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História Memórias Rasgadas - Capítulo XXXIII


Escrita por: Imagination

Notas do Autor


Obrigada pelas mensagens, comentários, favoritos e a todos os que acompanham o enredo!

Referência musical: Nightcore - Toxic [Male Version] - Gosto da versão do usuário Picture Anime no Youtube. Foi a partir dessa versão que surgiu inspiração para uma das cenas neste capítulo e aconselho a ouvir a música, só para entrar mais no clima.

Capítulo 33 - Capítulo XXXIII


Capítulo XXXIII

 

– Olá tia Nina! – Acenou a menina de cabelos negros ao atender a chamada no telemóvel do pai que estava no fogão.

– Olá coisa fofa! – Cumprimentou a mulher do outro lado. – Onde está o teu papá?

– A acabar o jantar. Eu estou a ajudar. – Respondeu.

– Põe em alta voz, filha. – Pediu Levi, acabando de provar o tempero da comida. – Tudo bem, Nina?

– Liguei também a câmara, pai. – Informou Bianca. – Assim podemos ver todos.

– Tudo ótimo. – Respondeu Nina. – Escuta, eu e a Hanji estivemos a conversar e achamos que hoje é uma noite excelente para sairmos, querido. – Sorriu com um meio sorriso e acrescentou. – Noite das mulheres.

– O Mike vai? – Questionou, olhando para o telemóvel que Bianca tinha colocado virado para os dois sobre a mesa da cozinha.

– Não, ele diz que prefere ficar com a Bianca do que lidar com a nossa insanidade. Eu já o chamei de velho, mas parece que não funcionou como argumento. – Disse, fazendo Levi abanar a cabeça com um sorriso divertido. – Além disso, estava a pensar convidar o Eren, embora não tenha a certeza se ainda estará a passar tempo com a simpatia que é o Eduardo.

– Quem?

– Viste o Eduardo, tia Nina? – Interveio Bianca animada. – Ele estava também com o Nelson?

– Não, querida. Ele estava só com o Eren. – Comentou a mulher. – Pensei que ele fosse usar o meu presente para vir ao meu salão acompanhado do teu pai, mas o Eduardo também foi uma agradável surpresa.

– Então, os dois estiveram no salão? – Perguntou Levi.

– Sim, passaram lá a tarde e…

– Ok, vamos sair e convidamos o Eren. – Interrompeu o homem de cabelos negros. – A intenção era essa, não é? Não estavas a ligar simplesmente por cortesia.

Nina sorriu divertida.

– Sabia que te ia convencer se dissesse as palavras certas. Vou ligar agora ao moreno lindo e depois envio-te mensagem.

Assim que a chamada terminou, após provar mais uma vez a comida, Levi colocou a tampa sobre a panela com um pouco mais de força do que tencionava, assustando um pouco Bianca.

– Tudo bem, pai?

– Sim, usei mais força do que necessário. Só isso. – Respondeu.

– Não gostas do Eduardo?

– Eu nem sequer o conheço.

– Mas pareces irritado cada vez falam nele.

– Estou apenas surpreendido, mas… bem, esqueçamos isso agora. Vamos acabar de preparar a comida? Pelo que ouviste, vais passar a noite com o tio Mike.

– Também queria fazer parte da festa, mas disseste que tenho que ser grande, não é?

– É, depois vais ter muito tempo para sair connosco ou provavelmente com os teus amigos. – Sorriu, beijando o rosto da filha.

Aquela chamada de Nina tinha sido uma provocação para ele não se negar a sair naquela noite. Não que ele se fosse opor muito. Bom, talvez fosse mentira. Com o trabalho cada vez maior na empresa, ele queria aproveitar o fim de semana para estar com a filha, mesmo que os dois acabassem por deitar-se relativamente cedo.

Contudo, ouvir Nina falar daquele tal Eduardo fez com que passasse o descanso para segundo plano. Ele compreendia que o normal e saudável seria que Eren fizesse amigos. Mesmo a filha disse que esse Eduardo tinha feito o moreno sorrir e isso de certa forma, fazia-o sentir-se mal ao recordar que na maior parte das vezes, só deixou Eren em baixo. Portanto, significava que havia outra pessoa que pelos vistos, era mais competente do que ele para o fazer sorrir. Isso incomodava-o, ainda que parte dele soubesse que devia ficar feliz por Eren ter pessoas assim na vida dele.

Sendo certo que o moreno não lhe devia qualquer justificação, Levi pensou que quando Nina referiu o presente que lhe deu no aniversário, Eren acabasse por chamá-lo para o acompanhar. Talvez a outra possibilidade fosse Armin ou Annie e aí teria que confessar que não daria tanta importância. Porém, Eduardo era diferente. Era alguém que não conhecia e que de alguma forma, parecia estar a aproximar-se quando Levi tinha tomado a decisão de passar mais tempo com o moreno.

Todavia a verdade era só uma. Ele disse que reconhecia os sentimentos de Eren, pediu-lhe que passassem mais tempo juntos para se conhecerem de novo, mas não existiram promessas de que daí resultasse um relacionamento romântico entre eles. Talvez porque nenhum deles podia prever o resultado, mesmo que tivesse que confessar que avaliando algumas das suas reações, parte dele parecia desejar que aquilo funcionasse. Parte dele queria reescrever uma nova história e não uma que ficassem como amigos. Teria pelo menos que confessar isso a si mesmo.

Só que também existia outra parte dele que ainda receava que aquilo fosse um erro. O perdão não apagava o passado e as memórias que havia entre eles estavam manchadas de coisas que causavam hesitações. O que significava que Levi teria que deixar sempre a porta aberta para que o moreno tivesse outras pessoas importantes na vida dele, inclusive uma que em especial fosse capaz de fazer aquilo que ele podia não ser capaz.

Mas é muito cedo para saber se isto pode ou até deve resultar entre mim e ele. Por agora, devia aproveitar cada instante e deixar de pensar tanto no que pode correr mal. Também existe a possibilidade oposta e as duas deviam estar em pé de igualdade”.

Levi ajudou a filha a acabar de se vestir e colocar algumas coisas na pequena mochila dela, visto que estaria com Mike o resto da noite. Ela parecia animada com a ideia e como também aparentava estar pouco cansada, o homem de cabelos negros já podia prever que o amigo não iria dormir tão cedo, pelo menos não enquanto não esgotasse a energia de Bianca.

 

*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*

 

Eren chegou a casa depois de se ter despedido de Eduardo na estação de metro. Tanto Annie e Armin não esconderam a curiosidade acerca da boa disposição do amigo e durante o jantar todos acabaram por rir e partilhar várias histórias da semana. Os loiros ficaram curiosos em conhecer Eduardo e mesmo com a falta de detalhes, mais Armin do que Annie parecia feliz por ver que as coisas entre o moreno e Levi pareciam estar a encaminhar-se num bom sentido. Não que Annie fosse contra a felicidade do amigo, mas ainda tinha alguns receios sobre o resultado daquele novo reencontro. Ainda assim, ela estava feliz por ver o amigo sorrir e com uma postura bem mais descontraída.

 

Eduardo – Mensagem:

Obrigado pela tarde bem passada, mas acho que já estraguei os efeitos saudáveis do chá que bebemos no salão da Nina ao comer três hambúrgueres.

 

Eren – Mensagem:

Ahahaha wtf? Esse foi o teu jantar?

 

Eduardo – Mensagem:

Sinto-me mole e preguiçoso.

 

Eren – Mensagem:

Devias comer comida decente.

 

Eduardo – Mensagem:

Quando não estiver a sentir-me preguiçoso :p

A menos que alguém seja meu amigo e queira cozinhar um dia para mim.

 

Eren – Mensagem:

Há batalhas sangrentas cá em casa quando queremos decidir de quem é a vez de fazer jantar, portanto, acho que estás a sugerir à pessoa errada.

 

Eduardo – Mensagem:

Não custa tentar a sorte :p

Acho que vou andando para a caminha, Imhotep ;)

 

Eren – Mensagem:

Ahahaha

Ninguém pode ler as nossas mensagens estranhas xD

Bom descanso, Ankh-su-namun :p

 

Os nomes estranhos pelo qual se estavam a tratar desde da tarde no salão, vinham na sequência do tempo que estiveram com uma máscara estranha na cara e em que ficaram os dois a ver um filme. Surpreenderam-se ao ver que era um filme antigo, A Múmia e como ambos conheciam o enredo e os nomes começaram em tom de brincadeira a trocar aqueles nomes com alguns dos diálogos do filme. Ao recordar todas as coisas cómicas e sem sentido que disseram, Eren riu sozinho enquanto bloqueava o ecrã do telemóvel.

Eduardo estava a ser uma agradável surpresa que não esperava encontrar em Sina.

Se tivesse sido uma pessoa mais decente antes, talvez tivesse encontrado mais gente como ele”, concluiu e teria deixado o telemóvel sobre a cama para ir ao encontro dos amigos no andar de baixo para alguma sessão de cinema caseira, mas o aparelho começou a tocar. Pegou de imediato no mesmo e ao ver o número de Nina, atendeu. Ainda pensou que tivesse esquecido alguma coisa no salão, mas não era esse o caso. A mulher animada e persuasiva convenceu-o a sair à noite na companhia dela, Hanji, Petra e claro, Levi também estaria presente. Ela referiu que iam a um bar onde era a noite da mulher, o que significava que apenas ele e Levi iriam pagar pela entrada e bebidas. Se bem que a parte da argumentação em frisava que o homem de olhos cinzentos estaria presente, foi basicamente o suficiente para convencer Eren.

Em seguida, o moreno de olhos verdes desceu para avisar os loiros que iria sair e questionar se queriam vir também. Contudo, o casal disse que iria aproveitar ausência do amigo para o romantismo e outras coisas em que Eren não queria pensar. Portanto, regressou ao quarto onde vestiu umas calças pretas e uma t-shirt branca com uma camisa com um padrão quadriculado vermelho e preto. Deixou a camisa aberta porque ainda que as temperaturas estivessem amenas, à noite costumava arrefecer um pouco e depois no bar sempre podia ficar só de t-shirt. Calçou umas sapatilhas pretas e procurou o perfume dele que mais uma vez, tinha sido levado por Armin.

Esperou ansiosamente pela mensagem de Nina a anunciar que estavam no carro à espera dele. Durante o tempo de espera, ficou na sala com os amigos que viam bem como ele estava ansioso e quase pulou do sofá quando recebeu a confirmação de que estavam à espera dele. Despediu-se rapidamente dos loiros que disseram para ele divertir-se e aproveitar bem a noite.

Quando chegou ao carro, Eren sentou-se no banco de trás perto de Hanji e Petra, quase não reconhecendo uma delas. Que Petra estivesse com um top quase transparente preto e uma minissaia cor-de-rosa e saltos não era surpreendente, mas Eren não via Hanji com roupas femininas habitualmente e no entanto, ela levava um vestido preto bastante colado ao corpo e justo. Ambas com maquilhagem bem evidente e bem-humoradas, até mesmo Hanji que não parecia nem um pouco incomodada com a presença dele que sorriu ao entrar no carro, cumprimentando a todas.

Nina estava ao volante e também vestia um vestido mas mais solto e bege, mostrando um sorriso bem rasgado ao vê-lo e ao lado dela ia mais alguém que pelos vistos, Eren não conhecia. Estranhou que Levi não estivesse, mas não comentou nada até porque todas, à exceção da acompanhante de Nina na frente parecia entretida com os fones nos ouvidos, não comentavam nada sobre isso. Não conseguia ver o rosto dela apenas que parecia também trocar mensagens com alguém e que tinha longos cabelos negros.

Será que o Levi vai ter connosco ao bar? Ou será que desistiu de vir?”, questionava o moreno.

Decidiu interromper a conversa das três para fazer a pergunta que o atormentava desde que tinha entrado no carro.

– O Levi vem ter connosco ao bar? – Perguntou desanimado com a ideia de que o outro pudesse ter desistido de sair.

As três trocaram sorrisos divertidos e diante do ar interrogativo de Eren, a ocupante da cadeira na frente dele olhou para trás.

– É noite da mulher, bebé. Vesti-me a rigor. – Piscou o olho com um sorriso animado, vendo os olhos verdes espelharem mais do que surpresa, algum choque.

No momento, o moreno ficou sem palavras e sem reação para diversão das restantes ocupantes do veículo. Só quando chegaram ao bar, é que Eren teve a oportunidade de ver os trajes de quem julgou que fosse mais alguma conhecida. Os cabelos negros e longos caíam pelas costas do outro que levava um pequeno casaco fino preto por cima de uma camisa branca e longa com carateres japoneses escritos numa cor prateada, que terminava um pouco abaixo da cintura e aí começavam as leggings com a mesma cor dos carateres e demasiado justas para que Eren não olhasse. Isso e os saltos altos, mas sobretudo as leggings.

– Uma bela paisagem, não é? – Perguntou Hanji divertida e Eren corou um pouco. – Isto tudo aconteceu quando o baixinho perdeu um jogo comigo e com a Nina. O desafio era colocá-lo o mais feminino possível e fazer com que ninguém reparasse na verdadeira identidade dele numa noite da mulher.

– E desde então, de vez em quando combinamos noites destas e temos o privilégio de presenciar isto. – Acrescentou Nina divertida enquanto fechava o carro.

– Confesso que também fiquei em choque quando vi. – Disse Petra, ajeitando um pouco o próprio cabelo.

– Vamos entrar? – Chamou Hanji, dirigindo-se à entrada do bar.

Quanto a Levi vendo que o moreno não parava de observá-lo, voltou-se para ele. Quando a distância já era menos evidente, colocou um dedo no queixo de Eren, dizendo:

– Gosto de ter a capacidade de te surpreender e vês? Estamos quase à mesma altura…

– Hei, Lee!

Os olhos cinzentos desviaram-se do rubor no rosto do moreno para acenar às duas pessoas que acabavam de chegar.

– Combinado não nos teríamos encontrado. – Brincou a loira acabada de chegar, que sorriu também na direção de Eren e ele teve a sensação de a conhecer ou pelo menos, recordar que se tratava de um rosto que tinha visto alguma vez no passado. Ao lado dela estava outra mulher com tatuagens nos braços e que não demorou em dissipar qualquer dúvida relativa a um aspeto.

– Podes parar de olhar. A loirinha está comigo.

– Ah… olhei só porque pensava que a tinha visto antes.

– Sim, essa frase já é muito usada. – Ironizou a figura feminina de tatuagens e aparentemente, a única mulher naquela noite que usaria umas calças que não tinham o propósito de acentuar traços femininos.

– Ymir, por favor. – Pediu a loira.

– Não sei se voltaste à faculdade depois, mas a Historia era a professora de Direito lá antes de mudar-se para Sina. – Explicou Levi. – Ao lado dela está a Ymir, a responsável pela tatuagem que tanto apreciaste em certa ocasião e ela prefere que não olhes tanto para a companheira dela. – Apontando para o moreno. – Ele é…

– Ó, eu sei quem ele é. – Interrompeu Ymir. – Difícil não saber, mas enfim se não olhares muito para a minha Historia e te mostrares uma pessoa decente, podes aparecer no meu trabalho e posso arranjar um design espetacular para uma tatuagem, já que pareces interessado… – Sorriu de lado. – A menos que te interesses mais em quem está a tatuagem e não tanto em fazer uma.

– Ah… obrigado, vou pensar nisso. – Disse, coçando a cabeça um pouco sem jeito.

– Vamos entrar? – Perguntou Historia.

– Sim, o resto já está lá dentro. – Informou Levi. – A Hanji já deve ter pedido a reserva, é só passar pela Rico e dizer que vamos precisar de bebidas extras.

O bar chamado Wicked era bem mais espaço do que Eren imaginava. No interior, havia uma área comum para a maioria dos presentes, mas no interior era possível reservar outros espaços longe da confusão geral. Esses espaços além de um atendimento personalizado em que se podia chamar o empregado de mesa através de um envio de mensagem pelos tablet incluído no interior na mesa de centro, incluía três sofás em torno dessa mesma mesa e um espaço mais adiante com um grande ecrã e palco. Isso permitia sessões de karaoke e como ainda havia uma área entre os sofás e o palco, também havia espaço suficiente para dançar.

A primeira coisa que fizeram depois de programar a música que queriam na sala, foi pedir as bebidas que começou com uma rodada de shots de tequilas para todos e depois avançou para uma mistura de Margaritas, Cosmopolitan, Martínis e no caso de Eren um copo de Coca-Cola com rum ou também chamado de Cuba Libre. Algo que ele nem fazia intenção de beber por completo porque começava a perceber que se Nina continuasse a beber Margaritas, possivelmente ele tivesse que ser o condutor para levar toda a gente para casa.

Se bem que mais do que pensar no fim da noite, Eren não podia deixar de olhar para Levi que estava sentado ao lado dele a conversar e rir com os restantes. Antes de entrarem e ao vê-lo de perto, viu que não era só a roupa, mas também havia uma leve maquilhagem no rosto que incluía o risco nos olhos e algum brilho nos lábios. O álcool definitivamente não ajudava a afastar os pensamentos menos próprios.

Será possível que tudo nele fique atraente?”, deixou mais um gole queimar a garganta dele e os pensamentos não melhoraram quando Petra e Hanji puxaram Levi para dançarem um bocado na área do karaoke.

– Não queres dançar, querido? – Perguntou Nina.

– Eu fico bem só a ver. – Respondeu Eren.

Mais tarde, o moreno começou a questionar se não seria o mais sóbrio da noite porque Nina chamou a atenção de todas, dizendo que ele não estava a divertir-se o suficiente. O que não era verdade. Ele já tinha rido de vários comentários, a música era boa e ajudava a trabalhar a imaginação dele, sobretudo quando via Levi dançar com as amigas. Tendo em conta que não sabia se podia controlar reações involuntárias do corpo, achou por bem ficar sentado e aproveitar a música e as conversas.

Contudo, Nina e no fim, todas elas acharam que isso não era o suficiente e foi dessa forma que acabou sentado numa cadeira que Hanji foi buscar no espaço em frente ao palco. Petra anunciava que ele devia ficar feliz porque ia ter as danças sensuais das mulheres mais bonitas de Sina e todas festejaram, chocando os copos umas com as outras.

Estão claramente bêbadas”, concluiu um pouco divertido com o cenário e no fundo também um pouco assustado com o que tencionavam fazer.

De forma unânime decidiram que a banda sonora para o momento seriam músicas da Britney Spears cantadas por uma voz masculina e por alguma razão, talvez pela quantidade de bebidas, Ymir decidiu ser a primeira acompanhada por Historia. A coreografia em frente dele ou à volta dele não envolveu muito contacto físico, mas ainda assim ele concluiu que em outra fase da vida dele teria apreciado mais o espetáculo, mesmo que as duas estivessem sem dúvida mais focadas nelas mesmas do que nele. Ainda assim, houve alturas da vida dele em que gostou de ver mulheres envolvidas daquela forma e os beijos e carícias que trocaram na frente dele, demonstravam que elas não sentiam nem um pouco de vergonha por estarem a ser observadas.

De fundo, via Petra e Hanji a aplaudirem enquanto Levi assobiou ao lado de uma Nina que filmava enquanto não conseguia parar de rir. Não da coreografia, mas da cara de desconforto de Eren que se transformou em pânico quando ouviu Petra e Hanji a oferecerem-se para ir em seguida e chamavam Levi para ir também, esse que segurava o 2º martíni da noite.

Porém, apesar de se ter levantado, Levi parecia ponderar se ia ou não alinhar na brincadeira das danças e por isso, ficou de pé mas a alguma distância da coreografia de Petra e Hanji. “Toxic” começou a ecoar pela sala ao som de assobios, aplausos e a letra conhecida por todos, onde também se incluía Eren que mesmo assim não conseguia concentrar-se em Petra ou Hanji. Sobretudo quando viu que Levi começava também a cantar a música, depois de acabar de beber o conteúdo da bebida que tinha na mão e avançar na direção das amigas ao som dos assobios e gritos de incentivo.

 

It's getting late to give you up

I took a sip from the devil's cup

Slowly it's taking over me

 

Levi colocou as mãos na cintura de Petra e Hanji ao passar pelas duas antes de as deixar e parar na frente de Eren com um meio sorriso antes de rodear a cadeira de Eren, cantando a letra que se seguia e sentando-se repentinamente no colo do moreno.

Can you feel me now? – Murmurou, olhando pelo canto do olho para Eren que se encontrava bastante ruborizado, mas antes que pudesse processar o que estava a acontecer, viu Levi erguer-se e juntar-se a Petra e Hanji novamente.

 

With the taste of your lips, I'm on a ride

You're toxic, I'm slipping under

 

Hanji estava bastante próxima ao rosto de Levi e este não se distanciou enquanto cantavam aquelas duas frases para logo se virar para Petra, colocando a mão atrás do pescoço dela e outra mantendo a amiga de cabelos castanhos por perto, entoando o seguimento da canção. A forma sugestiva como os corpos se moviam e se tocavam entre eles, estava novamente a puxar pela imaginação de Eren, desejando estar no lugar delas tanto na parte de receber aquelas carícias como também poder tocar Levi que fazia questão de tentar manter o contacto visual com ele sempre que tinha oportunidade.

Quando a certa altura, tanto Hanji como Petra trocaram um beijo, isso devia ter surpreendido mais Eren do que realmente aconteceu. Na verdade, a mente dele teve um pequeno curto-circuito quando de costas para ele, Levi que se tinha abaixado, levantou-se de forma demasiado insinuante para poder processar todo o resto.

Em seguida, já de frente para Eren, o outro ainda com um meio sorriso deu alguns passos até desta vez, sentar-se no colo dele e ficarem olhos nos olhos.

Intoxicate me now with your loving now – Cantava bem próximo aos lábios de Eren, apoiando as mãos nos ombros dele e puxando os cabelos dele para alcançar a orelha dele. – I think I'm ready now.

No fim da música, Levi levantou-se deixando para trás um moreno bem ruborizado e que no meio dos festejos que elogiavam a dança sedutora, teve que sair dali por alguns momentos. Eren procurou a casa de banho mais próxima e porque nem toda a gente é civilizado ou está bêbado demais para não chapinar água no chão, escorregou depois de fechar a porta. Se fosse o simples deslizar não haveria problema, mas ele conseguiu bater com o rosto no lavatório.

Portanto, assim que ergueu o rosto para ver o reflexo no espelho, viu que estava a sangrar do nariz. O que até serviria de piada, tendo em conta os instantes anteriores com Levi sentado no colo dele com aqueles toques e voz sugestiva, mas naquela situação atual era simplesmente ridículo. Passou água no rosto e nas mãos, procurando papel para colocar no nariz e ajudar a parar aquela pequena hemorragia.

Puta que pariu já não há papel? – Perguntou enquanto abria uma a uma as portas da casa de banho para procurar papel higiénico e quando ouviu alguém entrar, quis avisar rapidamente sobre a água no chão e bateu novamente com o rosto onde não devia. Desta vez na porta.

– Eren? O que caralho estás a fazer? Estás a sangrar?

– Não é nada. – Respondeu. – Cuidado com a água no chão. – Colocou a cabeça para trás e repentinamente, recebeu um golpe no braço.

– Não coloques a cabeça para trás, idiota! – Disse Levi irritado. – Mantém numa posição normal e deixa ver… – Falou, observando com uma das mãos e olhos bem atentos apesar de o hálito ainda denunciar o álcool consumido antes. – Anda, vou pedir à Rico para arranjar algum gelo e vais sentar-te com uma compressa no nariz. – Bufou. – Não sei como é que fazes estas coisas.

E foi dessa forma que momentos mais tarde, estavam os dois no gabinete de Rico, a dona do bar que também não parecia muito impressionada com as capacidades de equilíbrio de Eren, mas acedeu ao pedido de Levi para ter gelo e uma compressa. O moreno estava sentado numa cadeira e felizmente, o sangramento já tinha parado e restava somente o pequeno saco de gelo encostado ao nariz.

– Acho que já podemos voltar.

– Não tires o gelo. – Foi a resposta do outro que de pé, continuava a observá-lo e suspirou. – Além disso, quando saí da sala acho que estavam todas muito entretidas com o karaoke. Enviei uma mensagem à Nina a dizer que voltámos mais daqui a pouco e que não se preocupem.

– Desculpa… estou a estragar a noite.

– Não estás a estragar nada, se bem que não esperava encontrar-te no auge da tua falta de equilíbrio e sim a tratar do problema que senti que tinhas dentro das calças. – Comentou, fazendo o moreno corar. – Na verdade saí para te dar uma mãozinha, se precisasses.

– Só queria passar água na cara e pensar em coisas assustadoras enquanto me acalmava, mas acabei por ter um encontro com a água e a porta da casa de banho. – Admitiu, vendo o ar mais divertido do outro. – O que foi?

– Achavas mesmo que depois de toda aquela coreografia sugestiva, água na cara e pensamentos tenebrosos iriam ajudar?

– Fizeste de propósito, não é? – Apontou Eren.

– Não pensava que tivesse esse efeito em ti, estando com estas roupas e aparência. – Comentou num tom pouco inocente, enquanto brincava com os fios de cabelo negro que caíam por um dos ombros.

– Isso é o álcool a falar ou ainda estás a provocar-me?

– Devo dizer que há algum tempo que não bebia como esta noite, mas estou consciente o suficiente para não perder o equilíbrio na casa de banho e também por exemplo, não esquecer como alguém estava bem duro quando me sentei no colo. – Sorriu de lado. – É uma pena que tenhas desanimado entretanto.

– Se queres manter a situação assim, então não continues a falar e a olhar para mim dessa forma. – Disse, sentindo a garganta seca quando viu Levi reaproximar-se.

– E assim ficamos os dois na vontade? – Questionou e o sorriso malicioso regressou quando viu que o moreno até deixou cair o pequeno saco de gelo, quando ele se sentou sobre as pernas dele novamente. – Hum, aproveitando para comentar que o perfume que trazes hoje, é muito bom. – Encostou o nariz à pele morena que se arrepiou e as mãos de Eren vieram para a cintura dele.

– E se a Rico, a dona do bar voltar?

– Não queres saber o que os meninos que se portam mal, recebem como recompensa? – Sussurrou perto da orelha de Eren que fechou os olhos. – Tenho tentado ignorar o teu olhar toda a noite, mas pensas que não sinto? Que não vejo a forma como estás a olhar? – Murmurava desta vez já perto dos lábios do moreno que entretanto reabriu os olhos e dois encaravam-se com uma distância cada vez menor entre eles.

– Tens que admitir que estás a provocar-me deste que começou a noite…

– E se estiver? O que vais fazer? – Insistiu Levi que sorriu ao sentir os lábios do moreno juntarem-se aos dele à medida que uma das mãos subia pelas costas dele e outra descia.

Sentindo as mãos explorarem o corpo dele, dando uma especial atenção às leggings justas que levava aquela noite, Levi mordeu o lábio do moreno que entreabriu os lábios. As línguas dos dois tocaram-se enquanto o homem de cabelos negros agarrava a nuca de Eren e a outra mão passava para debaixo da camisa, acariciando o abdómen e a pele morena que se arrepiava com o leve arranhar das unhas.

Os dois tinham os gemidos abafados pelas bocas que se ocupavam com o beijo que ia progressivamente, crescendo em intensidade.

– Hum, estamos de volta. – Murmurou contra os lábios de Eren, movendo os quadris e sentindo que estavam novamente os dois no estado de excitação que fazia subir cada vez mais a temperatura.

Caralho, eu não sei se…

– Shh, eu provoquei o problema, eu vou resolver. – Beijou-o mais uma vez em que os dois inclinaram o rosto para explorar mais da boca um do outro.

Sem deixar que aquela troca acesa de beijos fosse muito interrompida, Levi foi abrindo os botões da camisa de Eren e em seguida, vendo o pescoço já sem marcas não resistiu. Chupou a pele, sentindo Eren estremecer juntamente com um gemido audível.

– Geme para mim… só para mim… – Sussurrou contra a pele dele antes de chupar outro ponto.

– Ah! Vai… vou ficar com marcas outra vez…

– Queres esconder de alguém? – Perguntou o dono dos olhos cinzentos, focando agora no rosto do outro à espera de uma resposta. – Com medo que o teu amiguinho novo veja, é isso?

– Amiguinho? – Repetiu um pouco desorientado.

– Sim, a Nina falou-me dele. Que estiveram no salão dela hoje. – Explicou e os olhos verdes espelharam alguma surpresa a que se seguiu de imediato alguma diversão.

– Estás com ciúmes? – A pergunta vinha com um tom de esperança.

– Não consigo evitar este sentimento possessivo que me faz querer marcar a tua pele. – Falava, acariciando o pescoço e também o ombro do moreno. – E se calhar sim, estou com alguns ciúmes. Dividir a tua atenção com conhecidos é uma coisa, mas esse…

Eren riu um pouco.

– Não sei se devia ficar contente com esta tua reação porque não sei até que ponto o álcool está a interferir, mas…

– Ó, não está… eu estava bastante sóbrio quando quis apertar o pescoço de alguém. – Interrompeu e colocou uma das mãos sobre as calças de Eren à medida que saía do colo deste. – Levanta-te um pouco, bebé. Quero tirar outras pessoas da tua cabeça.

– Não precisas de te preocupar com isso.

– De certeza que queres recusar a minha boca? – Perguntou, colocando a mão dentro das calças do moreno que gemeu. – Tão quente… – Acrescentou, acariciando o membro ainda por cima do último tecido que os esperava.

– Queres chupar? – Perguntou Eren surpreendido com o próprio atrevimento e sentindo um arrepio com o sorriso que via à sua frente.

– Queres só isso? – Questionou Levi.

– Eu… – Hesitou na resposta.

– Não, bebé. Não é isso que estás a pensar. – Tranquilizou Levi. – Eu disse que te queria recompensar, mas isso significa que posso só chupar ou podes foder também a minha boca.

Puta que pariu, Levi não fales assim.

– Porquê? – Questionou, abaixando as calças do moreno. – Senti que aqui o teu “amiguinho” se mexeu com as minhas palavras. – Acariciava o membro com movimentos lentos. – Isso significa que aqui já tenho aprovação, agora só quero ouvir da tua boca o que queres e é isso que vais ter.

Eren debruçou-se para beijar novamente Levi que se deixou levar por mais aquele beijo longo, repleto de desejo que se intercalava com os gemidos e respirações descompassadas dos dois. Não deixava de masturbar o moreno e este parecia dedicado em querer roubar-lhe todo o fôlego com aquele beijo.

– Quero foder a tua boca… – Sussurrou no fim do beijo.

– Isso mesmo. É assim que se fala. – Levi sorriu, colocando-se de joelhos. – Vem, podes começar com o ritmo que quiseres.

Apesar da luz verde para poder fazer como entender e por mais tesão que tivesse, Eren optou por não começar com tudo. Deixou que o membro entrasse na boca do outro com algum cuidado, embora Levi não tivesse perdido tempo em começar a chupar e espalhar saliva por toda a extensão.

Num primeiro momento num ritmo lento e insinuante como se estivesse apenas a dar-lhe um pequeno aperitivo daquilo que podia sentir. A língua e as mãos hábeis provocaram vários suspiros e gemidos na boca do moreno. Mesmo as vibrações dos gemidos de Levi contra o membro dele também não ajudavam o seu controlo. Porém, nenhum dos dois desviava por muito tempo os olhos um do outro.

Aquela língua que ao mínimo movimento provocava arrepios pelo corpo todo, onde quer que tocasse, estava a fazer maravilhas e Eren então, prendeu entre os dedos os fios negros. Moveu ligeiramente os quadris e gemeu um pouco mais alto.

Ngh… Levi…

– Hum…

Ao que parece a certa altura, o homem de cabelos negros começou a cansar-se daquelas investidas mais lentas e ele próprio começou a acelerar um pouco os movimentos com que chupava. O vai e vem cada vez mais rápido, começou a quebrar o controlo de Eren que diante da provocação, aumentou a frequência das investidas.

Os sons obscenos ecoavam pelo gabinete e misturavam-se com os gemidos audíveis do moreno e também aqueles que eram abafados pelo membro que entrava por completo na boca de Levi. Este apoiava-se nas coxas do moreno sem nunca fazer qualquer sinal de que precisava de qualquer pausa. Pelo contrário, não parava de gemer mesmo com as lágrimas a surgir nos olhos e a saliva a escorrer pela boca e queixo.

Era uma visão que o moreno descreveria até como imoral, mas que fazia com que se tornasse ainda mais quente. Enfiava com vontade naquela boca quente em que mesmo com o ritmo forte, a língua acabava sempre por encontrar mais uma oportunidade para o fazer deixar escapar vários palavrões. Não se sentia capaz de parar com o crescendo de um orgasmo eminente e mal teve tempo de avisar o outro que mesmo assim, não fez qualquer sinal de que quisesse parar ou não engolir. Pelo contrário, Levi esforçou-se por prolongar o clímax até à última gota, continuando a chupar com vontade mesmo quando Eren ainda tremia pelos choques provocados pelo orgasmo. O membro sensível ajudou a alongar um pouco mais aquela sensação que em seguida, fez Eren sentir as pernas fracas e ter que se sentar na cadeira atrás dele.

Quanto a Levi quando finalmente teve a boca livre, tossiu um pouco e apontou para a caixa de lenços que havia na secretária atrás do moreno que entendeu o pedido e passou alguns ao outro que limpou um pouco da saliva. Em seguida, levantou-se e baixou um pouco das leggings.

– Não precisas de fazer nada. Quero só que vejas. – Falou Levi com uma voz claramente rouca e afetada pelas atividades de antes.

De facto depois do que tinha acabado de fazer e pelo tempo que estava a adiar o próprio orgasmo, Levi sabia que não precisaria de masturbar-se muito para atingir o clímax. Os olhos verdes que não deixavam de olhar para ele também ajudavam a que esse processo fosse mais rápido.

Contudo, Eren não suportou ser somente um espectador do que acontecia à sua frente e por isso, vendo que o orgasmo estava iminente, agarrou de surpresa o membro do outro e chupou apenas duas vezes antes de sentir o líquido quente espalhar-se pela boca e garganta. O gemido alto de Levi ecoou pelo gabinete e as mãos dele também agarraram os cabelos dele com força durante alguns segundos até terminar aquele momento intenso.

– Não resisti à tentação. – Murmurou Eren, lambendo os lábios.

– Hum, vamos parar com as provocações porque acho que ninguém nos quer encontrar aqui se continuarmos com isto. – Sorriu, beijando o rosto do moreno que estava bem ruborizado. – Preciso de mais um martíni e em seguida, acho que serás o condutor da noite porque deixá-las sozinhas vai ser sinónimo de bebedeira na certa.

– Pensava que a Nina seria mais controlada. – Comentou Eren ainda sem forças nas pernas para se erguer da cadeira.

– Eu pensava isso da Petra, mas quando saí da sala estava em cima da Hanji. – Comentou Levi. – Eu pensava que depois de ter percebido que eu não iria corresponder à atração dela, o Oluo tivesse hipótese, mas ela deve ser no mínimo bissexual.

– Ela gostava de ti?

– Muita gente sente atração por mim, bebé mas nem toda a gente merece a minha atenção e neste momento, acho que deixei claro que há uma pessoa em concreto a quem parece que não consigo resistir.

Eren corou.

– E é só isso?

– Não sei, Eren. Não parece, mas não quero falar disso com álcool a circular cá dentro. – Falou, estendendo a mão ao moreno para se levantar e saírem dali. – No entanto, isso não significa que estou a afastar-te. Sei que disse que quero que a gente vá devagar, mas a atração física existe é bem difícil de resistir. Contudo, podes e tens todo o direito de parar sempre que quiseres.

– Não fiz nada contra a minha vontade. – Assegurou o moreno.

– É bom ouvir isso. – Sorriu um pouco.

– Acho que é ainda melhor agora que posso juntar atração com outros sentimentos. Saber que deixo a pessoa que amo, tocar-me desta forma deixa-me feliz.

Levi parou para olhar para o moreno.

– Eren quando te responder, quero fazê-lo sem dúvidas. Isso não significa que não sinta qualquer coisa, mas…

– Eu espero, mas tinha que te dizer. Hoje ainda não me tinha declarado. – Cortou o moreno sorridente.

Levi abanou um pouco a cabeça.

– Não vais mesmo parar com as declarações? Sabes que isso não parece nada uma coisa tua.

– Vou pensar nisso como num elogio. – Respondeu o moreno.

De regresso ao local onde tinham ficado as restantes no karaoke, Eren concluiu que sem dúvida, nenhuma delas estava em condição de conduzir um carro. Assim como tinha planeado, Levi bebeu mais um pouco de alguma bebida, justificando que precisava de acalmar um pouco a rouquidão da garganta, o que fez o moreno corar um pouco ao recordar-se da razão.

No fim, teve que ser o dono dos olhos verdes a chamar um táxi para Historia e Ymir, pois apesar de terem carro, evidentemente nenhuma delas poderia conduzir. Ele teve que disputar as chaves do carro com as duas até que Nina resolveu ter algum “bom senso”. Bom, de facto ajudou a esconder as chaves, mas o moreno não esperava que ela usasse o decote dela para isso.

Embora não fosse a solução de que ele estava à espera, isso foi razão para conseguir colocar as outras duas dentro do táxi, rumo à casa em que ele esperava que pelo menos, uma delas recordasse a morada.

Depois faltava lidar com as que restavam e que claramente, não estavam em mínimas condições de ficar atrás de um volante e por isso, entre mais algumas músicas e piadas usualmente de conteúdo sexual, Eren conseguiu que os restantes entrassem no carro. Ele estava um pouco mais nervoso do que queria admitir porque embora Armin o tivesse ensinado a conduzir, quando entre os três conseguiram comprar um pequeno carro, Eren nunca tirou de facto a carta de condução. Portanto, ele optava por andar sobretudo de transportes públicos para não ter o azar de ser parado pela polícia e ser multado ou até convidado a passar a noite na cadeia.

Ao mudarem-se para Sina, o carro deixou de ser necessário, uma vez que a rede de transportes públicos era mais decente.

– Estás à espera do quê? Quem te vir a olhar para o volante dessa forma, pensa que nunca pegaste num carro antes. – Comentou Levi que ia no banco do lado.

– Nada… é só que este carro é demasiado moderno para o meu gosto. – Comentou e em parte era verdade. O carro obviamente tinha mudanças automáticas e ligar o motor daquilo dava origem a vários aparelhos a ligarem-se em simultâneo. Aparelhos e opções que claramente não existiam em carros de pobre e tentar absorver tudo isso enquanto no banco de trás Hanji, Petra e Nina gargalhavam sem parar, não era fácil.

Seja o que Deus quiser”, pensou, arrancando o carro e ouvindo as indicações de Levi que possivelmente, seria o único com quem conseguia manter uma conversa decente. Felizmente, não parecia muito embriagado, caso contrário Eren não se lembraria como chegar à casa de Nina, onde ficou decidido que todos iriam pernoitar.

Hanji e Petra não estavam nas mínimas condições de regressar para as respetivas casas e tendo em conta, que estavam a agarrar-se à mínima oportunidade, Levi não as quis separar. Quanto a Nina assim que chegaram a casa, indicou os quartos onde podiam ficar, visto que tinham dois quartos extras. Petra e Hanji foram as primeiras a seguir para um dos quartos e vendo que todas já se encontravam em segurança e ele conseguiu não matar ninguém pelo caminho, Eren disse que iria para casa.

– Podes ficar, querido. – Dizia Nina. – A Bia já deve estar a dormir com o Mike e eu vou tentar apoderar-me da minha parte da cama. Tu podes fazer companhia ao Lee para não ficar sozinho.

– Ah, eu não acho que…

– Não vais voltar a esta hora para casa a pé. – Disse Levi, puxando-o pelo braço. – Anda, vamos dormir.

Foi dessa forma que acabou deitado na cama e à espera que o homem de cabelos negros voltasse da casa de banho, pois disse que se recusava a dormir com o cheiro a suor e bebida. Quanto a Eren sentia-se tão cansado que disse que ia cair na cama e dormir, tentando encolher-se num dos cantos. Porém, claro que não conseguiu dormir com a ideia de partilhar a cama com Levi que chegou depois já sem as roupas e aparência feminina de antes, mas sem camisa e umas calças de pijama.

– Vais dormir assim?

– Queres que tire o resto da roupa? – Provocou Levi e viu o outro ruborizar-se.

– Estou com calor e sem paciência para procurar algo que me sirva. Já viste o tamanho do Mike? É um milagre que eu tenha deixado estas calças por aqui. – Falava, deitando-se na cama depois de apagar a luz. Olhou para o moreno que não desviava o olhar. – Boa noite, Eren… – Murmurou, fechando os olhos.

O moreno não esperava que o outro realmente caísse no sono com tanta facilidade, mas em questão de pouco tempo, foi exatamente o que aconteceu. Quanto a Eren apesar do cansaço, não podia deixar de observar um pouco o rosto, os cabelos negros desalinhados e um pouco molhados. Não podia tirar aquela imagem da cabeça, pois chegou a imaginar como seria deitar e acordar ao lado daquele que agora, de uma forma tão natural, encontrava-se ali ao seu lado.

Bastava esticar um pouco o braço e podia tocar naquela figura adormecida que não era uma ilusão e sim, real. O coração acelerava ao pensar na possibilidade de poder viver aquela sensação mais vezes. Queria viver aquele momento mais vezes. Queria tanto que um dia sentisse que merecia estar ali porque apesar de tudo, olhando para a expressão tranquila…

Viu então que agora que estava sem camisa, Levi tinha um fio de ouro ao pescoço, mas não era bem isso que chamava a atenção de Eren. O pendente daquele fio não estava escondido debaixo do corpo que dormia, estava visível. Duas alianças.

Em outras ocasiões já tinha reparado que havia um fio que Levi quase sempre tinha no pescoço, que se notava sobretudo agora que ia deixando a camisa com os primeiros dois botões aberto devido às temperaturas mais altas. Nunca deu muita importância a isso, mas agora que via do que se tratava, não conseguiu evitar uma onda de tristeza.

Erwin continuava a ser uma presença inegável e importante na vida do outro. Como é que ele podia pensar em ocupar o lugar de alguém que ainda hoje o marcava daquela forma?

Tocou de leve no rosto de Levi e estava a pensar em sair da cama e voltar para casa quando ouviu o outro murmurar qualquer coisa no sono. Por momentos, o coração quase lhe saltou pela boca, pensando que o teria acordado ou que o nome seria daquele a quem Eren se sentia bem inferior.

Contudo, o murmurar repetiu-se e desta vez, ouviu perfeitamente.

– Eren…

Com os batimentos acelerados, não resistiu em abraçar o outro que fez um som que parecia indicar incómodo e que iria acordar, mas Eren não se sentia capaz de o largar naquele momento. Não naquele instante em que durante o sono, Levi acabou por dar-lhe uma razão para ficar. Não disse o nome de outra pessoa. Disse o nome dele. Falou nele durante o sono e com uma expressão tranquila. Não o empurrou daquele abraço e acabou inclusive por aconchegar-se um pouco mais.

 

 


Notas Finais


Até ao próximo capítulo!


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