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História Memórias Rasgadas - Capítulo XIII


Escrita por: Imagination

Notas do Autor


Obrigada pelos comentários, favoritos, mensagens e a todos os que acompanham o enredo!

Peço desculpa pelo atraso, mas estive doente e ontem também foi o meu aniversário e por isso, tive que adiar a atualização para hoje. Continuação de um bom fim de semana para todos!

Capítulo 13 - Capítulo XIII


Capítulo XIII

 

Armin estava quase a dormir com um dos livros sobre as pernas quando a porta se abriu de rompante. O loiro até teria ignorado, mas a cara do companheiro de quarto estava inchada e a mudar de cor. Tinha alguns pensos, indicando que deveria ter passado na enfermaria da Universidade.

Será que alguém finalmente lhe deu a lição que merecia?”.

– Estás a olhar para onde?

– A sério que precisas de perguntar? – Ripostou o loiro. – Se tivesses entrado como uma pessoa normal, talvez até não tivesse reparado.

– Vou cortar-te o pio um dia destes, Armin. – Ameaçou. – Só que o teu namorado psicopata vai ser o primeiro. Puta que pariu, eu pensei que aqueles otários tinham exagerado, mas agora já não tenho tanta a certeza.

– Estiveste com o Levi? – Perguntou o loiro, deixando o livro que tinha na mão de lado.

– Tu e aquele psicopata vão-se arrepender.

– Foi ele que fez isso à tua cara? – Perguntou pasmo com essa possibilidade.

– Posso assegurar que na segunda logo de manhãzinha, vou fazer com que esse anormal seja expulso! E é só o começo. Tu não imaginas o que vou fazer contigo e com ele!

– Não vais fazer nada porque sou eu quem vai arruinar a tua vida. Experimenta abrir a boca para falar dele e quem vai ganhar direito a uma expulsão és tu.

– Vamos ver quem…

– Estou a avisar, Jean. – Disse Armin num tom seco. – Abre a boca e vais-te arrepender.

– Não perdes pela demora. Ainda vamos ver quem é que está a brincar com o fogo.

O loiro resolveu não dar importância às palavras do outro e procurou rapidamente o telemóvel. Precisava falar com o namorado e perceber o que tinha acontecido. Também queria ter a certeza de que Levi estava bem. Porém, após algumas mensagens, a resposta tardava. O jovem de olhos azuis já ia preparar-se para mudar de roupa e sair quando o namorado respondeu que falariam mais tarde, pois não estava em casa. Disse que estava bem, mas que daria detalhes mais tarde.

Os olhos azuis observaram a secção do ecrã que indicava as horas e pelas contas dele, era provável que Levi estivesse já no trabalho. Será que devia ir esperá-lo quando o turno estivesse perto do fim? Embora fosse verdade que o namorado disse que não estava em casa, mas nunca disse que estava a trabalhar. Se não estivesse a trabalhar, então onde estava? Será que o confronto com Jean tinha tido consequências? Embora fosse verdade ou pelo menos existisse uma forte suspeita de que Levi fosse o responsável por enviar os três gorilas da Universidade para o hospital. Se isso fosse verdade, Jean não seria um problema. Só que sem certezas ou detalhes acerca das circunstâncias não podia estar seguro de nada. Tudo era mera especulação.

O que teria provocado Levi ao ponto que algo assim acontecesse? Se Levi era realmente capaz de causar tais estragos em alguém, então por que razão não reagiu antes? Não seria por falta de oportunidade.

E como lidar com Jean, tendo em conta o que teria acontecido? Armin desconfiava que o companheiro de quarto só não tinha ido diretamente ao hospital pela vergonha. Ele sabia que o outro era orgulhoso e felizmente, burro até esse ponto. Para quem estudava advocacia não era muito inteligente, pois no hospital o médico que o atendesse após ver o estado dele, iria aconselhar Jean a apresentar queixa contra o agressor.

Era um procedimento normal que teria sem dúvida prejudicado Levi, mesmo que este tivesse as suas razões. Retirando a queixa da equação, ainda havia a denúncia que Jean podia fazer ao diretor Pixis. Era isso que teria que impedir.

Como podia fazer isso levando em consideração que Jean parecia não temer a expulsão por pensar que Pixis ia focar-se principalmente em Levi? O diretor Pixis não faria isso, mas podia acabar por expulsar os dois. Esse cenário seria o mais provável e Armin queria impedir isso a qualquer custo.

 

Eu – Mensagem:

Olá Hanji ^_^ Será que podemos falar por Skype? Facebook ou qualquer coisa?

É sobre o Levi.

 

Não teve que esperar muitos minutos para que a melhor amiga do namorado e agora amiga dele também, iniciasse uma chamada por Skype e o loiro aproveitou para testar o novo computador. Colocou os fones e viu com um certo alívio quando Jean saiu do quarto.

– Oi, oi Armin! – Sorriu. – Em que posso ajudar? Está tudo bem com o Levi?

– Eu… não tenho a certeza. Aconteceu uma coisa estranha.

– Como assim? Preciso de apanhar o próximo avião? – Perguntou preocupada.

– Acho que não. Ele respondeu às minhas mensagens, mas… Hanji alguma vez o Levi bateu em alguém? Tipo em defesa própria, mas… ah… algo bem efetivo? Desculpa, estou tão baralhado que nem sei como explicar.

– Raramente em defesa própria. – Respondeu Hanji. – Mas por mim, por outra pessoa que ele queira ajudar o Levi pode ser bem intenso. Pessoalmente sou da opinião que devia partir mais narizes, mas ele não me ouve.

– Ele seria capaz de enviar três pessoas para o hospital? – Insistiu em saber.

– O que aconteceu? Do que estás a falar?

Armin explicou a história que envolvia os três gorilas da Universidade a atormentarem estudantes em geral. À medida que explicava, o loiro com a ajuda de Hanji ligou algumas pontas soltas e aspetos em que não tinha pensado. Jean referiu aqueles três como conhecidos. No ano anterior, o loiro passou bem despercebido àqueles três, mas foi após a entrada de Jean na Universidade que repentinamente teve a sua presença notada por eles. Coincidência? Talvez, mas pouco provável. O que significava que havia uma ligação entre eles e Armin quase acreditou que o companheiro de quarto quisesse ajudá-lo, mas na verdade estava por detrás disso.

Reunindo esses fatores, Hanji admitiu que fosse possível Levi ter reagido. Contudo, ela falou sempre em reação e não que Levi fosse o tipo de pessoa que metesse na cabeça que ia atrás dos três. Não, Hanji afirmava com convicção que aqueles três devem ter ido atrás de Levi e qualquer coisa que eles fizeram ou disseram, causou a reação dele. O mesmo teria acontecido com Jean.

– Eu gostava que ele agisse mais em defesa própria, mas ele é teimoso e… há coisas que só ele te dirá quando se sentir à vontade para isso.

– Eu sei. Eu evito forçá-lo a partilhar coisas que o deixem desconfortável. Quero muito que isto entre nós resulte e para isso, sei que tenho que levar as coisas com calma.

– Fico super feliz por ver alguém como tu ao lado do baixinho mais fofo de sempre!

Armin riu.

– Tenta não dizer isso à frente dele.

– Eu sobrevivo, loirinho. – Brincou. – Mas vamos a coisas sérias. Quero falar acerca da possibilidade de expulsão. – Ficou pensativa. – Isso não pode acontecer sob nenhuma hipótese.

– O que achas que posso fazer? – Perguntou o loiro.

– Tens que encontrar algum podre desse Jean.

– Mas e se…?

– Se não conseguires nada, envia-me mensagem. – Disse, coçando a cabeça. – Não queria ter que pedir favores ao sugar daddy, mas posso não ter escolha.

Sugar daddy? – Perguntou Armin. – Tu tens um…?

– Quem? Eu? – Riu alto. – Eu não, mas… ó, ele não te falou dele? Ups, não é bem o que estás a pensar. É complicado. É uma história cómica até certo ponto e até um pouco… ok, eu não vou explicar nada por enquanto. Vocês vão acabar por falar nele. Apenas quero esclarecer que não há nada de sexual entre eles. A sério, o Levi não iria trair a tua confiança.

– Mas ele tem um sugar daddy? – Questionou, tentando processar essa informação.

– É um apelido que ficou. Para dizer a verdade, era o conceito correto mas aqueles dois nunca… ah, isto é bastante complicado e o Levi é que deve contar.

– Ok, mas…

– Quando apanhares alguma conversa entre eles, diz ao baixinho que eu falei um pouco demais e pede-lhe que te explique a história a partir do momento em que aquela app ficou famosa.

– Que app? – Indagou Armin cada vez mais confuso.

– Nunca usaste a appDate me, Daddy”? Tens todo o ar de um twink.

– O quê?

– Pronto, não posso dizer mais nada. Vamos mudar de assunto. Então, conta-me como estão a correr os teus estudos.

 

*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*

 

Ao atravessar a entrada do hospital, a mão do moreno apertou mais a manga do casaco de Levi. Os dois dirigiram-se à zona da receção onde havia uma fila. Os olhos verdes não queriam focar em nada nem ninguém à sua volta. As cores, o som de pessoas a tossir ou queixarem-se, deixava-o com um sabor amargo na boca. Estremecia ligeiramente ao escutar as sirenes das ambulâncias que chegavam ao que se seguia a corrida dos paramédicos que entravam com as macas.

Na mente de Eren só conseguia ouvir o ruído ensurdecedor dos próprios gritos, via o sangue que pingava na maca e que ia pintando o corredor. Via a mão caída e isso fez com que fechasse os olhos com força.

– Eren? – Ouviu Levi chamar.

– Sim? – Murmurou.

– Tens algum documento de identificação contigo? – Perguntou o primeiro.

– Huh? Ah, eu…

O jovem de cabelos negros suspirou e voltando a atenção para a senhora da receção, tentou explicar:

– Escute, ele esqueceu-se mas é importante que seja atendido. Eu assumo a responsabilidade.

A mulher atrás do balcão semicerrou os olhos por alguns momentos até reconhecer o moreno.

– Eren? É o filho do Dr. Jaeger?

– Sim, é ele. – Confirmou Levi.

– Ah, então podes passar. Eu tenho aqui os dados dele, mas infelizmente vai ter que aguardar porque está bastante gente, espero que…

– Obrigado. – Cortou Levi, puxando o moreno para irem para a zona onde não havia cadeiras suficientes para as pessoas ali presentes. Vendo o ar pálido do moreno, o outro jovem pousou uma das mãos sobre as costas dele com movimentos circulares. – Sei que isto vai soar mais fácil de dizer do que fazer, mas procura não pensar muito na tua avó agora.

Os olhos verdes apesar de ainda espelharem outras emoções negativas, mostraram também espanto.

– Eu falei-te dela?

– Sim. – Confirmou. – Era a pessoa da tua família de quem mais falavas.

– Falei disso contigo…

– Falaste sobre muita coisa. Tu esqueceste, mas eu não. – Comentou o jovem de olhos cinza.

– Ela era muito importante. Se te falei é porque… – O estômago dele resolveu interromper e foi então que Levi também se recordou que com tudo o que aconteceu nenhum dos dois tinha almoçado ou comido nada até aquele momento.

– Vamos esperar só mais um pouco pela triagem e depois vamos ali ao bar que eles têm para ver o que há para comer.

– Triagem? – Indagou o moreno.

– Basicamente vão chamar pelo teu nome e uma enfermeira vai fazer algumas perguntas para avaliar a gravidade da tua situação. Com base nisso vai dar-te uma pulseira com uma cor que define a prioridade de atendimento. – Explicou, apontando discretamente para algumas pessoas e um ecrã na sala de espera com cores, números e estatísticas relativas ao tempo de atendimento. – Verde é a cor menos prioritária. Segue-se o amarelo e por fim a laranja em que normalmente esperas menos tempo.

– E a cinzenta? – Indagou, vendo algumas pessoas com essa cor.

– São os acompanhantes.

– É a que vais usar?

– Sim, já disse que não vais ficar aqui sozinho. – Assegurou.

Assim como explicado, Eren teve que passar pela triagem e com algum receio de que o moreno bloqueasse ou não fosse claro quanto à gravidade da situação, Levi acompanhou-o e conseguiu que o moreno recebesse a pulseira amarela. Mesmo assim, ainda existiam muitas pessoas à frente dele e por isso, tiveram tempo de comer qualquer coisa antes de regressar para a espera que pareceu ser eterna até que finalmente, Eren teve um médico à frente dele.

– Preciso fazer um raio-X, mas com certeza tem uma ou duas costelas partidas. Vou passar analgésicos para as dores e o repouso será imperativo para recuperar.

Após a radiografia, o médico confirmou que existiam duas costelas fraturadas e que felizmente apesar da localização, não desenvolveu qualquer complicação grave relacionada com os pulmões. No entanto, Eren ainda precisava de uma pequena intervenção cirúrgica para alinhar corretamente as costelas.

– Uma cirurgia? – Repetiu Eren cada vez mais pálido.

– Já marquei o bloco operatório. A inflamação pode piorar e é melhor corrigir já o problema. Sim, quando disse que marquei o bloco operatório, terás prioridade. Não precisas pedir ao teu pai para nos infernizar.

– É mesmo preciso que… – Ia dizer Levi, mas o médico continuou.

– Escuta Jaeger, a cirurgia vai ser ainda hoje e no máximo segunda ou domingo já deves ir para casa. Não podemos fazer mais do que isso.

– Oiça, não é bem isso que o preocupa e sim a cirurgia em si. – Falou Levi cada vez mais irritado com a atitude do médico, pois cada vez que dizia o nome Jaeger só lhe faltava cuspir para o chão.

– A cirurgia é necessária para que a recuperação não seja um problema. Até mesmo o pai dele não seria contra, mas se querem pedir a opinião dele…

– Não. – Cortou Levi.

– Pronto, então vou chamar a enfermeira para que possas mudar de roupa e ficar já preparado para ir para o bloco operatório, assim que esse estiver disponível. Quando foi a última refeição?

– Ah… ao fim da tarde. Agora já não tenho a certeza há quanto tempo. – Respondeu Levi.

– Nesse caso terá que aguardar um pouco mais.

Levi queria bater no médico. Quase não explicava coisa nenhuma a menos que fizesse perguntas e mesmo assim, o médico não escondia a falta de vontade em estar ali. Quando veio a enfermeira para recolher as roupas de Eren e entregar-lhe uma bata de hospital, também a mulher de idade não mostrou simpatia ou qualquer consideração por ver Eren claramente aterrorizado com a ideia da cirurgia.

Quando foram para um quarto, onde se encontravam outras pessoas com visitas ou queixar-se de dor, Levi puxou as cortinas que era a única coisa que criava alguma privacidade entre eles e os outros. Em seguida, viu Eren sentado na beira da cama e podia ver os tremores.

– E se… e se correr mal? Eu não quero estar aqui. Eu… – Caíram várias lágrimas e Levi sentou-se ao lado dele, retomando as carícias nas costas de Eren.

– Vai correr bem. – Respondeu. – Amanhã a esta hora provavelmente até já estamos em casa.

– E se… – Deixou escapar um soluço. – Pareço-te mesmo o puto ridículo daquele dia, não é?

– Não. – Respondeu, mantendo o tom tranquilo. – Nunca pensei isso.

– Parece que estamos de volta àquele dia. – Disse, soluçando mais uma vez e mal contendo a expressão dolorida. – Foda-se a minha sorte, nem chorar em paz, posso.

– Vai passar. – Ouviu como resposta.

– Parece uma piada que estejamos numa situação semelhante. – Continuou o moreno. – Embora desta vez não possas fazer curativos como daquela vez. Diz-me uma coisa. Tinhas esse hábito ou eu estava mesmo patético naquele dia?

– Não, não era um hábito e só achei de mau gosto que a enfermeira saísse sem cuidar de ti primeiro.

– Até hoje não compreendo o porquê disso e nem porque comecei a falar contigo. – Deixou cair mais algumas lágrimas que limpou com o braço. – Assim como naquele dia também tinhas os olhos vermelhos e inchados, mas eu não perguntei porquê. Nunca o fiz.

– Fizeste isso ou melhor tentaste, mas eu nunca quis responder.

– Se perguntar agora porque parece choraste a noite passada, também vais fazer o mesmo?

– Sim.

– Foi aquilo que eu disse ontem?

– Não. – Suspirou. – Nada disso importa.

– Não consigo lembrar-me de tudo o que aconteceu. Acho que essa é uma das razões para estar aqui neste momento. Sei que sou uma pessoa terrível e que não devia ter o privilégio de esquecer tudo o que fiz.

– Só estás a dizer isso porque estás com medo. – A mão deixou as costas do moreno. – Deita-te. Descansa. Vai fazer-te bem.

O moreno com alguns movimentos dolorosos acabou por deitar-se na cama de hospital. Não era muito mais confortável que o sofá da casa de Levi e fez questão de comentar isso.

– Não sei do que estavas à espera, mas isto não é nenhum hotel.

– Eu sei, mas… tens net no teu telemóvel?

– Sim, dados móveis. Não é o suficiente para ver filmes, se é isso que estás a pensar.

– Posso ver outras coisas.

– Não vou dar-te o meu telemóvel, Eren.

– Podes ler para mim? – Pediu. – São tweets e coisas que costumo ver para passar o tempo.

Levi não pensava que fosse passar grande parte do tempo a ler coisas estúpidas partilhadas por idiotas, mas Eren parecia entreter-se com isso. Pelo menos, tinha parado de chorar e o efeito da medicação para as dores acabou por dar sono ao moreno que adormeceu mais tarde. O jovem de cabelos negros até teria continuado a ver conteúdos online, mas a bateria tinha baixado consideravelmente. Não queria ficar completamente incomunicável. Ainda que também fosse certo que não queria ter que explicar onde estava nem à Hanji nem ao namorado. Evitaria essa conversa por mais algum tempo.

Numa das visitas da enfermeira trouxeram-lhe uma revista e mesmo que não fosse o melhor conteúdo do mundo, era melhor do que continuar a resistir à tentação de gastar a restante bateria que tinha no telemóvel. A certa altura embalado pelo cansaço e sono, Levi começou a fechar os olhos mesmo que a cadeira em que estivesse sentado não fosse nem um pouco confortável. Nunca chegou mesmo a adormecer, apenas teve curtos períodos de sono. Mesmo assim, quase se assustou quando uma enfermeira carrancuda entrou e acordou os dois com o barulho.

– Vamos acordar porque volto daqui a 2/3 minutos para levá-lo. – Anunciou antes de sair.

Levi olhou para o relógio do telemóvel. Eram quase duas da manhã e agora bem acordado, podia ver o medo novamente nos orbes verdes. Aproximou-se da cama.

– Não podes entrar assim na sala de cirurgia. – Disse Levi, suspirando em seguida.

– Mas… e se não voltar?

– Não é uma cirurgia complicada e lembra-te que te vai ajudar a melhorar.

– Há quem morra em cirurgias simples. – Disse e ia tentar levantar-se, mas Levi debruçou-se sobre ele, acariciando o rosto do moreno.

– Eren vai correr bem. Quando te levarem, vais voltar a dormir e quando acordares, vou estar aqui ok?

– É com anestesia, certo?

– Claro. Eu sei que o idiota do médico não explicou, mas não vais estar acordado.

– Levi…

– Hum?

– Podes dar-me um beijo de boa sorte?

– Huh? – Parou de acariciar o rosto do moreno. – Este não é o momento para pensar em estupidez ou com as hormonas.

– Se morrer esta pode ser a última vez que vou pensar com as hormonas. – Insistiu.

– A sério que queres insistir nisso? – Perguntou incrédulo, vendo os olhos verdes fixos nele como uma criança mimada que queria ver atendido o seu pedido. – Eu tenho namorado, Eren.

– Não estou a pedir-te em casamento.

– Eren.

– E se for a última coisa que vou sentir? – Persistiu.

– Não sejas dramático, Eren. – Disse, vendo o moreno virar o rosto enquanto lágrimas começavam a cair novamente.

– Levi se não voltar, podes dizer à minha mãe que… – A mão do jovem de olhos cinza voltou ao rosto dele e Eren esperava mais algumas palavras que descartassem o “drama” dele. Embora Eren estivesse genuinamente em pânico e quem sabe Levi tivesse visto isso. Era um pedido tão irracional, mas o moreno queria qualquer coisa que chamasse a atenção dele para outra coisa. Recordava-se bem do que tinha sentido no beijo que trocou com o outro e se realmente não voltasse, queria o beijo de alguém que ficou ao lado mesmo quando não merecia.

O jovem de cabelos negros tencionava deixar um beijo curto sobre os lábios do moreno, mas este segurou o ombro dele, mesmo que o gesto rápido lhe tivesse causado dor. Levi não queria empurrá-lo para não piorar a situação e por isso, cedeu ao pedido silencioso. Passou a língua nos lábios do moreno e Eren arrepiou-se. Abriu os lábios para receber a língua de Levi. Não se arrependia mesmo nada daquele pedido. A forma habilidosa como a boca se movia contra a dele, deixava-o com vontade de prolongar a sensação. Exploravam a boca um do outro e Levi afagava os cabelos dele até prender a língua do moreno entre os dentes e chupar.

Eren gemeu e o outro distanciou-se depois de mordiscar os lábios do moreno.

– Penso que já chega. Não é uma boa ideia que vás “animado” para a cirurgia.

Puta que pariu, é um bocado tarde para esse aviso.

Levi sorriu de lado, arrepiando o moreno.

– Pensava que seria preciso um pouco mais.

– Podemos repetir quando voltar?

– Estás mais positivo agora? – Respondeu, vendo a enfermeira mal-humorada voltar. – Mantém-te assim. Até depois, Eren.

– Até depois, Levi.

Só depois de Eren sair da sala e sentar-se novamente na cadeira, Levi parou um pouco para repreender-se pelo beijo trocado com o outro. Mesmo que fosse para acalmar o moreno, não tinha sido certo. Não só porque prometeu que não cairia outra vez nas mentiras de Eren, mas também por Armin. O loiro não merecia que fizesse isso. Podia não significar nada. Podia dizer que era uma coisa sem importância e estúpida, mas não deixava de ser traição ao loiro.

Eu sabia que isto do namoro seria uma má ideia. Eu só posso estragar tudo”, pensava desarrumando os cabelos negros, “Também posso não contar nada e nunca mais repetir isto, mas será que isto é justo com ele? Será que não devia deixar que gritasse comigo? Eu mereço isso e pior”.

Esperou pelo regresso de Eren sem conseguir dormir. Os sentimentos de culpa e também a ansiedade por descobrir se a cirurgia estaria a correr bem não permitiram que tivesse sono. Aguardou com bastante impaciência, tendo pensado até em rasgar a revista e optou por gastar mais um pouco da bateria do telemóvel. Pediu a Nanaba que fosse buscar e cuidasse de Kuro, dado que tinha surgido um imprevisto e não podia ir buscá-lo ao veterinário. Enviou também uma mensagem a Armin, pois tinha prometido ao namorado que se falariam mais tarde mas não foi capaz de manter essa promessa. Afirmou que se veriam no dia seguinte ou segunda e que explicaria tudo, pedindo desculpas. Se o loiro soubesse o que aquelas desculpas continham…

Repentinamente ouviu ruído na sala e de regresso estava a cama que trazia Eren ainda a dormir. Desta vez não era a enfermeira carrancuda e sim outra mais jovem e educada.

– A cirurgia correu bem, mas ele deve demorar um bocadinho a acordar. – Sorriu. – Se quiser pode aproveitar para sair.

– Obrigado, mas vou ficar por aqui. – Respondeu disposto a cumprir a promessa de não deixar o moreno sozinho.

Levi tinha quase a certeza que Eren acordaria em pânico, se visse que estava sozinho no quarto. O jovem de olhos verdes não tinha boas recordações em hospitais e o outro sabia disso. Ainda recordava bem as razões, a forma como Eren partilhou aqueles momentos com ele, fizeram com que se mantivesse ali. Racionalmente falando, ele podia ter ignorado os pedidos de Eren e ter entrado em contacto com a mãe do moreno. Só que mais uma vez estava ali a cumprir a sua palavra por alguém que mentiu tanto no passado.

Quando mais tarde Eren acordou, este só falava em ir para casa. Na ideia dele podia ser operado e assim que acordasse, ir para casa. Com paciência, Levi explicou que as coisas obviamente não funcionavam assim e que teria que ser visto outra vez por um médico. Isso só aconteceu ao fim da tarde e felizmente o médico deu alta ao moreno, se não Levi acreditava que alguém iria expulsar Eren do quarto por falar tanto em sair e incomodar os outros “vizinhos” no quarto.

Mais uma vez, o jovem de cabelos negros optou por um táxi. Isso depois de pagar as despesas do hospital e ainda passar na farmácia ao lado para comprar os analgésicos. O orçamento dele estava claramente com um buraco naquele mês.

– Sobe os degraus com cuidado. – Aconselhava Levi, caminhando ao lado de Eren.

– Sei subir escadas. – Resmungou. – Nem acredito que estou com pressa de voltar para aquele sofá infernal.

– Sobre isso, talvez…

Ambos pararam ao ver Armin sentado nos degraus próximos à porta do apartamento. Esse levantou-se com rapidez e com um sorriso veio ao encontro do namorado, beijando-o.

– Estás bem. – Disse o loiro aliviado.

– Sim. O que pensavas que tinha acontecido?

– Não sei. O Jean apareceu no quarto com cara de quem finalmente teve o que merece e depois ele disse…

– Não devias ficar no mesmo quarto que aquele filho da puta. – Falou sem deixar que o loiro terminasse.

– O que aconteceu? – Perguntou, olhando com mais atenção para Eren. – O que estavas a fazer com ele?

– O que te parece? – Perguntou o moreno e Levi olhou de soslaio para Eren num aviso claro para não dizer qualquer asneira.

– Estive com ele no hospital. – Disse Levi. – Ele precisou de uma cirurgia e agora precisa de descanso. Vamos entrar.

Por momentos o jovem de cabelos negros pensou que Eren fosse falar do beijo entre eles antes da cirurgia. Agradeceu em silêncio por isso não ter acontecido, apesar de que o tom insinuante do moreno podia ter criado suspeitas. Ele esclareceu-as em seguida e Armin parou com as perguntas.

Sinceramente Levi ainda tinha bastantes dúvidas sobre manter ou não segredo acerca do beijo. O certo seria contar a verdade e arcar com as consequências. Talvez nem fosse o suficiente para que o loiro quisesse colocar em causa a relação recente entre eles, mas talvez ele pudesse colocar essa hipótese sobre a mesa. Nada de bom sairia daquela relação por muito que ele quisesse esforçar-se. Como tudo o que fazia, aquilo também estaria condenado ao fracasso.

Tenho que falar com ele. Não posso esconder uma coisa destas”.

Entraram no apartamento e Eren sentou-se lentamente e com dificuldades. Levi teve que resistir à tentação de ajudar. Engoliu o nó na garganta e foi até ao frigorífico. Precisava preparar o jantar porque não só ele como Eren não tinha comido nada durante a tarde no hospital. Além disso, Eren não podia tomar a medicação de estômago vazio. Essa que foi pousada sobre a banca da cozinha.

Os olhos atentos de Armin seguiam os movimentos dos dois. Teve que conter o comentário óbvio de que Levi não tinha qualquer obrigação de tomar conta de Eren. Podia simplesmente ter contactado Carla e deixado que ela assumisse responsabilidade pelo filho. Responsabilidade e despesas porque aparentemente tudo estava a sair do bolso do namorado.

Claro que esses não eram todos os fatores. Ele sabia com certeza absoluta que Eren foi algum monstro no passado de Levi. Não era somente o olhar do namorado que indicava isso, também a mudança no tom de voz de Hanji era evidente. A jovem alegre e energética era incapaz de esconder como escutar o nome de Eren provocava-lhe raiva. E ela nem sequer sabia que Eren estava a viver com Levi.

O loiro percebeu pela conversa que tiveram que ela não era consciente disso e se o namorado estava a manter segredo, Armin optou por não dizer nada. Por enquanto.

O que diria ou pensaria Hanji quando soubesse? Com certeza seria bem mais explosiva na reação e mesmo Armin sem conhecer toda a história, estava a tentar controlar-se. Tinha o pressentimento que causaria alguma discussão e o loiro não faria isso acontecer, sobretudo com Eren presente.

No entanto, Armin sabia que precisava de falar com o namorado e saber mais sobre o que tinha acontecido. Enquanto isso não acontecia, ajudou a preparar a refeição e viu como Levi entregou um dos pratos a Eren, insistindo com o moreno para que tomasse a medicação só no fim da refeição.

É verdade que Eren parecia ter bastantes dores com movimentos mínimos e que após uma cirurgia recente devia precisar de atenção. Armin compreendia isso tudo, mas não conseguia evitar alguma raiva. Era a mãe, a família de Eren que devia estar com ele e não Levi.

No fim da refeição silenciosa e de limparem a cozinha, Armin pôde finalmente estar a “sós” com o namorado no quarto depois de fechar a porta e sentar-se ao lado dele. Assim que o fez, Levi falou do que aconteceu com Kuro e que isso motivou a sua reação. O que confirmava a teoria de Hanji que o amigo agia mais por reação do que por outra coisa qualquer. Ouviu também que Eren parecia ter alguma consideração por Kuro e por isso, acompanhou Levi ao veterinário. Foi mais ou menos nessa altura que Levi percebeu que Eren não estava bem e daí que fossem ao hospital.

E se mantiver a história assim? Será que devo falar do beijo?”, questionava-se Levi.

– Então o Jean também bateu no Eren?

– Sim. – Respondeu quase sem pensar. – Ele tem duas costelas partidas.

Menti quase sem pensar, mas não posso contar sem mais nem menos que o Jean fez mais do que bater. Prometi que não contava e infelizmente não posso manter este segredo sem mentir”.

– Não sei como tive a sorte de ter um namorado assim. – Armin segurou na mão de Levi. – Nem toda a gente seria capaz de ajudar uma pessoa com quem não tem boas lembranças.

– Eu… – Tentava dizer Levi, sentindo-se cada vez mais culpado. Não merecia aquele elogio. Tinha que contar a verdade.

– Estou mais aliviado agora. – Disse Armin. – Até devia estar a estudar, mas não conseguia pensar em outra coisa. Precisava ter a certeza que estavas bem. – Beijou o rosto do jovem de cabelos negros. – Às vezes não entendo como te envergonhas por coisas de que te devias orgulhar. É preciso ser muito forte para ser capaz de fazer aquilo que fazes sem pensar.

– Armin, eu…

– E com quem está o Kuro? Ainda está no veterinário?

– Ah não. Está com a Nanaba. Já te falei dela.

– Sim. – Sorriu. – Se calhar podemos visitá-lo amanhã. – Levantou-se da cama e passou a sentar-se sobre as pernas de Levi com um ligeiro rubor no rosto. – Mas por agora, quero aproveitar a tua companhia. Estou tão feliz por ver que estás bem.

Ele está feliz. O que ganho em contar o que aconteceu? Não devia tirar o sorriso do rosto dele. Ainda estamos em época de exames e trabalhos”, afagou os cabelos loiros, trazendo o rosto de Armin para mais perto antes de beijá-lo, “Talvez seja melhor guardar este segredo. Nunca mais se vai repetir e isto não passará de uma má lembrança”.

– Com tanto estudo quase nem nos vemos. – Sussurrou contra os lábios de Levi. – Senti saudades.

– Queria cuidar disso como se deve, mas acho que só tenho lubrificante por aqui.

Um pouco ruborizado, Armin esticou-se um pouco até alcançar o casaco, em concreto um dos bolsos.

– Vieste prevenido?

– Vim com ideias de passar tempo de qualidade com o meu namorado. – Respondeu, deixando que Levi o deitasse na cama.

 

*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*

 

Eren estava a trocar algumas mensagens com uma Annie bastante chateada por ele ter deixado de responder outra vez às mensagens dela. O moreno não queria explicar o que tinha acontecido, mas a loira estava inclusive a falar em sair de casa naquele preciso momento para ir vê-lo. Aliás, chegou mesmo a ligar.

– Eren Jaeger explica-me essa conversa de hospital. Como assim passaste a noite no hospital?

– Annie já sabes que volta e meia estou metido em problemas. – Respondeu. – Só que desta vez calhou um pouco mal.

– Um pouco mal? Eren estiveste no hospital! Dá-me uma boa razão para não aparecer aí nesse preciso momento!

Ele ia mais uma vez descartar a gravidade da situação, quando em vez das vozes baixas no quarto escutou sons diferentes. Podia ser uma suspeita, mas depois concluiu que era sobretudo a voz de Armin. Em concreto, gemidos.

– Eren?

– Sim, estou a ouvir-te a ti e à razão para não vires cá neste momento. O meu companheiro de apartamento está a divertir-se com o namorado. – Respondeu, tentando manter a ironia no tom de voz.

– E tu vais ficar aí a ouvir? – Perguntou divertida.

– Palavra do médico: repouso. – Disse entediado. – E não é como se não estivesse habituado a ver porno. Isto é quase igual. Há sempre um mais escandaloso que finge mais.

– Ui, acho que ouvi qualquer coisa. Tens a certeza que é fingimento? Imagina que é mesmo bom entre quatro paredes. – Comentou divertida.

– Humpf, não acredito nisso.

Se a forma como beija for um prenúncio do que pode fazer depois…”. Claro que os pensamentos tinham que contrariar a afirmação dele.

– Não é que esteja necessariamente relacionado, mas pelo menos boa forma física ele tem.

– Como é que podes falar disso com tanta certeza? – Questionou o moreno, forçando-se a ignorar os gemidos no quarto.

– Eu já encontrei o Levi várias vezes no ginásio e foi graças a ele que recebeste o meu recado. – Explicou.

– Ah pois, ele realmente falou no teu nome. Não imaginei que fosse ao ginásio.

– De onde achas que tira a boa forma e estamina? – Perguntou divertida, pois continuava a ouvir qualquer coisa de fundo.

– Não acredito que estás interessada no que está a acontecer no quarto.

– Não é todos os dias que ligo para alguém e essa é a “música” de fundo. – Brincou. – Normalmente és tu que não páras com as piadas sobre isso. Cuidado que quem ouvir o teu tom de voz e falta de humor, pode pensar que estás com ciúmes.

– Que disparate, Annie. Porque iria ter inveja de fingimento?

– Ou estão a filmar um bom filme porno ou realmente há alguém com talento dentro do quarto. – Continuava divertida. – Estou até admirada que numa ocasião destas não estejas com o Jean.

Veio algum silêncio.

– Annie, não vamos falar dele.

– Discutiram? – Perguntou desconfiada. – Não… esse tom de voz foi estranho. Aconteceu alguma coisa?

– Terminámos o namoro e não quero falar dele, pode ser?

– Claro. Sabes que nunca aprovei e desculpa, mas fico feliz que já não estejam juntos. Mereces alguém melhor.

Conversaram só mais um pouco antes de desligarem a chamada e Eren colocar os fones nos ouvidos. Aumentou bem o volume da música enquanto tinha quase a certeza que Armin estaria a fazer de propósito para que ele ouvisse o que estava a acontecer dentro do quarto. Isso trazia de volta a vontade de acabar com o que havia entre os dois e podia fazê-lo de uma forma imediata, começando por falar do beijo e até podia inventar mais qualquer coisa.

Inventar? Não, inventar não tem o mesmo impacto, mesmo que ele possa acreditar. Não preciso de inventar. Preciso de fazer acontecer. Sim, isso é bem melhor. Consigo ao mesmo tempo acabar com a alegria deles e também provar um pouco mais do Levi. Pode ser um nerd a viver neste sítio tenebroso, mas não é totalmente inocente e eu gosto disso. Gosto muito disso”.

Continuou a ouvir música por tempo incerto e por haver aulas no dia seguinte, Eren viu de soslaio quando os dois saíram do quarto. Armin de casaco vestido bem ruborizado e lábios avermelhados. Também Levi mostrava uma aparência semelhante. Os dois saíram e escutou como Levi dizia que ia acompanhar o loiro até à paragem. Aparentemente, o loiro só não ia dormir ali por causa das aulas no dia seguinte logo de manhã.

Sozinho em casa, Eren esperou um bom bocado até sair do sofá e ir à casa de banho. Lavou os dentes e depois já na cozinha, acendia o maldito esquentador quando Levi entrou no apartamento.

– O que estás a fazer? Estás a pensar em tomar banho? Devias descansar.

– O meu cabelo e não só precisa de ver água. Não vou conseguir dormir. – Respondeu e de regresso às malas juntos do sofá, tentou abaixar-se mas Levi apressou-se a pará-lo.

– Não, não te abaixes. Podes rebentar os pontos e ainda deves ter bastantes dores. – Abaixou-se na frente da mala. – Diz-me o que queres que tire.

Eren sorriu de lado por alguns instantes.

Isto vai ser mais fácil do que pensava. Ele parece bem preocupado”.

– Essa camisola aí. – Apontou, indicando também outras peças de roupa e quando Levi se ergueu com as mesmas, disse:

– Isso não é uma boa ideia. Como vais tomar banho? Não podes molhar os pensos e as ligaduras. É melhor esperares mais um pouco.

– Mas eu…

– Eren estás com movimentos limitados. É muito cedo para fazeres isto, ok?

– Pelo menos os cabelos. – Insistiu o moreno. – Só para me sentir um pouco melhor.

Ainda hesitante, Levi tentava pensar numa forma em que pudesse fazer isso sem exigir grandes movimentos da parte do moreno. Por fim, pediu a Eren que se sentasse no sofá e esperasse um pouco porque pensava ter encontrado a solução.

Sem entender o que Levi pretendia, Eren esperou cada vez mais confuso com o que o outro fazia. Momentos mais tarde, o moreno via com alguma incredulidade o champô, a água quente numa bacia com uma caneca, havia outra vazia e uma toalha que Levi colocou sobre as pernas antes de dizer:

– Preciso fazer um desenho?

– Vou ter que inclinar-me na mesma. – Constatou Eren confuso.

– O que estás a dizer, idiota? É a minha mão que vai suportar o peso da tua cabeça.

– Então como…?

– Tenho duas mãos. Vá, mexe-te porque a água não vai ficar quente o tempo todo. – Falou e após mais um olhar pouco convencido de Eren, este acabou por deitar-se com a cabeça quase nas pernas de Levi. – Um pouco mais para cima. Estou a tentar não molhar as minhas pernas.

Com alguma dificuldade Eren assim o fez, sentindo a cabeça ser apoiada pela mão do jovem de olhos cinza. Em seguida com a outra mão retirou uma caneca de água quente e verteu o conteúdo sobre os cabelos castanhos. Não era bem o que Eren esperava como solução, mas foi apanhado de tal forma desprevenido pela situação que se manteve em silêncio, exceto quando o outro perguntava alguma coisa.

– Está bom assim? A água não está muito quente?

– Está bem assim. – Respondeu Eren.

Quando Levi estava a espalhar o champô nos cabelos castanhos, o moreno questionou mais uma vez como o outro podia ser assim. Seria possível que fizesse aquilo em troca de nada? Pior, fizesse aquilo por alguém que lhe tinha feito mal no passado. Ele podia não recordar exatamente o quê, mas Eren sabia que aqueles olhares de mágoa que recebeu ao chegar ali, tinham alguma razão. Além disso, tornou-se claro que se conheceram no passado e que a relação deles, aparentemente só de amizade, não terminou da melhor forma. Se isso era assim por que razão Levi fazia aquilo por ele? Seria apenas pelo dinheiro que Carla lhe daria depois? Estaria disposto a ir tão longe por dinheiro? Essa era a única explicação em que queria acreditar.

Outra explicação não faria sentido, certo? Mesmo que tivesse ido com ele ao hospital e ficado lá em vez de passar a responsabilidade a outro. Levi manteve as promessas. Não o deixou sozinho, não contou nada a ninguém e confortou-o nos momentos em que pensava que iria perder-se no medo. Será que podia chamar tudo isso de fingimento?

Os olhos verdes observavam a concentração do outro que cuidava para que cada gesto fosse controlado para não causar desconforto ou dor.

Ele não precisava de fazer isto. Por que simplesmente não disse que não?”.

– Estou quase a acabar, mas depois vou secar os teus cabelos. – Disse, continuando focado na tarefa. – Com este frio, podes acabar doente e isso é uma coisa que não precisas para piorar.

– Vais secar?

– Claro. Mal podes mover os braços sem dor. É melhor que seja eu a fazer. – Respondeu e um pouco depois passava a toalha nos cabelos castanhos. – Vou ajudar-te, mas preciso que te sentes, ok? Devagar… – Ajudou o moreno a sentar-se e em certo momento estava bem próximos. – Estás bem? Doeu muito para te sentares?

– Só um pouco. – Sussurrou, mas antes que pudesse aproximar-se mais, Levi levantou-se.

– Já venho. Vou buscar o secador. – Disse, saindo da sala.

Queria beijá-lo… mas se não der agora, terei outras oportunidades”.

Posteriormente enquanto Levi secava os cabelos dele, Eren questionava em silêncio se queria beijar o outro só porque queria arruinar a relação com Armin ou se realmente o queria fazer… como uma forma de agradecimento? Não, isso não era coisa dele. Apenas queria sentir boas sensações além da dor e confusão.

– Boa noite, Eren. – Ouviu dizer depois de arrumar tudo o que tinha levado para a sala. – Se sentires alguma coisa, podes chamar.

– Boa noite… – Respondeu já deitado no sofá.

 

*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*

 

Desta vez Levi não fechou a porta à chave, pois não sabia se Eren podia precisar de alguma coisa. Aproveitou que estava sozinho para puxar as suas mangas e concluir que era hora de mudar as ligaduras que tinham sangue seco. Enquanto o fazia, pensava nas últimas horas em que a vida dele esteve novamente em torno daquele que há uns anos atrás empurrou-o para o precipício. Só que mesmo assim, ele não conseguia pensar que o moreno merecesse o que aconteceu. Cada vez que se lembrava disso, pensava em como deveria ter feito algo bem pior a Jean. Nunca imaginou que Jean fosse do pior tipo de monstro que existia. Alguém capaz de abusar de outra pessoa.

Essas pessoas não merecem o ar que respiram… sobretudo depois do que também fez ao Kuro”. Acabou de mudar as ligaduras e mudou também de roupa com um ar de desaprovação. Só iria deixar o banho para a manhã seguinte porque Eren já podia estar a dormir e não queria atrapalhar o descanso dele.

Pensar no moreno, recordava o medo que viu nos olhos verdes e nas lágrimas que devia ter sentido gosto em ver. A parte vingativa que devia ter, provavelmente agiria assim. Em vez disso, sentiu pena e foi tão envolvido por isso, que acabou por ceder a um pedido idiota. Beijou o moreno e traiu a confiança do namorado.

Mesmo que tenha decidido não contar a verdade, Levi sabia que teria que viver com aquele sentimento de culpa. Esse que se acentuava com as palavras de admiração do namorado. Então quando Armin trouxe a sugestão de aliviarem o stress e não pensar em mais nada, Levi decidiu deixar completamente de lado a memória do beijo que não devia ter acontecido. Dedicou-se a satisfazer Armin em vários sentidos. Porém, isso não apagava nada do que aconteceu, mas naqueles momentos ocupou a mente de ambos somente com prazer.

Levi puxou os cobertores depois de virar a ventoinha em outra direção.

Passar aquele momento com Armin também podia ou queria que tivesse enviado uma mensagem clara a Eren: ele namorava e não queria estragar nada disso.

Não esperava que Eren quisesse sequer falar quando regressou depois de acompanhar Armin à paragem. Porém, o moreno parecia decidido a cuidar da higiene pessoal e apesar das circunstâncias, não foi capaz de negar o pedido e chegou àquela solução engenhosa. Felizmente Eren ficou grande parte do tempo calado e não tocou em qualquer um dos temas: fosse o beijo entre eles ou o que claramente teria escutado a acontecer dentro do quarto. Tudo parecia deixado para trás até aquele momento em que ficaram próximos novamente.

Não queria pensar como se sentiu tentado em beijá-lo. Parte dele quis e menos mal que a consciência e razão não o deixaram. Não podia cometer o mesmo erro. Ele tinha passado um ótimo momento com Armin, então por que razão parte dele pensou que era certo beijar Eren de novo?

Cobriu os olhos com um dos braços.

Não presto. Se sou capaz de pensar isto, não presto”. E onde estava a novidade nisso? Há anos que sabia que não valia nada. Não era só ele que pensava isso. Muitos já lhe tinham dito o mesmo e tinham razão. Ele sempre soube que tinham razão.

Quando despertou na manhã seguinte, Levi procurou afagar o pêlo de Kuro até se recordar que estava sozinho. Sentia os olhos inchados e só esperava que o banho ajudasse a atenuar os sinais de que as lágrimas tinham molhado a almofada. Escolheu a roupa que iria vestir naquele dia e saiu do quarto, confirmando que Eren ainda dormia. Aproveitando isso, tentou tomar banho um pouco mais rápido para evitar o moreno de manhã. Talvez não totalmente, mas quanto menos tempo interagisse com ele, melhor seria.

Contudo depois da higiene pessoal e de secar o cabelo, encontrou Eren a sentar-se no sofá.

– Já vais sair?

– Daqui a pouco. – Respondeu Levi, retirando primeiro uma e depois outra caneca do armário. – Vou preparar o pequeno-almoço para ti também. À hora do almoço tens que te desenrascar.

– Sim de volta às bolachas e iogurtes.

– Já disse que isso não é uma refeição decente.

– Não sei cozinhar, ok? E antes que possas dizer para aprender, lembra-te que segundo o médico, devo passar a maior parte do meu tempo deitado e sem grandes movimentos. – Falou antes de entrar na casa de banho e fechar a porta.

Quanto a Levi continuava a preparar o pequeno-almoço à medida que tentava pensar no que poderia deixar para Eren comer mais tarde. Ele não podia alimentar-se de qualquer maneira, principalmente se tivesse em conta a medicação que teria que tomar. Infelizmente também não tinha tempo de preparar nada muito elaborado. Teve que contentar-se com duas sandes e aproveitar que tinha algumas laranjas para preparar sumo. Mais tarde quando voltasse para casa e com mais tempo, podia fazer outras coisas.

– Isto é para mim? – Perguntou o moreno a sair da casa de banho.

– Não é um almoço muito elaborado, mas não tenho tempo de preparar nada melhor. – Dizia, comendo uma torrada enquanto terminava de preparar o sumo.

– Parece melhor do que bolachas.

– Tens que comer melhor para que a medicação não te faça mal. – Dizia, colocando um pouco de açúcar na jarra onde estava o sumo. Bebeu mais um gole de chávena onde tinha leite e café. – Come, Eren. – Apontou para as torradas e o moreno pegou numa delas.

– Pensava que irias ficar a cuidar de mim.

– Não és nenhuma criança. – Ripostou Levi, deixando a jarra de sumo perto das sandes e da medicação que o moreno teria que tomar mais tarde.

– E se eu precisar de alguma coisa?

– Talvez seja melhor falar com a tua mãe, não achas? Ou com a Annie. O que preferires.

– Ou podes passar-me o teu número para que não me aborreça tanto, embora vá estar sobretudo a dormir. – Respondeu Eren, bebendo um pouco da chávena com leite e café.

– Vou estar nas aulas. – Recordou o jovem de olhos cinza.

– Não vou enviar muitas mensagens. É só para saberes se continuo vivo.

Quase que Levi perguntava o que raio isso interessava, mas era mentira. É claro que interessava e ficaria mais descansado, se pudesse lembrar aquele irresponsável que tinha que comer e tomar a medicação.

– Antes de sair trocamos os números. Agora acaba de comer.

– Queria pedir mais uma coisa. – Disse Eren e o outro arqueou a sobrancelha.

– O que é? Tens que ser rápido. Tenho que sair.

– Quando voltares mais tarde, podemos ir ver o Kuro? – Pediu e isso apanhou Levi de surpresa.

– Compreendo que estejas preocupado, mas se calhar devias esperar mais uns dias antes de sair. Ainda temos que andar um bocado.

– Não importa. Gostava de o ver. Vá lá, não estou a pedir nada de extraordinário. Prometo que descanso bastante. Pode ser que a gente o possa trazer. Eu vou estar em casa por isso, posso tomar conta dele.

– Não sei se ele aprova a ideia.

– Eu posso ser persistente. – Disse com um sorriso confiante.

– Pois, eu sei que podes mas ao contrário de mim, acho que ele pode tentar arranhar-te se o chateares. Ele não deve mexer-se muito e tu não precisas de mais curativos.

– Pelo menos gostava de o ver. – Tornou a insistir e o outro suspirou.

– Não prometo nada. Vemos isso quando voltar. – Acabou de beber o conteúdo na caneca e foi até à casa de banho lavar os dentes, antes de voltar ao quarto para recolher a mochila e vestir o casaco.

Ao sair do quarto começou a pôr os fones quando viu Eren de pé perto do sofá com o telemóvel na mão. Recordando que concordou em trocar contactos, Levi parou perto do moreno e ambos disseram os respetivos números. Memorizaram os mesmos nos telemóveis e Levi colocou o aparelho no bolso. Ia passar quando parou ao sentir a mão do moreno na manga do casaco.

– O que foi?

– Estás a esquecer-te de uma coisa. – Falou o moreno que viu confusão nos olhos cinza antes de aproveitar-se da curta distância para encostar os lábios ao outro. Teve que ignorar a pontada de dor provocada por ter que se debruçar e logo vieram as mãos de Levi, que assim como esperava, hesitaram em empurrá-lo.

Levi teve o primeiro impulso de querer empurrar bruscamente Eren, mas ao recordar-se do estado do outro, apenas pousou as mãos de forma hesitante sobre os braços dele. Depois de encostar os lábios, o moreno começava a mordiscá-los e passar a língua. Queria que o jovem de cabelos negros abrisse a boca, mas este negava-se a isso, apesar dos arrepios que estava a sentir.

– Eren pára. – Murmurou. – Tu sabes que eu tenho namo…

– Passei a noite com dores e agora vou passar o dia sozinho. – Mordeu o lábio de Levi. – Só um beijo. Como aquele que me fez deixar de ter medo.

– Eren, eu não posso. Nós não podemos. – Tentou colocar alguma distância entre eles, mas Eren não deixava.

– Só mais beijo. – Pediu. – Quero ficar sem fôlego. – Beijou novamente o outro e aproveitando-se que Levi ia dizer mais qualquer coisa, passou a língua entre os lábios dele.

Ambos sentiram um arrepio.

Eren sentiu a temperatura começar a subir quando Levi deixou de resistir ao beijo e entregou-se àquele momento. A língua do outro explorava a boca dele com vontade e uma das mãos prendia os fios de cabelo castanho, guiando-o para que o beijo se aprofundasse mais e mais.

Puta que pariu, as minhas pernas estão a tremer com um beijo”, pensava o moreno.

As bocas separavam-se por pouco tempo até que se uniam sem grandes oportunidades para respirar. O moreno tinha as duas mãos na cintura do outro e queria movê-las, explorar o corpo perto de Levi. Se tivesse liberdade total para se mover, teria feito bem mais.

Quanto ao jovem de cabelos negros sentia a parte racional cada vez mais distante. Beijar Eren parecia provocar nele o mesmo efeito que algumas drogas tinham. Quando começava era difícil resistir. A língua do moreno era bem atrevida e desafiava-o na proporção certa. Arrepiava-o. Aumentava a temperatura e desejo. Como se realmente não houvesse nada de errado naquilo. Pensar nisso, fez com que parasse e abaixasse o rosto. Tentava regularizar a respiração e desejo que se tornava ainda mais evidente.

– Eu… tenho que ir. – Recuou diante do moreno também igualmente afetado pelos beijos trocados.

Eu não podia empurrá-lo, mas podia… devia ter-me afastado”, pensava com vergonha por ter cedido novamente. Com que cara iria olhar para Armin quando o encontrasse? Até onde estaria disposto a mentir? Ele devia terminar aquele namoro. O loiro não merecia ser traído. Não merecia alguém tão estragado como ele.

 

Eren – Mensagem:

Acho q nos devíamos despedir todos os dias assim.

Tranquilo. O teu namorado ñ precisa de saber. Será 1 segredo só nosso <3

 

Eu – Mensagem:

Isto nunca mais volta a acontecer.

 

Eren – Mensagem:

Isso é mentira e sabes bem disso ;)

 

Eu – Mensagem:

Não vai acontecer de novo.

Vai dormir que o teu mal é sono.

 

Eren – Mensagem:

Sono é 1 coisa que perdi depois disto.

Acredita que depois disto, se pudesse ficar de joelhos iria chupar com todo o gosto :p

 

Levi sentiu a garganta seca e não queria admitir que as imagens que passaram na cabeça dele depois daquela sugestão, deixavam-no excitado com a ideia. Tinha que parar de alimentar aquilo.

Quase perdeu o autocarro e agora até estava sentado um pouco mais atrás do que o costume nas aulas porque recebeu a primeira mensagem de Eren pouco depois de ter chegado à Universidade.

 

Eu – Mensagem:

Não te dei o meu número para enviares estas coisas.

 

Eren – Mensagem:

Mas assim ficas a saber q estou c/ tesão.

 

Eu – Mensagem:

Bate uma que isso passa.

 

Eren – Mensagem:

Preferia chupar e tu tmb querias q eu fizesse isso. Se não, não estarias a pensar nisso ñ é?

Estás a responder-me pq também estás c/ tesão só de imaginar.

 

Eu – Mensagem:

Não estou a imaginar nada.

Isso é tudo fantasia da tua parte.

 

Eren – Mensagem:

Estás a fantasiar tanto como eu.

Se não o nerd não estaria a mandar sms no meio das aulas :p

 

Eu – Mensagem.

Vais ficar a falar sozinho.

 

Eren – Mensagem:

Se quiseres sair agora a meio da aula, ligo e faço-te gemer ao meu ouvido.

 

Levi colocou o telemóvel no bolso do casaco. Optou por ignorar a mensagem, as imagens na cabeça dele e o facto de ter considerado aquela última sugestão por breves instantes. Podia culpar as hormonas, mas esse não era o único problema.

Tornou-se irónico que o moreno fosse o motivo para estar a ignorar os olhares do professor que lhe deu zero no trabalho e também os comentários maldosos dos colegas com quem tinha feito o trabalho.

 

Eren – Mensagem:

Nerd certinho decidiste a ignorar a minha proposta?

Julguei q tivesses + coragem

 

Eu – Mensagem:

Tenho aulas. Não tenho tempo para as tuas brincadeiras.

 

Eren – Mensagem:

Aposto q te posso fazer gemer + do que o oxigenado

Não serias capaz de ser tão silencioso como és c/ ele

 

Eu – Mensagem:

Nunca saberemos, não é?

Não vai acontecer nada. Vai dormir, Eren.

 

Era o primeiro intervalo da manhã e com certeza não ia passar a responder às provocações de Eren. Começou a responder às mensagens de Hanji e Armin enquanto parado na frente do multibanco, esperava que o extrato saísse. Assim que o papel veio para as mãos dele suspirou demoradamente.

Vou ter um problema. Dei a maior parte do dinheiro à Nanaba e gastei também a outra parte para os bilhetes para Hanji, Armin e para mim também. Claramente não levei em conta a extorsão do meu senhorio, a ida de Kuro para o veterinário e nem o problema com o Eren”, pensava, observando o extrato, “Não vai ser suficiente para o resto do mês. Será que vou ter que tirar de…? Por este passo nunca vou conseguir devolver o dinheiro”. Abriu uma das apps.

 

Eu – Mensagem:

Sei que disse que não ia aceitar mais trabalhos e não sou responsabilidade tua, mas… este mês tive algumas surpresas. Quero que isto seja um empréstimo que vou pagar de volta.

 

Quando Levi estava a ir na direção do refeitório, recebeu uma chamada e respirou fundo antes de atender.

– Olá Levi. – Veio a voz cordial do outro lado. – Diz-me em que te posso ajudar?

– Sei que pagaste mais do que devias por aquele trabalho, mas…

– Gastaste com algo que não era exatamente para ti. – Concluiu o outro. – Sabes que podes contar comigo para que o precisares, mas em vez do empréstimo tenho outra proposta.

– Que tipo de proposta?


Notas Finais


Até ao próximo capítulo!


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