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História "Memórias de Nina Garbo" - A Prisão


Escrita por: ValentinaEli

Notas do Autor


Mais uma vez peço desculpas pela demora, coisa de bloqueio mental mesmo e uma certa correria na vida pessoal. Mas está aí mais um capítulo, só faltam dois para finalizar esta história. Não desistam da Nina e do Otávio, acompanhem o desfecho.

Capítulo 14 - A Prisão


Fanfic / Fanfiction "Memórias de Nina Garbo" - A Prisão

Narrado por Nina

Por alguns milésimos de segundos, meu coração simplesmente parou de bater, não tenho coragem de acreditar na cena que estou presenciando.

- Como é que é? - questionou incrédulo a ordem de prisão, notei seu semblante se transformar instantâneamente ao ouvir o agente.

- Isso mesmo o que senhor ouviu, nos acompanhe por favor. - um dos policiais retirou um par de algemas do coldre de sua cintura e caminhou em direção a Otávio.

- Espera um pouco, deve estar havendo algum engano. - Vítor interveio, porém, eu não consigo usar a advocacia a meu favor, estranhamente me encolhi e acovardei-me, sendo advogada eu deveria fazer alguma coisa ou mesmo falar algo em sua defesa, poderia pelo menos dizer que estou aqui, que vou acompanhá-lo até a delegacia para esclarecer o mal entendido. Mas há um peso enorme sobre meu corpo, movimentar minhas pernas é impossível e nenhuma mísera palavra brota de meus lábios, tantos anos de prática de oratória nos tribunais que agora se esvaem como água.

- Não há engano nenhum, senhor Otávio. - o agente se colocou por trás de dele e segurou seus braços para colocar as algemas.

- Não, me solta. - Finnegan se exaltou, se esquivando do tal homem. - Por que estou sendo preso? - os outros homens tentam o encurralar e eu busco manter a calma, mas sinto meu coração ser dilacerado sem piedade, pois não compreendo ao certo este determinado acontecimento.

- O senhor é acausado de estelionato e lavagem de dinheiro. - engoli seco ao escutar a acusação, é muito grave.

- Isso é mentira, eu nunca faria isso. - ele me olha com suplício, implorando por minha ajuda. O policial tentou novamente algemá-lo, mas ao se negar pela segunda vez, foi pego à força.

- Vai ser melhor para o senhor nos acompanhar de maneira civilizada. - disse um dos PMs, mas Otávio se recusou, tentou se livrar da prisão e de forma brusca os policias o arrastaram para fora do restaurante.

- Me solta, eu sou inocente. - ele grita desesperado enquanto é arrastado pelos homens. Vitor e eu os seguimos, assim como os funcionários do restaurante. As pessoas na rua param para olhar a cena triste, ele reluta em ser levado como um criminoso. Meus olhos marejaram e senti uma terrível dor em meu peito quando seu corpo foi jogado fortemente sobre o capô frio do veículo, enquanto suas mãos foram presas voltadas para trás. Seu rosto foi forçado contra a lataria da viatura com violência e ele anunciava desesperamente ser isento de culpa. Suas feições são de dor pelo modo como é encurralado e li em seus lábios quando pronunciou meu nome sem emitir nenhum som.

- Você tem o direito de permanecer calado. Tudo o que disser poderá ser usado contra você no tribunal. - ele se debate tentando sair dessa situação e o homem da lei faz o seu trabalho, pronunciando em alto e bom som o Miranda Rights.

- Você tem direito a um advogado presente durante qualquer interrogatório. Se você não puder pagar, um defensor público lhe será indicado. - as câmeras de vários celulares estão voltadas para ele, todos filmando o momento mais horrível pelo qual uma pessoa pode passar.

- O senhor entende os seus direitos? - ele não responde, nunca vou esquecer seu pedido de socorro silencioso para mim. Vê-lo nesta situação me paralisa e não sou apta a qualquer ação. Então, literalmente, ele foi jogado no camburão como um animal de rua.

- Otávio, nós vamos ajudar você, calma. - Vitor está muito nervoso com tudo isso, indignado com a ação dos agentes.

Na posição em que foi deixado dentro do pequeno espaço do carro destinado para tal finalidade, quando o mesmo seguir viagem, ele vai se ferir. Uma palpitação horrível está me invadindo, não vou aguentar ver isso por muito tempo. A porta de trás do camburão foi fechada com brutalidade e imediatamente, os policiais partiram, deixando cada um de nós sem esboçar nenhuma reação. Ao notar minha agonia, Vitor passou a mão por meu rosto.

- Nina, está pálida. - sem ao menos dar a ele alguma satisfação por meu quase desfalecimento, dei as costas e segui para a área vip que fica atrás do restaurante, não há ninguém para atrapalhar e eu preciso urgentemente de ar. Sentei em uma das grandes poltronas em volta de uma mesa de centro e abaixei a cabeça passando as mãos por meu rosto. Ouvi os passos de Vitor preencher o ambiente e ele se aproximou de mim.

- Meu amor, está passando mal? - ergui meu rosto para encará-lo e ele sentou em outra poltrona ao meu lado, segurou firme minhas mãos, massageando as mesmas.

- Estou um pouco nervosa, Vítor. Por que ele foi levado daquela forma? - faço perguntas que não serão respondidas por ele.

- Eu também estou perplexo. - exclamou atordoado. - Por que isso teve que acontecer justamente agora, ele não vai aguentar. - o olhei tentando decifrar o que acabara de dizer.

- Como assim ele não vai aguentar? - perguntei cercada por um medo repentino. Vitor fez um silencio perturbador e olhou para o alto em busca de escolher as palavras certas.

- Vitor, pelo amor de Deus, fala. - levantei angustiada e ele se pôs de pé em minha frente.

- Desculpa meu amor, não tenho permissão para falar disso. - ele ia saíndo em direção à porta quando o segurei pelo braço.

- Vitor, eu sou sua noiva, confia em mim. - respirei fundo. - O que está acontecendo? - insisti e por uns instantes ele me olhou profundamente até falar.

- Nina, o Otávio tem câncer. - tudo dentro de mim morreu ao ouvir a verdade, olho para Vitor e parece que estou mirando o nada, de repente tudo ficou cinza e sem vida, as imagens ao meu redor sumiram, me deixando na mais completa escuridão.

- Ei. - senti seus dedos tocarem minha bochecha ao me chamar. - Não queria tocar nesse assunto, ele me proibiu de contar a qualquer pessoa. - exclamou.

- Mas ele disse que era só a hipoglicemia. - minha cabeça dá voltas tentando digerir a informação.

- Ele diz isso quando passa mal na frente das pessoas, eu descobri porque fui insistente, ele desmaiou durante a obra e eu tive que levá-lo ao hospital. - um gosto amargo desce por minha garganta, preciso urgentemente sair daqui.

- Vitor, eu não posso ficar aqui, eu preciso ir embora. - só há uma pessoa capaz de me esclarecer essa história.

- Calma, está transtornada. - ele tenta me acalmar. - Não vou deixar você sair daqui assim. - me abraçou ao advertir.

- Vai na delegacia, Vitor, vai saber o que aconteceu, nós temos que ajudá-lo. - falei efusiva.

- Fica tranquila, amor. - me abraçou. - Eu vou agora mesmo. - selou nossos lábios.

- Eu vou para o escritório, tenho uma audiência daqui algumas horas, depois te ligo para saber mais detalhes. - não omiti nada, porém, desviarei meus passos hoje em busca da verdade. Me despedi de Vitor e saí em direção à casa de Otávio. É impossível conter a angústia por tudo o que vem acontecendo em minha vida, as vezes me pergunto o que fiz de errado, será que pago por algum erro imperdoável? A cena da prisão não sai da minha cabeça, ele precisou de mim e eu nada fiz por ele, o orgulho minou a compaixão e também minha coragem.

Não demorei muito para chegar à casa dele, me recordo muito bem do caminho. Estacionei em frente à mesma e desci do carro, apertei a campainha e rapidamente alguém atendeu, reconheci a voz de Leonora.

- Quem fala? - indagou-me tranquila.

- Leonora, abri, sou eu, Nina. - falei afobada. - Nina, o que está fazendo aqui? - ouvi sua voz de preocupação.

- Pelo amor de Deus, abri Leonora, eu explico. - o portão foi destravado, em seguida eu entrei, ela já estava me esperando aflita na porta de entrada e assim que subi as escadas ela me conduziu para o interior da casa.

- Nina, o Otávio não está aqui, ele. - não permiti que terminasse a frase.

- Ele tem câncer, Leonora. - entrecortei as palavras. - Câncer. - repeti. Ela me fitou pensativa.

- Que história é essa, Nina? - tentou se fazer de desentendida. - Não ouse mentir pra mim, eu já sei de tudo. - falei alto e nervosa. Ela apenas me olhou compadecida antes de suspirar e dizer.

- Ele tem sim. - afirmou triste. - Como você soube disso? - questionou-me curiosa. Minhas pernas fracas não me permitiram ficar mais em pé e sentei no sofá atrás de mim.

- Só me fala o que ele tem. - pedi com os olhos marejados. Ela sentou ao meu lado e segurou minhas mãos, olhando-me compassiva.

- Ele foi diagnosticado com um Melanoma Metastático, Grau IV a um ano e meio atrás. O câncer atingiu o cérebro e ele passou por várias cirurgias, tratamento de quimioterapia. - à medida em que ela fala, minhas lágrimas descem quentes pelo meu rosto. - Quando vocês se encontraram a oito meses atrás, ele estava fazendo aplicações de Interleucina 2. Fez os exames e tudo parecia estar bem. Mas a uns três meses ele começou a passar mal e teve que repetir os exames, eles acharam uma mancha no fígado, ainda não sabem o que é. Ele vai receber o resultado esta semana. - dizem que quando você está prestes a morrer, toda a sua vida passa diante dos seus olhos, mas dessa vez, um pavor tomou conta de mim e fui eu quem vi o filme de minha vida passar diante de mim, a sensação de que meu coração está rasgando e morrendo é agonizante.

- Mas existe cura, não existe? - perguntei triste. - Esses exames não vão dar em nada. - concluí.

- Quando ele descobriu o câncer, ele só tinha cinco por cento de chance de sobrevivência, os médicos disseram que ele tinha no máximo dois ou três meses de vida. Ele conseguiu superar, eu rezo para que o resultado desses exames sejam negativos. - nem sua voz doce e meiga abrandou a "pancada" da revelação.

- Leonora. - chamei-a e a mesma sentou ao meu lado. Preciso ter cuidado com o que vou dizer, ela já é uma senhora e quase mãe dele.

- Eu o vi esta manhã. - ela sorriu, mas logo notou meu abatimento, eu não nem sei o que está se passando comigo agora, são indecifráveis os sentimentos que passam pelo meu coração.

- Vocês se acertaram? - perguntou num tom baixo. - exitei um pouco, mas prossegui. - Aconteceu uma coisa muito delicada. - ela pôs a mão sobre o coração e deu um pequeno sobressalto, minha voz estava extremamente embargada.

- Ele foi levado para uma delegacia. - vi que esboçou uma face de espanto pelo que ouviu.

- Como assim uma delegacia? O que aconteceu com ele? - ela faz inúmeras perguntas e infelizmente, eu não sei responder nenhuma.

- Eu não sei de nada, ele foi levado sob a acusação de estelionato e lavagem de dinheiro. - ela empalideceu diante de mim.

- Isso é um absurdo, ele é íntegro, jamais faria uma barbaridade dessas. - vejo a agonia de Leonora piorar, mas não posso ficar aqui, preciso ir até a delegacia. Conversamos mais um pouco, porém, com muita pressa, me despedi dela dizendo que mandaria notícias e segui em direção à delegacia mais próxima. Mesmo dirigindo, peguei o celular e liguei para Marcela, o mesmo chama insistentemente, só respirei direito quando ela atendeu.

- Alô. - ouvi sua voz despreocupada do outro lado da linha.

- Marcela, pelo amor de Deus eu te liguei uma dez vezes, onde você estava? - perguntei nervosa e antes que ela pudesse responder eu continuei.

- Mande o doutor Marcelo à audiência eu não vou comparecer. - meu coração está muito disparado.

- Ei, fala de devagar, aconteceu alguma coisa? - pediu preocupada.

- Agora não dá, resolva esse problema pra mim, por favor. - pedi e em seguida desliguei o telefone sem ouvir sua resposta. Dirigi o mais rápido que pude e não tardei muito a chegar, assim que adentrei ao estabelecimento, fui direto à sala do delegado, Vitor já estava lá e pela sua cara parecia irado com alguma coisa. Por sorte, conheço o delegado, Rômulo Martins e fui recebida muito bem.

- Doutora Nina, a que devo a honra de sua visita? - apertamos nossas mãos amigavelmente.

- Ela é minha noiva, delegado. - Vitor se apressou respondendo por mim, o abracei e senti sua tensão, inclusive por parte do delegado.

- E o Otávio? Descobriu alguma coisa? - perguntei afobada, preciso vê-lo, saber se está bem.

- Doutora Nina, sente-se. - me acomodei numa cadeira em frente à mesa e o encarei na expectativa.

- Conversei com o senhor Vitor Baron e expliquei toda a situação. Recebemos uma denúncia anônima de que o senhor Otávio César Finnegan - disse olhando para uma ficha em cima da mesa - Fraudou o contrato de prestação de serviço destinado à construção do restaurante La Nuit, ele superfaturou a obra e utilizou a quantia num esquema de lavagem de dinheiro. - notei a face de Vitor enraivecida e segurei sua mão, ele estima muito Otávio. Senti um nó na garganta, minha cabeça está explodindo de dor por causa de tanta informação, um misto de mais uma decepção, raiva e confusão se abateu sobre mim.

- Ele não parece ser o tipo de pessoa capaz de fazer isso. - falei agoniada. - Pode ser uma calúnia, há documentos comprobatórios? testemunhas chaves? Como ele lava esse dinheiro? Eu preciso falar com ele. - me recuso a acreditar em tamanho absurdo, tento achar a lógica na acusação.

- Temos tudo em mãos, doutora Nina, porém, isso será avaliado pela justiça, os documentos ainda são sigilosos. - falou firme.

- O senhor está equivocado, se eu precisar defender o meu noivo eu vou ter acesso a esses papéis. - me axaltei um pouco.

- Meu advogado vai cuidar disso, Nina, acabei de ligar pra ele, está vindo pra cá. - Vitor falou e o encarei surpresa.

- Eu sou advogada, Vitor, além disso sou sua noiva. - protestei. - Eu sei, meu amor, depois você conversa com meu advogado, não queria te envolver nisso, você já tem problemas demais com o escritório. - tentou me tranquilizar, com tudo isso que aconteceu nem procurei rebater ou discutir.

- Você não tinha uma audiência? - questionou-me. - Mandei outro advogado. - disse um pouco aérea.

Esperei durante um bom tempo na delegacia ao lado de Vitor, porém meus pensamentos estavam todos voltados para Otávio. O delegado e o respectivo advogado conversavam, mas eu estava petrificada e só pensava na tragédia épica em que se tornou minha vida, depois de duas horas colhendo o depoimento de Vitor e analisando o inquérito, saímos do local exaustos, Rômulo ainda tinha um longo trabalho pela frente, ouvir o depoimento de Otávio. Vitor voltou para o restaurante acompanhado de seu advogado e eu segui para o escritório. No caminho, as imagens da prisão, de nossa última noite de amor e da notícia do câncer, eram as únicas coisas que preenchiam minha mente, vacilei no trânsito, ouvi várias buzinadas pela minha imprudência e quando estacionei o carro na garagem de meu escritório fiquei um bom tempo dentro do carro até me dar conta de que finalmente havía chegado. Peguei minhas coisas, desci do veículo e passei pela portaria, a recepcionista estendeu alguns papéis para mim mas não peguei, tudo é irrelevante quando comparado ao que estou vivendo. Entrei no elevador, e subi até o andar de minha sala, assim que a porta se abriu, passei pelo corredor do escritório às pressas, sem dar ouvidos ao que quer que fosse. Entrei bufando em minha sala e rapidamente, Marcela veio atrás de mim.

- O que houve? Por que passou pelo corredor daquele jeito? - eu mal ouvia suas perguntas, sentei na poltrona atrás da minha mesa e tentei buscar o mínimo de sentido para minha vida, inclusive ar para respirar, me sinto momentaneamente asfixiada.

- Estou falando com você. - falou mais alto me tirando do transe, sentou-se à minha frente e esperou minha explicação. Sufocada com tudo, decidi que era a hora de explodir de uma vez.

- No dia do jantar do Vitor eu fui para a casa do Otávio, eu transei com ele e agora ele está preso e doente. - joguei todas as informações de uma só vez e embaralhadas, deixando Marcela com cara de espanto e boquiaberta.

- O que? - indagou incrédula e provavelmente sem nada entender.

- Você não está falando coisa com coisa. - me olhou com piedade como se eu estivesse fora de mim.

- Marcela, no caminho para a casa, meu carro quebrou em meio àquela chuva toda e ele me ajudou, eu acabei indo para a casa dele e aconteceu. - ela me ouvia com as duas mãos tampando a boca, tentando digerir tudo. - Ele foi preso hoje, na minha frente e pra acabar comigo, ainda descubro que ele tem câncer. - solucei pela vontade de chorar.

- Como assim preso? - indagou estupefata. - ergueu-se da cadeira e começou a dar passadas pela sala, incomodada pela notícia, mas percebi que havia algo mais.

- Preso, acusado de estelionato e lavagem de dinheiro. - ela me olhou assustada. - Que cara é essa, Marcela? - perguntei achando estranho o seu jeito.

- Nina, eu sabia da doença dele. - falou baixinho e com receio. - Me perdoa por não contar. - passou as mãos pelos cabelos controlando o nervosismo.

- Você sabia que ele estava doente? - o sangue em minhas veias ferveu, Marcela ficou em silêncio com a pergunta. - Você me escondeu isso? - falei áspera e ela suspirou com uma face de arrependimento.

- Nina, o que queria que eu fizesse? Você me proibiu expressamente até de tocar do nome dele, quase brigamos feio por isso, lembra? - ela sempre quis nos unir, sempre tentava me convencer a perdoá-lo, de voltar atrás, porém, a raiva cegou-me a tal ponto de escutar o nome dele e sentir ira.

- Mas isso não podia lhe impedir de me dizer a verdade. - retruquei efusiva.

- Eu não podia contar nada, eu prometi a ele. - explicou com pesar. - Nina, não ia adiantar de nada você saber da doença dele. - continuou. No fundo ela tinha razão, naquele momento eu só queria esquecer que ele existia.

- Mas ainda sim você escolheu mentir pra mim, eu sou sua melhor amiga desde criança. - esbravejei levantando da cadeira e a encarei com raiva, como se um detalhe tivesse me chamado atenção. - Você fez promessas a ele? - caminhei até ela. - Que interesse você tinha nisso? - mil pensamentos indignos passam por minha cabeça.

- O que está insinuando? - disse irritada pelo tom com que falei com ela.

- Você mente pra mim, faz promessas ao Otávio. - pausei. - Eu não preciso insinuar nada. - finalizei.

- Você não tem direito de me tratar assim, de pensar besteiras ao meu respeito, eu não tenho culpa de nada disso, tudo o que eu fiz durante todos esses anos foi apoiar e cuidar de você. - as palavras já saem entrecortadas, está chateada comigo.

- Estou decepcionada com você. - afirmei entristecida. - Com ele. - prossegui.

- Eu não a acredito que está dizendo isso. - falou incrédula. - Somos como irmãs e o Otávio pode ter todos os defeitos do mundo, mas ele não é um bandido, um estelionatário, você o conhece melhor do que eu. Deveria falar com ele, vai precisar de um bom advogado. - a interrompi na hora.

- Falar com ele depois de tudo o que ele me fez? - ri irônica. - Meu defeito é acreditar demais nas pessoas e quanto a defendê-lo, espero que ele apodreça na cadeia. - gritei.

- Não confunda coisas pessoais com isso. - apontou o dedo. - Não é porque sua vida amorosa com ele foi por água a baixo que pode enxergar tudo como reflexo disso. - se exaltou ao dizer.

- Aonde você quer chegar, Marcela? - perguntei ríspida.

- Você está se negando a ajudar o homem que você ama, porque esse seu noivado é uma farsa - ironizou. - Você não ama o Vitor, você ama o Otávio. - a encarei boquiaberta pela ousadia, mas ela continuou. - Eu já vi você defender um colarinho branco, um senador corrupto e não vai defender o Otávio? - questionou-me irritada.

- Você está se preocupando muito com ele, só falta agora vir me dizer que tiveram um caso. - instantâneamente sua mão pesou sobre minha face em um tapa muito forte, fazendo com que ela chorasse na hora. A encarei desacreditada do que fez, minha pele ardia.

- Me respeita, Nina. Se à essa altura da sua vida você dúvida do meu caráter e da minha lealdade, eu não sei o que estou fazendo aqui. - senti meu estômago embrulhar com sua fala.

- Nunca vou esquecer o que você fez, eu não acredito em mais nada na minha vida. - chorei com a mão sobre o rosto, ainda sentindo a dor.

- Que pena eu tenho de você. - falou ressentida. - Eu vou ajudar o Otávio, ele precisa de um advogado, sendo culpado ou não, por que ele também foi amigo - retrucou-me.

- Ele fraudou os documentos do restaurante do Vitor, superfaturou a obra. É esse tipo de homem que você quer defender? - perguntei esquecendo de que já defendi alguns canalhas na vida.

- Eu não acredito nisso. - protestou confiante.

- Ah, então eles estão mentindo, o Otávio é um santo, isso tudo é uma grande conspiração. - exclamei com fúria.

- Eu só sei que ele é uma boa pessoa e isso deve ser uma grande injustiça, essa acusação é muito grave e ele precisa de muita ajuda. - falou indo em direção à porta.

- Marcela, se você ajudar aquele traidor, nossa amizade acaba aqui. - a encarei séria, intimando-a.

- Você não é a Nina que eu conheço, mas fica a vontade para fazer o que quiser. - me olhou entristecida e saiu da sala batendo a porta bruscamente. Angustiada, peguei um vaso de cristal que estava sobre a mesa e o lancei contra a parede, o barulho alto do material estilhaçando denúncia toda a desgraça que é a minha vida.


Notas Finais


Obrigada por lerem até aqui😘
Espero que tenham gostado💙


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