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História "Memórias de Nina Garbo" - Descendo ao inferno


Escrita por: ValentinaEli

Notas do Autor


Amores, esse é o penúltimo capítulo!

Capítulo 8 - Descendo ao inferno


Fanfic / Fanfiction "Memórias de Nina Garbo" - Descendo ao inferno

Narrado por Otávio

Passamos pelo grande portão de ferro e uma onda de medo começou a me invadir, mas tudo o que passei em minha vida não foi nada perto do que estou a descobrir. Marcela segurava minha mão e começamos a caminhar pelo cemitério, que mais parecia um grande vale. Por toda a parte, havia lápides com inscrições de pessoas que foram importantes para a vida de alguém. Eu, entretanto, não havia enterrado ninguém alí, meus pais ainda estão vivos e não acompanhei nenhum velório de nenhum parente que eu me lembre, a morte meche muito comigo. Acho que não aguentaria ficar em um ver tanto sofrimento, tenho muito medo de perder as pessoas que me são caras. Já sofri demais me afastando da mulher que eu amo e isso me transformou num homem desesperançoso, infeliz e acabei tomando decisões erradas na vida que resultaram nos acontecimentos que me trouxeram até aqui.

- Marcela, pelo amor de Deus, o que estamos fazendo aqui? - segurei seu braço e parei no meio do caminho. - Quero que conheça uma pessoa, já disse! - ela demonstrava um pesar enorme no olhar, me fitava com pena. - Como assim conhecer alguém? Só tem gente morta aqui! - dei dois passos para trás. - Eu sei. - Eu quero ver a Nina, agora! - falei um tanto nervoso. - Antes você vai ter que engolir toda a sua presunção e não se preocupe, nós já estamos chegando. - Sem relutar muito a segui, permanecemos calados por um tempo até que ela desviou seu caminho seguindo por um lado do cemitério com um gramado muito verde e repleto de lápides. Ela parou em frente à uma delas. Suspirou e disse - Chegamos! - Olhei para a lápide e por um momento não senti mais meu corpo. Fique sem ação e ao ler o epitáfio.

Narrado por Marcela

Otávio não pronunciou nenhuma palavra durante longos minutos. Depois me olhou intensamente e vi seus olhos marejarem na hora, dirigiu seu olhar novamente para a lápide e colocou as mãos sobre a boca e sem conseguir se conter, caiu ajoelhado, como um homem que despenca sem forças. Chorou tão amargamente que senti minha garganta dar um nó ao vê-lo desse jeito. Era um choro carregado, fatigado pelo tempo...suas lágrimas desciam como se nunca fosse ter fim. Cobriu seu rosto com as mãos e balançou a cabeça negativamente pronunciando suplícios entre choros.

Sobre nós começou a cair uma garoa fina e gélida e também não contive as lágrimas, chorei com sua dor, eu sabia que ele iria sofrer e não desejo isso a ninguém. Repousei minha mão em seu ombro, ele prontamente segurou e apoiou sua fronte em minha mão como uma pessoa que pede uma benção. Ele depositou seu corpo rente à lápide cuja inscrição, um pequeno texto, dizia:

"Meu amor mais puro e sincero ao jovem íntegro, justo e leal que eu nunca vou conhecer. Um filho querido e amável do qual eu nunca mais verei o sorriso. Ao abraço que me faltará, aos cabelos que não vou mais afagar e a esses olhos azuis que não brilharam mais para mim. Ao meu adorado filho Lucas, com muito carinho. Sua mãe Nina e seu pai Otávio." 1996 - 2001.

Me ajoelhei ao seu lado e coloquei sua cabeça em meu colo, afaguei seus cabelos e a chuva começou a se misturar com as lágrimas de dor que agora não podíamos conter. Ele estava sentindo um misto de dor e desespero. Estava incrédulo e batia sua mão contra sua têmpora. Segurei para que não se machucasse ainda mais. O abracei tentando fazer com que parasse de tremer e de se autoflagelar. Ficamos alí por tanto tempo que nem percebi quando a chuva parou de cair. E aos poucos seu choro amargo foi diminuindo, seu rosto estava abatido até a morte. Ele se afastou de meu colo e abraçou a lápide e de forma bem baixinha conversou com a fotografia do filho que havia alí.

Olhando finalmente para mim, depois de um tempo, resolveu lançar as primeiras palavras. - Meu filho Marcela? Meu filho? Eu nunca soube. - Suas palavras eram entrecortadas pelo soluços e saiam pesadamente com muita dificuldade. - Otávio, a Nina se viu sozinha, você tinha ido embora, ela não encontrou apoio em casa. Ela se virou como pode! 

- Eu tinha o direito de saber. Como eu quis ter um filho, meu Deus, em toda a minha vida senti falta disso. - Você foi irredutível, não deu chance nenhuma a ela. - ele suspirava profundamente. - Ele era tão lindo! Por que meu filho morreu? - Olhava atentamente para a foto envolto a tristeza e culpa. - Num acidente de carro. A Nina estava na direção. Ela não se perdoa até hoje! - Me conte tudo! - Vendo sua ânsia em saber a verdade, prossegui relembrando o passado.

- Umas quatro semanas depois que você foi embora ela descobriu a gravidez e foi justamente nesse período, que ela viu o pai dela negociar com Gustavo o preço por ele ter feito o serviço que fez. Otávio, ele dopou a Nina. Tudo foi uma grande armação. Quando você viu ele no escritório hoje à tarde ele veio pedir perdão a ela. Ele nunca voltou a ter contato com ninguém da família. - Senti uma fúria lhe envolver. - Eu vou matar, matar aquele desgraçado! - Disse se levantando, mas logo o detive. - Não vai matar ninguém, me escuta, de tragédia já basta a Nina naquele hopistal. Me ouça! Fique calado, você já falou demais por hoje. - ele engoliu seco e assentiu positivamente concordando com minha fala. Então retomei o assunto.

Quando o pai dela descobriu a gravidez ele transformou a vida dela num inferno. Até dá escada ele foi capaz de empurrá-la. Ela estava com uns três meses na época, quase perdeu o bebê. Então ela decidiu morar no interio na casa de campo de meus pais. Ficou lá até o bebê nascer. Logo depois que o Lucas nasceu a Marta comprou um apartamento em Copacabana e a Nina passou a viver lá. Nunca mais entrou em contato com pai e seus irmão foram para o EUA. Ela literalmente ficou sozinha, eu cuidei dela e cuido até hoje. - Enquanto eu contava a história ele não parava de olhar a fotografia do filho, acariciava a pequena imagem e aos poucos as lágrimas voltavam a tomar conta de seu rosto. - Como era meu filho?

- O Lucas era uma criança maravilhosa! Um menino bom, gentil, era muito parecido com você fisicamente, os olhos azuis, o sorriso...ela era louca por esse menino. Ele era tudo que havia restado à ela. E teve que nascer muito parecido com o pai só para fazer com que ela lembrasse todos os dias de você. Ele era você, só que pequeno!

Uns três meses depois que ele nasceu o carrasco do pai dela morreu e ela se aproximou muito da mãe, apesar do todo o ocorrido.

Seu filho cresceu, lindo, saudável. Quando ele tinha cinco anos nós fomos para a casa de uma amiga em Petrópolis, era aniversário de um amiguinho da escola dele. Na volta, passando por uma curva o carro em que a Nina estava foi atingido por um motorista bêbado. Ela sofreu pequenos arranhões, mas a batida foi toda do lado dele. Mesmo sentado na cadeirinha infantil ele não suportou a pancada. - Otávio, enquanto me ouvia, passava as mãos pelo rosto como se quisesse acordar de um pesadelo.

A verdade é dura e dilacera a alma. Um homem como ele sentia agora a pior das dores, a perda de um filho e a incerteza quanto à vida de sua amada.

Eu vinha logo atrás com meu carro, estava com minha mãe e mais duas amigas. Quando eu vi a cena, pisei no freio de uma vez só. Corri até o carro. Quando me aproximei deles ela estava inconsciente e o Lucas parecia muito machucado, estava com a cabecinha pendida lateralmente na cadeira e não se mexia. As portas estavam travadas, eu não conseguia abrir. Nessa hora um carro parou perto de nós e desceu um homem, que por sinal era médico.

Flashback,

- Nina, Nina - Bati contra o vidro do carro, mas ela ainda estava inconsciente. Fui em direção a porta de trás para ver o Lucas, mas o mesmo parecia dormir. Isso não é um bom sinal, pensei. De repente ouço alguém tocar o meu ombro e me assusto. - Calma, eu sou médico, eu vou ajudar. - As portas estão travadas, não abrem. - Algumas pessoas já se aglomeravam no local para ver a cena. - Se afasta moça! - ele pegou uma pedra e quebrou o vidro do lado do carona e conseguiu abrir a porta.

Nesse momento, um pouco tonta, ela começou a acordar, só tinha um pequeno arranhão cabeça. Ele passou as mãos por ela e abriu a porta do motorista. - Meu filho! - foi a primeira coisa que mencionou. - Moça, fique calma eu sou médico, eu vou te ajudar e vou ajudar seu filho. - Ele prontamente se voltou para o banco de trás e sentiu a pulsação no pescoço de Lucas, eu estava olhando toda a situação muito apreensiva. Ele saiu do carro, olhou para mim e fez uma cara triste de negação. Na hora eu entendi, tive que engolir com muita dificuldade o choro para que Nina não percebesse que o filho estava morto. Ela acordou totalmente e começou a chamar pelo menino, mas sem respostas. Me aproximei do carro e tentei fazer com que ela conversasse comigo.

- Nina, olha pra mim, vai ficar tudo bem. O médico vai cuidar do Lucas. - Ela olhou para trás e viu que o filho não se mexia e de forma brusca ainda sentindo dores pelo corpo e na cabeça saiu de dentro do carro. O médico que estava a chamar por socorro por telefone, logo que viu, a repreendeu. Não se levante moça! - Disse segurando em suas mãos, que com toda força que tinha no momento apartou-se dele. Abriu a porta, entrou e retirou o filho do carro.

- Lucas, Lucas! Ela se ajoelhou no chão com o filho morto nos braços. Batia levemente em seu rosto esperando que ele acordasse. - Marcela, meu filho não acorda! - nunca vou esquecer o jeito com que ela me olhou. - Porque meu filho não reaje? Acorda filho! Você é tudo que eu tenho, não vai embora. - Suas palavras saiam entrecortadas pelo choro e pelas dores que sentia pelo corpo. - Alguém me ajuda! Ajudem meu filho! Por favor! - Ela clamava por socorro.

Me ajoelhei perto dela e segurei seu rosto com minhas mãos fazendo com que ela me olhasse. Respirei fundo - Nina, ele se foi! - chorei ao dizer. - Não! Ele está vivo! - protestou. - Ele não... - Não conseguiu terminar a frase. Abraçou o filho e simplesmente permitiu que as lágrimas saíssem sem piedade. Um choro agonizante misturado a seu gritos se fez ouvir e todos os que estavam a observar a cena emudeceram. O corpo pequeno do filho que ela tanto amava jazia sem vida em seu colo e ela o sentia nos braços pela última vez.

Otávio estava sem palavras nenhuma para dizer qualquer coisa, apenas sentiu uma dor terrível tomar conta de sí e com sua cabeça inclinada chorou ao ouvir cada palavra que eu disse. Percebeu o quão arrogante foi em suas atitudes.

Nesse momento, meu celular vibrou e ao olhar para o visor vi que era Juan, prontamente atendi.

- Juan! O que houve?


Notas Finais


Obrigada por lerem até aqui😍
Espero que tenham gostado😘😘😘


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