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História Memórias Póstumas de Jimin (Hiatus) - Jeon Jeongguk - Parte I


Escrita por: Formidavel e Desventura

Notas do Autor


Não me matem, pls!
Eu demorei uma semana para atualizar, eu sei, mas eu estava trabalhando, arrumando meus materiais de volta ás aulas, além de estar atolada de capas para entregar e bom, como eu sei que todos esperam pelo Jikook, eu o trouxe, inclusive vai ser o primeiro lemon da fic aeee, esse capítulo é mais a introdução de Jeon, o próximo terá o lemon, ou seja: quem não quiser ler o lemon poderá pular, já que não vai agregar muito coisa na história, que já está escrito então, não se preocupem, não haverá mais atrasos ><
OBRIGADO PELOS FUCKING 106 FAVS <3
Vcs viram a capa nova? Estou absolutamente apaixonada.

PS: A FIC TÁ NO FIM EUGUHDS faltam só o J-hope, o Nam e o Jin, e o capítulo do J-hope já está escrito, (tbm é lemon, por sinal), e um capítulo sobre o Jimin e a relação com a familia dele, então preparem-se para se despedir da fic.

OBRIGADO AOS COMENTÁRIOS, EU AMO LER ELES <3
Sério, comentários ajudam tanto um escritor, que eu até estava num bloqueio criativo do diabo e graças ao comentários, eu consegui desenvolver a história do Jeon, obrigado á vcs <3

ENJOY!

Capítulo 4 - Jeon Jeongguk - Parte I


Fanfic / Fanfiction Memórias Póstumas de Jimin (Hiatus) - Jeon Jeongguk - Parte I

✝O Erro Denominado: Jeon Jeongguk, Parte I  — É melhor ter cuidado✝

 Quando se é criança, você quer ser tornar um adolescente — Quando se é adolescente, quer se tornar adulto e isso já é de praxe. Como uma moeda, há os dois lados; quando torna-se adulto, apenas quer voltar a ser uma criança, sem preocupação — e muito menos; responsabilidades.

 Em 1901 eu atingira minha maioridade, coisa que me fez ficar mais atrevido do que o costume. Eu achava que já era dono do meu próprio nariz, tinha autonomia o suficiente para fazer o que quisesse sem dar explicações á ninguém. Eu era oficialmente um homem feito — sem querer ter as atribuições de um.

 Além de família fundadora, a família Park era proprietária de uma rede de joalherias, a Golden’s Neck, tínhamos filiais espalhadas por toda a Coréia — e com o sucesso nos negócios — viam-nos os pedidos e convites de patrocínios de todas as regiões.

 Segundo as expectativas do meu pai: eu deveria estudar gestão e preparar-me para assumir a Park Inc.

 Se eu estava animado para me tornar diretor, largar da minha vida boa e festeira para tornar-me um homem de negócios engravatado? Não, eu não estava nem um pouco.

 Para minha felicidade, algo tirara a atenção do meu pai sobre mim; naquele mesmo ano, um esporte ganhara força e caído na graça do público, arrastando pessoas da alta classe até os mais desprovidos para as arquibancadas, causando ansiedade na população, fazendo as pessoas esquecerem-se das diferenças por algumas horas, tornando-as um. 

 O Turfe — ou corrida de cavalos para os mais íntimos —, fora motivo de: términos de casamentos, mortes, falências e algumas desgraças a mais.

 Não é brincadeira o número de pessoas que, além de desembolsarem dinheiro para a compra dos ingressos, apostavam nos cavalos.

 E quando digo apostar, era realmente apostar!

 Alguns desafortunados — pessoas acéfalas, na minha humilde descrição — até mesmo penhoraram suas casas, deram seus carros e um pouco mais, tudo na esperança de receberem em dobro com a vitória de “seu” cavalo.

 Com todo esse movimento na economia local, as grandes empresas passaram a patrocinar os atletas da modalidade.

 Óbvio que a Golden’s Neck não ficaria de fora. O que envolvesse dinheiro, meu pai com certeza investiria — e piedade dos responsáveis que falhassem o negócio dele.

 E mais óbvio ainda — ou eu não estaria relatando isso á vocês —, que o nosso quarto rapaz estava envolvido nisso. 

 Conheci-o na visita á hípica que meu pai me mandara em seu lugar.

 O sol parecia estar mais perto da Terra do que o usual, o chão parecia emanar calor e eu estava começando a acreditar que ao invés de evaporizar água, o calor iria vaporizar-me. Estava desfazendo-me em suor e espero com afinco que a tal visita á esse centro seja breve.

 Não adiantava abrir a janelas do carro, a sensação de mormaço era tão agoniante que eu tinha a impressão de quê minhas roupas pinicavam-me, sendo incômodas. Eu queria tirar aquela gravata e estourar todos os botões daquele paletó preto que me sufocava. PRETO!

 Por Deus, não deixaram-me pôr uma roupa social de tecido fino. Todos sabem que preto retém calor, nem pra ser um terno cinza? Parece que quanto mais tempo passa, as criadas ficam mais burras.

 Como eu odeio tudo isso.

 O balançar do carro em movimento estava começando a dar-me náuseas, eu estava á beira de ter um colapso. Céus, que calor infernal.

 Eu nunca fui á uma hípica — quer dizer; fui quando era pequeno, mas eu não lembro então não conta. 

 Enquanto o motorista seguia na direção, eu estava no banco de passageiro segurando uma repentina ânsia de vômito. Quentura nunca me fez bem.

— Senhor Jimin, chegamos. – O motorista anunciara nossa chegada. Desci velozmente daquele carro, agradecendo pelo fim da tortura.

 Fechei a porta do veículo e sinalizei com a mão para o motorista que ele estava dispensado por hora, esse assentiu com a cabeça e refez o caminho pelo qual havíamos vindo.

 Olhei para a fachada do enorme campo: “Hípica Montreal” — em uma sinaleira branca com as fontes destacadas em azul.

 Quem visse de fora, diria que aquilo parece mais um rancho e que encontraria bois e vacas ao invés de cavalos.

 Crispei meus lábios e andei até a entrada. Havia uma espécie de observatório, onde — creio eu — o porteiro ou segurança ficava vigiando e liberando a passagem dos visitantes.

 Coloquei minhas mãos dentro do pequenino e escondido bolso interno do meu paletó, retirando o cartão em forma de um convite, junto com uma declaração de que eu viera em nome de meu pai.

 Burocracia e mais burocracia.

 Aproximei-me, ocupando meu campo de visão com o vidro quase fumê; deixando o rosto do rapaz sentado no pequeno gabinete em evidência.

 Coitado, deve estar morrendo assado.

— Vim em nome de Kang Cheol. – Estendi-lhe o cartãozinho. O rapaz sinalou para uma pequena entrada onde eu podia passar o cartão.

  Assim o fiz; passei o cartão por debaixo da pequena abertura, logo observando o rapaz agarrar o cartão com seus longos dedos.

 Enquanto ele analisava a veracidade do convite, comecei a olhar em volta. O dia estava no horário pico de sol, em torno de umas 12h ou 13h, estava realmente quente e eu só desejava entrar e tomar alguns bons litros de água.

 Por estar na parte mais dianteira do exterior da hípica, eu tinha visão ás pistas de corridas. Por cima das cercas, era possível observar alguns trotes de cavalos e algumas vozes gritando ordens.

 — Sua entrada está liberada, Senhor Jimin. – O rapaz de unhas ruídas tirou-me a atenção do trotar dos cavalos. Passava com tamanha calma o convite pela entradinha, junto com um crachá. Acho que minha cara de dúvida fora o suficiente para fazê-lo explicar sem eu precisar questionar a utilidade daquele ID. — Há muito sócios lá dentro, além de não precisar se apresentar demasiadas vezes, você é o mais novo dentre os empresários. Pode ser confundido com um Jockey. — Abri a boca, expressando um “tudo bem” mudo com a explicação do rapaz que ainda não me fazia sentido nenhum. Qual Jockey treinava de terno?

 Dei-lhe ás costas, passando pela entrada. A recepção era mais urbana comparada aos campos de treino, as bancadas eram revestidas em mármore, havia sofás de couro á cada extremo da sala.

 Fui em direção à banca da recepção, dirigi-me á recepcionista que alargou seu sorriso, o famigerado sorriso quadrado, assim que pousou seus orbes em mim. Não era possível ver da distância em que eu estava, mas aposto que suas pupilas dilataram-se.

 Não posso culpa-la, eu sou incrivelmente lindo mesmo.

 Com o sorriso mais convencido que eu tinha, caminhei até aquela recepcionista. Podia-se perceber que ela estava suspirando.

 Se soubesse que não faz nenhum pouco meu tipo.

— Com licença, a reunião com o Senhor...

— Jeongguk! – Ela me ignorou.

 Ela... Me... Ignorou.

 Surpreso com seu atrevimento, eu desviei meu olhar para trás, precisamente, seguindo o ponto para o qual ela olhava.

 Um rapaz, — vestido com roupas de montaria — caminhara atrás de mim. Esse tempo todo ela olhava para ele e não para mim.

 Que insolência.

— Oi, Shin. – Ele se escorou no mármore em frente a ela, parado ao meu lado.

 Minha feição expressava muito bem meu descontentamento e eu apenas alternava meu olhar entre a moça – que deveria estar me atendendo – e o rapaz.

— Você está treinando ás terças agora? – Perguntou com certo receio (?) na voz.

 Interessante... Ela gosta dele.

 Ainda com a cara aborrecida, limpei a garganta, tomando suas atenções á minha pessoa. Pessoa, que por mais nanica que fosse, estava enfurecida.

— Desculpe-me, senhor... – Ela reverenciou-se, tentando ler minha identificação.

— Jimin. Park Jimin, das empresas Park Inc. Estão me esperando para uma reunião e eu estou atrasado dois minutos por culpa de sua falta de profissionalidade. – Argumentei, recuperando a pose de “homem indestrutível” que meu pai ensinara-me a ter.

 Ela pareceu desconcertada com a crítica e o rapaz ao seu lado media-me de cima á baixo, sustentando um sorriso sútil.

— Falaram-me que o filho do Park era realmente um mesquinho de nariz em pé. – Começou o rapaz. — Vejo que era verídico.

— Falam tanto de mim que estou pestendo-lheme candidatar à prefeitura de Busan. – Desdenhei do seu “ataque”.

— Jeon Jeongguk, ou Jungkook. – Estendeu-me sua mão, repuxando um sorriso de lado.

— Park Jimin, mas isso você já sabe. – Retribui seu gesto, mesmo sem entender aonde aquilo iria chegar.

— Não seja tão duro com os outros, Jimin. — Piscou para mim e virou-se para trás, ameaçando ir embora, não sem antes dar um aceno para a recepcionista – a mesma desmanchou-se com o sorriso do rapaz –, parece que nunca vira um homem bonito.

 Desde quando ele ganhara intimidade para me chamar pelo nome?

— Estou atrasado cinco minutos, agora. – Bufei, chamando-a a atenção.

— Oh, desculpe-me, Senhor Park. – Recompôs a postura, levou a mão até a boca, cobrindo-a e tossindo delicadamente. — Siga reto naquele corredor, a sala de reuniões é a última porta.

 Virei de costas, sem ao menos agradecer — não agradecemos ou parabenizamos alguém por ter cumprido com seu dever, lição do papai Park —, segui suas instruções; caminhando até o final do corredor e avistando a última porta.

 Uma placa banhada a ouro marcava a sala de reuniões, com os dizeres esculpidos na superfície e preso por bifurcações de prata.

 Apressei-me á dar duas batidas rápidas na porta, ouvindo alguns murmúrios provindos de dentro da sala, interromperam-se com o barulho da madeira batendo.

— Park Jimin é uma honra recebe-lo. – Um senhor de estatura baixa, pele rugosa e cabelos ralos recebia-me com uma satisfação meramente fingida.

— Digo-te o mesmo. 

— Vamos entre, estávamos apenas esperando sua chegada. – Inclinou-se para o lado, dando-me passagem. Entrei — sem alguma razão aparente — receoso.

 Curvei-me cumprimentando os demais homens ali. Contando rapidamente, creio que eram em torno de nove senhores engravatados.

 O senhor que me recebera anteriormente, apontou para uma poltrona vazia ao pé da janela, sentei-me ali e fiquei observando ao redor.

— O último sócio chegou, daremos inicio á reunião. — O moço-quase-careca sentou-se preguiçosamente na poltrona restante, arrumando as abotoaduras de seu terno. — Sobre qual tópico os senhores gostariam de discutir primeiro? 

— Acho válido apresentar os gráficos dos ganhos que a hípica vem adquirindo. — Um rapaz de lábios fartos – muito bonito e supostamente jovem para estar ali – dissera. 

— Exatamente, e na posição de patrocinadores, é essencial que mostre-nos as fichas dos atletas.  — O senhor Choi, pai de uma ex-professora minha —, concordou com o rapaz e acrescentou.

  A partir dali, começara um debate sobre melhorias na hípica; investimentos para aumentar a arquibancada, construção de uma pista de trezentos metros, uma loteria em cada extremo para os apostadores fazerem seus lances e etecetera. 

 Minhas unhas das mãos pareciam-me muito mais atrativas do que prestar atenção em um monte de velho – com exceção do moço, chamado Jung Seok, rapaz lindo e tão displicente quanto os velhotes. 

 Em algum momento, totalmente inoportuno, comecei a pensar no Jockey de sorriso deslavado. Ele é um rapaz muito atraente, confesso, mas há algo... Familiar.

 Não que eu já o tenha visto, quero dizer que tem uma coisa nele que eu já conheço; definitivamente, ele não é uma pessoa comum.

— Senhores, vou apresentar-lhe os nossos Jockey’s. – O velho calvo levantou-se, caminhando até uma mesa – que eu não notara, até então. 

 A palavra “Jockey” trouxera-me de volta á reunião, despertando um enorme interesse. Se ele possui as fichas dos atletas, e Jungkook é um atleta; automaticamente deduzo que em um daqueles ficheiros há minha chave para saber um pouco mais do rapaz de cabelos brilhantes.

— Quero enfatizar um de nossos atletas: Jeon Jeongguk. — Voltou com uma pequena pilha de pastas.

 Quer dizer que Jeon é o atleta preferido? Por isso toda aquela confiança.

— Quero patrociná-lo. — Tomei a frente, assumindo seu patrocínio antes de algum dos outros sócios.

— Mas ainda nem vira o ficheiro dele? – Jung Seok rebateu.

— Confio na palavra do senhor... – Forcei um pouco minha vista, lembrando-me do crachá que cada um trajava em volta de seu pescoço. —... Kim!

  Sr. Kim abrira um sorriso, convicto de que esse era realmente o motivo de minha afobação.

 Eu usava meu cérebro arduamente quando me convinha. O plano era o seguinte; patrocinando Jeongguk, eu teria que monitora-lo, significando que eu teria de passar algumas horas do meu preciso tempo na companhia do rapaz.

 Sim, eu poderia estar arriscando dinheiro, nosso renome e vários outros bens financeiros, apenas para satisfazer minha curiosidade.

 Porém, eu sou Park Jimin e, definitivamente, responsabilidade não é uma característica minha.

 A melhor coisa, fora dizer a Jeongguk que seu patrocinador era nada menos do que eu. Sua cara... Fora implacável!

 — Peça á Jeongguk para vir até aqui. — Senhor Kim passava a ordem para a recepcionista da semana anterior. Aquela mesmo que me deixou no vácuo.

 Eu estava sentando em frente à mesinha de centro, degustando de um maravilhoso chá gelado — ou parecia-me especialmente delicioso por conta de meu bom-humor —, tinha acordado animado até demais, pronto para ver Jeongguk e sua reação ao saber que eu — as empresas também são minhas, oras! — Estava patrocinando-o.

 Batidas na porta maciça foram ouvidas, sorri malicioso com a cara ainda escondida por trás da xícara.

 O velhote levantou-se para abrir a porta, comecei a fitar algum outro ponto da sala, fazendo-me de desentendido, — eu gostava de fazer-me de difícil — esperando que o mais alto visse-me.

 — Não acredito... — Jeon entrou na sala, percebendo minha presença. 

 Por alguma razão; sua surpresa não aparecia desagradável. A meu ver, fora apreciada.

— Estou satisfeito em conhecê-lo, Jeon Jeongguk. — Levantei-me da poltrona, estendo-lhe minha mão, como ele fizera quando nos vimos pela primeira vez.

— Igualmente, Park Jimin. — Seus olhos fitavam-me felinamente; procurado algum resquício de vulnerabilidade em mim.

 Eu sabia que tinha algo em Jeongguk que eu precisava descobrir e isso, definitivamente, era algo instigante. Tê-lo em minha frente só engrandecia essa minha vontade. 

— Feito as devidas apresentações, — Senhor Kim aproximara-se, — Jeon meu rapaz, as empresas Park está oficialmente patrocinando-te daqui em diante. Precisamos apenas de sua assinatura para fechar o contrato. — Explicou a situação para o rapaz que assentiu com um aceno de cabeça.

 Jeon sentou-se no assento á minha frente, fitava-me sem o mínimo pudor. Kim estendeu-lhe o contrato tomando sua atenção, fazendo desviar o olhar.

 Suspirei pesado, agradecendo mentalmente.

— O Senhor Jimin irá monitorar seus treinos, todos os dias. Quero que passe sua grade de treinamento para ele.

— Contratarei um treinador, comprarei outro cavalo...

— Gosto do meu treinador e do meu cavalo. — Jeon interrompeu-me com um tom de voz grosseiro, sem desviar-se de sua leitura do contrato.

— A questão não é sobre o que você gosta. — Sorri forçado.

 Jeon devolveu o sorriso cínico.

 Seriam longas semanas, e põe longas nisso.

 E se você pensa que eu e Jeongguk não nos entendíamos... Você está completamente certo!

 Entretanto, com o passar dos dias fomos aturando um ao outro — eu fazia questão de irritá-lo mesmo, só para vê-lo cair do cavalo, e não é uma metáfora, trocando nada além de alfinetadas e palavras estritamente profissionais, depois vieram os monólogos, os diálogos e enfim, estávamos conversando — como diria o treinador de Jeongguk, Senhor Go — que nem gente.

 Era uma manhã fria, aquela típica de começo de dia; com ventos gélidos batendo em seu rosto e formando vapor contra seu hálito. Como o clima pode mudar tão drasticamente de uma hora para outra?

 Estava na área do restaurante da hípica, eu tinha chegado mais cedo — a pedido do Senhor Go — para ver a pista de cem metros que Jeongguk iria correr nesse final de semana.

 Por que eu tenho que ver isso?

 Não tinha dado tempo de comer e como eu cheguei mais cedo do que o planejado; aproveitei para ir comprar algo e matar o verme que andava em meu estômago.

 Eu já tinha pedido e estava aguardando, enquanto mantinha-me entretido com os fios desfiados da manga de meu sobretudo.

— Caiu da cama, Jimin? — Jeon sentou-se na cadeira livre a minha frente.

— Não lembro de te convidar para sentar. — Arquei uma sobrancelha e lá vou eu de novo infernizar o garoto.

— Para alguém criado em berço de ouro, você é muito arisco. — Rebateu, parecia bem-humorado, o que não era novidade. Jeongguk sempre estava um raio de felicidade, enchia-me a paciência ás vezes.

 Ele levantara a mão, chamando algum garçom que transitava de um lado ao outro. Fora atendido imediatamente, — ainda mais rápido do que eu, as pessoas nem disfarçam a preferência —, e voltara a fitaste-me.

— O que quer? — Perguntou direto. 

 Franzi a testa, não entendo a pergunta.

— Não sou estúpido por ser mais novo, Park. Eu sei que você quer algo, não parece ser o tipo de pessoa que ajudaria alguém tão fácil assim. —Explicou.

 Então liguei os fatos, compreendendo-o. 

Deixe-me explicar alguns pontos importantes, — pontos esses que vão esclarecer o porquê de Jeon e eu não termos dado certo, além do fato de sermos dois homens amando-se como homem e mulher, e blá, blá, blá — Jeon era um rapaz muito... Humilde, essa seria a maneira menos agressiva de dizer?

 Bem, Jeon era pobre, sua família nem mesmo era reconhecida na cidade. Seus pais eram donos de uma padaria em uma vila no interior de Busan, Jeon aprendera o esporte por lá e viera treinar no centro; ganhando sua bolsa para universidade e total gratificação de treinar na hípica sem pagar os custos.

 O ato de patrociná-lo era quase que uma doação, além do dinheiro que investíamos nos seus equipamentos, ração do cavalo, veterinário, treinador e vários outros cuidados, erámos responsáveis por sua remuneração.

 Remuneração essa que era alta se comparada á dos outros Jockeys.

— Não se pode fazer mais nenhuma boa ação? — Meu pedido chegou, deixando-nos em silencio até o garçom retirar-se. — Você é tão convencido. — Beberiquei o café, queimando a ponta da língua ao constatar que a bebida ainda estava fervente.

 Jeon riu anasalado, debochando:

— Jimin, eu sei como você é! — Sussurrou. E novamente, eu franzi o cenho.

— Um mês fora o suficiente para conhecer meu intrínseco? — Jeon semicerrou seus olhos.

— Não sei o que “intrínseco” significa, mas você entendeu muito bem o que eu quis dizer.

— Não, Jeon. — Pousei a xícara na mesa, apoiei meus ombros na mesma e entrelacei meus dedos, fitando-o. —Não sei o que significa, pode simplicar, por favor?

— Você não pode gostar de mulheres. — Seu semblante adornara um sorriso digno de um cretino.

 Como ele sabia? 

 Todos os homens com que me envolvi, ou eu pagava á eles — vulgo, cortesões —, ou nem viviam em Busan... Ou nem viviam. 

 Á menos que ele tenha lido meu diário... Mas não recordo de ter escrito tão explicitamente sobre meus relacionamentos homossexuais, eu sempre penso um passo á frente para casos como esse.

 Ou então...

— Você tem algum tipo de radar, Jeongguk? — Sorri de lado, não demonstrando o nervosismo que eu sentia naquele instante. 

 Minha vontade era de levantar Jeon pela gola da camisa e interrogar onde ele vira ou ouvira alguma coisa. Porém, o pensamento dele estar blefando também rondava as minhas hipóteses e decidi entrar no seu jogo.

— Não tenho radar para achar homossexuais, Jimin. — Mas garanto que você... — Jeon tirou uma carta do casaco que usava, pousou-o na mesa e deslizou o envelope sob a superfície da mesa em minha direção com as pontas de seus dedos. — Garanto que você estava no meu radar. Eu só precisava de uma confirmação. — E sorriu, seguindo de sua famosa piscada de olho. Jeon levantou-se, sem nem mesmo comer o que pedira e saiu do restaurante.

  Jeon era um desgraçado manipulador de primeira categoria. Aquele sentimento de perigo deixava-me alarmado sempre que eu estava perto de Jeon. Como eu dissera; Jeongguk era tão maquiavélico, que até esse instinto ele fizera com que eu ignorasse.

 Depois daquele dia do restaurante, ele passara á me provocar; olhares furtivos, piscadas de olhos, contato físico, ele passou a ser tão abusado. E eu não me importava.

 Quando nossos dedos se esbarram em meio á procura de papéis sobre a mesa, eu só desejava que aquelas mãos tocassem outros lugares. Eu queria Jeongguk e ele havia deixado á entender que também queria.

 Jeon foi a pior-melhor-coisa que eu tive. Ou não tive. Ele abaixou todas as minhas defesas e fizera-me escolher entre ele ou eu, mas eu me amava e, de Jeongguk, eu só queria algumas noites.

 Desde aquele dia, Jeon age de maneira estranha; sorridente, amistoso e muito mais atrevido do que o normal.

 Não entenda mal, Jeon sempre fora assim... Com todos, exceto comigo.

 Assim como a rotação e a translação da Terra era algo comprovado; nossa antipatia um pelo outro também era.

 Eu não sabia se ouvia minha razão ou meu coração.

 Certo que esse “ódio” que eu sentia — ou sinto — era proveniente do desejo reprimido que eu sentia por Jeon, e eu ficava com raiva em saber que eu, talvez, nunca poderia tê-lo, afinal; até que eu ouvisse de sua boca, Jeon era um rapaz tradicional.

 Quando ele deu-me aquele envelope no restaurante, eu não podia acreditar. Era bom demais pra ser verdade.

 Eu estava sentado em minha cama, com o envelope em mãos. Passei o canivete pela lateral do papel, puxando a carta de dentro.

“Olá, Park.

Imagino que não estás entendendo absolutamente nada.

Você é famoso, Jimin. Muitos de meus amigos – que, inclusive, trabalham nos cabarés que você frequenta — falam de você. O quanto Park Jimin tem uma bunda incrível, o quão fabuloso você é, um verdadeiro leão na cama.

Fiquei até curioso em saber quem era você, comprei vários jornais com a folha principal estampando o nome das empresas de sua família, apenas para matar a curiosidade.

Confesso que fiquei bem surpreso em saber que o filho dos Parks era gay, e fiquei feliz, é claro.

E pude conferir com meus próprios olhos que você é digno de todos aqueles elogios, aliás, bela bunda.

Agora, Jimin, saiba que quero experimentar de ti. Passei noites sonhando com você de terno — arrancando suas roupas com os dentes, para ser exato —, desde o dia que encontramo-nos pela primeira vez.

Eu adoro um homem birrento.

Eu posso te consertar, Park.

Basta dizer que quer.

Aguardo sua resposta ansiosamente,

J. J.”

 O que é mais estranho; Jeon querer-me, ou estar tentado á aceitar?

 Dane-se.

 Levantei-me em direção á mesa de escrivaninha no canto escuro de meu quarto, apressando-me para escrever-lhe.

 Se não falha minha memória, daqui uma semana meus pais terão uma viagem para ir á negócios. Ficarei sozinho em casa, trazer Jeon aqui com o pretexto de quê iremos conversar sobre a hípica será estupidamente fácil.

 Há um porão no andar subterrâneo da casa, fora da vista e dos ouvidos dos empregados que residem em casa mesmo fora do horário de serviço. Passarei essa semana testando o Jockey, para ter absoluta certeza que de quê não é uma brincadeira ou algum teste.

 Sim, eu tenho uma paranoia cruel de que alguém desconfie e possa vir a testar-me.

 Uma semana, é o suficiente para ter Jeon Jeongguk.

 Acendi a vela perto da máquina de escrever, rapidamente o fogo baixo iluminara as teclas. Rebobinei o papel e comecei a redigir a resposta, cuidadoso com cada palavra.

 Acabei rindo comigo mesmo ao lembrar que á última vez que escrevi uma carta fora há quatro anos, quando Yoongi faleceu e eu reescrevi seus últimos sentimentos; trocando o amor que ele sentia por mim, por alguma mulher fictícia, jogando á culpa nas pessoas indiretamente e as perdoando no final, como o próprio Yoongi faria.

 A situação era diversa daquela, agora eu precisava escrever uma carta, e não um quase memorando.

 Suspirei, pensando em minhas palavras:

“Caro, Jeon Jeongguk.

 Tu és um tanto audacioso em dar-me uma carta tão comprometedora, eu poderia usar desse artificio para acabar com sua carreira, mas já sabe o bastante de mim para saber disso também.

 Obrigada pelo elogio, escalei muitas árvores para fortalecer meus glúteos, deveria fazer o mesmo.

 Indo ao que nos interessa; o que te faz pensar que ficaria por cima, garoto?

 Creio que sou mais experiente que você, isso me faz um dominador natural, e sei que conseguiria fazer você arfar meu nome, sabia que fica lindo com as gotas de suor caindo por seu pescoço e escorrendo por dentro de sua roupa?

 Só pela minha curiosidade; eu direi que quero.

 Eu quero você, J.J.

Até á minha cama,

P.J.”

Se eu pudesse nunca ter enviado essa carta, eu não teria.


Notas Finais


E essa safadagem? Hmm, não se apeguem Jeon, só um aviso.
ehuehueh Logo volto, juro, daqui uns 4 dias <3 yoooh bye


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