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História Memórias da Guerra: Dias Sombrios - Corpos no Chão, Pássaros no Céu


Escrita por: PietroStark

Notas do Autor


A Segunda Guerra Mundial foi um conflito militar global que durou de 1939 a 1945, envolvendo a maioria das nações do mundo — incluindo todas as grandes potências — organizadas em duas alianças militares opostas: os Aliados e o Eixo. Foi a guerra mais abrangente da história, com mais de 100 milhões de militares mobilizados. Em estado de "guerra total", os principais envolvidos dedicaram toda sua capacidade econômica, industrial e científica a serviço dos esforços de guerra, deixando de lado a distinção entre recursos civis e militares. Marcado por um número significante de ataques contra civis, incluindo o Holocausto e a única vez em que armas nucleares foram utilizadas em combate, foi o conflito mais letal da história da humanidade, resultando entre 50 a mais de 70 milhões de mortes.

Capítulo 1 - Corpos no Chão, Pássaros no Céu


Fanfic / Fanfiction Memórias da Guerra: Dias Sombrios - Corpos no Chão, Pássaros no Céu

CAPÍTULO 01: CORPOS NO CHÃO, PÁSSAROS NO CÉU

DIA D – 6 de junho de 1944 – Omaha, Normandia, França.

A socialização é uma mentira, a selvageria é o verdadeiro estado da humanidade!

Mas uma mentira dita mil vezes torna-se verdade.

 

O jovem Blackburn nunca imaginou que estaria em uma guerra, afinal quem imaginaria? Guerras são poéticas, a famosa luta do bem contra o mal, mas não é bem assim que as coisas funcionam. O mundo é sombrio e cheio de escuridão, os interesses econômicos sempre falam mais alto. As pessoas não querem um herói, elas querem fama, dinheiro, poder, os meios para chegar lá não importam. As pessoas que terão de machucar ou ferir não importam.

O universo é uma constante, cheio de segredos e mistérios, com um ou dois eventos únicos, tão especiais e raros que somente o destino poderia explicar a razão de sua existência, a razão do encontro de dois corpos celestes, o encontro de dois lábios tão distintos, que formam um desenho extraordinário, um beijo formando uma assinatura.

A guerra não é diferente.

Pensaram que eles seriam famosos, ficariam conhecidos, ganhariam ruas com seus nomes nelas, estátuas, um ou dois prédios, medalhas e honrarias, talvez até um automóvel com seu sobrenome. A guerra não trouxe nada disso, além da morte galopando e cantarolando ao sul das montanhas, o fedor dos corpos, o sangue derramado que mancha a areia fofa das praias, antes um amarelo-dourado, agora um vermelho escuro e espesso. O mundo estava sendo pintado de vermelho sangue e ninguém se importou. 

- Sabe garoto, o que você precisa saber é que está indo para um caminho sem volta, espero que você encontre o que perdeu. Espero que se torne um homem. – disse uma voz no fundo da grande sala da pequena casa do jovem Blackburn.

- É, também espero pai. Eu espero que possamos mudar o mundo.

O velho se aproximou, Blackburn estava em pé olhando o quadro da família na parede carmesim.

- A guerra nunca muda. O mundo muda, mas não são as guerras que tornam essa mudança viável, nós somos responsáveis por essa mudança e logo você fará parte disso também. – tocando o ombro do rapaz, o velho observou o quadro e logo se virou para o garoto, fitando seus olhos – Você precisa ser forte e precisa voltar pra nós, sua família. Mostre pra eles quem são os Blackburns!

 

E então veio a explosão e a realidade estava diante de seus olhos mais uma vez, deixando as memórias perdidas em um emaranhado de lembranças.

- Vamos homens, agora, vão, vão! Avancem! – gritou o capitão Hunk de dentro do desembarque.

Os desembarques estavam acontecendo, nos céus os aviões tomavam conta, logo atrás as grandes frotas de navios, milhares deles.

- Blackburn! – grunhiu o capitão puxando o garoto para perto – Volte pra realidade, vamos.

Eles desembarcaram, a água estava gelada, já estavam perto da costa, a areia da praia próxima dali, os alemães começaram a disparar com suas metralhadoras, corpos sem vida foram deixados no chão, a água começou a mudar de cor, aquele barco abriu e milhares começaram a morrer, um após o outro, os homens da primeira linha, milhares de homens morrendo como formigas, tudo aquilo planejado, esperando o porco para o abate.

- Disparem homens, avançar, avançar! O apoio aéreo está se aproximando – esbravejou Hunk.

Nesse momento ambos já estavam pra fora da embarcação, milhares de outros soldados também já se dirigiam pra praia, as roupas molhadas, os céus tomados pela neblina e os aviões.

E então uma explosão...

Blackburn ficou surdo, acabou sendo ferido por estilhaços da explosão, naquele momento poderia ser qualquer coisa, uma granada, mina ou bombardeio. Seu corpo voou por uns 2 metros, caiu na areia fofa, estava zonzo, a dor da pancada e o estilhaço, uma placa de metal, cravada na perna. A dor era intensa, agonizante, mas nada comparado a morfina que recebeu ao dar um giro pelo local, deitado no chão, com o peito pra cima, levantou a cabeça lentamente observando tudo o que acontecia à sua volta, corpos mortos e mutilados, gritos de dor e agonia, tiros e explosões, mal dava para ouvir o som das ondas, deitando a cabeça novamente na areia fitou os céus, os aviões riscavam os ares, como grandes águias negras, bombardeando tudo lá em baixo, os paraquedistas pulavam das aeronaves, tudo aquilo parecia inacreditável demais pra ser verdade, mas era, era sua realidade, só então voltou a si, parando de olhar para os céus agora sua mão apertava a perna, a dor voltara e consigo trouxe os galopes da morte.

- Jimmy, você precisa... – o capitão Hunk foi interrompido, alguma bala acertara em cheio o capacete do cabo Jimmy, matando-o instantaneamente – Droga, Scott! Miller! Onde diabos está o Blackburn? Preciso de ajuda aqui, encostem nos sacos de areia, precisamos aguardar por mais homens, há uma pilha de corpos na esquerda, precisamos acabar com as metralhadoras, Denver preciso de comunicação agora!

- Precisamos de comunicação, senhor, precisamos de comunicação – gritava o cabo Allan do outro lado dos montes de corpos, areia e sangue.

- Homens, contatem o posto Fox, zero, um, um, zero, três, sete, quatorze, precisamos que os nossos rapazes lá de cima nos ajude aqui no campo de batalha, Blackburn? - rugia o capitão Hunk.

Na guerra, não existe o bem e nem o mal, apenas homens. Os Aliados sabiam das atrocidades que os nazistas estavam fazendo com os judeus nos campos de extermínio, todo mundo sabia... ninguém fez nada.

Os homens estavam atordoados, mas uma luta ainda precisava ser travada, e a batalha seria longa. Blackburn com seus dezoito anos, fechou os olhos e apenas esperou, sentindo-se acovardado, mas a verdade é que ele apenas queria sair daquele inferno, fechou os olhos e fugiu da realidade.

Um soldado, antes de tudo, um ser humano, Blackburn foi só mais um de muitos outros jovens com a mesma idade que morreram na guerra, como um porco para o abate, era quebrado, era um objeto quebrado, dispensável.

Naquele recinto ninguém se importou, pessoas se tornavam peças em um enorme tabuleiro, o tabuleiro da morte. Os galopes cessaram, ela havia chegado.

O pai de Jason Blackburn nunca mais veria o filho porque esse nunca mais retornaria para casa.



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