História Memórias Póstumas de Brás Cubas - Virgília

Brás Cubas: um homem inteligente, elegante, e particularmente o homem que conquistou meu coração.

Eu era uma menina bonita, popular na cidade. Possuía muitos amigos e era abastada. Talvez tenha sido esse o motivo da aproximação de Brás. Porém, com o tempo, as coisas mudaram e desconfio que realmente tenha passado a gostar de mim. Quem não o conheceu poderia dizer, sem dúvidas, que sua vida foi satisfatória e que ele foi muito feliz durante a mesma. Porém, isso é uma ideia precipitada. Muito precipitada, para falar a verdade.

Desde quando nos conhecemos, Brás queria se casar. No entanto, nunca tomou uma iniciativa. Nunca fez o que queria. Escondeu-se atrás do medo e da dúvida. Talvez devido à pressão que a família exercia sobre ele, ou até mesmo por covardia. Isso eu não posso afirmar, mas sei que não morreu feliz.

Namoramos por um tempo quando jovens, mas, conforme o tempo passava, o amor existente entre nós começou a se reduzir e, assim, nos afastamos. Depois, acabei me casando com Lobo Neves, devido à conservação da reputação: naquela época, mulheres solteiras eram desprezadas pela sociedade. Com ele cheguei a ter um filho, mas nunca me esqueci de meu verdadeiro amor.

Alguns anos depois nos reencontramos e nosso relacionamento continuou, sem o conhecimento de Lobo. Parecia que desta vez estava disposto a ter uma relação estável comigo. Entretanto, não foi diferente da outra vez. Começamos a nos afastar novamente, e dessa vez por um longo tempo: 20 anos. Só o reencontrei, infelizmente um pouco antes de sua morte. Ao leito de morte, vi o mesmo homem de 20 anos atrás: covarde e inseguro. Porém, muito mais infeliz. Seus olhos trasbordavam tristeza.

Não sei ao certo o que passava por sua mente, mas pude perceber seu arrependimento. Agora me pergunto como seriam nossas vidas se ele tivesse tomado as decisões que queria tomar. Provavelmente, muito mais alegre.