História Memórias Póstumas de Brás Cubas - Borboleta Preta

    Entrei no quarto pela janela e, da mesma forma que esvoacei em Dona Eusébia, esvoacei em Brás Cubas também, que logo me sacudiu. Voei em direção a uma vidraça e, em seguida, para o retrato do pai dele. Movia minhas asas com um ar escarninho e logo percebi que isso aborreceu Brás Cubas, pois saiu do quarto e eu fiquei sozinha, em cima do quadro.

    Não demorou muito para voltar e quando me viu no mesmo lugar, percebi que ficou um pouco incomodado, nervoso. Quando me dei conta, estava caída no chão. Brás Cubas havia me batido com uma toalha. Ainda no chão, mexia as “anteninhas” da cabeça, quando ele me pegou na mão e colocou-me na janela, mas não aguentei e expirei-me.

    Percebi a tristeza de Brás, que se lamentava por eu não ter nascido de outa cor, talvez azul, mas não preta e negra como a noite. Talvez ele pensasse que seria o primeiro homem com o qual me deparei e se imaginasse como o inventor de nós borboletas e que seu pai fosse o pai do inventor das borboletas.