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História Memórias Póstumas de Kim Taehyung - O nascimento de um fardo


Escrita por: blvevelvett

Notas do Autor


Voltei :)

Gente, peço perdão se eu parecer meio seca aqui nas notas iniciais, essa semana foi muito pesada pra mim, aconteceu um monte de desgraça, e se brincar ainda não acabou, e eu to bem abalada com isso :/
Vou até evitar responder os comentários por hoje porque gosto de responder com carinho, mas hoje a minha tristeza ta muito alta. Problemas pessoais.

Esse capítulo ficou um tanto confuso, tenho que admitir. Bom, eu achei, mas minha sister leu ele uma vez e falou que tava normal, então depende do ponto de vista. Mas mesmo assim, se alguém tiver alguma dúvida, pode me perguntar nos comentários, vou responder com o maior carinho <3

Espero que gostem, e boa leitura <3

Capítulo 2 - O nascimento de um fardo


Não me lembro bem como foi quando nasci, e isso é o mais normal a se acontecer. Porém, me lembro do frio e da neve. E não digo isso apenas pelo que minha mãe dizia. Não. Eu realmente me lembro de um frio quase insuportável em meus primeiros dias de vida. E a fonte de tudo isso ocorreu em Daegu, no dia 30 de Dezembro.

Logo nos primeiros dias, conheci o que as pessoas chamam de amor materno, e que eu costumava achar ser eterno. Mesmo no frio, o coração de minha Omma não se esfriava. Era sempre quente como o Verão. Como eu disse, era... E parou de ser antes mesmo de sua morte.

Eu não sabia no começo, mas minha mãe queria uma filha. Uma menina. E é aqui, amigo leitor, que vemos o quanto a vida é maligna. Vejam bem: se eu fosse uma garota, poderia ainda estar vivo. Mas não foi isso que aconteceu, e é aqui que começa a minha história.

Omma, como sempre quis uma moça dentro de casa, acabou por me colocar no círculo de amizades femininas na esperança de que eu, uma mera criança, me apaixonasse por uma das meninas e me casasse com ela futuramente. Isso não teve êxito, afinal, eu nunca fui como os outros garotos. E, mesmo sendo uma criança, eu sabia disso, então nunca tentei me enturmar com eles. Na época eu não entendia o motivo, então apenas conversava com garotas, tanto por vontade própria quanto por influência de minha mãe, mas nunca fui como elas... Na verdade, eu apenas tinha mais facilidade para me comunicar com meninas nessa época, mas sempre tive certo gênio endiabrado.

Lembro-me que, mesmo com apenas cinco anos, corria pelas festinhas de aniversário para fugir de adultos e fazer o que queria. E, quando me encontravam, o circo era armado.

Eu gritava, corria, chorava, corria mais, e, por fim, conseguia o que queria. Mas, quando a noite ficava mais escura, Omma gritava comigo e me batia. Convenhamos: eu merecia.

Um caso em específico fica na minha mente, fragmentado. Lembro que estava em um evento onde só havia adultos, provavelmente alguma festa de trabalho de meu pai. E, como não conseguia ficar quieto, passei a andar pelos cômodos. E foi quando ouvi sons estranhos, que, na época, me pareciam de dor. Com isso, segui os barulhos.

O que vi me assustou um pouco. Um homem e uma mulher, que reconheci por ter visto mais cedo com outro homem, chefe de meu pai. Ambos estavam sem suas roupas e ele se movia contra ela, e pareceram não notar minha presença ali, porque continuaram.

Mas eu não continuei. Mesmo que não soubesse o que era aquilo, quis expor os fatos, talvez para que não houvesse confusão. Contudo, logo que voltei à parte com mais pessoas,  falei o que vi em voz alta e a confusão se instaurou...

Não sei porque contei esse fato, mas não tive culpa. Com aquela idade, não tinha a mínima ideia do que era sexo e o que significava para os adultos. E eu apenas quis evitar uma confusão em meio às que tinha causado. Talvez fosse influência das broncas de mamãe. Todavia, ela não me poupou nesse dia, mesmo que eu assegurasse que minhas intenções eram puras.

Entretanto, isso não nega que eu era um diabinho. Não foram poucas as vezes em que eu me juntava a quatro ou cinco meninas e as liderava para explodir alguma coisa, ou então para ficar jogando coisas em outros meninos da vizinhança para incomodar. E mal sabia eu que era uma forma de meu subconsciente chamar a atenção de quem eu gostava. Mas não tenho culpa se fui criado da maneira errada e não percebi isso a tempo de me reprimir e, quem sabe, não decepcionar minha mãe. E nem mesmo minha Omma carrega essa culpa. Foi o melhor que ela pôde fazer, e não a julgo por isso, afinal, ela continuava sendo minha progenitora e eu a amava da mesma forma.

Appa não participou muito de minha criação, pois vivia sempre trabalhando. Talvez por isso me lembre da festa, já que foi um dos poucos momentos em que ele ficou com a família. Por isso, passei boa parte do meu tempo ao lado de figuras femininas, o que só ajudou na formação do que eu inconscientemente já sabia que iria ser. Não digo isso afirmando que era afeminado, nunca me achei assim, mesmo que às vezes realmente fosse. Mas o que contribuiu para a formação de minha opção sexual foi o fato de eu conhecer tão bem as mulheres a ponto de não me interessar por elas em tal sentido. Complexo, eu sei. Mas não foi só isso, é mais complicado, e não sei explicar...

Talvez tudo que eu tenha dito neste último parágrafo é uma grande mentira para que eu lhes transmitisse a ideia de que sei porque sou diferente. Talvez... Porém, a certeza que tenho é de que nascemos destinados a gostar do que gostamos, e que não é algo determinado por uma escolha. Pois se fosse, eu jamais escolheria decepcionar minha Omma.

Lembro que as mães das garotas costumavam conversar com a minha, perguntando o motivo de eu ser diferente. E me lembro claramente de ouvir uma das conversas.

— Você sabe o que isso significa, não sabe? — a moça perguntou.

— Significa que eu escolhi que ele andasse com meninas. Eu sei que não deveria interferir, mas eu escolhi isso para o bem dele. — Omma respondeu.

Ah, Omma... Como sentia falta de quando você dizia se importar comigo... Senti muito a sua falta, sabia?

Minha Omma me fez falta, mas aprendi a me virar sem seu amor. E, bom... Eu deveria estar continuando a história, não?

Pois bem. Antes mesmo de tudo isso acontecer, eu já estava na escola. Mas no princípio, era apenas para que eu não atrapalhasse muito a família e entendo isso completamente. Eu era uma criança hiperativa, e podia quebrar a casa com isso. Por isso, fui mandado para lá. Mas foi algo bom, porque passei a ter facilidade quando os conteúdos se “complicaram”. E, sim, complicaram entre aspas, já que crianças de seis anos não sabem o que é complicação.

Com oito anos, tinha uma das melhores notas da classe. Mas isso não queria dizer que sabia o que estava acontecendo, porque quase sempre eu me perdia em meus próprios pensamentos, querendo sair para brincar e chamar a atenção dos meninos. E, assim, era calado e com pouca companhia na escola. Então, quatro anos depois,  conheci um menino.

Não me recordo claramente o seu nome, mas eu gostava dele. E ele retribuía, e, sempre que podíamos, saímos com as mãos dadas de dentro da sala. Porém, as professoras e monitoras insistiam em nos separar, ainda que não quiséssemos. Por isso, a situação tomou proporções um pouco maiores, e fomos chamados para a coordenação.

A moça que exercia esse trabalho era uma mulher calma. Me lembro de vê-la anteriormente a ajudar algumas outras crianças sem nunca perder a paciência. E talvez tenha sido por isso que preferiram nos mandar a ela.

Se há algo na vida que me recordo bem foi dessa conversa. Sempre foi uma memória clara em minha mente.

— Meninos, eu entendo que vocês estejam passando por uma fase de descobrimento sobre vocês, e isso é normal. Estão quase na adolescência e dúvidas são comuns. — sim, ela tratou nossas atitudes como uma mera dúvida — E eu tenho certeza de que isso é apenas uma fase. Vocês vão superá-la e serão como os outros meninos.

E ela tinha razão. Para ele, foi uma fase.

Uma fase. Ele superou.

Eu não.

Graças a isso, a notícia de uma criança possivelmente homossexual se espalhou pelo colégio. Foi aí que passaram a me ignorar por completo. E era como se eu nunca houvesse existido naquele ambiente.

Graças a isso, também, as mães de minhas únicas e poucas amigas não as permitiram ficar comigo. Como se o que eu tivesse fosse uma doença. Eu sabia que minha mãe sabia o que eu era, mas sabia também que ela negava e esperava que, bem no fundo, eu me casasse com a mulher mais perfeita da Coreia do Sul e a orgulhasse.

Graças a isso, perdi a mínima companhia que tinha. Porém, quando eu havia acabado de completar quatorze anos, algo de bom aconteceu: Appa seria transferido para Gwacheon. E, ali, vi uma oportunidade de tentar recomeçar, e talvez conseguir agradar minha mãe.

Afinal, Omma queria o filho perfeito, mesmo que apenas para suprir a vontade que tinha de abrigar uma mulher na família. E eu... Eu era apenas um fardo. 


Notas Finais


Eu fiquei triste pelo Tae nessa fic, sem brincadeira :/
Mas mesmo assim, espero que tenham gostado :)

Beijinhos e até semana que vem :* <3


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