Foi no inverno de 1942. Meu marido e minha filha e eu nos escondíamos no porão de uma fazenda abandonada. Ouvíamos ao rádio todos os dias, tremendo de pavor.
Não sei como nos descobriram. Uma enfermeira entrou no porão e foi muito educada. Ela ofereceu à minha filha um pedaço de chocolate e a mim um pedaço de pão com geleia de amora, não me esquecerei.
-Vocês estão bem? –Perguntou assustada. –Deixe-me examiná-los.
A princípio, estávamos com medo, mas aos poucos fomos acostumando à presença daquela moça tão agradável. Ela tocou em nossos braços e pernas, até mesmo passou um produto antibacteriano em um corte do meu marido.
-Estão desnutridos. –Constatou por fim. –Preciso levá-los para o hospital. Não tenham medo, venham comigo.
Se quiséssemos resistir, poderíamos. De qualquer forma, como mais tarde descobriríamos, a moça não estava sozinha. E seríamos então, levados a força. Acreditando que ela realmente quisesse nos ajudar, deixamos que nos levasse até o exterior da fazenda.
-De joelhos! –Berrou um soldado, apontando uma arma que era definitivamente maior que minha filha.
Meus ouvidos começaram a tinir, minha garganta ficou seca quando tentei engolir. Meus braços tremiam desesperadamente e não me ajoelhei, caí.
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