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História "Memórias de Nina Garbo" - Face a Face


Escrita por: ValentinaEli

Notas do Autor


"(...) O que me faz viver é ela. Se tudo o mais acabasse e ela permanecesse, eu continuaria a existir; e, se tudo o mais permanecesse e ela fosse aniquilada, eu não me sentiria mais parte do universo. (...)" Adaptado.

"O Morro dos Ventos Uivantes"

Capítulo 11 - Face a Face


Fanfic / Fanfiction "Memórias de Nina Garbo" - Face a Face

Narrado por Nina

Uma funcionária da casa veio rapidamente limpar a bagunça que fiz. - Você está bem? - Vitor passou a mão pelo meu rosto. - Está pálida, meu amor - minha pele estava úmida por causa do suor frio. - Desculpa, foi sem querer. - minhas mãos estavam bastante trêmulas e até minha voz saía falhada pelo susto.

- Perdoe minha distração. - qualquer que fosse a explicação, nada se aproximaria do verdadeiro motivo de meu estado. - Que vergonha. - exclamei.

- Imagina, minha querida, isso acontece. - deu um beijo doce em meus lábios. - os demais convidados, animados com o jantar, viram uma cena comum, uma mulher que por um deslize ou mesmo desatenção, deixou a taça de sua bebida cair, mas somente eu, sabia que meu coração também tinha caído junto, como aqueles cacos espalhados pelo mármore. Otávio ficou exatamente no mesmo lugar, estático, sem deixar de me olhar por um segundo sequer. Seus olhos azuis, porém, já não brilhavam como antes e sobre eles, pairava um olhar perdido e triste, estava um pouco mais magro e sua barba tinha um cumprimento maior do que o de costume, mas ainda continuava o homem lindo pelo qual um dia, no passado, me apaixonei. Vendo minha face de desespero, Marcela se aproximou de mim e segurou minhas mãos.

- Calma Nina. - falou baixinho, ela tentava me consolar. As outras pessoas voltaram a se distrair, pois a música começou a preencher o ambiente, porém num volume mais baixo. Vitor disse aos convidados para continuarem o entretenimento até que o jantar fosse servido e ao som de boa trilha sonora e aperitivos, ninguém notou absolutamente nada.

Narrado por Otávio

Assim que cheguei à casa de Vitor, ouvi vozes animadas brindarem por alguma coisa, ao passar pelo hall de entrada que dava acesso à sala, vi que os demais convidados erguiam suas taças e escutavam atenciosamente o anfitrião pedir uma mulher em casamento, eu não conseguia ver muita coisa, então andei até eles sem ser notado, todos estavam de costas para mim e ao olhar em volta, reparei numa mulher bastante conhecida, Marcela, comecei a estranhar sua presença alí, porque com certeza uma outra pessoa poderia estar com ela, alguém que eu não via a muitos meses, motivo de minhas insonias e solidão, de meu arrependimento. Só tive mesmo a prova de que minha intuição estava exata quando Vitor ergueu um brinde em minha homenagem e tive me que aproximar fazendo com que todos os que alí estavam, voltassem seus olhares para mim. Tentei processar a informação rapidamente, relutei em acreditar na cena que vi, Nina, a minha Nina, a mulher que eu acabei ferindo por meu orgulho e insegurança, que perdi definitivamente, foi pedida em casamento, pois Vitor estava ao lado dela e deu-lhe um beijo na boca para tentar acalmá-la pela queda da taça. Ele era meu cliente a um tempo, nos tornamos mais próximos nos dois últimos meses antes da inauguração do La Nuit e como forma de agradecimento pelos serviços prestados pela minha empresa nesta obra, ele me convidou para este jantar, mas antes eu não tivesse aceitado, assim não sofreria tanto.

Uma moça que servia as bebidas numa bandeija se aproximou de mim e aproveitei para pegar uma taça de champagne, tomei um gole do líquido que ao invés de descer doce pela minha garganta, inundou-me amargamente trazendo o gosto do passado. Nina sentou-se no sofá ao lado de Marcela, as duas pareciam cochichar algumas coisas, certamente era por causa de minha presença. Enquanto isso, Vitor veio em minha direção.

- Chegou na hora certa, Otávio. - nos abraçamos com tapas nas costas. - Obrigado pelo convite. - tentei mostrar animação. - Estou noivo. - ele riu ansioso.

- Meus parabéns, felicidades ao casal. - estou num pesadelo e ele parece eufórico com o noivado. - Vem cá, quero te apresentar à mulher da minha vida. - à essa altura eu estava prestes a explodir de raiva, de remorso, de dor, mas o acompanhei e tentei não transparecer nada do que estava sentindo pelo menos até sair dalí e precisava fazer isso o mais rápido possível, contudo, teria que ficar para o jantar.

- Nina. - ele a chamou. A mesma ergueu a cabeça bem devagar. - Consegue levantar? - perguntou ao mesmo tempo que a ajudava a se colocar de pé, agora ficamos face a face, um calafrio agonizante saiu de minha espinha em direção ao meu ventre. - Estou sim, não se preocupe, foi só um mal estar passageiro. - eu sabia que seu olhar era de aflição, mas ela disfarçou.

- Lembra que te falei de meu arquiteto. - ela esboçou um sorriso forçado sem mostrar os dentes. - Claro que lembro. - era nítida a tensão entre nós, entretanto, Vitor nada percebeu, sua felicidade pelo momento era imensa e ele não enxergou o óbvio, para meu alívio.

- Aqui está ele. - riu descontraído. - Otávio Cesar Finnegan. - deu ênfase em meu nome e bateu de leve com a mão direita em meu ombro. - Otávio, esta é minha noiva, Nina. - disse dando um beijo na maçã de seu rosto, essa situação toda não está me fazendo bem, pois sinto um terrível enjôo dar os primeiros indícios em meu corpo. Não sabia o que fazer, podia dizer que já nos conhecíamos ou fingir que era a primeira vez que a via. Optei pela segunda opção e estendi a mão para ela.

- É um grande prazer. - engoli seco por causa das palavras mentirosas que saem de minha boca, nos conhecemos intimamente, é a mulher que eu amo. Ela demorou a cair em si, mas passados alguns longos segundos, sutilmente apertou minha mão e depois de oito meses a toquei de novo, a sensação que eu tenho agora é indescritível, intensa, meu coração palpita e minha respiração é profunda. Nossas mãos ficaram unidas e apertei-a de leve carinhosamente.

- O prazer é meu. - sua linda voz, porém firme e até com um tom de descaso ecoou em meus ouvidos, então desfizemos o aperto de mãos. - Nina, tenho certeza que o Otávio pode avaliar o projeto arquitetônico de sua casa. Sei que você é louca por reformas. - ela o fitou séria enquanto ele tomava um pouco de champagne. - Deculpe, já tenho um arquiteto em vista. - foi enfática. - Sem ofensas senhor Finnegan. - me encarou. - Não por isso. - sorri tímido tentando deixar o clíma mais ameno. - Não, não, faço questão do melhor arquiteto do Rio de Janeiro estar à frente do projeto, Nina. - ele insistia. - Existem outros colegas que posso indicar. - não queria causar constrangimento. - Não mesmo Otávio, vou te levar para conhecer a casa dela e você nos dá uma opinião a cerca da reforma. - ele parece controlador e ela, para evitar um mal entendido, ficou quieta. - Olha, você pode levar a planta para eu analisar em meu escritório e posso te apresentar um ótimo arquiteto de minha confiança. - Vitor se mostra irredutível como se quisesse realmente que só eu faça o trabalho. 

- Nina e eu vamos conversar, eu te ligo para marcamos a visita. - ela parecia não acreditar na situação. - Tudo bem pra você, amor? - ele esperou a reposta dela. - Sim. - a resposta saiu carregada e ela desviava o olhar. - Ótimo. - estava satisfeito. Sorrateiramente, a governanta se aproximou e falou alguma coisa bem próxima de Vitor, inaudível. - Vocês me dão licença, preciso fazer uma ligação e já volto, Nina você pode fazer companhia para o Otávio. - disse ao se afastar de nós.

À medida em que ela se ausentava de nossa companhia, um nervosismo começou a percorrer meu corpo, quero falar alguma coisa, mas não sei ao certo o que dizer. Ela me olhou profundamente com face de ira e seus lindos olhos verdes estavam um pouco avermelhados, como se quisessem chorar.

- Não ouse ir até a minha casa. - falou num tom sério. - Diga a ele que você não pode aceitar o projeto, invente qualquer coisa, mas não pise os pés lá. - eu ouvia suas ordens atentamente. - Fique tranquila, não vou pegar o projeto. - mal terminei de falar e ela deu as costas para mim, indo em direção a uma varanda, fiz menção de ir atrás dela, mas seu amigo Juan se colocou no meu caminho, ele estava próximo à Marcela. - Deixa ela em paz. - me fuzilou com os olhos. - Eu não vou fazer mal a ela. - falei calmo. - Parem com isso. - Marcela se colocou no meio de nós. Ela sabia, olhando em meus olhos, que eu precisava falar com a Nina, contudo também sei que esse não é o momento certo, mas não ia conseguir me conter. - Fica longe dela, esse é um dia especial, se você estragar isso eu não respondo por mim. - ele continuou alterado, porém, falava baixo pra ninguém ouvir. - É melhor você sair do meu caminho, rapaz. - não suporto à maneira com que ele fala comigo. - Juan, vem comigo. - Marcela o chamou puxando-o discretamente pelo braço. - A Nina é uma mulher adulta, deixa ela resolver isso. - ele se retirou do meu caminho. - Está avisado. - ele disse antes se sair. - Obrigado, Marcela. - ela era a única pessoa que entendia minha história. - Otávio, não faça eu me arrepender disso. - assenti positivamente e ela seguiu Juan.

As outras pessoas estavam conversando extremamente distraídas e aproveitei para ir atrás dela. Ao chegar à porta que dava para a varanda vi que ela estava com os braços apoiados no parapeito, olhava fixamente para céu nublado, o cheiro da chuva já anunciava a possível tempestade a caminho, olhei para trás para ver se alguém estava vindo e quando constatei que não tinha ninguém, caminhei em sua direção sem fazer ruído, tomei coragem e chamei por ela.

- Nina. - tive medo de sua reação. Ela se virou e me encarou. - O que você quer aqui? - foi rude. - Podemos conversar? - ergueu a cabeça olhando para o alto e suspirou. - Se você tiver o mínimo de vergonha na cara se despede do Vitor e vai embora. - sei que ela tinha razões suficientes para me tratar com desprezo, mas suas palavras me atingem como um punhal afiado. - Eu só quero te pedir perdão. - ela riu ironicamente. - Agora? - se alterou de imediato. - O seu tempo acabou, Finnegan, engula o seu pedido de perdão e nunca mais me dirija a palavra. - se aproximou furiosíssima, senti um nó em minha garganta, queria que ela ouvisse pelo menos que sinto muito por tudo o que a fiz passar, de algum jeito eu queria me redimir.

- Eu só preciso de um minuto da sua atenção, por favor. - supliquei, ela está agindo como eu a meses atrás, não me deixando dizer uma palavra sequer.

- Você teve praticamente uma vida inteira pra se redimir, não quero ouvir mais nada que venha de você, tenho nojo até da sua voz. - apesar de todos os meus erros nunca imaginei que chegaria ao fundo do poço, seu olhar sobre mim arranca a única capa que esconde minha alma dilacerada. Mais uma dor a mais ou uma a menos nessa altura de minha vida só me faz perceber que o sentimento que se abateu sobre mim a meses atrás não é pior do que esse que sinto agora.

- Eu só vou dizer uma vez, aquele homem lá dentro. - disse apontando o dedo em direção à sala. - É o homem que eu amo. - senti uma fisgada em meu peito difícil de suportar. - Ele me faz muito feliz e é com ele que eu vou me casar. - não consigo responder, nem ao menos articular uma mísera palavra. Ficamos em silêncio por uns minutos, nossos olhos se perderam um no outro e eu não pude segurar um lágrima que caiu lentamente por minha face, tratei logo de secá-la para não demonstrar tanta fraqueza, pois esta já me acomete a oito mese. 

- Seu choro não me comove. - falou com desdém. - Que você pague cada lágrima que eu derramei, cada minuto que eu passei naquele hospital, pela morte do nosso filho, por todo mal que você me fez. - sua voz soou alta e  embargada. - Eu já estou pagando, Nina. - falei pesadamente, então, ouvimos a voz de Vitor na sala chamando os convidados para o jantar. Ela rapidamente foi direção à porta.

- Nina. - ela parou de costas para mim. 

- Seja muito feliz. - desejei e ao mesmo tempo sofri. Sem olhar para trás ela saiu. Fiquei alí só o tempo de passar as mãos pelo rosto para me recompor, depois segui para a sala de jantar. Para minha surpresa, o lugar que Vitor reservou para que eu sentasse foi de frente para ela, enquanto ele estava à cabeceira e ela, ao seu lado. Era uma mesa enorme, todos os que estavam presentes se acomodaram e em seguida o jantar foi servido, o banquete estava maravilhoso, tudo foi preparado com instrução de Vitor, ele realmente era um gastrônomo e tanto, todos conversavam descontraídamente e os assuntos se cruzavam de forma espontânea, mais eu estava um pouco deslocado e para minha inquietação, sentia o enjôo voltar mais uma vez, embrulhando meu estômago, não conseguia falar quase nada e a visão dela à minha frente me deixava demasiadamente sem jeito, por diversas vezes nossos olhares se encontravam e meu corpo estremecia por isso.

- Otávio, aquilo já está quase resolvido não é mesmo?. - Vitor falou baixo olhando pra mim. - Vou descobrir na semana que vem - sabia exatamente do que se referia. - Tem certeza de que está tudo bem? - ele conversava comigo e Nina prestava atenção de forma disfarçada na conversa. - Absoluta. - respondi e mais uma vez omiti os fatos. O assunto mudou para o meu alívio, e Vitor tentava animar Nina, que se mostrava um tanto impaciente. - Está calada meu amor, aconteceu alguma coisa? - já estávamos saboreando a sobremesa e finalizando o jantar maravilhoso. - Só estou um pouco cansada, amanhã acordo cedo para uma audiência, tenho que estar no escritório antes das sete. - ele sorriu para ela afagando sua mão que repousava sobre a mesa. Eu permaneci a maior parte do jantar em silêncio e só falava quando Vitor iniciava algum assunto, conhecia pouquíssimas pessoas e o clíma de tensão entre Nina e eu me deixou a noite toda suando frio. Ao término do jantar, seguimos para a sala de estar e alguns convidados já estavam indo embora, outros, foram para a sala de jogos, próxima à sala onde estávamos. Nina sentou-se perto de Marcela e Juan, eu sentei numa poltrona mais afastada, para minha sorte, Fernando Duarte, o engenheiro da obra, que também é meu colega a bastante tempo estava lá e pude conversar um pouco para me distrair. Vitor se despediu de algumas pessoas e logo voltou à nossa companhia.

- Que tal uma rodada de sinuca? - sua empolgação para o jogo de bilhar fez com que Fernando levantasse todo animado. - Eu topo. - o engenheiro seguiu para sala de jogos onde os outros convidados já competiam. 

- Meninas. - ele se voltou para Nina, Marcela e uma outra mulher que havia se juntado à elas. - Não meu amor, já tenho que ir. - Nina levantou-se e abraçou o noivo que a envolveu em seus braços. - Nina. - olhou as horas em seu relógio de pulso. - Ainda é muito cedo. - ele estranhou. - Eu sei, mas estou um pouco indisposta. - ele segurou o rosto dela com as duas mãos. - Eu te levo. - Marcela e Juan também já estavam indo embora. - Nós cuidamos dela pra você. - ele sorriu. - Não há necessidade, é só cansaço do dia mesmo, acreditem. - Nina tentava se explicar.

- Amanhã bem cedo, dou um pulinho do escritório antes de sua audiência e assim que chegar em casa, me ligue. - selaram a despedida com um beijo, eu estava sentado a observar tudo. Nina e Juan se despediram e passaram pela sala em direção à porta sem ao menos olharem para mim, só Marcela fez um sinal de cumprimento com a cabeça. Restamos só eu, Vitor e mais dois casais e uma mulher desacompanhada. Pela insistência dele, tive que jogar uma partida de sinuca que demorou apenas alguns minutos, pois logo fui derrotado, minha distração era tamanha que me perdia no jogo a todo momento, errava a maioria das tacadas e meus oponentes riam de mim, como se eu realmente fosse ruim de jogo. Quando não aguentei mais suportar, me despedi também.

- Você é péssimo Otávio! - Fernando ria demasiadamente de mim. - Não acerta uma. - disse uma das mulheres. - Vocês tiveram sorte de principiante e hoje não estou concentrado. - durante o jogo meus pensamentos estavam todos voltados para Nina, cada detalhe seu vinha em minha mente para me causar devaneios. Todos negaram piamente a tal sorte alegando que sou péssimo jogador mesmo. - Vou querer uma revanche. - brinquei. - Mas preciso ir embora agora. - todos disseram um não em uníssono. - Fica mais um pouco Otávio.

- Preciso mesmo ir. - entreguei meu taco para outro jogador e Vitor me acompanhou até a saída. Nos surpreedemos com a forte chuva que caía, paramos sob o telhado colonial da varanda da frente.

- Te senti aéreo hoje, o que está acontecendo, Otávio. - perguntou preocupado. - Impressão sua. - disfarcei meu desânimo. 

- Está seguindo à risca o que lhe foi dito?

- Desde o início. - entendi a mão e ele logo apertou de maneira firme a minha.

- Eu te ligo amanhã para resolvermos os detalhes que lhe falei do Lá Nuit.

- Certo, vou ficar esperando. - desfizemos o aperto de mãos. - Tchau - corri em direção ao meu carro tentando não me molhar tanto, destravei o mesmo e entrei rapidamente. Em poucos segundos, estava voltando para casa. A estrada era um pouco perigosa e com toda essa chuva, a visão dos demais carros ficava prejudicada, é necessário muita cautela.

Narrado por Nina

Não suportei ficar mais um segundo sequer no mesmo ambiente que Otávio, não conseguia conter meus olhares para ele e por várias vezes ele retribuía com muita intensidade. Meu coração acelerava a cada segundo durante o jantar e Vitor, graças a Deus, não percebeu minha aflição, acreditou que era apenas cansaço. Quando me despedi de Vitor, Marcela, Juan e eu seguimos para nossos respectivos veículos.

- Você sabia Marcela? - parei a impedindo de abrir a porta de seu carro.

- Não Nina. - suspirou. - Quer dizer, eu escutei uma conversa do Vitor pouco antes de você chegar, ele falava do tal arquiteto e no final da conversa escutei o nome dele e de que já estava a caminho. Quando você chegou eu estava mal por isso.

- Devia ter me contado e eu teria ido embora na mesma hora. - alterei meu tom de voz.

- Eu tentei, mas não deu Nina. - sabia que ela não tinha culpa de nada, mas me irritei muito pelo constrangimento. - Eu sei, desculpa. - a abracei fortemente. 

- Calma minha amiga. - ela fazia carinho em minhas costas enquanto Juan não saia de perto de nós, porém não dizia nada, eu sabia da bronca que ele tinha de Otávio depois de saber parcialmente a história toda. - Vai pra casa e descansa. Mais tarde eu te ligo. - assenti positivamente, nos despedimos e sem demora já estávamos na estrada. Marcela e Juan seguem para uma direção diferente da minha e eu, sozinha em meu carro, busco entender as entrelinhas de minha vida. Não demorou muito para que as primeiras gotas de chuva caíssem sobre o parabrisas, em poucos minutos a garoa fina ganhou um volume intenso, geralmente, demoro uns trinta minutos até minha casa, mas dessa vez, por causa da chuva, vou enfrentar um trajeto mais demorado. Já havia me afastado da casa de Vitor o suficiente para adentrar numa estrada cercada por eucaliptos em ambos os lados, haviam curvas estreitas e o tempo bastante nebuloso era um perigo mais do que aparente.

De repente, me assustei quando ouvi um enorme estouro e meu carro deslizou na pista fazendo curvas, pisei no freio e tentei firmar minhas mãos no volante, foi quando o veículo parou buscamente no acostamento e senti minha cabeça se chocar contra o volante me causando uma dor aguda na cabeça. Pensei na hora na causa mais provável e me desesperei, o pneu deve ter furado. Ergui a cabeça com dificuldade, pois a mesma latejava muito, inclinei meu corpo para trás para respirar melhor, aos poucos minha visão turva pela dor foi se acomodando. Olhei a tempestade e depois mirei a estrada um tanto escura, já eram quase 23:30 da noite, sem pensar duas vezes liguei pisca alerta para sinalizar para quem passasse por alí que um veículo estava parado. 

Esperei um pouco até me acalmar e para que a dor amenizasse, quando comecei a me sentir um pouco melhor, tentei desacresitar da hipótese do pneu furado e liguei o carro, que para meu nervosismo não ligou, eu estou aqui, parada no meio do nada, sozinha. Não posso ficar nesta situação, algum carro em alta velocidade pode se chocar contra com meu, peguei meu celular para ligar para o Vitor, só ele pode me ajudar numa hora dessas, me assustei terrivelmente ao constatar que o mesmo estava descarregado, passei a mão por meu rosto não acreditando em tamanha má sorte, num ímpeto, olhei para o retrovisor e vi que os faróis de um carro apontavam um pouco longe, vindo na mesma direção, peguei minha bolsa e desci do carro, a água rapidamente encharcou minha roupa e o frio da noite começou a me castigar, quando o veículo estava mais próximo de mim, fui para o meio da estrada e acenei pedindo ajuda.


Notas Finais


Obrigada por lerem até aqui💜
Espero que tenham gostado😍
Aceito sugestões😘


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