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História "Memórias de Nina Garbo" - Nosso amor de ontem


Escrita por: ValentinaEli

Notas do Autor


Mais um capítulo...

Capítulo 3 - Nosso amor de ontem


Fanfic / Fanfiction "Memórias de Nina Garbo" - Nosso amor de ontem

Saí do carro atordoada. - 

- Era só o que faltava pro meu dia começar...que droga! Falei com raiva indo em direção ao carro da frente. - 

- Tá maluca dona, quer me matar, matar os outros. Olha o que você fez com meu carro, e eu to atrasado pra uma reunião importantíssima!!! - 

- Me deculpe, foi erro meu, vou te dar o meu cartão, eu pago o conserto, não se preocupe. - Dizia isso mas estava aérea com a situação. - Olha... - ele respirou fundo. - 

- Está tudo bem, se machucou? - Não, estou bem! - Na verdade eu estava um pouco confusa, mas tentei me manter sã. - Esquece isso, sem problemas, foi só a lanterna - ele percebeu minha expressão de espanto, me levou até meu carro e me ajudou a fechar a porta. Saiu correndo, devia mesmo estar super atrasado para seu compromisso. 

Quando foi embora, vi que no chão ficou um envelope, deve ter caído da pasta que segurava...saí do carro e peguei, mas já não via nem sinal dele. Tinha que lhe devolver, na pasta estava escrito o nome da empresa que ele trabalhava (OCF: Arquitetura e Urbanismo). 

 Liguei para Marcela urgente e lhe contei o que aconteceu, disse a ela não iria na reunião e que tentasse marcar para outro dia. Passei em casa, tomei um banho, me arrumei e fui direto entregar a pasta para o rapaz (gentileza que eu raramente usava) e de lá iria para o escritório, uma agenda repleta de reuniões me espera. Chegando na tal empresa fui direcionada para o andar superior, mas eu não sabia nem o nome do rapaz, como fui idiota, ele foi gentil comigo...segui em direção à secretária e disse a ela o que aconteceu. Quando escuto: 

 - Olha aí, a moça que bateu no meu carro. O que está fazendo aqui? Ouvi uma voz dizer com extrema surpresa. 

 - Olha, me deculpe por hoje, mas eu tive que vir, deixou isso cair e achei que podia se importante. Mas tenho que ir estou muito apressada, meu rapaz, este é meu cartão, pode mandar a conta que eu pago. - falei num tom gentil, mas não queria descer do salto. Pura educação! 

 - Tudo bem. Não se preocupe. Nada aconteceu! Combinamos assim, ok? Perdoe-me, mas na correria eu nem perguntei seu nome. 

 - Nina, Nina Garbo. E você? 

 - Teodoro Sampaio. Muito prazer! Me disse estendendo a mão. - olha se a senhora não tivesse vindo até aqui eu teria perdido meu emprego, certamente! 

 - Por que rapaz? Até me assustei com a pergunta que fiz, não sou de bater tanto papo com estranhos, mas esse foi um caso a parte. 

- Sem essa pasta eu seria demitido, meu chefe, e inclusive amigo, não acreditou nessa história toda da batida do carro... - disse rindo. Perderia o emprego e o amigo também! 

- Mas, como descobriu onde trabalho? - me perguntou curioso. 

 - Vi esse nome, OCF, e decidi procurar... - ele falou prontamente me interrompendo.

- OCF é meu patrão - sorriu... - e por falar nele. - disse isso olhando por cima dos meus ombros como se um conhecido estivesse vindo em sua direção. Acenou com a mão chamado a tal pessoa... 

- Olha, só assim ele vai acreditar em mim. - ainda não tinha me virado para ver quem era mas antes que eu assim pudesse fazer ele disse:

 - Senhor Finnegan! Aqui está a prova de que lhe disse a verdade. - Finnegan? - pensei e gelei. Fiquei paralisada, não conseguia me mover. Nossa, quantos Finnegans existem no mundo, pare de ser boba. Porém, só o som daquele sobrenome me fazia ter taquicardia. 

 - Aí está você Teodoro! - dizia uma voz rouca e ao mesmo tempo aveludada, porém muito firme, caminhando em nossa direção, uma voz familiar... - você é meu amigo, mas se perdeu aquele documento eu mato você. - falou um pouco sério, mas com um tom de riso.

 - Finnegan, esta é a senhora que colidiu com meu carro. - eu passava a mão pela minha testa, ainda de costas, suava frio. Quando enfim chegou até nós me virei...eu vi a pessoa que mais temia encontrar na minha vida. 

- Esta é a senhora Nina Garbo. Nina, este é o senhor Otávio César Finnegan, meu chefe. - Disse Teodoro aliviado por seu chefe ter a prova que precisava. 

 - Finnegan? - falei baixo e entrecortando as palavras. Ele ficou paralisado, sem reação nenhuma. Eu jamais esqueceria aquele rosto, mesmo que se passassem quarenta anos. 

 O silêncio que pairou entre nós era tão esmagador que dava para ouvir seu coração acelerado. 

 - Ela gentilmente veio devolver minha pasta onde está o documento que o senhor precisa. - disse Teodoro aliviado. 

 - Nina? Você.... - ele não conseguia terminar a frase que saia de dentro dele com um peso enorme. Sua face trabordou mágoa. Percebi seus olhos ficarem avermelhados como quem quer chorar e suspirou profundo pegando a pasta das mãos de Teodoro.

 Quando o elevador se abriu atrás de Teodoro não pensei duas vezes e entrei correndo para dentro dele. Nem deixei o rapaz terminar de falar, ele me olhou sem entender nada. Quando a porta foi se fechando, percebi que Otávio deu dois passos em minha direção, mas as portas enfim se fecharam.

 O elevador ia em direção à garagem. Eu não podia acreditar, nem conseguia respirar, estava tão trêmula, uma coisa estranha me tomara por dentro como se quisesse sair desesperadamente. Não aguentando mais, sem fôlego, chorei. Um choro dolorido que me fez pender o corpo e me senti sem forças. Preciso sair logo daqui, pensei. Minha mente queria me levar a vinte anos atrás e a angústia naquele momento me dominou. Perdi a paz! Saí chorando e cheguei ao estacionamento do prédio, entrei no meu carro e saí sem rumo. Em alta velocidade, meu Deus serei multada, vou causar outro acidente! Sem pensar, acho que dirigi por mais de duas horas, nem vi o tempo passar, dei voltas e voltas sem saber aonde chegar. Só pensava na imagem de Otávio e em seu olhar, cheio de coisas a me dizer. 

Mas enfim, cheguei ao lugar em que podia chorar, já que minha casa está cheia de empregados. Parei o carro em frente a uma construção bem antiga, datada do século XVIII, ficava nas redondezas da capital RJ, foi considerada monumento histórico a pouco tempo, mas antes era só um lugar abandonado. Se localizava em uma parte bem alta de onde podia se observar toda a Baía de Guanabara. Era sem dúvida, o lugar mais lindo de toda a cidade. A casa foi construída toda em medeira rústica e vitrais pintados artesanalmente. Estava fechada a um ano para uma reforma. 

Na minha juventude quando eu me aborrecia ou estava magoada era para cá que eu corria, invadia na calada da noite, não havia guardas ou alarme, e então chorava as tristezas. Ficava alí porque aquela paisagem me acalmava muito. Levei Otávio algumas vezes, ele sabia desse ritual de purificação, como eu costumava chamar. 

 Já passavam das 18hs e o sol se punha calmamente, transformando o horizonte em um belo vitral, rajado, suspenso no ar. Aquele local era um pouco deserto, mas não me detive, entrei da mesma forma como das outras vezes, só que a última foi a dez anos atrás. Empurrei uma das janelas de madeira que levantam para cima e entrei, tudo estava mudado, me espantou a falta de alarme ou de qualquer vestígio de segurança. Parece que o ambiente dava passagem para que eu entrasse, como se me quisesse alí. Havia uma grande mesa de carvalho no centro e muitos móveis antigos restaurados. O lugar estava bem arrumado, foi fechado apenas para a reforma do jardim e da fachada. Subi os três lances de escada para chegar a uma grande sacada no último andar, que me daria a visão privilegiada. Antes da sacada havia uma enorme sala. 

Nesse momento já sem forças e sem nenhum receio de que alguém pudesse me ouvir eu gritei. Um grito ensurdecedor, para lavar a alma. 

 - Deus, estou morrendo por dentro. Me ajuda! - não conseguia nem falar, raciocinar, não sabia mais rezar, tudo em mim doía, tudo, não podia conter as lágrimas e fraca caí sentada no chão...inclinei a cabeça e tentava acalmar minha respiração. 

A porta da sacada estava aberta me dando a visão do entardecer. Foi então que ouvi passos e fiquei atenta, quando me deparei com sua imagem parada na porta à minha frente me vendo caída no chão.

 - Cumprindo seu ritual, não é Nina!


Narrado por Otávio 

 Quando olhei para Nina alí na empresa, parada na minha frente senti meu passado voltar todo como um filme. Vinte anos depois, a mulher que eu mais amei na vida, na verdade, a única que eu verdadeiramente amei e também odiei, estava alí, na minha frente. Um arrepio percorreu toda a extensão da minha espinha, minha alma se dilacerou e eu não era nada mais do que aquele garoto que viu seu grande amor o trair de uma forma horrível. 

 - Finnegan? - ela perguntou abismada. Aquele olhos verdes que eu tanto adorava olhar, agora me fitavam até a alma. 

 - Nina! Você... - essas duas palavras saíram acompanhadas de uma súbita falta de ar...esse nome tão doce que eu pronunciava tantas vezes...como eu sonhei com essa mulher. A olhei e estava muito linda, muito mais do que quando jovem. Havia se tornado uma mulher perfeita...elegante, de enlouquecer qualquer homem só pelo olhar.

Quando a vi sair por aquele elevador, corri para minha sala, e afrouxei o nó da gravata buscando respirar, minha expressão estava mudando, meus olhos marejados, meu coração apertado...um nó na minha garganta surgiu e não contive as lágrimas. Eu era de novo aquele garoto apaixonado. 

 - Não pode ser verdade. meu Deus, o essa mulher faz aqui? Por que tinha que aparecer logo agora. Por que isso mexeu tanto comigo? Me fazia perguntas que não tinham respostas...

 Saí de minha sala e disse a secretária que não voltaria mais naquele dia. Peguei meu carro e segui em direção ao local onde me encontrava com ela na minha juventude. Não sei porque tive a ideia idiota de ir até lá, já que passei tantas vezes de carro e nunca parei. Mas senti o desejo, acho que para chorar sem ser incomodado. Cheguei na casa e fui direto para nosso antigo lugar. Fiquei um bom tempo na sacada olhando a paisagem, tentando entender aquele dia. Já ia embora quando ouvi passos e me assustei quando ouvi um grito muito forte. Era uma voz feminina, chorava e fazia perguntas a si mesma. Eu nunca esqueci essa voz, a escutava sempre soprando em meus ouvidos.

 A lembrança de Nina nunca saiu de minha cabeça, ainda que com remorso, ódio e no fundo, muita saudade. A vi. Senti um choque percorrer meu corpo, eu não conseguia acreditar. Ela estava sentada no chão, como uma pessoa abatida e derrotada pela dor. Os olhos inchados de tanto chorar...ela veio até nosso lugar. Ela está aqui!

 - Cumprindo seu ritual, não é Nina! 

Eu disse num suspiro esperando ouvir sua voz. - O que há comigo? Eu passei anos odiando esta mulher, por que agora quero fitá-la e ainda ouvir sua voz.

 - O que você está fazendo aqui? - perguntou esbravejando, com tamanha fúria que até eu recuei. 

 - Vai embora daqui, me deixa em paz!!! - levantou a cabeça e vi as lágrimas tomarem conta de seu rosto. Dizia isso com uma raiva descomunal.

 - Eu nunca esperei que esse dia fosse chegar, pra eu olhar pra você e ver o quão mal você me fez! - ela disse se levantando, sua visão estava turva pelo choro, então cambaleou e quase caiu, mas fui mais rápido e a segurei pelos braços. A toquei depois de tantos anos. 

 - Tire estas tuas mãos imundas de cima de mim, não me toque... - me empurrou se afastando. Fui acometido por acesso de ira. 

 - Mãos imundas? Mãos imundas? - disse isso indo em sua direção e segurando com força suas mãos contra as minhas. - Que gosto tem essas palavras na sua boca? Porque para uma mulher que se deita comigo numa manhã e transa com outro a noite...minhas mãos estão limpas, Nina. - não acreditei no que acabara de falar, mas senti o gosto amargo do fel. 

 - Você destruiu meus planos. Você me deixou em carne viva! - por mais que eu tentasse as palavras iam saíndo, como uma enxurrada que não pode ser contida. 

 - Seu filho da mãe, seu desgraçado...foi você que acabou com a minha vida, você me destruiu por dentro, não me deu a mínima chance de me explicar. Eu não suporto olhar pra essa sua cara. Você não sabe o quanto eu odeio você, o quanto eu sofri. Você matou todos os meus sentimentos, tudo o que havia de bom em mim não existe mais!!! 

 - Eu acabei com sua vida? Você se lembra do que aconteceu? Dissimulada! Você não mudou nada. Quem se deu ao desfrute foi você...deu para o meu melhor amigo, posando de vagabunda.... - mal terminei de falar, ela de afastou um pouco de mim e senti sua mão me ferir com um tapa. Sua mão era forte e eu me desequilíbrei... - ela ficou pálida, por uns instantes quase parou de respirar. Colocou a mão sobre a boca não acreditando no que tinha feito. 

 Senti minha face queimar em chamas, e vagarosamente voltei meu olhar pra ela num misto de ódio, saudade ou seja lá que nome eu dei para o que estava sentindo e sem pensar direito a empurrei com força contra a parede pressionando meu corpo contra o dela, numa violência quase insana.

 Meu rosto incendiava e eu não estava mais no controle da situação, eu era outro homem. Nenhum de nós respirava direito, senti seu cheiro e fechei os olhos por um segundo...olhei para sua boca tão linda convidativa e num ímpeto desesperado e tomado de loucura, a beijei com volúpia. Ela tentou virar o rosto e sair de meus braços mas eu sou mais forte, mais alto, logo a apertei ainda mais... segurei seu rosto com minhas mãos... 

- Olha pra mim, olha! - disse com fúria. - Nunca mais levante sua mão para me ferir. Você fez isso a vinte anos atrás com maestria. Não vai fazer de novo! - minha voz estava rouca e eu pronunciava as palavras como um sussurro. 

 - Eu odeio você, tenho noj.... - não a deixei terminar, segurei seus cabelos e apertei mais ainda meu corpo sobre o dela. - Não sei o que me mata Nina Garbo, se é o ódio que sinto ou esse amor aqui dentro de mim que não morre nunca... - olhei mais uma vez para sua boca, a beijei! Um beijo violento, repleto de medo, princípiando desejo proibido, reprimido pelos anos...ela deu um longo suspiro e relaxou. Senti suas mãos segurarem meus cabelos dando leves apertos, e ao mesmo tempo, desviavam-se deles e batiam contra o meu peito, numa reprovação redimida. Em seguida apertavam meus ombros como que implorando por minhas carícias. Nossas línguas se encontraram, já conheciam o caminho. 

Nossos corpos estavam quentes, passei minhas mãos por toda a extensão de seu corpo, apalpando sua cintura. Parece que nos beijávamos pela primeira vez, como dois apaixonados. Ela parecia se render aos meus toques, pois começou a tirar meu blazer, a ajudei. Senti sua entrega, mesmo que rapidamente. Vi que era um sinal positivo para que eu continuasse. Ela levantou o pescoço... e eu a beijei e chupei, sentindo seu gosto como um veneno. 

Estávamos enfeitiçados e ensandecidos. Ela gemeu em meu ouvido apertando meus ombros. Eu estava excitado, sentia que meu membro ia explodir. Minha mão percorria sua coxa subindo até a barra de sua blusa, e por debaixo dela minhas mãos entraram encontrando seus seios. Apertei e ela gemeu em meu ouvido. 

Quando nos faltou a respiração, nossas bocas se separaram em busca de ar. De repente paramos e nos olhamos assutados e incrédulos. O que será que está acontecendo conosco? Acho que esse pensamento pairou em nossas mentes, nos roubando a paz e a sanidade.  


Notas Finais


Obrigada por lerem até aqui. Perdoem-me se me estendi demais...espero que tenham gostado!


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