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História Memórias Póstumas de Jimin (Hiatus) - Ainda é amor, Taehyung


Escrita por: Formidavel e Desventura

Notas do Autor


Olá, voltei, xuá, nem demorei.

72 FAVS aaaaaaaaaa, muito obrigado <3 quero agradecer de novo a @cajunice (vou agradecer ela pelo resto da fic heuehue) e a @kykai por ter divulgado, obrigada mesmo pelo apoio das duas :")

OBSERVAÇÕES:
▲Jimin já está morto, está claro desde o prólogo, então ele sabe que há leitores, já que ele mesmo é o escritor, ele quebra a quarta parede e conversa ou interage com o leitor algumas vezes.

▲Durante a narrativa, Jimin vai voltar ao passado, e vai cair em contradições ou notar coisas que, quando em vida, ele nunca notara.

▲ ME XINGUEM AI NOS COMMENTS!

Capítulo 2 - Ainda é amor, Taehyung


Fanfic / Fanfiction Memórias Póstumas de Jimin (Hiatus) - Ainda é amor, Taehyung

†Ainda é Amor, Taehyung† 

 Toda história há um começo e o meu começo se chamava Kim Taehyung, o garoto do chapéu vermelho da rua de baixo e o único que provavelmente acreditou no pequeno e no grande Park Jimin.

 

Busan, 1894 – Século XIX

  O ano era 1894, estávamos beirando ao século XX e eu era apenas um garoto de 11 anos. Já era realmente bonito e desde essa idade, muitas famílias procuravam meus pais para prometerem suas filhas, claro sempre; em troca de riqueza, renome, poder e qualquer coisa que fosse mais importante monetariamente do que a felicidade de suas pobres crianças.

 Unificação de famílias era bem comum naquela época, principalmente em famílias ricas, visavam expandir seus poderes e suas terras. Posso dizer com propriedade que isso de casamento arranjado falhava em 97% das vezes; ou separavam-se depois, ou alguém matava alguém. É sempre assim — mas como toda regra há a sua exceção —, não posso dizer muito sobre isso, pelo menos, eu escapei dessa palhaçada.

 Toda tarde de sábado era sempre a mesma coisa: “Vamos, Jimin, a família Kim está esperando, eles têm uma filhinha realmente adorável, vai adorar brincar com ela”. Claro, eu adoraria arrancar o cabelo das bonecas dela e espantá-la como eu sempre fizera.

 Porém, uma vez que Newton patenteou que tudo que vai-volta; houve uma família que conseguiu voltar, voltar, e voltar, e voltar mais vezes ainda. 

 A família Kim era a quinta família dominante da cidade, uma das famílias fundadoras de Busan — título que faziam questão de repetir sempre que se apresentavam —, possuidora de grandes terras e etecetera e etecetera. Um garoto, que nem mesmo a puberdade atingira, possuir conhecimento sobre tais coisas é meio incomum, mas o discurso é tão previsível, sempre tão ensaiado que seria uma afronta a minha capacidade mental caso eu não decorasse.

 Uma família pequena, com dois filhos, a menina a qual eu tinha desperto um enorme desinteresse antes mesmo de conhecê-la, e o garoto — Que viera a se tornar meu melhor amigo —, além de seus pais, é claro.

 Com onze anos eu não sabia sobre minha particularidade um pouco peculiar — Vulgo, homossexualidade, pessoas —, que na época eu achava que era apenas um interesse de iguais. 

 Eu era só uma criança, dá-me um desconto, nas rádios não passava sobre casais homoafetivos ou víamos pessoas nas ruas conversando sobre esse tema. Para um garoto de onze anos qualquer menina é chata, independente da sexualidade, são chatas e ponto. Por esse motivo; eu acreditava que meu interesse por meninos provia do meu descaso com o sexo oposto.

 É nesse contexto que conhecemos Kim Taehyung, o primogênito da família Kim, sendo meses mais novo do que eu e um ano mais velho que sua irmã — Lembrado como ‘meu melhor amigo’, ‘meu primeiro amor’ e ‘meu primeiro beijo’ e primeiras outras coisas que não irei mencionar, não agora —, Taehyung era uma criança vitalícia que não parava, naquela época eu achava que o rapaz tinha nascido como Frankenstein — ligado nos 220 volts —, com o passar dos anos, eu percebi que ele só era hiperativo e receptivo demais. 

— Jimin, vamos, calce os sapatos e desça. – Minha mãe batia repetidas vezes na porta do meu quarto. – Vamos, é deselegante deixar os convidados esperando.

— Não fui eu quem os convidou. – Bufei, resmungando baixinho e calçando meu sapato recém-engraxado, caminhei em passos pesados até a minha porta, destrancando-a com minha melhor cara de bunda, descontente e raivoso.

 Eu nunca disse que não fui mimado, mimar não é sinônimo de amar, é diferente. Meus pais só cediam o que eu pedia com o intuito de me fazerem calar a boca.

 — Não faça esse bico, Jiminzinho, mamãe promete que deixa você comer mais chocolates caso se comporte como o bom rapaz que eu te criei. – Tocou na ponta de meu nariz com seu dedo indicador. Eu odiava esse apelido, odiava mesmo.

 E sempre era assim...

— Não quero doce, quero ficar no meu quarto. – Bufei cruzando os braços a frente do meu peito. 

— Vamos, Jimin. – Ignorou minha birra e virou-se para descer as escadas, segui seus passos, segurando no corrimão, perna por perna, degrau por degrau. 

 Por entre as barras do corrimão puder espiar as pessoas na sala.

 Papai, outros dois adultos e duas crianças... Ah aquela é a garota, mas que mau gosto pra roupa! Vestido rodado vermelho? Parece uma lona de circo.

 Talvez, eu fosse um pouco cruel já naquela época. Não julguem as pessoas antes de conhecê-las, eu paguei minha língua depois desse dia.

 Forcei meus pequenos olhos tentando focar os rostos dando falta dos meus óculos, fazendo as pontas de meus cílios se tocarem, e por pouco arranhar minha íris; havia um garoto sentado mais ao fundo, tinha cabelos acastanhados e vestia um short um pouco sujo, devia ter brincado no chão, ora, ele carregava um carrinho, usava uma boina vermelha — e por mais que eu ache esse tipo de chapéu horrendo, admito que combine em Taehyung —, e observava as paredes da sala com um enorme interesse.

 Chegamos ao pé da escada e senti minha mãe segurar-me pela mão, puxando-me delicadamente até o centro da sala, onde nos esperavam.

— Então você é o pequeno Park? – O moço, que creio ser o pai da menina, cumprimentou-me. Dei um sorriso fechado e assenti com um leve aceno de cabeça.

 Eu era uma criança realmente adorável quando queria, diga-me uma criança mais fofa que Park Jimin e falhe miseravelmente.

 Meus olhos eram apenas focados no garoto, realmente queria saber-lhe o nome.

— Esses são meus filhos, Taehyung — dando um pequeno aceno com a mão para que seus filhos aproximassem-se de mim. —, meu primogênito... Sabe o significado dessa palavra, não é Jimin? — Sorriso falso e acenei positivamente com a cabeça, eu queria manda-lo á merda, ele notara a enorme biblioteca que temos em casa? – e Sora, a minha menininha. – Sorriu ao terminar.

 Eu estava em pé, frente a frente com ambos os Kim menores, Taehyung me encarava sorrindo e fiz questão de devolver o sorriso. Algo nele me instigava a querer conhecê-lo, ele era tão lindo, tão fofo e adorável e parecia mais quando visto de perto.

A garota do mau gosto, Sora, sorria com os olhos, seus pequenos olhos eram brilhantes, mas não tanto os olhos de seu irmão.

— Por que não vão brincar? – Minha mãe me deu um empurrãozinho, impulsionando-me mais para perto deles, ela obviamente queria que eu os levasse para o meu quarto.

— Vocês... Vamos subir pro meu quarto. – Segurei na mão de Taehyung, que por alguma ventura não estranhou, e sai puxando-o escada acima. Sua irmã seguia-nos logo atrás.

— Ei, Jimin, quantos anos você tem? – Taehyung segurava minha mão firmemente, e sorria de ponta a ponta ao perguntar-me minha idade. Ele começou a balançar nossas mãos; para frente e para trás, com um balanço.

— Eu faço doze em outubro, e você? – Sorri orgulhoso, naquela época, ser o mais velho parecia ser algo notável.

— Eu faço doze em dezembro, eu sou seu dongsaeng, cuide bem de mim.– Parou no último degrau e pousou as mãos na cintura. Uma visão esplendorosamente fofa — Kim Taehyung sempre foi fofo e carinhoso, e com o passar dos anos tornou-se mais fofo com um bônus de homem sexy —.

— Oh, então me chame de hyung! – Com um entusiasmo um, pouco encenado, sorri fechado e estendi minha mão, como se fossemos selar um contrato, claro, que a partir daquele dia eu soube o quão caloroso Taehyung pode ser.

 Ele abriu seu sorriso em um enorme e aberto quadrado, e abraçou-me, eu retribuir sem hesitação, o que é estranho, já que eu evitava contato físico com a maioria das pessoas.

— TaeTae, solte o Jimin oppa. – Sora bufou, havia me esquecido da existência da garotinha ali.

— Ah, Sora, para de ser chata. – Tae me soltou e bagunçou os cabelos da irmã. — Ele você chama de “oppa”. — Eu ri da careta de desgosto dela, ri por ver o sorriso do Kim de perto, por ver o qual magnifico ele era e por ter passado o melhor sábado daquele ano.

 E aquela foi, sem sombra de dúvidas, uma das melhores tardes que eu havia passado com Taehyung, lembrada para sempre pelo simples fato de ter sido a primeira; a primeira de muitas primeiras vezes que Taehyung tivera a honra de me proporcionar.

 Depois daquela tarde, Tae e eu nos tornamos cada vez mais próximos, de visitas semanais á visitas diárias, antes ele era quem vinha até minha casa, depois eu passei a visita-lo também; até mesmo de Sora eu me tornei próximo, e por mais surreal que pareça — pelo menos pra mim —, ela é uma garota bem legal, apenas ela eu deixo que me chame de Oppa, apenas ela.

 Comecei a estudar na mesma escola que os Kim, e por maravilhosa ventura do destino, na mesma sala que o Tae, sentávamos juntos, fazíamos duplas juntos, lanchamos juntos, jogamos juntos, resumindo, tudo juntos.

 Os professores sempre nos colocavam juntos em trabalhos, pelo nosso bom trabalho em equipe e, porque quando estávamos juntos atrapalhávamos menos a aula.

 — Park Jimin e Kim Taehyung gostariam de compartilhar o que conversam com a turma? Ou preferem levar palmadas? – A professora abaixou um pouco seus pequenos óculos e encarou a ambos com um olhar desaprovador.

 Olhei para Taehyung que estava segurando o riso, eu estava sério até ver o garoto quase vermelho pela vontade de rir. Fechei meus olhos por alguns segundos, respirando fundo, concentrando-me na ideia de que se eu risse, com certeza, levaria umas reguadas da professora Choi.

 Ouvi um soluço de Taehyung, e quando o encarei, seus olhos se encontraram com os meus e aconteceu o que era pra acontecer. Kim gargalhou.

 Eu gargalhei, Kim ria escandalosamente, e eu ria de sua risada, a sala ria de nós dois e a professora enfurecia-se mais.

 O curioso é que não ríamos de nada, só ríamos porque erámos muito bestas.

— Park Jimin e Kim Taehyung, pra sala de detenção. AGORA! – Apontou a régua que segurava em uma das mãos em direção da porta, sinalizando para que caminhássemos até ela.

 Era hoje que eu ia pra casa de couro quente, junto com Taehyung.

 E sabe o que é mais curioso ainda?

 A palavra ‘juntos’ começou a aparecer com maior frequência desde que conheci Taehyung.

 Escalávamos árvores juntos para roubar maçãs das propriedades vizinhas, todas as tardes voltamos sujos de terra para casa.

 Até quando quebrei meu primeiro osso Taehyung estava lá.

 Faltavam alguns meses para o aniversário de Sora, eu e Taehyung tivemos a ideia de usarmos as ferramentas de marcenaria do meu pai para construirmos uma casa de passarinho com direito a um bebedouro para beija-flor, visto que Sora ama pássaros e até mesmo dedicava horinhas do seu dia desenhando-os em papéis avulsos com lápis de carbono coloridos.

 E por isso; queríamos dar um presente significativo, que não custasse em dinheiro, mas em esforço e que lhe fosse útil, já que com uma casa de passarinhos perto da janela, ela poderia observa-los para desenhar com maior maestria.

 Antes, eu queria pegar maçãs, por quê? — Eu não me lembro — Mas eu queria pegar maçãs, eu embirrei que queria maçãs.

 Tae concordou em me acompanhar a ir à fazenda da Família Byun, e lá fomos nós dois, achando que felicidade de ladrão de maçã dura muito.

 Passamos estreitos pelas portelas de madeira da fazendo, entrando um por vez. Olhávamos para os lados atentos a qualquer movimento perigoso.

 Era bobagem, mas sentíamos uma enorme adrenalina fazendo isso.

 Tinha uma árvore bem perto da porteira e seria naquela mesmo que eu ia subir.

 Pedi para Taehyung me dar cobertura enquanto subia, mas eu era um rapazinho meio desprovido de altura e tive que pedir para o Kim fazer uma “escadinha” com as mãos.

— Sobe com cuidado, você quase caiu da última vez. – Disse preocupado, enquanto eu subia na árvore.

— Relaxa, já estou experiente nisso aqui, da última vez foi só pra dar emoção. – Cheguei até as maçãs e comecei a procurar por uma vermelha.

 Um pouco longe de onde estávamos um latindo longínquo ecoou. Virei minha cabeça lentamente até ver o rosto petrificado de Tae.

— Jimin desce dai, desce! – Taehyung começou a dar pulinhos tentando alcançar a barra da minha calça, ele abanava as mãos mandando-me descer.

— Meu deus, Taehyung, eu não consigo descer sozinho. – Me desesperei, em todas as vezes que descíamos Tae ajudava-me a descer enquanto ainda estava em cima da árvore.

—Presta atenção, põe seu pé naquele galho. – Aponto paro o galho abaixo do que e estava pendurado.

— Taehyung, eu vou escorregar. – Eu movi o pé até o galho, hesitante, com medo de pisar em falso.

— Você não vai cair, eu te seguro Jimin, eu nunca deixaria você cair.

— EI, SEUS MOLEQUES! – O capataz da fazenda nos viu e começou a correr em nossa direção, juntamente com um cachorro, que mesmo com as quatro patas no chão, era maior que eu.

— Ah, Jimin, vamos! – Taehyung me olhava receoso e suplicante.

 Suspirei e coloquei o pé no galho, consegui!

 Abri sorriso achando que conseguiria sair dali vivo sem ser comido por um cachorro que mais parecia uma miniatura de Cerberus. 

— Isso, Jimin, desce! – Kim abriu os braços, pronto para me pegar.

— Eu desço sozinho. – Desde criança eu era orgulhoso, aprendi quebrando um osso que às vezes eu deveria deixar esse orgulho de lado.

  Confiante de que conseguiria descer sozinho, fui pisar no próximo galho e acabei me atrapalhando com a afobação de descer rápido, a voz do capataz estava cada vez mais próxima e eu não tinha muito tempo para sair dali com Taehyung, o resultado?

 Park Jimin com os dentes quebrados no chão. E uma perna.

 No final, o capataz nos alcançou, descobriu que as maçãs que sumiam era nossa culpa, recebemos um corretivo de nossos pais, proibiram a gente de ser ver por três dias, e fiquei numa cama com uma tala na perna durante dois meses.

 Moral da história: Se roubar, não deixa ninguém ver.

 Hoje eu me lembro dessas coisas com tanto carinho e mesmo aprontando tanto, ficando de castigo, quebrando osso, quebrando o meu lindo rosto, perdendo aula; eu sabia que nunca me arrependeria de nenhum momento vivido com Tae.

 Se me arrependo de algo? 

 De não ter ficado ao lado de Taehyung a minha vida toda e tê-lo deixado ir embora.

 

 Hoje era o aniversário de Sora, nossa pequena garotinha, completava doze anos e seus pais decidiram fazer uma comemoração para os mais íntimos, claro que isso me incluía.

 Mesmo com o incidente da perna, Taehyung escalava minha janela para me ver — nos dias em que estávamos proibidos de nos encontrar —, e quando pode voltar a ir lá em casa, ele carregava consigo todos os materiais necessários para construirmos o presente de Sora.

 E enfim, a casinha de pássarrinhos estava pronta e dignissimamente falando; ficou linda. Deixamos a casinha escondida no quarto de Tae, devidamente embrulhada, só esperando a festa de Sora para entregar o presente.

— Jimin, você pode dormir aqui! – Tae chegou pulando em cima de sua cama, eu segurava um livro que cobria metade do meu rosto, abaixei o mesmo e fitei o garoto de sorriso retangular.

 Minha perna estava descansando em cima das almofadas, eu não via a hora de tirar aquela tala.

— Pediu pra minha mãe? Ela não vai deixar se eu pedir. – Disse com desinteresse.

— Eu sei, por isso aproveitei do coração mole que ela tem comigo e já pedi, e mamãe ainda me ajudou falando que “quando a festa acabar, já estará tarde, ele vai estar cansado, deixe-o dormir ai”, e sua mãe concordou. – Ficou de joelhos no chão e apoiou os cotovelos no colchão, pousando sua cabeça nas mãos logo em seguida.

— Sério? – Larguei o livro e olhei para os olhos amendoados de Taehyung, que me encarava com seus orbes brilhantes. – Eu não acredito, Tae! – Pulei em cima do garoto que cedeu ao chão com o meu peso. Dormir da casa de Tae significava; ficar acordados até tarde — coisa que eu nunca podia fazer —, se entupir de doces, conversar sobre assuntos aleatórios e nem um pouco úteis e quando acordar, comer o café da manhã da tia Kim. Melhor coisa!

— Jimin, Taehyung! – A voz de minha mãe soou do andar de baixo.

— Vamos, a festa vai começar.

 Eu “corri” — Vulgo, me rastejei, minha perna atrapalhava minha diversão —, suei, brinquei, comi bolo, cantamos parabéns para Sora, fizemos um suspense para entregar o presente, ela chorou quando viu a casinha, sufocou Taehyung e a mim com um abraço, conheci os outros amigos e alguns primos de Tae e So, e no final, já estava caído de cansaço na poltrona da sala que estava vazia.

— Jimin, vamos pro meu quarto, eu já arrumei nosso colchão. – Senti um dedo me cutucar abaixo da costela e abri os olhos, sonolento. 

 Estendi meus braços em sua direção, Taehyung ergueu uma sobrancelha e franziu sua testa, confuso.

 Abri um sorrisinho meio grogue.

— Me leva. – Expliquei sonolento.

— Ah, Jimin... – Ele parou e me encarou, olhou para minha perna, balançou a cabeça negativamente, e bufou derrotado. — Tudo bem, vem aqui. – Passou meu braço direito por volta de seu pescoço, levantando um pouco do meu peso do sofá, passou seu braço esquerdo pela minha cintura, sentindo firmeza no meu peso, e enfim, usando seu braço livre para “abraçar” minhas duas pernas e estender-me do sofá por completo.

— Comeu muito bolo, Jimin. – Dei um tapa em seu ombro enquanto o maior me carregava para o quarto.

— Me respeita, eu sou o Hyung.

 Mantive meus olhos fechados, apenas sentindo o embalo do corpo franzino de Tae enquanto andava em direção ao seu quarto.

 Alguns minutos depois, senti meu corpo ser posto delicadamente na superfície macia do colchão.

— Jiminnie...  – Taehyung sussurrou, passando seus dedos em minha testa.

— Hum 

—  Você já gostou de alguém?

 Se eu já gostei de alguém? Como eu vou saber...

— Como você sabe quando gosta de alguém? – Abri um dos meus olhos, encarando o rostinho infantil do Taehyung.

— Eu vejo o papai e a mamãe se beijando, eu perguntei uma vez o porquê das pessoas se beijarem e ela disse que é porque se gostam. – Ele parou por alguns segundos, comprimindo os lábios, parecendo pensar. – Então; eu acho que quando você sente vontade de beijar alguém, é porque gosta dela. – Sorriu, parecendo orgulhoso de si por chegar á uma teoria.

— Certo. – Fechei os olhos, deixando o Taehyung divagando sozinho.

- Jiminnie... – Sussurrou mais próximo do meu rosto, consegui sentir o sopro que sua respiração dava.

— O que foi? – Perguntei preguiçosamente arrastado.

— Você já sentiu vontade de beijar alguém?

 Se eu senti vontade de beijar alguém?

 Mesmo em minutos em silêncio, minha cabeça estava funcionando a um turbilhão. Meu cérebro automaticamente começou a relembrar de todas as vezes que eu reparava demais em Tae; em seus lábios cheinhos e avermelhados, na maneira em que ele os mordia sempre que estava nervoso ou sabia que havia feito bagunça além da conta e esperava a bronca de sua mãe; seus olhos absurdamente brilhantes, como se buscassem captar o máximo que pudessem das coisas ao redor, sempre famintos de curiosidade.

— Sim, eu já. – Respondi monótono.

— Por quem? – Seu tom de voz soou curioso.

— Não vou dizer, Taehyung. É vergonhoso falar sobre essas coisas. 

— Ah, Jiminnie, eu sou seu melhor amigo. – Emburrou-se.

— E você, já sentiu vontade de beijar alguém? – Desconversei, focando o assunto no outro garoto.

— Sim, - Respondeu com um sorriso travesso. Acomodou-se, deitando ao meu lado no colchão e apoiando sua cabeça em sua mão, visualizando-me por cima. – já sim.

 Eu sei que é estranho, mas eu senti ciúmes e inveja, ciúmes por não ser eu, e inveja da pessoa que já foi alvo da paixonite de Taehyung.

— E... Quem é? – Taehyung me olhou de soslaio, eu não sei se queria a resposta.

 E ainda estava de olhos fechados, desejando internamente para que ele demorasse a responder e que nesse meio tempo eu já tivesse caído no sono para não ter que lembrar que a pessoa não era eu.

 Por que eu desejava que fosse eu?

 Mantive meus olhos fechados, até sentir meus lábios serem pressionados por um tecido quente, suave, e macio.

 Até Taehyung me beijar.

 Abri meus olhos, vislumbrando a face serena de Tae perto do meu rosto, eu provavelmente carregava um semblante assustado, era uma atitude muito inesperada até para Taehyung.

 — O-o que está fazendo? – Murmurei contra seus lábios. Taehyung sorriu e abriu seus olhos, eu podia jurar que ele conseguia enxergar minha alma. Se é que esse tipo de coisa existe.

— Beijando a pessoa que eu gosto. – Eu queria sorrir, queria mesmo. Queria beijar Taehyung de novo, e abraça-lo, mas era tão errado.

— M-mas é errado! – Desesperei-me tentando levantar, inutilmente, Taehyung segurava-me pela cintura impedindo qualquer oportunidade de fuga minha.

— Por que é errado? – Ele contraiu os lábios e tombou a cabeça para o lado, olhando-me inocentemente.

— Somos dois meninos, meninos, Tae. – Eu poderia considerar que Taehyung havia enlouquecido de vez.

— E o que é que tem? Ainda é amor! – rebateu com indignação.

 Ainda é amor.

Escrevendo isso para vocês, leitores, eu percebi que sim, haveria uma pessoa que se lembraria de mim para sempre, e essa pessoa; é Taehyung. O garoto que me ensinou o que amor, e sou grato por ele.

 Sou grato pelo seu amor, que foi o mais puro que já recebi, grato também porque se não fosse por ele, eu viveria uma mentira a minha vida inteira, eu teria me casado com uma mulher que eu não amaria, teria filhos, que provavelmente eu criaria como meu pai me criou — mesmo abominando o modo de didático do meu pai em lidar com as coisas; a base do cinto. —, um emprego medíocre, vivendo na sombra do que meu pai já foi.

 Provavelmente morreria de cirrose, visto que eu me tornaria um alcoólatra, usando a bebida para me afundar na merda de vida que eu teria.

 Mas apareceu Kim Taehyung, e me disse: “Ainda é amor”.

— Jimin, eu te amo! – Taehyung grudou seus lábios com os meus, e eu senti a textura úmida e quente de sua língua batendo nos meus lábios, eu abri a boca por instinto e, se antes, o beijo não tinha nada de especial, agora fazia todo sentido do por que as pessoas se beijarem, eu sentia que estava completamente nas mãos de Taehyung, e que não havia lugar mais seguro e confortável para jazer.

 Sua língua passava devagar por dentro da minha boca, acariciando e brincando de espaçonave no céu do ósculo.

 Separamo-nos e Tae colou nossas testas, deixando sua respiração quente e ofegante batendo contra meu rosto.

— Eu quero ouvir você dizer. – Pediu com os olhos fechados e um sorriso bobo deslizando por seus lábios perfeitos.

— Eu te amo, Taehyung.

E amarei para sempre, até se o esquecimento me abraçar, eu te amo, Kim Taehyung...


Notas Finais


espero que gostem, relevem algum erro, eu reviso, mas sabem como é né, acaba passando batido.

REFERÊNCIAS:

† Ceberus é o cão que toma conta dos portões do submundo: Essa coisa linda (http://animal-dream.com/data_images/cerberus/cerberus1.jpg)


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