História Memórias Póstumas de Brás Cubas - Marcela

Brás Cubas era um homem bom, pelo menos comigo. Muito bonito, também. No entanto, ele saiu do rumo certo por minha causa. Nunca fui uma pessoa boa.

Ele sempre me deu de tudo o que mereci, desde joias a festa enormes, todo o luxo que uma filha de família rica tinha. Ele nunca mediu esforços para nosso “amor”. Brás dizia que eu o amei durante quinze meses e onze contos de réis, e eu acho que é verdade.

Após Brás gastar uma quantia enorme da família Cubas comigo, seu pai o mandou para a Europa para estudar leis e garantir o título de bacharel em Coimbra. Havíamos planejando que iríamos juntos à Europa, mas acabei não indo de última hora.

Contudo, ele foi contra a própria vontade para a universidade. Fui me despedir dele e sua viagem não começou do jeito que esperava. Embarcou estressado, triste e desapontado comigo, porque sabia que quando voltasse, nada seria a mesma coisa.

Quando chegou, após anos, muitas coisas haviam mudado, como eu, por exemplo. Porém, ele nem tanto. Era o mesmo homem sem responsabilidade, gratidão e palavra, bem como se eu fosse alguém que cumpre o que fala, mas nós dois sabíamos do que estava falando. Se eu pudesse mudar as coisas que fiz, não estaria onde estou.