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História Memórias Rasgadas - Capítulo XXIII


Escrita por: Imagination

Notas do Autor


Obrigada a todos pelos comentários, mensagens, favoritos e a todos os que acompanham o enredo!

Referências musicais:
No me platiques más - Luis Miguel
Silentó - Watch Me (Whip/Nae Nae)
Meghan Trainor - All About That Bass

Capítulo 23 - Capítulo XXIII


Capítulo XXIII

 

– Tens algum problema de compreensão ou simplesmente não tens medo de mim? – Foi a questão que se seguiu e Eren colou-se à porta de vidro entreaberta que dava acesso ao terraço.

Uma parte racional da mente do moreno dizia que a mulher não cumpriria a sua promessa, dado que ela não teria absolutamente nada a ganhar com isso. Todavia, outra parte que se alimentava do pânico causava inclusive dificuldades em respirar. Como se o próprio corpo estivesse a recordar a forma como as mãos daquela mulher roubaram o oxigénio, fizeram sangue escorrer e quiseram sem dúvida alguma, tirar a vida dele.

Eren queria responder e explicar que só ali estava pelo trabalho, mas isso não seria toda a verdade e ele não queria mentir a alguém que parecia disposto a cumprir aquela promessa antiga. Podia enxergar o rancor que não se esbateu com o tempo. Era até mesmo como se tivesse despertado assim que se cruzou com ele e quis fugir. Só que as pernas não se moviam, os lábios não se separavam para que qualquer palavra se libertasse e por isso, apenas olhava para a mulher completamente paralisado e mudo.

– Sai de perto dele, Hanji.

Os olhos verdes procuraram com rapidez focar no dono da voz assertiva, mas tranquila que acabava de proferir aquelas palavras. Não podia esconder-se ou sair sorrateiramente porque ele estava a poucos metros com o segurança ainda ao lado dele.

– Levi, ele não devia estar aqui. – Falou Hanji com um tom de voz áspero e relutante em deixar que aquilo terminasse por ali.

Os olhos cinzentos deixaram de fixar-se nos verdes e passaram para os da amiga. Tocou no braço do segurança, dizendo:

– Acompanha-a de volta à festa, Reiner. Quero trocar umas palavras rápidas com ele e em seguida, volto para debaixo de todos os olhos que estão a vigiar-me. Podes ficar próximo à porta, mas não quero que ninguém entre até que eu saia daqui. – Viu que o loiro ia contra-argumentar, mas num tom mais firme, acrescentou. – É uma ordem, Braun.

– Levi, tu não vais falar com ele!

– Não quero que fique com a impressão errada de que estive a ignorá-lo. O Mike disse que eu ainda tinha pontas soltas que precisavam de um desfecho e já que aqui estamos, prefiro tratar disto neste momento.

– Mas ele…

– Já sou grandinho para saber cuidar de mim, Hanji. Agora quero que me deixes sozinho. São só alguns minutos. – Disse calmamente e apesar disso em certas nuances da voz era claro que não estava aberto a negociações e que nem mesmo ela o faria mudar de ideia.

Em consequência disso, Eren viu como a mulher lhe lançou mais um olhar hostil antes de sair contrariada na companhia do segurança, que também olhou para ele de forma pouco amigável.

Após ouvir o som da porta fechar e vendo a silhueta do segurança do outro lado, Levi tornou a olhar para Eren cruzando os braços. O moreno não sentia como se a tensão tivesse desaparecido por completo, até porque nem sabia por onde começar ou o que Levi queria com aquela troca de palavras. Olhou para o homem elegante à sua frente que desviou alguns fios que caíam sobre o olho esquerdo e era quase uma tortura ver como gestos tão simples como aquele, eram hipnotizantes. Os anos não acentuaram qualquer defeito. Os traços masculinos e firmes tornaram-no sem dúvida, ainda mais atraente sobretudo com uma postura mais confiante.

– Já me tinhas visto?

A pergunta escapou da boca de Eren antes que pudesse impedir e de certo modo, agradecia por terem sido aquelas palavras a sair e não nenhuma do outro turbilhão que não se cansava de encontrar adjetivos para classificar como Levi estava ainda mais cativante.

– Sabia que vinhas com o Armin e a Annie. – Respondeu, colocando uma das mãos num dos bolsos das calças. – Não pensei que te fosse ver aqui, mas dificilmente não notaria que um dos funcionários parecia estar a evitar uma parte do salão, como se houvesse algum buraco negro do outro lado do salão. Como pessoa discreta és um zero à esquerda.

– Queres que faça como os teus seguranças e apareça das sombras?

– Então, estavas aí há mais tempo do que imaginava. – Apontou, fazendo Eren sentir-se um pouco embaraçado. – Gostas assim tanto de ouvir as conversas alheias?

– Não, mas o Zeke…

– Aprecio a preocupação, mas como pudeste ver, tenho seguranças a surgirem das sombras. – Disse com um sorriso um pouco divertido.

Aquele tipo de expressão tão relaxada e até animada trazia de volta o frio na barriga do moreno, que não se recordava de o ver assim antes, mas não havia dúvida de que era atraente. Teve inclusive que abanar um pouco a cabeça para impedir que os pensamentos se focassem só na aparência do outro, que passou a observá-lo.

Contudo, assim como antes, a expressão de Levi não era tão evidente no que dizia respeito ao que estaria a pensar naquele preciso momento. Quanto a Eren ainda atordoado pela forma como tinha acabado naquele terraço a falar com o outro, não sabia o que devia dizer. Mesmo que dentro da sua cabeça existissem tantas perguntas diferentes e mais uma vez, a impulsividade falou mais alto.

– Gostava que tivesse sido diferente.

Eren esperava alguma reação. Surpresa, quem sabe até alguma raiva ou ressentimento antigo perante a afirmação que tinha feito, mas não que o dono dos olhos que guardavam tempestade somente o examinassem em silêncio. Também não esperou a resposta que se seguiu.

– Às vezes, penso que gostava de ter deixado o Erwin ajudar-me antes, mas como já me disseram, ninguém controla as rodas do destino. Portanto, de certo modo, agora que estou aqui não queria nada tivesse sido diferente porque tudo o que aconteceu, trouxe-me a este momento.

– O Erwin e tu… a história do casamento foi para as revistas e para beneficiar a imagem da empresa?

Veio mais um sorriso divertido que além do frio na barriga, agia também como um murro no estômago porque sentia como se Levi sentisse vontade de rir dele.

– O Erwin não precisava de mim para beneficiar a imagem da família Smith, aliás o que todos esperavam é que se casasse com uma mulher perfeita. Ele casou comigo porque me amava, Eren. – Inclinou ligeiramente a cabeça, continuando a encarar o moreno. – Ele provou isso mais do que uma vez ao contrário do que tu fizeste no passado.

– E tu? – Quis saber com um nó na garganta.

– Eu pensava que o amor acontecia uma vez e não se repetia, não se nutria por mais ninguém. Ele ensinou-me o contrário, aliás todas as pessoas que tenho na minha vida, ensinaram-me o contrário. Não o amei da mesma forma como aquilo que senti por ti, mas amei-o ao ponto de pretender passar o resto da minha vida ao lado dele. – Fechou os olhos por alguns momentos. – Infelizmente, já não poderei fazer isso, mas ele deixou-me uma filha e todo um mundo repleto de possibilidades. Transformou a minha vida de uma forma que nunca julguei que fosse possível e que me faz olhar para ti sem que isso signifique reavivar velhos ódios ou ressentimentos. – Seguiu-se um sorriso mais sereno e honesto. – Aprendi a ser feliz com ele e espero que também entre na tua vida alguém que faça o mesmo. – Avançou alguns passos e passando ao lado do moreno ainda paralisado com o que tinha escutado, acrescentou. – Boa sorte na tua vida nova aqui em Sina, Eren.

Em seguida, Levi atravessou a porta e desapareceu para o interior do salão onde ainda decorria o evento. Para trás ficava Eren com a sensação de alguém ter despejado um balde de água fria sobre a cabeça dele. Quando tomou conhecimento do casamento entre Levi e Erwin, após digerir a ideia, convenceu-se que mais provável seria que aquilo fosse por conveniência e quem sabe, até por uma mera amizade e pelo facto, de Levi ter dificuldade em dizer que não. Porém, pelas palavras e forma de falar do dono dos olhos cinzentos era óbvio que esse não era o caso.

Levi teve e ainda guardava sentimentos por Erwin. Este último fez tudo aquilo que Eren podia ter feito, mas falhou miseravelmente. Pior, Eren chegou inclusive a rir e pisar naquilo que podia ter mudado a vida de ambos.

Por outro lado, Erwin transformou a vida de Levi, fê-lo acreditar que podia amar de novo e foi feliz até ao último instante porque viveu esse sentimento ao lado daquele que agora deixava Eren com inúmeras lágrimas no rosto. Chorava de raiva e frustração por tudo o que perdeu e desperdiçou. Chorava por ciúmes porque queria ter sido ele no lugar de Erwin e chorava porque sabia que não devia sentir aquelas coisas. Não tinha o direito de as sentir, nem de exigir que a realidade fosse diferente. Chorava porque não queria ouvir da boca da única pessoa que amou, que este aprendeu a amar outra pessoa e que essa pessoa o fez mais feliz do que ele alguma vez seria capaz. Jamais seria. Não havia qualquer hipótese, dado que não podia competir com alguém que embora já não estivesse presente, transformou toda a vida de Levi ao ponto de este desejar que ele fosse feliz. As palavras também era implícitas de quem quer que fizesse Eren feliz não seria ele e era mais do que justo, mas ainda assim, isso não significava que doesse menos.

Ainda a tentar lidar com os sentimentos dolorosos e as lágrimas que teimavam em cair, ouviu uma música romântica tocar de fundo no salão.

Parece que até a banda sonora do evento quer rir de mim”, concluiu em pensamentos.

 

No quiero ya saber que pudo suceder en todos estos años

que tú has vivido con otras gentes lejos de mi cariño

 

– Ótimo, a música está definitivamente a rir de mim. – Dizia, tentando limpar o rosto para ficar novamente apresentável.

 

No me platiques ya déjame imaginar que no existe el pasado

y que nacimos, el mismo instante en que nos conocimos

 

Quando estava decidido a matar a pessoa responsável pela banda sonora, repentinamente a porta abriu-se e entrou uma mulher que tardou em reconhecer. Afinal de contas só a tinha visto uma vez, mais precisamente na foto que Annie tinha tirado no dia em que chegaram a Sina e tanto ela como Armin foram jantar à casa de Sasha e Connie.

Ainda que a tivesse visto de costas antes, reconhecia os longos cabelos castanhos e a abundância de pulseiras que adornavam os pulsos da mulher de pele negra, olhos castanhos e um vestido justo e vermelho com um cinto preto que ajudava a acentuar ainda mais o corpo feminino.

– Desculpa, mas viste o Levi, querido?

– Ah… ele entrou há pouco para o salão de novo. – Respondeu Eren, limpando uma última lágrima e forçando um sorriso cordial. – Podem ter-se desencontrado, mas ele está no interior do salão. Talvez se tenha ausentado para ir à casa de banho ou…

– Está tudo bem, querido? – Perguntou.

– Ah sim… eu só… eu emociono-me com músicas românticas e não queria que ninguém visse.

Boa ideia… ela vai pensar que sou um retardado”, recriminou-se com a triste desculpa que tinha acabado de inventar.

– Também acho que deviam tocar algo mais animado, mas se não quiseres contar o problema, podes simplesmente dizer que não é da minha conta. – Sorriu e retirou um lenço de uma pequena carteira que trazia e perante o espanto de Eren limpou um pouco o rosto dele. – O meu nome é Nina Zacharias, a esposa do meu adorado marido que decidiu abandonar-me há uns minutos no evento porque aparentemente, ninguém na clínica sabe fazer o seu trabalho. Qual é o teu nome, querido?

– Ah, Eren. – Murmurou.

Após alguns instantes de silêncio, a mulher fez uma expressão pensativa antes de abanar a cabeça e segurando o queixo do moreno, encarou-o por alguns instantes.

– Ó Deus, Eren Jaeger certo?

– Sim. – Murmurou ainda confuso.

– Começa a fazer sentido por que razão a Hanji perdeu o sentido de humor desde de há uns minutos para cá. – Disse, deixando escapar um suspiro. – Foi o Levi que te fez chorar, querido?

– Não… quer dizer, ele não disse nada de errado. – Respondeu confuso. – Peço desculpa, mas eu conheço-a?

– Podes tratar-me por tu. – Disse, mantendo o sorriso e segurando na mão de Eren. – Não nos conhecemos, mas eu e o Levi somos tipo unha e carne. – Riu um pouco. – Bom, o meu marido é o terapeuta dele. Eu e o baixinho temos histórias complicadas por isso, acho que isso nos aproximou.

– Então sabes o que aconteceu?

A mulher assentiu.

– Sei sim. Conheço a versão dele, o que me disse a Hanji ou também o que o Erwin ou o meu marido pensavam do tema.

O moreno distanciou-se um pouco do toque de carinho da mulher, que mesmo após aquele reconhecimento, não largou a mão dele. Porém, Eren quis criar distância e afastou a mão.

– Se sabes o que aconteceu por que razão não estás a ameaçar-me como a Hanji fez? Ou até mesmo…?

– Eu não concordo com as coisas que fizeste ou disseste, mas essa pessoa não estaria aqui sozinha a chorar sem razão, certo? Eu não vejo essa pessoa quando olho para ti e tenho o direito de querer ter uma conversa civilizada para ter a minha própria opinião sobre ti. – Colocou uma mão na cintura. – Avisando que se realmente tudo o que ouvi ainda tiver fundamento, Eren Jaeger posso transformar-me numa praga terrível. Se há coisa que vais aprender é que no nosso círculo de amigos se mexes com um, mexes com todos. A questão é onde é que vais ficar? Dentro ou fora desse círculo?

– Eu não quero o mal dele. – Disse ainda um pouco desorientado. – Nem queria voltar para Sina porque até seria melhor que eu ficasse longe, afinal de contas… outras pessoas já o fizeram feliz.

– É por isso que estavas a chorar? Porque pensas que não tens o direito de estar aqui na vida dele de novo, mas não tens coragem de sair? Ou será porque a ideia que outra pessoa o fez feliz te incomoda e te sentes culpado por pensar essas coisas? – Questionou e viu o olhar incrédulo do moreno de olhos verdes que a fez gargalhar. – Querido levas o que sentes nos olhos e aqui deste lado fala a voz da experiência. Fugir também não é o melhor porque estás a virar as costas a possibilidades por explorar.

– Será que o mundo anda a conspirar contra mim? – Perguntou com um sorriso entre o divertido e o perplexo. – Parece que muita gente anda a combinar o mesmo discurso.

– Talvez seja um sinal, querido mas… – Olhou-o de cima abaixo. – Fisicamente estás definitivamente dentro das preferências dele, mas tens que passar por mim, querido. – Viu o ar quase em choque do moreno. – Não, nós não temos um caso. – Revirou os olhos. – Quis dizer que quero saber se realmente essas lágrimas que vi representam algo verdadeiro. Vamos fazer assim… tens aí o teu telemóvel?

– Sim…

– Vamos trocar contactos, Eren. Quero saber se me enganaram com o que disseram ou se realmente há mais para saber sobre ti, principalmente depois de todo este tempo.

– Porquê?

– Porque eu decidi que quero saber o que aconteceu durante todo este tempo e se isso mudou alguma coisa em ti. – Sorriu.

 

*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*

 

Levi regressou ao salão, agradecendo com um gesto discreto na direção de Reiner que este tivesse respeitado o pedido que soou mais como uma ordem para não ser incomodado durante a conversa com Eren. Aquela troca de palavras deixou uma sensação de alívio dentro dele, mas não refletiu muito mais sobre isso, pois viu a filha avançar na direção dele depois de deixar o colo de Farlan.

Abaixou-se para receber a filha nos braços.

– Demorei?

– Não. – Murmurou em resposta, mantendo os braços em torno do pescoço do pai que acariciava os cabelos negros dela à medida que caminhava na direção dos amigos. – Mas estou cansada dos pinguins e das galinhas.

Levi teve que esconder a vontade de rir, sabendo perfeitamente que aquele era o tipo de comentário que Nina teria feito. Ainda aconselhou, a filha a guardar aquele tipo de comentário para quando estivessem fora do evento e que teriam que aguentar só mais um pouco, dado que eventualmente iriam para casa.

– O Zeke é feio, pai. Não cases com ele.

Desta vez, Levi teve que rir.

– Não há qualquer hipótese disso acontecer.

– Também não gosto delas. – Acrescentou. – Só da Isa, da Sasha, da Nina e da Hanji.

– E não gostas de mim? – Perguntou Annie.

– Gosto, mas agora vais ficar aqui tia Annie? – Perguntou.

– Vou sim. Agora vais ver-me a mim e ao tio Armin sempre que quiseres.

– É verdade, pai?

– Sim. – Confirmou. – Agora já podemos fazer a prometida sessão de Harry Potter.

– Sério? – Viu Levi assentir e a menina abriu mais um sorriso enquanto festejava diante do ar divertido dos amigos.

– Sasha? – Chamou Levi ao ver que a amiga devorava sozinha o que havia sobre uma das mesas. – Sei que o apetite está redobrado e tal, mas não achas que vais ficar indisposta depois?

– Até mpf… parece que não me conheces. – Disse com a boa ainda parcialmente com comida.

– Já tentei conversar, mas ela não me ouve. – Comentou Connie.

– Deixem-na ser feliz. – Farlan interveio.

– É preciso ter cuidado com a ingestão de comida, mas… eu também conheço a Sasha bem o suficiente para saber que não há argumento que a faça largar uma mesa cheia de comida. – Acrescentou Armin.

Isabel aproximou-se um pouco de Levi e sussurrou.

– Não podemos ficar só aqui entre nós. É preciso continuar a falar com o resto dos convidados e eu vou voltar a fazer isso, mas por enquanto acho que devias ir falar com a Hanji. Ela parecia chateada.

– Eu sei, Isa. – Concordou Levi. – Sei que gostas de observar e controlar tudo, mas na verdade vim aqui para pedir que olhem um pouco pela Bia outra vez para que eu possa trazer aquela insana de volta para o centro da festa.

– Vais embora outra vez pai? – Perguntou Bianca amuada. – Não gosto de festas. Não posso estar contigo.

Em resposta Levi beijou a testa da filha.

– Não demoro, princesa. Só que a tia Hanji precisa de mim e daqui a pouco voltamos os dois. Prometo que depois fico sempre contigo. Ficas aqui um bocadinho e portas-te bem? Fazes isso pelo pai? – Viu a menina assentir e estender os braços a Farlan que logo segurou nela com um sorriso em que seguida, Levi piscou o olho ao casal e saiu do meio dos amigos cumprimentando algumas pessoas a caminho da casa de banho.

De frente à porta teve que bater algumas vezes depois de confirmar que não havia ninguém por perto e abriu um pouco a porta, dizendo:

– Hanji será que podemos conversar fora da casa de banho?

Felizmente não teve que esperar muito para que a amiga saísse. Em seguida, pediu a um dos funcionários que lhe indicasse um local discreto para poder ter uma conversa rápida antes de retornar ao evento da apresentação.

Pouco depois estavam numa pequena sala, onde tinham deixado algumas cadeiras ou mesas extras, caso estas fossem necessárias para o salão principal. O funcionário desfez-se em desculpas por não encontrar algo mais arrumado ou adequado, mas Levi tranquilizou-o e disse que era exatamente o que procurava. Portanto, assim que o empregado de mesa saiu, os olhos cinzentos focaram-se na expressão que se dividia entre o abatido e ressentimento da amiga.

– Ainda não acredito que quiseste falar com ele, Levi.

– Querias que o ignorasse? Fizesse de conta que não o conhecia? – Questionou. – Eu não sou assim. Não ganharia nada com isso e só provaria que todo este tempo que passei aqui, não aprendi nada. O que tens a ganhar em aterrorizá-lo daquela forma?

– Nunca pensei que ele tivesse a coragem de vir para cá. Não depois das coisas que fez e do aviso que lhe dei. – Disse ainda num tom que não escondia a tensão gerada por estar a tocar naquele assunto. – Não consigo olhar para ele sem me lembrar das coisas que te disse, das coisas que te fez.

– Durante muito tempo também não consegui olhar para ele sem que lembranças terríveis viessem à minha memória. No entanto, o tempo que passei em tratamento com o Mike ajudou-me muito e que melhor teste para comprovar que tudo valeu a pena? Eu precisava vê-lo de novo, falar com ele e dar-me conta que não foram essas memórias que vieram à superfície, que não tenho receio de encará-lo de frente e que posso falar de igual para igual. – Sorriu um pouco. – Tive algumas dúvidas se isso alguma vez seria possível, mas hoje vi que era real. – Estendeu uma mão até segurar na mão de Hanji. – Antes não seria capaz disso e sei que se por alguma razão sentir qualquer espécie de dúvida ou sentimento negativo que não estou sozinho e que não há vergonha alguma em admitir que não estou bem. – Com a outra mão livre tocou no rosto da amiga de olhos lacrimejantes. – Só lamento ter deixado esse ressentimento, esse medo aí dentro de ti que ainda associas só ao Eren, mas escuta… ele não foi a única coisa que me fez chegar àquele extremo. Preciso que um dia aceites isso e que eu também fiz muitas escolhas erradas por conta própria, mas que amadureci ao ponto de poder estar aqui neste momento, a pedir-te que me vejas como sou agora.

Hanji abraçou-o e ele retribuiu o gesto de carinho.

– Desculpa, mas tenho medo… não quero falhar novamente como tua amiga.

– Não falhaste antes. – Murmurou. – Eu não quis ajuda. Agora é diferente e qualquer coisa, sei que posso contar contigo e com todos eles. Vai ficar tudo bem. Nada é como antes. – Distanciou-se dela, limpando um pouco o rosto dela. – Estás melhor agora? Ainda preciso de ouvir gente a querer lamber o chão que piso e depois já prometi à Bia que temos uma festa a sério. O que será da festa dela sem a madrinha por perto?

– Credo, odeio maquiagem e estes vestidos. – Dizia Hanji limpando o rosto com um ar bem mais tranquilo e divertido.

– Sacrifícios, Dra. Zoe. Sacrifícios necessários. – Estendeu o braço. – Preciso que a acompanhante mais bonita da festa retorne para o meu lado.

A mulher abriu um grande sorriso antes de aceitar o gesto e acompanhar o melhor amigo de volta para o centro do salão. Bianca foi ao encontro deles e também foi bastante educada, mantendo sempre a alegria que lhe era característica à medida que ia conversando com os convidados.

Levi passava várias vezes pelos amigos, vendo que Sasha estava decidida a descobrir qual era o limite do estômago de um ser humano enquanto Farlan até já ia criando um sistema de apostas para descobrirem quantas travessas com bolos, a mulher grávida iria comer até ao fim da festa. Ver como até Eld e Gunther que se encontravam como convidados na festa com as respetivas esposas, também aderiam às apostas, fez com que Levi pensasse que a influência dos amigos nem sempre era a melhor. Já Oluo ficou de fora porque Petra disse ser uma atitude reprovável continuar a incentivar o apetite de Sasha em vez de ter mais cuidado com a alimentação dela.

Se bem que Petra estava a perder a esperança no meio dos novos amigos porque também Armin chegou a entrar no esquema das apostas. Ela quis confiar nele como mais uma voz da razão, mas como Nina comentou, o loiro era inteligente o suficiente para não remar contra a maré e simplesmente deixar-se levar pela diversão.

À medida que observava o evento à sua volta, Levi recordava a primeira vez que teve que ficar frente a frente com outras pessoas de Sina e representar a Survey Corporation na ausência de Erwin.

 

Flashback

– Podes dizer a verdade, Isabel. – Dizia com as duas mãos na cara e sentado no sofá com a jovem de cabelos ruivos de um lado e Erwin do lado oposto. – Foi terrível, não foi?

– Terrível? – Indagou a jovem surpreendida, após parar a gravação no ecrã que havia na frente dos três e saiu do sofá, colocando uma mão na cintura. – Seguiste mais de 90% dos meus conselhos e eles assinaram o contrato, assim como pretendíamos. – Com um pequeno comando na mão puxou para trás a gravação. – Como vês aqui, este idiota estava demasiado relaxado na cadeira e toda a postura indicava que estava a desvalorizar a tua presença e as tuas palavras. No entanto, a tua forma de lidar com ele e chamar a atenção, colocou todos os outros numa posição correta e atenta. – Apontava para o ecrã. – Todos reconheceram em ti uma figura de respeito e a tua aura séria adequou-se perfeitamente ao papel.

– Nas palavras da Isabel e na minha opinião também acho que estiveste muito bem. – Afirmou o homem loiro, passando a mão nos cabelos negros de Levi.

– Não sei se consigo fazer isto de novo. Pode não parecer, mas a ideia de ter todos de olhos postos em mim a julgar-me e à espera do mínimo erro da minha parte…

– Vai tornar-se mais fácil. A experiência vem com o tempo. – Disse Isabel. – Estamos todos a ser julgados o tempo todo pelos outros, mas não deves encarar isso apenas pelo lado negativo. Pensa nisso como numa forma de aperfeiçoar cada apresentação, cada reunião. Pensa nisso como uma forma de provar que estás à altura dos desafios e como te disse, estiveste muito bem. Com o tempo estarás perfeito, mas para uma primeira vez, estiveste bem acima da média. – Pegou na mala que estava sobre a mesa, olhando para o telemóvel que se encontrava perto da mesma. – Agora tenho que ir, mas acredita que estou muito orgulhosa do resultado do nosso trabalho e sei que no futuro, vais sair de reuniões e eventos de cabeça erguida e confiante no que fizeste. – Acenou aos dois. – Até depois, Erwin! Levi!

Os dois acenaram à saída da jovem de cabelos ruivos e em seguida, Levi deixou escapar um longo suspiro. Seguiu-se um olhar na direção de Erwin.

– Diz-me a verdade. Não foi tão bom como esperavas, não é?

– Ainda pensas que estamos a mentir quando dizemos que estiveste muito bem na reunião? – Perguntou o loiro. – Estou muito orgulhoso do que vi e és tal como eu pensava. És como uma caixinha de surpresas e quanto mais se revelam coisas sobre ti mais me apaixono outra vez.

Levi corou desviando o rosto, apesar de soslaio continuar a ver o sorriso divertido do loiro que beijou os cabelos dele antes de erguer-se do sofá.

Fim do Flashback

 

Tornou-se mesmo mais fácil, Erwin”, levou a mão ao peito, “Ainda penso que gostava que estivesses cá para ver que tornei o teu… o nosso sonho uma realidade”.

 

*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*

 

Depois da troca de palavras inesperadas com a mulher chamada Nina, Eren retornou ao trabalho e nem teve tempo de receber qualquer repreensão por parte da chefe por ter desaparecido, pois Nina interveio por ele. A mulher inventou uma pequena desculpa, dizendo até que lamentava ter ocupado tanto o tempo do moreno ao que a chefe de Eren apressou-se a dizer que não havia qualquer problema. No fim, o dono dos olhos verdes até ouviu um elogio dado que não era tão habitual, os convidados gostarem tanto dos funcionários ao ponto de quererem conversar.

Felizmente Zeke deixou o evento mais cedo e por isso, ele lidou sobretudo com pessoas que mal olhavam para a cara dele, mantendo sempre a distância do local onde Levi ou mesmo os amigos se encontravam. Estes ainda tentaram falar com ele algumas vezes, mas Eren dizia sempre que estava a trabalhar e não podia passar uma má impressão naquilo que podia tornar-se um contrato de trabalho sério.

Na realidade ele só queria passar despercebido e não atrapalhar os amigos. Afinal de contas, Sina vivia muito de aparências e a menos que o status social já fosse bem evidente e não passível de ser questionado, manter uma conversa com um funcionário que representava uma classe diferente, poderia ser mal visto. Tanto Annie como Armin estavam a entrar nesse mundo e Eren não queria atrapalhar nada disso, visto que seria muito importante para manterem um bom emprego e relações com pessoas influentes. Ele nunca considerou essas coisas relevantes antes, mas não queria que os amigos caíssem no mesmo erro.

Com o avançar da hora, a maioria dos convidados já se tinha retirado e mais alguns deixavam o salão do hotel, incluindo algumas das pessoas que pareciam fazer parte do círculo de amigos de Levi. Isso fez com que passasse a maior parte do tempo a ajudar na cozinha e saísse poucas vezes para o salão, uma vez que a presença dele seria mais notada com o número mais reduzido de pessoas.

Contudo, numa das vezes que regressou ao salão parou abruptamente ao ver que o mesmo estava vazio. Ouvia uma música diferente do que tocou durante o evento, mas mais abafada e proveniente do exterior, provavelmente do terraço.

– Já foram todos embora? – Perguntou Eren a um colega.

– Parece que ficaram só os amigos próximos do Sr. Smith e para nos deixarem à vontade para arrumarmos o salão, eles saíram para o terraço. Parece que ainda não vão embora, mas pelo menos não estão a fazer-nos esperar para limpar. – Respondeu e ambos ouviam música e risos do terraço. – Parecem todos muito divertidos lá fora. – Acrescentou antes de continuar a retirar os pratos vazios de uma das mesas.

Eren aproveitou para relaxar um pouco mais, agora que podia circular pelo salão sem a tensão constante de que os amigos quisessem falar com ele ou mais alguém reparasse quem era ele.

Todavia, mesmo durante o tempo em que esteve a ajudar a arrumar e limpar o salão não podia deixar de pensar ou reparar na festa do exterior. As músicas bem diferentes daquelas que tocaram no evento, as vozes mais altas e algumas gargalhadas. A certa altura, a curiosidade falou um pouco mais alto e o moreno aproveitando que ninguém estava a vigiá-lo, aproximou-se da área do terraço para espreitar para o exterior.

 

Now watch me whip (kill it!)

Now watch me nae nae (okay!)

Now watch me whip whip

Watch me nae nae (watch me do it!)

 

A ruiva de roupa clássica e comportamento habitual em eventos de classe alta estava descalça assim como Nina, Hanji e Farlan que efetuavam a coreografia da música com a pequena criança que chamava o pai que com o telemóvel na mão não escondia o sorriso divertido.

– Anda pai! Prometeste que dançavas!

Num dos cantos do terraço estava o segurança Reiner com o Tablet que a criança sempre levou para todo o lado durante a festa. Perto dele também estavam umas pequenas colunas de som ligadas a um telemóvel que ia tocando as músicas.

– Na próxima. – Respondeu Levi, continuando com a gravação.

Eren ainda pensou que aquela resposta não fosse tornar-se realidade, mas o facto é que ele guardou o telemóvel num dos bolsos assim que começou a música seguinte. Os amigos assobiaram e assim que se aproximou, Nina colocou uma mão na cintura dele e enquanto os dois entravam no ritmo para diversão dos restantes, a mulher disse qualquer coisa perto da orelha dele que fez Levi gargalhar.

Era a primeira vez que o via rir daquela forma e se uma parte de Eren estava feliz por vê-lo assim, outra parte doeu dentro dele, pensando que sempre deveria ter sido assim. Levi sempre tinha merecido viver num ambiente rodeado de pessoas que o deixassem com aquela expressão e postura descontraída.

 

I'm all 'bout that bass, 'bout that bass, no treble

I'm all 'bout that bass, 'bout that bass, no treble

I'm all 'bout that bass, 'bout that bass

 

Isabel assobiava juntamente com Hanji e Farlan ajudava Bianca a gravar com o telemóvel dele enquanto também ria.

– Mexe bem essa cinturinha que esta é a nossa música. – Dizia Nina, abaixando-se ao mesmo ritmo de Levi que mantinha o sorriso divertido.

– Não tenho as mesmas curvas, mas estou a fazer o melhor que posso. – Respondeu. – 'Cause every inch of you is perfect from the bottom to the top (Porque cada pedacinho teu é perfeito desde dos pés à cabeça). – Cantou à medida que se abaixava até voltar a estar à mesma altura de Nina que riu.

– O Mike vai ficar com ciúmes. – Disse Farlan divertido.

– O meu Mike já sabe que tenho um caso com ele. – Brincou Nina.

– Todos os dias. – Disse Levi no mesmo tom, recebendo um beijo no rosto e ficando com a marca de batom. – Vês? Até tenho provas.

Todos riram e Eren estava tão distraído com a cena quase inacreditável e quase impensável à frente dele que não notou na aproximação e Reiner.

– Perdeste alguma coisa por aqui?

– Ah… não. – Disse atrapalhado.

– Sugiro então que voltes ao teu trabalho porque não quis dizer nada antes, mas passaste toda a festa a olhar para o Sr. Smith… – Olhou de cima abaixo para o moreno. – Aconselho-te a parar e nem teres ideias. Caça-fortunas têm uma vida muito complicada aqui em Sina, sobretudo se eu for o responsável pela segurança.

– Eu não…

– Volta ao teu trabalho. – Repetiu e Eren preferiu não argumentar mais e sair antes que as acusações piorassem. Não imaginou que o segurança tivesse notado a forma, quem sabe um pouco insistente como esteve a observar Levi e que deixou uma ideia errada a respeito dele, relativamente a intenções que podia ter.

 

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Sorriu um pouco ao escutar um leve suspiro escapar da boca da filha enquanto ele aconchegava-a na cama. A luz do pequeno candeeiro iluminava as faces ainda rosadas e tranquilas da criança que adormeceu após poucos minutos do livro que Levi colocou sobre a mesinha de cabeceira, onde já estava o Tablet. Apagou o candeeiro e saiu com passos cuidadosos do quarto, aplicando o mesmo cuidado quando encostou a porta.

Os olhos cinzentos focaram-se na luz que provinha da sala e seguiu pelo corredor, descendo depois o conjunto de vários degraus até alcançar a sala, onde Nina se encontrava sentada no sofá e a concluir uma chamada.

– Se ele estiver ocupado, podes passar aqui a noite. – Disse à medida que se acercava para juntar-se à amiga no sofá.

– Ele diz que vem buscar-me. Parece que a situação não era tão grave. – Respondeu. – A Bia já está na terra dos sonhos?

– Depois do evento e acima de tudo depois de todas aquelas danças lá fora, surpreende-me que não tenha adormecido a caminho de casa. – Encostou a cabeça ao sofá de cor escura e almofadas vermelhas e pelo movimento ao seu lado entendeu que a amiga teria optado por uma posição semelhante.

Veio um silêncio que nenhum dos dois parecia interessado em quebrar, mas não era desconfortável. Aliás, Levi nunca consideraria a companhia de Nina como um incómodo, dado que assim que como Hanji, aprendeu a ter um carinho por ela. Como se fosse uma irmã mais velha. Dizia irmã porque uma vez Connie fez o comentário que seria mais como mãe e até hoje, ele tinha medo de colocar em palavras o que sentiu ao ver o olhar que ela lhe lançou.

– Vi o Eren na festa.

A afirmação fez com que Levi abrisse os olhos que entretanto teria fechado enquanto relaxava naquela posição no sofá.

– Reparaste nele? Pensei que pudesses não reconhecê-lo.

– Na verdade fui à tua procura. Depois que saíste para conversar com o intragável do Zeke, o Mike recebeu uma chamada para voltar a clínica e por isso, demorei mais do que pensava para ir ter contigo e inventar qualquer desculpa para que não tivesses que ouvir o senhor falsidade.

– Mas não nos cruzámos. – Apontou Levi.

– Não, já tinhas saído e até falado com o Eren pelos vistos. Fui até ao terraço e só encontrei ele e nem o reconheci de imediato, apenas quando me disse o nome. Até pensei que pudesse ser coincidência, mas reconheci-o pelas descrições que fizeste antes. – Explicou e num tom mais curioso e encarando os olhos cinzentos, não resistiu em fazer uma questão. – Como foi vê-lo de novo depois de todo este tempo?

– Diferente do que estava à espera. – Admitiu. – A Hanji quase lhe provocou um ataque de pânico, mas sabes que eu precisava de vê-lo, falar com ele e ver se sentia algum daqueles fantasmas surgir de novo. Quando me apercebi que podia estar olhos nos olhos com ele sem qualquer problema, senti um alívio cá dentro e acima de tudo confiante de que nada tem que mudar. Eu sabia que o Armin e a Annie não o deixariam para trás e não vou mentir, dizendo que o facto de o ter por perto novamente não me causava alguma apreensão. No entanto, tudo isso se tornou insignificante a partir do momento que fiz aquilo que tu e o Mike me aconselharam, enfrentar as coisas de frente sem fugir, sem medos e com naturalidade. Foi bem mais simples do que estava à espera.

– Ele quis saber alguma coisa? Foi uma conversa sobre o tempo?

– Acho que ele julgava que o meu casamento com o Erwin foi uma farsa qualquer e ter a oportunidade de dizer com sinceridade que o que tive foi verdadeiro e que pude amar de novo, deixou-me também satisfeito com o rumo da conversa. Desejei que o mesmo acontecesse com ele e tivesse a oportunidade de ser feliz também.

– Hum, então foi isso. – Nina esboçou um sorriso compreensivo.

– Isso o quê?

– Quando encontrei o Eren, a razão para ter ficado a falar um pouco com ele antes de regressar ao salão era porque ele estava a chorar.

– A chorar? – Perguntou Levi alarmado. – Foi alguma coisa que eu disse?

– Sim e não. – Respondeu Nina. – Não é culpa tua, Deus Grego. – Acrescentou em tom de brincadeira. – Nem tinha a certeza que devia dizer-te qual foi a reação dele às tuas palavras. Penso que para o Eren escutar que outra pessoa te fez feliz doeu. Ele queria ser essa pessoa.

– Ele nunca poderia ter sido, Nina. Ele estava tão estragado como eu e ambos estávamos a optar pelas respostas erradas.

– Sim, mas isso não significa que os sentimentos não tenham permanecido, mesmo por baixo de toda essas coisas erradas e penso que alguma coisa ainda persiste e daí que tenha chorado. Não o fez por tua culpa, mas fez porque percebeu o que perdeu e tudo aquilo que podia ter acontecido, se tudo tivesse sido diferente. – Explicou a mulher.

– Não podemos viver com base no que poderia ter acontecido e nem nas coisas que não podemos mudar.

– E se ele ainda sentir alguma coisa por ti?

Levi olhou para a amiga.

– A nossa história terminou há muito tempo, Nina. – Levantou-se do sofá. – Estou feliz como estou agora, tendo a minha filha e a todos vocês na minha vida. Se alguma vez mudar de ideias, não penso que o colocaria sequer como uma hipótese. Eu precisava encerrar a minha história com ele e foi isso que fiz com a nossa conversa de hoje.


Notas Finais


Até ao próximo capítulo *


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