais


Voltei amoooores <3
E antes de mais nada, Shikamaru *W*
Tem um pouquinho de muitos casais nesse capítulo... E muitas revelações ai.
Ino ia se divorciar mesmo, mas ninguém contou pq será? Neji vai desistir da Tenten? Temari teve uma arritmia e o quadro dela piorou... E agora, o que será que vai acontecer?

Deixem suas opniões gente, é importante!


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