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  3. Capítulo III

História Memórias Rasgadas - Capítulo III


Escrita por: Imagination

Notas do Autor


Obrigada pelos comentários, mensagens, favoritos e a todos os que estão a acompanhar o enredo!

A atualização veio mais cedo porque vou estar num evento de anime neste fim de semana e por isso, vou estar longe do computador e a gastar a bateria do telemóvel em vídeos e fotos :p

Capítulo 3 - Capítulo III


Capítulo III

 

– Sr. Jaeger? – A voz chamou do outro lado ao ouvir uma resposta que não entendeu e uma respiração um pouco alterada, chamou novamente pelo mesmo nome.

– Hum, sim? – Respondeu com um meio sorriso para o jovem que se encontrava debaixo dele com o rosto avermelhado e também com a respiração bem agitada. – Estava um pouco ocupado.

– Lamento incomodar, mas tem uma visita aqui na receção.

– Se for o meu namorado, como já disse antes, pode deixar subir sem avisar. – Dizia, continuando sentado sobre o outro. – Portanto, suponho que não seja ele, a menos que tenha havido alguma falha de comunicação.

– Não se trata do seu namorado e sim de uma jovem chamada Annie Leonhart.

– Annie? Hum, isso é uma surpresa. – Comentou divertido. – Diga-lhe que pode subir.

– Com certeza, Sr. Jaeger. Com licença. – Disse, terminando a chamada e o moreno de olhos verdes colocou o telefone sobre a mesinha de cabeceira. Em seguida, olhou para o companheiro. – Vou ter visitas, mas podes voltar logo, se quiseres.

– Ah… e o teu namorado? – Questionou confuso.

– Ele às vezes gosta de ver. – Piscou o olho, saindo de cima do outro, que se apressou a procurar a farda do hotel enquanto Eren se dirigia à casa de banho para tomar um duche rápido. – Ao sair, deixa a porta encostada. – Pediu.

Após vestir a farda com rapidez e procurando não esquecer-se de nada, o funcionário ao abrir a porta encontrou uma jovem de cabelos loiros, olhos azuis e uma expressão indiferente ao passar por ele. Apesar dos fios loiros encontrarem-se parcialmente presos, duas mechas caíam ao lado do rosto de pele branca que contrastava bem com o azul límpido dos olhos. A sua indumentária consistia numa camisola de malha fina rosa com umas mangas que se estendiam até aos cotovelos. Trazia também uma saia curta branca com riscas pretas e calçava umas sapatilhas de cor branca. Sobre o ombro direito havia uma alça de uma pequena mala preta ideal para alguns pertences, tais como a carteira, telemóvel, etc.

Fechou a porta atrás dela e apercebendo-se do estado e o ar abafado do quarto, resolveu não se aproximar da cama e abriu duas das janelas para arejar o local. Encostada perto de uma das janelas, aguardou que o moreno de olhos verdes saísse da casa de banho, de onde era possível ouvir a água escorrer.

Minutos mais tarde, os cabelos castanhos ainda molhados tocavam de leve os ombros do moreno que saía sem qualquer t-shirt ou camisa, mas com umas calças largas de cor preta e descalço.

– Confesso que não esperava a tua visita. – Comentou Eren com um sorriso divertido. – Achaste melhor falarmos pessoalmente? Ou… – O sorriso tornou-se malicioso. – Queres repetir o que aconteceu da última vez que nos vimos?

– Aquilo foi um erro. – Disse não escondendo o desconforto pelo rumo da conversa.

– Não foi o que disseste antes. Admito que nunca te achei do género que até convidasse mais um para juntar-se à festa. Não que eu me queixe e o Jean também não deve ter reclamações. – Disse divertido.

– Foi um erro. – Repetiu.

– Alimentando pelo álcool e não só, mas pronto, se não queres isso, não falamos mais do tema. – Sentou-se nos pés da cama completamente desorganizada. – Sei que deves ter vindo aqui porque queres ajudar-me com o troco que preciso dar à Mikasa.

– Também não posso ajudar-te com isso, Eren. – Disse ela num tom cansado. – Não quero meter-me nos vossos problemas.

– Hum, não queres é que ela se vire contra ti. – Deduziu. – Annie, nós os dois sabemos que não vale a pena tentares ficar do lado dela. Nunca vais ter aquilo que queres dela. A prova disso é que mesmo tu já te desiludiste e por isso, vieste procurar-me naquele dia.

– Disseste que não tocavas mais nesse assunto. – Apontou ela num tom que tentava mascarar a mágoa que sentia ao escutar aquelas palavras.

– Desculpa, mas é verdade. – Suspirou. – A Mikasa é como eu ou o Jean. No máximo o que podes conseguir dela, é o que tenho com o Jean.

– Não entendo. Nunca vou conseguir entender como é que podem ser assim. – Dizia com um tom de voz que se dividia entre a raiva e desapontamento. Olhou para o moreno, olhos nos olhos. – Como é que podem ser felizes assim? Como é que alguém pode viver assim?

– Annie, pessoas como tu não deviam envolver-se connosco. – Fez um ar cansado. – É por estas coisas que prefiro não envolver-me com pessoas assim.

– Pessoas como eu?

– Que querem relacionamentos clichés. – Respondeu, vendo o ar indignado da loira. – Queres que a gente minta como todos os outros. Relacionamentos não funcionam, Annie. Tens sempre que ceder qualquer coisa. Tens sempre que ser aquilo que o outro procura e vice-versa. Quando te apercebes, passaste a tua vida toda a ser um ator e já nem te lembras quem és. Não quero acordar um dia e ver que vivi toda a minha vida uma grande mentira.

– As coisas não assim, Eren. Há quem seja genuinamente feliz. – Disse mais uma vez transtornada por ver a forma distorcida como o amigo sempre via as coisas à sua volta.

– Não conheço ninguém assim. Não posso acreditar naquilo que não vejo. – Ripostou. – As pessoas mentem o tempo todo para manter esses ditos relacionamentos felizes. Não pretendo viver a minha vida no meio dessa hipocrisia barata. Tenho coragem de admitir que o mundo é assim. – Ergueu-se da cama. – Não escondo que sinto atração por outras pessoas. Não deixo que as convenções me digam com quem me devo deitar ou não.

– Isto nada tem a ver com convenções e sim com sentimentos, Eren. Tu dedicas-te a uma só pessoa porque amas essa pessoa e as outras atrações não se comparam. Não o fazes por uma obrigação ou para manter uma mentira, mas porque o que sentes te faz agir dessa forma. – Tentou explicar mais uma vez e viu o moreno sorrir. Ele aproximou-se e acariciou o rosto dela.

– Annie, essa é a tua forma de ver as coisas e sendo assim, devias deixar de pensar na Mikasa. Procura alguém que queira viver assim contigo. Não sou eu, nem ela.

– Relacionamentos abertos não funcionam e eu não quero uma coisa dessas. – Afirmou ela. – Espero que um dia, quando souberes que simplesmente não é possível apagar sentimentos da noite para o dia, possas sentir um pouco daquilo que já passei.

– Nunca foi a minha intenção magoar-te, Annie.

– Um dia vais saber o que é estar deste lado.

– É uma praga? – Brincou, afastando a mão e deixando um beijo na testa da loira.

– É uma certeza.

– Certo, certo. – Disse divertido, vendo a amiga distanciar-se e antes de sair, dizer:

– E não menti, Eren. Vais ter que encontrar outra pessoa que te ajude contra a Mikasa. Não quero ter nada a ver com as vossas discussões e talvez, vá seguir o único bom conselho que alguma vez me deste.

Assim que Annie saiu, o moreno de olhos verdes ligou para a receção para que viessem limpar o quarto, nomeadamente a cama que precisaria dos lençóis trocados. Entretanto, acompanhado pelo telemóvel dirigiu-se até à varanda, onde se sentou num cadeirão. O sol iluminava o local e aquecia o corpo dele naquele dia que demonstrava temperaturas mais próprias da época de Outono.

Eren ainda pensava na amiga de cabelos loiros. Os dois conheciam-se desde dos doze anos, dado que foram companheiros de mesa na sala de aula. A loira sempre tinha sido bem reservada. Ela não gostava de falar dos outros e mantinha a sua distância da grande maioria das pessoas. O que chamou a atenção do moreno numa das aulas foram os desenhos de grande qualidade que a colega fazia durante as aulas em que estava menos interessada naquilo que diziam os professores.

Desde da primeira vez que elogiou o talento dela, Annie abriu-se mais um pouco com ele. Eren gostava da companhia da loira e os dois encontraram alguns interesses em comum. Além disso, ela mantinha-o longe dos problemas e nas aulas de educação física, os dois descobriram que eram parceiros ideais de equipa. Apesar da baixa estatura e traços femininos, Annie demonstrava uma força e estratégia que provocava inveja a muitos, inclusive a Eren que optava por aprender com ela em vez transformar a inveja em comentários desagradáveis. Os dois também partilhavam outra paixão e isso aproximou-os bastante até à altura que a amiga confessou que sentia talvez um pouco mais do que atração por ele.

Apanhado de surpresa, Eren ficou um pouco desorientado, mas logo tratou de explicar que mesmo que gostasse muito dela como amiga, os sentimentos não passavam disso. Já desde daquela altura, foi claro quanto ao que pensava acerca dos relacionamentos e disse-lhe que tudo com ele seria tóxico e ela não merecia nada assim. Devia procurar uma pessoa diferente dele.

Contudo, a essa altura entrou Mikasa na equação. As duas não se relacionavam bem antes. Aliás, Mikasa não se relacionava bem com ninguém em geral e por isso, Eren surpreendeu-se quando viu as duas juntas como se tolerassem a presença uma da outra. Mas o moreno conhecia a rapariga de cabelos negros, traços asiáticos e a expressão sempre seca. Mikasa não queria relacionamentos. Mikasa fazia o que fosse preciso para ter o que queria e afagava o próprio ego com o número daqueles que ficavam rendidos aos encantos dela.

É verdade que Annie possuía uma grande capacidade de lidar com o mau temperamento dela e Eren surpreendeu-se ao ver Mikasa ouvir alguns dos conselhos da loira em algumas ocasiões, mas as coisas não eram iguais para as duas. Mikasa tinha encontrado um adereço novo para usar e ver até onde podia ir e Annie… a Annie estava novamente a nutrir sentimentos pela pessoa errada.

– Talvez devesse fazer algo pelas duas… para que se afastem de vez. A Mikasa perderia o brinquedo e a Annie poderia encontrar outra pessoa. – Falou pensativo.

Repentinamente, sentiu o telemóvel vibrar nas mãos e viu que se tratava de uma mensagem. Ao ver o nome no ecrã sorriu ao abrir a mensagem.

 

.I. Mensagem:

Temos que falar, Eren.

 

*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*

 

Apesar do som da amiga a comer pipocas do outro lado do ecrã, os olhos cinzas estavam focados sobretudo nas imagens da série que tinha sido convencido a acompanhar. Tratava-se de mais uma cena de tensão, mas que deixava um pressentimento no ar de que algo épico estaria prestes a acontecer.

 

– Zaldrizes buzdari iksos daor (O dragão não é um escravo)

– Ydra ji Valyre? (Falas Valiriano?)

– Nyke Daenerys Jelmazmo hen Targario Lentrot, hen Valyrio Uepo anogar Iksan. Valyrio muño engos ñujys issa (Sou Daenerys Stormborn da Casa Targaryen, descendente do sangue antigo de Valyria. Valiriano é a minha língua nativa).

 

Uhuh, Dany! – Dizia Hanji do outro lado em festa, mas o jovem de cabelos negros logo pediu para que a amiga parasse para poder acompanhar o resto da cena.

 

– Zer sena! Zer sena! (Matem-na! Matem-na!)

– Drakarys.

 

Puta que pariu. – Murmurou Levi incapaz de desviar os olhos do ecrã.

– Isso mesmo! Mata todos esses filhos da puta, Dany! – Festejava Hanji do outro lado e após mais algum momento de silêncio, em mais cena em que Levi pediu à amiga para poder escutar as coisas decentemente, veio o final do capítulo. – Diz lá se a série não vale a pena, Lee.

– Tenho que admitir que estou a mudar a minha opinião sobre a Daenerys. Inicialmente, achava-a quase uma inútil a deixar-se levar por tudo e por todos, mas se já vinha mudando de ideias, este episódio confirmou que ela passa a ser um das favoritas.

– Huh? Quem é a tua personagem favorita? – Perguntou curiosa.

– Tyrion. – Respondeu sem hesitação.

– Ah, a tua afinidade por baixinhos não me deveria surpreender.

– Vou desligar a merda da chamada, Hanji. – Ripostou num tom seco, ouvindo o riso histérico do outro lado que o fez considerar a ideia de retirar os fones dos ouvidos.

– Brincadeira, brincadeira. – Falou divertida. – O Tyrion também é uma das minhas personagens favoritas, assim como a Arya e claro, o nosso John Snow. – Viu o amigo revirar os olhos do outro lado. – Devíamos fazer isto mais vezes. Assim não precisas de ver cada episódio aos soluços.

– Sim, Hanji. Não precisas de recordar que a minha internet tem uma conexão de merda. – Falou, sentado na cama com o portátil sobre as pernas. – Além disso, aquilo que costumo ver não costuma ter mais do que 20 minutos e se for arrumar a casa, enquanto o vídeo carrega, não espero muito.

– Isso és tu que tens paciência para essas coisas. Falando agora das nossas séries japonesas, gostaste de Gakkou Gurashi? Disseste que tinhas acabado de ver ontem.

– Sim, bem mais negro e perturbador do que dava a entender inicialmente. – Respondeu pensativo e teria elaborado um pouco mais, se o telemóvel não tivesse tocado. Olhou para o ecrã e pediu desculpa à amiga, mas apesar do receio inicial e nervosismo que sentia antes de atender qualquer chamada, optou por não ignorar aquela. Como sempre, ouviu a voz falar primeiro do que ele, como se soubesse que ele era péssimo a iniciar conversas. – Sim, está tudo bem. Presente? Ouve, eu pedi que não enviasses mais nada. Eu não quero que…sim, eu sei que o dinheiro é teu, mas… ok… ok… sim, o curso está a correr bem e… bom, contigo está tudo correr bem? Ah, sim, isso é bom.

As conversas duravam mais de dez minutos porque o interlocutor sempre encontrava forma de arrancar mais algumas respostas de Levi, caso contrário terminariam bem antes. O indivíduo do outro lado da chamada era o responsável pelo telemóvel na mão dele, o computador sobre as pernas dele e algumas roupas. Tudo presentes do seu benfeitor. Alguém que conheceu quando no desespero por conseguir dinheiro rápido, pensou em várias coisas erradas e aquela pareceu-lhe a menos humilhante. No meio de pessoas de quem teve que fugir, surgiu aquele com quem manteve várias conversas normais sem que outras intenções subliminares surgissem. Porém, ainda que não pedisse nada em troca, o outro gostava bastante de gastar dinheiro daí que tenha recebido aqueles presentes. Os quais o jovem de olhos cinza quis recusar, mas porque o outro também era bastante manipulador com os sentimentos de culpa, aceitou alguns dos presentes.

– O teu Sugar Daddy está de volta?

– Não lhe chames isso, Hanji. – Pediu num tom cansado. – E não, ele continua fora e vai ficar assim mais algum tempo.

– Tendo em conta como se conheceram, não penso que alguma vez possa trata-lo de forma diferente. Além disso, é o meu dever como melhor amiga proteger-te e ele ainda não está aprovado.

Levi suspirou.

É verdade que os dois se conheceram em circunstâncias peculiares. Ele ia ser a sua última tentativa. Se tivesse encontrado outro pervertido, teria desistido por completo da ideia. O apelidado por Hanji de Sugar Daddy até ao momento provava ser uma exceção e alguém que não classificaria como amigo, mas como um conhecido tolerável.

Assim como Hanji, ele também via em Levi algo que o próprio não enxergava. Quem sabe, fosse essa a principal razão para ter mantido aquele conhecido por perto. Ele e Hanji sentiam a falta dele, recordavam-no e o jovem de cabelos negros agarrava-se a isso para enfrentar cada dia.

Depois de se despedir da amiga dado que era bastante tarde, Levi desligou o computador. Em seguida, ativou mais uma vez o despertador no telemóvel e ligou a ventoinha. Mesmo que o tempo estivesse mais fresco e a conta da luz pudesse ser um pouco mais alta, ele habituou-se ao som do aparelho e ao vento que o fazia aconchegar-se mais nos lençóis. Era estranho usar isso como um som reconfortante, mas isso distraía a sua mente de vários pensamentos.

Também a presença de Kuro com o seu ronronar, cortavam o silêncio e impedia o sentimento de solidão. Mesmo que no dia seguinte tivesse que sair com o pequeno gato escondido na mochila, que aconchegava com cuidado e só abria totalmente a mochila quando se encontrava fora do bairro.

– Hoje vou chegar tarde. Tens que ficar com a Nanaba. – Dizia, acariciando o gato que miou. – Porta-te bem e tem cuidado.

O felino saltou para o muro e deste para o telhado de uma casa. Antes de desaparecer ainda olhou uma última vez para Levi que acenou e virou costas rumo à paragem de autocarro para mais um dia de aulas.

Após o que Levi descreveria como o inferno dos transportes públicos, chegou cedo à faculdade como era normal e dirigia-se para o edifício onde decorreria a primeira aula da manhã. Isto até ouvir o seu nome.

O primeiro pensamento era de que se tratava de um engano e por isso, não parou de andar mas a voz persistente continuou a chamá-lo. Optando por olhar discretamente para trás, surpreendeu-se ao encontrar o loiro que não via há alguns dias e a quem tinha emprestado uma das fardas de trabalho.

Quase sem fôlego, mochilas às costas e uma saca de cor cinza na mão, Armin aproximou-se enquanto Levi retirava um dos fones dos ouvidos e desligava o MP3.

– Bom dia, Levi. – Disse ainda claramente cansado. – Andei à tua procura. Queria devolver a tua farda.

– Ah, obrigado. – Aceitou a saca. – Podias ter entregado quando eu estivesse a trabalhar.

– Pois…– Mostrou alguma vergonha. – Agora não tenho ido muito até aos jardins da Universidade.

A Universidade concentrava várias faculdades no mesmo local, fazendo com que fosse possível escolher cadeiras opcionais bastante variadas. Isto significava que alguém de medicina como Armin poderia escolher como opcional alguma matéria da Faculdade de Artes. O objetivo era não só permitir o enriquecimento académico dos estudantes, como também promover o contacto entre as várias áreas diferentes. Por exemplo, ao entrar na Universidade, Levi passava pelo edifício da Faculdade de Engenharia e Arquitetura antes de chegar ao destino.

Os jardins cobriam grande parte do espaço, sendo uma das áreas comuns dos estudantes.

– Continuam a incomodar-te. – Deduziu Levi.

– Então reparaste em mim? – Perguntou com um sorriso e corando ligeiramente, acrescentou. – Desculpa, mas sou bastante observador e reparei que escolhes sempre uma das mesas próximas ao lugar onde eu costumo ficar. Isto quando não estás a trabalhar. Só nunca percebi muito bem o que estás a estudar.

– Matemática e algumas opcionais de contabilidade. – Respondeu um pouco incerto quando ao rumo da conversa.

– Uau, então queres ir para investigação ou algo assim? Eu estou em medicina.

– Eu reparei. – Disse o jovem de olhos cinza. – Pelos livros em cima da tua mesa, deduzi que fosse essa a área.

– Sei que não estamos na mesma área, mas se calhar… – O entusiasmo desapareceu gradualmente. – Bom, se calhar é melhor não. Obrigado mais uma vez pelas roupas, Levi.

– Já contaste a alguém o que está a acontecer? A um funcionário? Sei que não estamos na escola, mas deve haver qualquer coisa ou alguém que trate desses assuntos.

Levi sentia-se ridículo ao sugerir uma coisa daquelas. Até porque ele raramente procurou ajuda e das poucas vezes em que tentou falar do assunto, ninguém fez nada. Não existiam consequências e muitas vezes classificavam como brincadeira entre crianças. Pedir ajuda num sistema que nem reconhecia certas ações e palavras como abuso era inútil.

– Eu… – Hesitou. – Tenho medo que piore e o meu companheiro de quarto diz que é melhor não dizer nada. Só vou piorar as coisas.

Essa é sempre a possibilidade mais provável”, pensou Levi, recordando-se que esse tinha sido sempre o resultado no caso dele.

– Talvez tenha razão. – Murmurou. – Mas ainda bem que tens alguém com quem falar disso.

– Mas obrigado por te preocupares. – Sorriu. – Eu e o meu companheiro de quarto não começámos da melhor forma, mas sempre que acontece algo, ele tem demonstrado bastante apoio.

– Isso é bom. – Disse sem saber muito bem como dar continuidade à conversa.

Armin sorriu mais uma vez e após olhar para um velho relógio que tinha no pulso, despediu-se de Levi, dizendo que não queria chegar atrasado às aulas e também não queria que o mesmo acontecesse com o jovem de cabelos negros. Por vontade própria, Armin teria combinado encontrar-se com Levi posteriormente, mas com o receio de que o outro também passasse a ser um alvo, desistiu da ideia. Levi apercebeu-se disso, mas não foi capaz de dizer nada em contrário.

Por um lado, existia a possibilidade de fazer, quem sabe um novo amigo, mas por outro lado, essa hipótese era pouco provável.

Quem iria querer passar tempo com alguém como eu?”, perguntou-se Levi  e estava distraído a repor os fones, quando alguém veio contra ele. A força foi tal que caiu de rabo no chão e viu que o telemóvel da outra pessoa também caiu no chão.

– Não vês por onde andas, monte de merda?

Calou a resposta, embora obviamente a culpa não fosse exclusivamente dele. Ignorando o insulto, levantou-se e viu que depois de recolher o telemóvel do chão, o outro estudante continuou a andar. Isso deixou-o aliviado, pois não queria qualquer tipo de confronto.

Ainda assim, olhou de soslaio e reconheceu o cabelo com aquelas duas tonalidades diferentes. Era o mesmo tipo que aparentava ser o responsável pelos abusos verbais e físicos infligidos a Armin. Podia ser só coincidência, mas Levi não acreditava nisso. Não depois de ver aquele indivíduo sempre com aquele grupo que depois se dedicava a atormentar Armin.

Não vale a pena pensar nisso. Não posso fazer nada por ele”, dizia a si mesmo “Além disso, ele já tem com quem falar desses problemas”.

À medida que tentava mentalizar-se disso, Levi ouvia a voz de Hanji. A amiga nunca acreditou que o silêncio ou fingir que nada estava a acontecer fosse a solução. Ela acreditava em denunciar e lutar sempre até ao fim. Se lhe falasse novamente de Armin e na solução que o companheiro de quarto encontrou para o problema, ela iria exaltar-se. Nunca aprovaria uma coisa daquelas.

Porém, Hanji era uma lutadora, uma sonhadora e uma pessoa que amava a vida. Ela era o oposto dele por isso, é que ele escolhia não intrometer-se-. Mesmo que isso o massacrasse por dentro. Ele estava a agir como todos aqueles que o ignoraram no passado. Mas como se supunha que tentasse ajudar outra pessoa quando ele próprio lidava com pensamentos destrutivos todos os dias?

– Levi?

Os colegas sentados na mesa da frente riam entre eles enquanto o jovem de olhos cinza se sentava, colocando a mochila sobre a mesa.

– Eu e o Eduardo temos uma dúvida.

Viram que Levi olhava de soslaio para eles.

– Tomas banho todos os dias ou usas algum super produto para disfarçar o cheiro?

Continuou a retirar os livros e os cadernos da mochila.

– A sério, como fazes para usar sempre as mesmas roupas mesmo que esteja calor lá fora?

– Queres que a gente faça um peditório para te comprar uma t-shirt?

– Ou um vestido, se preferires.

Os risos continuaram, assim como outras piadas. Acabaram por desistir da conversa porque Levi escolhia ignorá-los e pouco depois, o professor entrou na sala de aula. O gesto maioritariamente inconsciente que repetia dia após dia tornou-se mais persistente nesse dia. Ou quem sabe, apenas estivesse mais consciente nesse dia de todas as vezes que apertou as mangas com as mãos.

Ele sentia calor, mas habituou-se a nunca dispensar mangas compridas. Com o Outono às portas, em breve deixariam de dar importância às roupas dele. É claro que às vezes pensava ser mais confortável usar uma roupa mais fresca, mas não queria que olhassem. Não queria que vissem.

Queria continuar a passar despercebido.

 

*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*

 

– Estavas a tentar fazer uma entrada dramática? – Ironizou o moreno de olhos verdes ao ver a fúria com que o namorado entrava no quarto do hotel, onde estava hospedado.

– Não estou com paciência para as tuas gracinhas, Jaeger. – Parou no meio do quarto. – O que é esta merda?

– Vais ter que ser mais específico. – Continuou com um tom divertido. – Há muita merda por aí.

– Este hotel, este luxo, a fortuna que gastaste e ainda estás a gastar!

Eren arqueou uma das sobrancelhas.

– Já estivemos em hotéis melhores do que este e nunca falámos sobre gastos. O que foi? É alguma brincadeira?

– Olha para a minha cara e diz-me se estou a brincar! – Exaltou-se.

– A sério que estás a reclamar sobre dinheiro? Quando é o meu dinheiro não há problema. – Cruzou os braços, aguardando uma explicação para aquele comportamento estranho do namorado.

– Escuta, Jaeger sabes que os negócios da minha família, dependem em grande parte da tua família.

– Sim e depois?

– Ainda assim, as coisas não têm estado tão bem e por isso é que entre outras coisas, estou a viver na residência de estudantes. Tenho uma espécie de mesada, mas não posso ou devo gastar rios de dinheiro. – Explicou sob o olhar cada vez mais cético do jovem de olhos verdes.

– Não estás a dizer tudo isto só porque a tua família é uma mão de vaca, pois não?

– Os meus pais ligaram furiosos a noite passada porque estou há dias a viver como um príncipe, quando és tu que...

– Desde quando a tua família está com esse tipo de problemas? – Decidiu perguntar.

– Já tinha comentado, mas como sempre, tu só ouves o que te interessa.

– Não fales como se a culpa fosse minha! – Respondeu Eren irritado. – Que culpa tenho eu que os teus pais sejam uns empresários incompetentes?

– És um filho da puta mal-agradecido! Dizes isso depois de tudo o que fiz por ti?!

– Deste-me esmolas nestes últimos dias e julgas o quê? Um herói?

– Esmolas?!

– Sempre viveste às minhas custas. Sempre paguei os teus luxos, Jean e na primeira vez que preciso de ti, vens com toda esta conversa!

– Achas que estou a mentir?! – Perguntou indignado.

– O que será que é mais provável? Uma mentira ou a tua família subitamente ser pobre? – Ironizou Eren.

– Venho aqui, conto-te a verdade e tu reages assim… realmente… nem sei porque esperava algo diferente vindo de ti.

O insulto estava na ponta da língua, mas o tom de voz e toda a atitude de Jean não era normal. Nem ele mentiria assim tão bem e por isso, por mais inacreditável que fosse, teve que assumir que aquelas palavras representassem uma realidade. O que faltava acontecer?

– Ok, assumindo tudo isso como verdade, vou sair do hotel e encontrar outro sítio mais barato.

– Acho que a coisa é pior do que pensas. – Disse, passando a mão pelos cabelos. – A tua mãe não te ligou?

– Huh? Não. Falaste com ela? – Perguntou Eren curioso e confuso.

– Claro, deixaram-me a mim o papel de fazer a bomba cair. – Murmurou entre os dentes. – Os meus pais tiveram que pedir um novo empréstimo à tua família e com isso a tua mãe ficou a saber que não estás na casa do tal Levi.

– Tu contaste a verdade?! – Questionou Eren indignado.

– Disse a verdade aos meus pais e ele devem ter falado com a tua mãe.

– Obrigado por foderes a minha vida.

– Querias o quê? Que me fodesse sozinho? – Perguntou irritado. – O ponto é que parece que a tua mãe também ficou a saber que não tens ido às aulas, que só lá foste uma vez por causa dos papéis da transferência.

– Ok e então?

Eren continuava em entender o que poderia ser pior do que já tinha ouvido até àquele momento.

– Ela insiste em que vás para a casa desse tal Levi, apareças nas aulas e arranjes um trabalho não só para te sustentares, mas também para repor o dinheiro que gastaste nestes dias aqui neste hotel.

Eren sentou-se na cama. Tentava digerir todo o conteúdo daquela troca de palavras. A mãe continuava louca e sem colocar qualquer dinheiro na conta dele. Como se isso não fosse suficiente, ela pretendia que não só ele fosse viver num buraco, como ainda esperava que ele conseguisse um trabalho para pagar despesas e a nova dívida que tinha causado à família Kirstein.

Tudo era tão inacreditável que ficou vários momentos sem saber o que dizer ou fazer. Não se atreveria falar com o pai, mas precisava urgentemente de chamar a mãe à razão.

– Jean preciso de mais um favor.

– Eren, eu não posso continuar a gastar dinheiro desta forma.

– Vou sair do hotel, mas preciso da Uber para ir até casa. Tenho que falar com a minha mãe. – Falou com um ar um pouco desorientado.

– Ok… isso, eu posso fazer.

– Obrigado. – Murmurou o telefone do quarto tocou. Quase mecanicamente, o moreno moveu-se até atender a chamada. – Sim?

– Sr. Jaeger tem uma visita.

– Eu não quero ver ninguém. – Respondeu.

– É a sua mãe. – Informou a funcionária.

– Ah… diga para ela subir.

– Com certeza. Com licença. – E ambos desligaram.

– Quem é? – Perguntou Jean, estranhando a expressão do namorado.

– A minha mãe.

Eren não esperava que a mãe fosse ao seu encontro, mas quem sabe fosse melhor assim. Ouviria da boca dela, se de facto todas aquelas coisas que Jean tinha dito eram mesmo verdade. Aliás, ele não duvidava exatamente da veracidade e sim do tom de seriedade. Podia também ser a sua oportunidade de ouro para fazer a mãe mudar de ideias. Mesmo que ele preferisse ter mais tempo para se preparar.

Desde que tinha iniciado a sua estadia no hotel, o moreno reverteu de tal forma as prioridades que nem pensou em nada específico para prejudicar Mikasa, Pixis ou mesmo infernizar Armin, o loiro que provocou a sua expulsão da residência de estudantes. Eren focou-se tanto nos seus próprios luxos que adiou tudo isso, ainda que soubesse que o namorado já tinha começado a atormentar Armin indiretamente, ou seja, utilizando outras pessoas. Os dois tinham rido da inocência do loiro que se apoiava e confiava em Jean, dado que não o ligava aos acontecimentos recentes. Jean chegou a dizer que seria uma questão de dias até conseguir algum avanço significativo. Saber disso enquanto aproveitava os luxos do hotel, colocou todo o resto em pausa. Eren só esperava não se arrepender disso.

Nem sei de onde vem todo este nervosismo. É óbvio que assim como fiz antes, vou convencê-la a desistir desta loucura. A minha mãe nunca deixaria que me faltasse nada”, repetia a si mesmo.

Só precisava de jogar as cartas certas e em pouco tempo estaria de volta à vida de antes.

Os dois jovens não trocaram qualquer palavra até escutarem uma batida na porta.

– É a hora da verdade. – Murmurou Eren.

– Boa sorte. – Desejou Jean com sinceridade, pois ele não estava muito otimista acerca de toda aquela situação.

Assim que Eren abriu a porta do quarto, a mulher de longos cabelos castanhos caídos sobre o ombro esquerdo entrou sem dizer uma palavra. Tinha uns óculos escuros sobre a cabeça e os lábios pintados com um rosa discreto. Vestia uma camisa branca de meia manga com um decote em V e uma saia preta justa com um corte lateral. O salto dos sapatos pretos ecoou pelo espaço e na mão direita, a mulher de trajes e postura elegante, trazia uma pequena carteira com alguns efeitos dourados.

– Kirstein sai. – Foram as primeiras palavras dela.

– Não precisas falar assim, mãe. Sabes bem que depois vou falar com ele, portanto, até poupavas trabalho se o deixasses assistir. – Ironizou o moreno.

– Fora. – Repetiu num tom áspero e após trocar um olhar nervoso com o namorado, Jean optou por sair, murmurando um “com licença”.

Em outras ocasiões, a mãe já tinha demonstrado um claro desagrado relativamente a Jean. Se pensasse bem, Carla nunca mostrou qualquer apoio à amizade dos dois e muito menos quando Eren o apresentou como namorado “oficial”, acrescentando que não deixaria os encontros casuais de parte. Ela nunca apoiou essas opções da vida dele, mas era a primeira vez que falava daquela forma com Jean.

Isso colocou-o nervoso mais uma vez. A mãe não aparentava estar diferente da última vez em que se falaram. Parecia até pior e menos aberta à chantagem emocional, mas Eren não permitiria que isso o impedisse de tentar.

– Vieste buscar-me para conversarmos em casa?

– Não, não vais voltar a pisar a minha casa. – Afirmou e perante o ar confuso do moreno prosseguiu. – Sim, a minha casa, o meu dinheiro. Tudo fruto do meu trabalho.

– Vais deserdar-me? – Ironizou, embora não estivesse a gostar nem um pouco do rumo da conversa ou da forma fria e distante como estava a ser tratado.

– Espero não ter que chegar a esse ponto.

– O que queres com tudo isto? – Falou, sentindo a calma esvair-se perante aquela afirmação. – Queres que viva na rua? Que viva de esmolas?

– Não te deixei na rua. Dei-te uma opção. – Respondeu com indiferença.

– Chamas viver num buraco de opção?

– Aprender. Sair do pedestal. Ter uma relação verdadeira com os outros. – Enumerou.

– Assim como tu tens? – Acusou com raiva. – Queres que viva na miséria? Que viva aquilo que tu nunca viveste? Será que não devias ser tu a aprender qualquer coisa?

– Não te desejo a vida que eu tenho.

– Sinceramente, prefiro deprimir-me numa banheira de notas. – Ironizou o moreno de olhos verdes.

– Muito bem, mas terás que ganhar essas notas por tua conta. – Disse, caminhando até à janela do quarto. – Errei muito, Eren. Errei quando te afastei de mim e mimei-te com bens materiais.

– Pois, olhar para a minha cara não devia ser fácil, embora eu não tenha pedido para nascer como fruto daquele casamento magnífico que vocês quiseram manter. – Acusou.

– Dei-te bens materiais, dinheiro e luxos, mas não te eduquei. Deixei-te entregue a ti mesmo, sem explicar o que era certo ou errado. Tu cresceste e eu queria dizer que me orgulho da pessoa que te tornaste, mas tudo o que sinto é que falhei. Falhei como mãe, falhei naquilo que devia ser o mais importante para mim. – Viu a mãe virar o rosto com lágrimas no rosto.

Mesmo que tivesse escutado da boca da mãe que ele era uma desilusão, Eren nunca gostou de vê-la chorar. Nem mesmo na altura em que ela recusou as tentativas dele de conforto. Ele lembrava-se da confusão, tristeza e remorso que sentiu ao ver que a progenitora se afastava, como se fosse culpa dele que tudo aquilo estivesse a acontecer. Chegou a ter dúvidas sobre se realmente não seria culpado e se essa era a razão para que ela nem se sentasse com ele à mesa na hora das refeições.

Nessa altura, tudo era tão confuso e conflituoso dentro dele.

 

Flashback

– A culpa não é tua. – A voz quase desaparecia no alarido que havia no espaço onde se encontravam. – Ninguém vai convencer-me do contrário e tu não devias acreditar nisso. – Falava, segurando um livro e um caderno contra o peito. – As coisas vão melhorar.

– Os meus pais vão ficar juntos outra vez?

Não podia evitar o sarcasmo, pois estava cansado que todos lhe dissessem o mesmo. No entanto, em vez de uma daquelas frases que escutou tantas vezes, viu o outro negar com a cabeça.

– Tu vais ultrapassar isto. És persistente. Usa isso a teu favor.

Fim do Flashback

 

Era estranho lembrar-se disso naquele momento. Ainda que as memórias fossem confusas e longe de ser perfeitas. Mal recordava a outra voz tímida e em momento algum, viu o rosto da outra pessoa. Era alguém da escola, mas assim como tantos outros, esse também fazia parte de memórias distantes. Permaneciam somente as palavras de alguém que tentou confortá-lo sem dizer frases repetitivas que tanto ouviu sobre os pais estarem numa fase má e coisas semelhantes. Talvez tenha recordado aquela conversa porque possivelmente foi a única pessoa que não lhe disse mentiras bonitas e confirmou apenas que mesmo que tudo terminasse, ele seria capaz de passar por cima disso.

E foi o que aconteceu.

Se escolheu ou não a melhor forma de ultrapassar essa situação, essa era outra questão diferente na qual não queria pensar ou sequer perder tempo a refletir sobre coisas que não podia mudar.

– Desculpa mãe. – Colocou a mão sobre o ombro de Carla. – Não podemos mudar o que aconteceu e continuo sem entender qual é o sentido de dizeres que fizeste mal em afastar-me para depois dizeres que não posso voltar para casa.

– Para entenderes, vais ter que respeitar a minha decisão. – Respondeu e teria tocado no rosto do filho, se ele não se tivesse afastado ao escutar aquelas palavras.

– Vais mesmo insistir neste absurdo?!

– Escuta Eren. – Limpou o rosto. – O hotel está à espera que arrumes as tuas coisas e saias. Se vieres comigo agora, deixo-te no lugar onde combinámos que irias ficar.

– Não combinámos nada! Tu queres obrigar-me a ficar lá!

– Não tens que concordar, o dinheiro é meu e eu decido com o que quero gastar. – Ripostou. – O Kirstein já está mais do que avisado e não te vai ajudar de novo. Procurares outros que queiram fazer o mesmo, vai acabar no mesmo resultado. Aliás nem acredito que além do teu… namorado. – Frisou desagrado evidente na palavra. – Não acredito que algum dos teus “amigos” te ajude. – Ver a mãe fazer o gesto das aspas ao referir os amigos dele, como se não existissem, irritava-o ainda mais.

– E se eu não for agora contigo?

– Dentro de uma hora serás expulso do hotel e vais ficar na rua a menos que reconsideres tudo o que disse e o que também o Kirstein te deve ter informado antes da minha chegada.

– Não terias coragem de deixar-me na rua. – Apontou.

– Vamos ver. – Respondeu, distanciando-se da janela e caminhando até à porta. – Vens ou ficas?

– Ou vai pesar-te na consciência ou eu vou sair por cima de tudo isto, como sempre aconteceu. – Respondeu Eren confiante.

– Muito bem. Tens o meu número para quando mudares de ideias. – Respondeu e perante o ar incrédulo dele, a mãe foi mesmo embora, mantendo toda aquela situação surreal.

– Voltamos para casa, Sra. Jaeger? – Questionou o motorista ao ver a mulher reentrar no carro.

– Não. – Respondeu e entregou um pequeno papel ao motorista. – Quero que me leve até esta morada.

 


Notas Finais


Até ao próximo capítulo *


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