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História Memórias Rasgadas - Capítulo XL


Escrita por: Imagination

Notas do Autor


Obrigada pelos comentários, mensagens, favoritos e a todos os que acompanham a fic!

Capítulo 40 - Capítulo XL


Capítulo XL

 

– Estou desapontado. – Foi a afirmação que se seguiu à explicação dada pelo segurança de constituição física forte, mas postura abatida diante as palavras que escaparam do empresário com um cansaço evidente na expressão.

Não era para menos, dado que Levi acabou por não conseguir dormir o resto da noite.

Em primeiro lugar devido à busca por explicações, seguindo-se as declarações à polícia e por fim em casa ao tentar ainda fazer com que Bianca dormisse. A filha não queria distanciar-se do progenitor sob circunstância alguma e qualquer tentativa nesse sentido, acabava com lágrimas e soluços. Portanto, ele teve não só que deitar-se ao lado da filha, como assegurar-se que ela se sentia segura o resto de uma noite que teve tanto de longa como de curta.

Quando a filha conseguiu por fim descansar um pouco, ele teve a oportunidade de deixar o quarto e procurar mais uma vez, a sua equipa de seguranças para lhe providenciarem explicações acerca do que tinha ocorrido no evento. Os primeiros que viu reagir e entrar no salão foram Gunther e Oluo, uma vez que Eld tinha ido até a outra ala para ativar os geradores de emergência.

Porém, as ausências mais evidentes e quem esperava ver em primeiro lugar a acudir ao local eram Bertholdt e Reiner. Os dois apareceram e ajudaram a capturar os criminosos, mas posteriormente e apesar de toda a confusão e de estar a tentar ainda acalmar a filha, Levi deduziu rapidamente pela aparência descomposta dos dois, qual seria a razão por detrás daquele atraso.

– Lamento imenso. Não voltará a acontecer, Sr. Smith.

– Estou certo que não porque eu nunca criei qualquer problema que impedisse que por exemplo, duas das pessoas que trabalham para mim pudessem ter um relacionamento. Apoiei até, mas a vossa vida pessoal fica fora do vosso horário e obrigações profissionais. – Disse o empresário num tom sério.

– Não se voltará a repetir. – Assegurou Reiner. – Pode confiar em mim.

– Eu gostava de pensar que sim, Reiner. – Falou num tom cansado. – Mas não posso tolerar nada que coloque a vida da Bianca em risco.

– Vai despedir-me? – Perguntou com um nó na garganta.

– Não. – Esclareceu o homem de cabelos negros. – Mas se o teu relacionamento com o Bertholdt não for estritamente profissional, pelo menos durante o vosso horário de trabalho, vou ser obrigado a dispensar os dois. – Levantou-se da cadeira. – De qualquer das formas, o vosso horário também será estruturado de outra forma para que não trabalhem nos mesmos turnos para evitar este tipo de… deslizes. – Acrescentou com algum desagrado.

– Vai sair, Sr. Smith?

– Sim, mas já pedi ao Oluo que me acompanhe. Podes tirar o resto do dia. – Disse, saindo do escritório sem acrescentar mais palavras e o suspiro cansado, logo deu lugar a preocupação quando ouviu a voz da filha. A pequena tinha acordado e ao notar a ausência do pai ficou agitada e Levi encontrou-a já no corredor, novamente em lágrimas. Tomou-a nos braços, assegurando que estava só a conversar com Reiner e que quis apenas deixá-la descansar depois da noite anterior.

Após tranquilizar a menina de olhos azuis, explicou que os dois precisavam de sair, pois não agradeceram a outra pessoa na noite anterior. Outra pessoa que eles também precisavam de confirmar que estava bem. Isso depressa recordou Bianca que Eren de facto a tinha ajudado e depois não o viu mais no meio da confusão. Apesar dos receios em sair de casa, a pequena concordou que tinham que ir ver o moreno.

– O Reiner não vem connosco?

– Não, ele tem o dia livre hoje. – Explicou Levi, acariciando os cabelos negros da filha que tinha a cabeça encostada ao peito do pai. – Mas aqui o Oluo vai estar sempre por perto.

– Podes confiar em mim a 100%. – Assegurou o segurança antes de morder a própria língua como já era um hábito, mas depois de recuperar, foi conversando com a criança distraindo-a dos acontecimentos da noite anterior.

 

*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*

 

Apesar de não sentir um desconforto em geral, o pescoço dele parecia ser a parte do corpo que se encontrava em terrível sofrimento ao ponto de não ser capaz de continuar mergulhado num sono tranquilo e sem interrupções. Assim, foi abrindo os olhos vagarosamente e sem esconder a dor no pescoço. O jovem demorou algum tempo em focar no cenário à sua frente. O seu cérebro ainda estava a recompor as memórias da noite anterior quando começou a reconhecer a sala onde estava. Viu a televisão ainda ligada, mas com o som consideravelmente mais baixo. Na mesa de centro havia dois recipientes quase vazios e que ao que tudo indicava em algum momento, estiveram repleto de pipocas. Havia também quatro copos vazios e um pequeno saco de água que horas antes deveria ter sido um saco de gelo.

Isso fez com que a mente dele quisesse despertar mais rápido e abrisse os olhos mais apreensivos.

Contudo ao pensar em mover-se notou um peso sobre ele e então viu que tinha adormecido no sofá e Eren tinha a cabeça deitada sobre as suas pernas e dormia com o rosto virado na direção dele com uma mancha negra a cobrir um pouco da face esquerda dele. O que era resultado da agressão que o moreno tinha sofrido quando foi ajudar Bianca.

Quase sem pensar, tocou somente com a ponta dos dedos e muito suavemente a face atingida. Gostava de ter podido evitar o aparecimento daquela mancha. Queria ter protegido aquela pele suave no toque. Queria proteger aquela expressão pacífica.

Os dedos tocaram um pouco mais subindo para os cabelos castanhos.

Em tantas ocasiões queria acarinhá-lo daquela forma. Queria tanto dar o cuidado e afeto que o moreno merecia.

A forma como aquele toque tão simples e inocente causava um frio na barriga tão bom e colocava um sorriso no rosto de Eduardo, só podia significar uma coisa.

– Esse olhar apaixonado não engana mesmo ninguém. – A voz de Armin quase provocou um sobressalto em Eduardo, que apenas não se moveu mais porque não queria acordar Eren.

– Não faças isto muitas vezes, podes acabar por descobrir alguma condição cardíaca em mim. – Disse Eduardo num tom de voz baixo e evidentemente, corado.

– Não resisti ao comentário. – Disse o loiro num tom divertido e ajeitando um pouco a Annie nos seus braços. – Vou levá-la para cima e devias ajudar-me também com o Eren. O sofá pode parecer confortável por algumas horas, mas dormir nele nunca é uma boa ideia.

– Pois, o meu pescoço que o diga. – Queixou-se Eduardo. – Ah… não o quero acordar.

– O Eren é uma pedra a dormir. – Desconsiderou o loiro. – Eu até te deixava aí nesse momento romântico a vê-lo dormir, mas ele também não vai estar bem-disposto quando acordar e descobrir que adormeceu no sofá e que graças a isso, não dormiu numa boa posição. Se bem que… – Fez uma pequena pausa enquanto se levantava do sofá já com Annie nos braços. – Ele parece bastante confortável contigo aí.

Eduardo voltou a sentir o rosto quente, mas recordando a maldita dor no pescoço, decidiu que preferia que Eren não acordasse com o mesmo incómodo. Portanto, após alguma criatividade de movimentos acabou por conseguir colocar o Eren nos braços para levá-lo para o quarto. Teria que dizer que era de facto impressionante a capacidade de Eren para permanecer a dormir.

Na noite anterior depois da forma como terminou o evento, os quatro abandonaram o local e por sugestão do moreno e dos amigos dele, Eduardo acompanhou-os até casa. Acabou também por ficar para a ideia de relaxamento sugerida por Annie, que seria sentarem-se todos na sala a ver alguns dos episódios da Guerra dos Tronos que estava a passar na TV. As pipocas, sumos e o saco de gelo para Eren colocar no rosto também se juntaram ao convívio na sala, que mais tarde acabou inevitavelmente com todos a cederem ao sono.

Agora seguindo as indicações de Armin, Eduardo entrava no quarto de Eren e dirigia-se à cama. Não podia deixar de sorrir um pouco ao ver que o moreno ainda se aconchegava um pouco nos braços dele. Deitou-o com cuidado e ajeitou um pouco a almofada, não resistindo mais uma vez a afastar alguns dos fios castanhos do rosto do moreno que continuava entregue ao sono.

– Se calhar, não devia perder mais tempo… – Murmurou. – Devia dizer como me sinto e esperar que me dês uma oportunidade.

Distanciou a mão dos cabelos e afastou-se da cama, decidido a falar com Eren mais tarde. Procurou um papel pelo quarto e encontrou não só isso como uma caneta, onde escreveu algumas linhas a pedir para se verem. Deixou o papel na mesinha de cabeceira e em seguida, saiu do quarto.

– Já vais embora? – Perguntou Armin.

– Sim. – Respondeu Eduardo. – Acho que preciso enfiar-me debaixo de um chuveiro e esticar-me na minha cama para ver se as dores no pescoço passam. Se o Eren ou vocês precisarem de alguma coisa, é só dizer que venho cá.

– Ok, por mim podias ficar mas se queres ir a casa, então a gente vê-se depois. – Disse o loiro, espreguiçando-se. – Obrigado por estares ao lado dele.

– Não tens que agradecer por uma coisa dessas. – Respondeu Eduardo com um sorriso e ia colocar a mão na porta quando a campainha tocou. Ele olhou para o loiro que também arqueou uma sobrancelha mas disse que ele podia abrir, até porque estava mais perto da porta.

Assim que o fez, Armin entretanto também já se tinha aproximado e tanto ele como Eduardo surpreenderam-se ao ver Levi com Bianca nos braços. A expressão do empresário mudou de imediato ao ver Eduardo.

– O que estás aqui a fazer? – Perguntou Levi.

– Isso pergunto eu. – Interrompeu Armin.

– Por que estão chateados? – Interveio Bianca num tom triste e após uma breve troca de olhares, Armin sorriu um pouco.

– Não é nada, princesa. O tio Armin acordou um pouco maldisposto. Queres vir comigo? – Estendeu os braços na direção da criança que trocou um olhar receoso com o pai, que beijou o rosto dela.

– Podes ir, querida. O pai precisa de falar um bocadinho com o Eduardo, pode ser? – Murmurou para a pequena.

– E depois ficamos os dois juntos sempre?

– Sempre. Depois fazemos o que quiseres o resto do dia. – Comprometeu-se e ficou satisfeito ao ver que a filha ia para os braços do loiro, que fazia promessas de distraí-la pelo tempo suficiente para falar com Eduardo e em seguida com Eren.

A avaliar pelo comportamento do loiro, o empresário concluiu que esse teria deixado Eduardo propositadamente para falar com ele. Não tinha sido nada inocente, dado que qualquer pessoa seria capaz de ver o que ambos poderiam ter para falar.

Na verdade depois da noite passada, Levi não queria perder tempo a falar com outra pessoa que não fosse Eren, mas aparentemente seria uma boa ideia conhecer um pouco mais daquele que a qualquer momento, poderia afastar o moreno dele.

– Levou o seu tempo para finalmente aparecer, Sr. Smith – Comentou Eduardo depois de ver que Armin já não estava por perto com Bianca.

– Até que enfim, toda essa falsa simpatia caiu por terra. – Apontou Levi, cruzando os braços.

– Eu sou naturalmente sociável, mas não sou estúpido ao ponto de receber de boa vontade ou braços abertos, alguém que demorou horas em aparecer.

– E posso saber por que raio te devo algum tipo de satisfação? – Indagou o empresário. – Sabes perfeitamente que não vim aqui falar contigo e sim com o Eren.

– Ele ajuda a salvar a tua filha e tu vens cá horas depois! – Disse num tom que não escondia o desagrado. – Só encaixou no teu horário agora?

Os braços de Levi descruzaram-se e deixou que o semblante irritado mostrasse bem como estava a sentir-se naquele exato momento.

– Não te devo explicações acerca da minha vida, mas a minha prioridade era a minha filha! Podia ter acontecido algo de grave com ela e não podia simplesmente deixar tudo sem entender como é que ela esteve em perigo, a razão para isso e assegurar-me que os culpados seriam responsabilizados na justiça! Não dormi a noite toda com as responsabilidades que tenho como pai e não me arrependo ou me culpo por isso, portanto, não admito que um desmiolado como tu me diga o que estou a fazer de certo ou errado! Vim assim que pude e tu não tens o direito de criticar-me!

– Uma mensagem, uma chamada custava-te muito?

– Se calhar, não mas foi muita coisa ao mesmo tempo e…

– Eu não deixaria que isso acontecesse comigo, aliás nunca hei de deixar que ele não seja uma das minhas prioridades. – Disse Eduardo.

– Estás a dizer que és melhor do que eu? – Provocou Levi.

– Possivelmente. – Respondeu com um encolher de ombros. – Podes ter toda a fortuna do mundo nos bolsos, mas se não o tratares como ele merece, isso vale zero. Além disso, sei bem que ele até preferia não ter voltado para esta cidade e por mim, assim que terminar os estudos, se ele quiser, vamos embora daqui. – Parou na frente de Levi. – É exatamente o que estás a ouvir. Estou a dizer que vou tirá-lo daqui e não vou desistir independentemente do que tu digas, Levi e sim, estou a tratar-te pelo nome e por tu, porque não quero perder tempo com formalidades baratas.

– E se ele não te quiser?

– Aí a história é diferente, mas até lá, até ouvir um ‘não’ definitivo, juro que vou fazer o possível para que ele não tenha que ficar neste sítio e acima de tudo, vou fazer de tudo para que ele seja feliz. – E antes de passar por Levi que não se moveu, demonstrando não estar nem um pouco intimidado, Eduardo ainda acrescentou antes de sair. – Pergunto-me se tu não devias fazer o mesmo…

Depois de Eduardo sair, Levi respirou fundo. É verdade que o outro definitivamente não ficou nem um pouco intimidado com os seus olhares homicidas e parecia ter várias certezas do que pretendia no futuro. Isso de certo modo deixava-o um pouco apreensivo, mas sabia que não ia atirar a toalha ao chão e dar-se por vencido sem sequer tentar. Para começar teria que conversar com Eren e ver como ficava a situação entre eles.

Afinal de contas, Eduardo podia ter várias coisas a seu favor, mas ao que tudo indicava, Eren não lhe dirigia as mesmas palavras. Podiam ter uma relação próxima, mas não o suficiente para as declarações que Levi escutou e que sentia vergonha em admitir que de certa forma, até sentia falta de ouvir.

Assim que se viu sozinho na sala, subiu as escadas ouvindo de longe a voz de Armin, Bianca e também de Annie que pelos vistos, também teria acordado. Aproveitando que os loiros estavam a entreter a filha, o empresário caminhou na direção do quarto de porta entreaberta. Fechou a mesma assim que entrou, vendo que Eren continuava deitado na cama e a dormir.

Por um lado, não queria perturbar o sono, mas por outro sabia que não devia adiar mais aquela conversa necessária entre eles.

– Eren… – Chamou, movendo ligeiramente o ombro do moreno que naquele primeiro gesto, quase nem parecia ter notado o toque, mas a insistência fez com que começasse a abrir os olhos.

– Que horas são? – Perguntou num tom ensonado e os olhos verdes mostraram espanto ao ver quem estava no quarto com ele. – Levi? – Sentou-se rapidamente. – O que estás aqui a fazer? Aconteceu alguma coisa com a Bianca?

– Não, ela está bem. – Sorriu um pouco ao ver a preocupação no rosto do moreno. – Vim aqui para te ver e falar um pouco. Não queria ter interrompido o teu sono, mas não tive escolha. Não podia adiar mais isto.

– Se a Bia está bem, eu não vejo o que nós podemos ter para falar. – Disse Eren, saindo da cama pelo lado oposto em que se encontrava Levi, mas este deu a volta para que o outro não desviasse o olhar dele ou tentasse escapar da conversa.

– Temos sim. – Insistiu o empresário. – Não podemos continuar desta forma. Contigo a tratar-me como se fosse uma obrigação falar comigo. Sei que cometi um erro. – Fez uma pequena pausa e acrescentou. – Um erro grave e tens todo o direito de estar magoado comigo, mas será que não mereço qualquer perdão? Fiz algo assim tão imperdoável que queiras distanciar-te permanentemente de mim?

O moreno escutava as palavras sem olhar muito para Levi, refletindo sobre o que ouvia. O que tinha acontecido não era imperdoável. Aliás, ele próprio quis quebrar aquele “gelo” antes e aceitar o pedido de desculpas, mas cada vez que olhava para o CEO da Survey Corporation, imaginava o que teria acontecido com Tiago. Essa imagem na sua mente era suficiente para reacender a raiva, que sem dúvida, não era uma boa conselheira.

Mike que ainda não estava por dentro de toda a história entre ele e Levi, pelo menos não da perspetiva de Eren, chegou a afirmar que parte dos desentendimentos entre eles também se devia ao facto de não se escutarem. Deixavam que a raiva e tudo o que era negativo ficasse acima de um diálogo, de perguntas e respostas que poderiam ter levado a um desfecho diferente no passado.

Eren sabia que isso era verdade.

Bastava que no passado tivesse parado para escutar Levi, ouvido a verdade dele e não teria sido envenenado pelos outros. Seria praticamente impossível não acreditar nele e se tivesse parado para pensar por alguns segundos, se tivesse parado para ouvir a verdade, tudo podia ter sido tão diferente.

– Parece que mesmo sem querer, voltamos sempre ao mesmo. – Disse Eren.

– Como assim? – Perguntou o outro confuso após o longo silêncio por parte do moreno.

– Deixo a raiva tomar conta de mim e não te quero ouvir. Nunca conversámos antes honestamente e essa é provavelmente uma das razões para que nada tenha funcionado entre nós. – Respondeu.

– Na última vez que nos encontrámos, antes da minha partida para esta cidade, a verdade é que também não quis ouvir o que tinhas para dizer. – Recordou Levi. – Ambos errámos nesse aspeto e não é justo que isso recaia sobre ti. Há erros das duas partes, mas agora… aqui em concreto, sou eu que mesmo sem querer, estou a causar-te sofrimento e não, não é por vingança nenhuma.

– Eu sei que não. – Disse o dono dos olhos verdes com um sorriso triste. – Não és esse tipo de pessoa.

– No entanto, isso não significa que não esteja a fazer merda. – Contra-argumentou Levi. – Pedi para levarmos as coisas com calma, mas mais do que uma vez cedi ao desejo de ter nos meus braços porque não consigo lidar com a atração que sinto por ti.

– Não te podes culpar por isso sozinho…

– Não, mas posso culpar-me por ter quebrado a confiança que tinhas em mim ao ceder aquele pedido do Tiago. – Ripostou o empresário. – Quis tanto encontrar uma forma de pedir desculpa, sobretudo quando soube acerca do Eduardo. Quis muito que me acompanhasses ao evento ontem porque queria que soubesses que não me envergonho de ter ao meu lado, muito pelo contrário. Mas isso também seria errado sem que conversássemos primeiro, mas parece que a cada passo que dou ultimamente, cometo um erro. – Falou num tom mais desanimado. – Ajudaste a proteger a minha pequena e eu também não soube agradecer-te logo quando devia.

– Não tens que agradecer-me por causa disso. – Comentou Eren um pouco sem jeito. – Fosse tua filha ou não, eu não ia ficar de braços cruzados diante do que estava a acontecer.

– Seja como for, parece que quando estou ao teu lado não faço mais do que causar-te sofrimento, exatamente o oposto daquilo que queria. – O tom ficava cada vez mais derrotado. – Outras pessoas têm o efeito de te fazer sorrir e te deixar feliz, mas… parece que há parte de mim, uma parte bastante egoísta, sou consciente disso, mas que gostava que desta vez as coisas fossem diferentes entre nós.

– Isso tudo é para me dizer… – Eren fez uma pequena pausa. – … que achas que nos devemos afastar definitivamente porque as coisas nunca vão dar certo entre nós?

Com um nó na garganta Levi sentiu um verdadeiro conflito por dentro. Devia deixar de ser tão egoísta e deixar que Eduardo tornasse as palavras de antes uma realidade. E se ele de facto fosse capaz? E se realmente as coisas se encaminhassem melhor daquela forma? Por que razão devia prendê-lo a algo que tinha tantos elementos que prejudicavam um resultado positivo?

A resposta era tão simples e tão complicada ao mesmo tempo. Mas era razão suficiente para sentir os olhos arderem e hesitação no que queria dizer e no que na verdade, deveria dizer para o bem de Eren. Quem sabe, ele não fosse assim tão boa pessoa como Erwin e os amigos disseram tantas vezes.

– Eu devia dizer que isso era o melhor, mas não consigo. – Admitiu Levi. – A ideia de não te ver de novo…

– Viveste bem com o Erwin. – Apontou Eren.

– Mas tu foste a primeira pessoa por quem me apaixonei e isso não se esquece! – Falou mais alto do que pretendia e viu espanto nos olhos verdes. – Não importa se não resultou antes. Aqueles dias em que descobri que me sentia daquela forma foram os melhores dias que tive depois de tanta coisa terrível que vivi antes. Senti como se finalmente algo de bom acontecesse na minha vida. Fizeste aqueles dias valerem a pena. Fizeste-me desejar estar vivo no dia seguinte. – Deixou escapar uma lágrima. – Não consigo esquecer isso. Não acho que seja possível esquecer uma coisa dessas… – Susteve a respiração por alguns momentos quando o moreno se aproximou e beijou a testa dele. Estremeceu um pouco, o rubor veio até ao rosto e mais algumas lágrimas porque era um gesto tão semelhante ao que ele tinha feito há anos atrás naquele corredor da escola de sons tão ensurdecedores. Uma das mãos nos cabelos dele, outra ao seu lado, mas desta vez Levi não se limitou a ficar perdido no momento. Em vez disso, encostou a cabeça ao peito do outro. – Talvez tenha sido nesse momento…

– Hum?

– Quando há uns anos fizeste algo parecido, acho que… – Levi abraçou o moreno. – … acho que soube que alguma coisa dentro de mim disse que estava apaixonado por ti. Então, eu sabia que se quisesse tentar esquecer, teria que começar por essa memória… rasgar essa memória… mas nunca fui capaz.

– Não acho que eu fosse consciente acerca da razão porque fiz aquilo naquele momento, mas agora a resposta é bastante óbvia e na altura… podia ter mudado tanta coisa. – Disse Eren, abraçando o outro de volta.

– Não podemos voltar atrás…

– Não, mas eu agora não tenho medo do que sinto e nem dúvidas, Levi. – Afirmou o outro.

Distanciou-se o suficiente para olhar para o moreno e disse:

– Tenho medo que não seja o suficiente para te fazer feliz e que exista outra pessoa que…

– Mas eu não amo outra pessoa. – Cortou Eren, acariciando o rosto do outro.

Os olhos cinzentos continuaram presos naquele transe que os orbes verdes sempre causavam nele. Mais do que a bela cor que possuíam, naquele momento o que roubava o fôlego de Levi eram os sentimentos refletidos neles. Não conseguiria quebrar aquele feitiço que havia neles mesmo que quisesse. Na verdade, não queria. Queria perder-se, entregar-se àquele instante em que não existia nada além deles.

– Sou tão egoísta, Eren... – Murmurou. – E ao mesmo tempo tão apaixonado por ti...

Os lábios do moreno depressa vieram ao encontro do homem de cabelos negros, que correspondeu ao entusiasmo daquele beijo. Tão eletrizante como recordava. Como se o corpo dele estivesse programado apenas para reagir com aquela intensidade quando era o moreno que o tocava.

Quanto a Eren ainda estava atordoado com as palavras do outro e que o tornaram incapaz de resistir aquela boca convidativa. A mesma que admitiu nunca ter deixado de o amar. Aquela afirmação só alimentava ainda mais a vontade de ter Levi nos braços. Eren segurava o rosto dele não permitindo qualquer distanciamento entre os dois e a outra mão desceu pelas costas, parando na cintura.

Levi inclinou um pouco mais o rosto, continuando a mover a língua contra a do moreno e ambos gemeram contra a boca um do outro. Uma das mãos do empresário arranhou o peito do outro, sentindo um arrepio percorrê-lo com a intensidade daquele beijo. Como se quisessem perder e ao mesmo tempo recuperar o fôlego nos braços um do outro.

Quando por fim tiveram que separar os lábios para respirar, os olhos mantiveram-se fixos um no outro e Levi afagou com cuidado o rosto na parte em que o moreno tinha uma mancha mais escura.

– Devia ter conseguido vir antes para cuidar de ti.

– Não perdes esse hábito de querer cuidar de cada ferimento que tenha. – Eren sorriu um pouco.

– Provavelmente porque alguém sempre está metido em alguma confusão. – Ripostou Levi.

– Pareces cansado… muito cansado como se nem tivesses dormido. – Comentou o moreno, vendo as olheiras pronunciadas.

– Não dormi. – Admitiu. – Não depois do que aconteceu, do pânico da minha Bia e quis respostas. Quis saber quem estava por detrás daquele ataque de ontem, mas… – Fez uma pausa e surpreendeu-se um pouco ao ver que Eren o puxava para a cama.

O olhar não trazia a mesma luxúria que viu antes e pouco depois os dois estavam deitados na cama. Levi tinha a cabeça deitada sobre o peito do moreno enquanto este último alisava os cabelos negros.

– Eles não falaram? – Eren retomou a conversa.

– Não e nem vão falar. – Respondeu.

– Não vão? – Questionou confuso. – Sendo quem és e querendo respostas, eu não acho que a polícia vá ter muitos escrúpulos atrás de quatro paredes.

– Eu sei que iriam fazer tudo o que estivesse ao alcance deles para os obrigar a falar, mas… – Seguiu-se uma pausa que estava a deixar Eren ainda mais confuso, até que veio a razão para que Levi estivesse tão pessimista relativamente ao obter informações sobre os atacantes. – Todos eles, sem exceção, cometeram suicídio poucas horas depois.

A mão de Eren parou por alguns instantes de se mover. Que os atacantes se recusassem a falar era uma coisa, mas usualmente a sugestão de penas de prisão reduzidas ou até dinheiro, faziam com que a maioria falasse. Portanto, que criminosos chegassem ao ponto de optar pelo suicídio podia significar duas coisas diferentes: lealdade absoluta a quem quer que os tenha contratado, o que não era assim tão provável e sendo assim, restava o nível de perigo da pessoa por detrás de tudo aquilo. Alguém que estava disposto a qualquer coisa para manter a sua identidade um segredo e agir por detrás das cortinas até ter o que queria.

– Mas eles receberam alguma visita enquanto lá estiveram? – Perguntou Eren.

– Não, pelo menos foi o que me disseram na polícia. Isso leva a crer que tivessem já algum comprimido ou cápsula com eles. – Explicou. – As autópsias vão decorrer durante os próximos dias para ver se é possível extrair alguma informação a partir daí, mas não pareciam muito otimistas quanto a isso. – Veio um suspiro cansado. – Desde que estou a viver em Sina, esta é a primeira vez que estou envolvido numa coisa destas e que me faz ter medo pela Bianca. Preciso saber quem está por detrás disso… se tivesse acontecido alguma coisa à Bianca, não sei se eu…

– Não aconteceu nada, as coisas vão-se resolver. – Interrompeu Eren, beijando os cabelos negros e embora tivesse dito aquelas palavras, na verdade estava bastante preocupado. Se aquele ataque tivesse como alvo a família Smith, sendo alguém tão perigoso, ele temia pela vida de Bianca e também de Levi. Este que apesar dos pensamentos receosos, acabou por render-se ao cansaço e acabou por adormecer nos braços do moreno.

 

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– O pai disse que ia chegar tarde de novo. – Comentou Zeke, massajando os calcanhares e pés da mãe que sentada no sofá da sala com uma taça de vinho na mão, acabava de pousar o telemóvel no cadeirão ao seu lado.

– Por causa das autópsias?

– Também. – Respondeu o filho. – Não pensava que fosse isso que tivesses em mente.

– Dei-lhe carta verde para agir como achasse necessário e não podia ter sido mais perfeito. – Provou mais um pouco do vinho. – Aqueles brutamontes contratados pelo Nile acabariam por falar e todos seríamos expostos. Não podia permitir tal coisa. – Fez sinal ao filho para parar e apontou para o cadeirão ao lado dela. – Obrigada, Zeke. Felizmente, as dores estão a passar com facilidade depois daquele triste espetáculo. No entanto, tu ainda pareces apreensivo com alguma coisa.

– Não sei se podemos confiar tanto nele. Não acho que ele esteja a mentir quando diz que trabalha para quem paga mais. – Comentou o loiro.

– Hum, eu sei que não mas esse também sabe que comigo, ele tem que ter cuidado com esse critério. Afinal de contas, eu não coloco ninguém a trabalhar para mim sem saber primeiro de que forma posso manipular e ter sempre na mão. – Comentou a mulher. – Ele sabe o risco que corre, fazendo algo que vá contra os meus interesses.

– E o Nile?

– Esse é um idiota desequilibrado, mas que está a aprender a ter medo de mim. – Comentou Dina, vendo que ainda assim o filho continuava com uma expressão pensativa. – Com dúvidas acerca da tua mãe?

– Não. – Respondeu. – Mas ontem quando fui levar o Nile a casa, aliás não só ontem… ele nunca gostou do Erwin, mas o ódio pelo Levi é diferente. Eu nunca entendi a razão. Eles não se conhecem, certo?

– Não, os dois não se conhecem. – Respondeu Dina. – Só que… bem, se calhar devias saber todo o contexto para entenderes. Diz-me uma coisa, filho. O que é que sabes acerca das ovelhas negras da família Ackerman?

– Que o patriarca expulsou dois dos irmãos de casa há anos atrás, ainda quando os dois estavam na escola pelas más companhias e coisas assim. – Disse confuso ao tentar entender como o que tinha perguntado, se iria relacionar com aquele tema.

– O irmão mais velho, o que iria herdar a maior parte da fortuna dos Ackerman, esse sim andava em péssimas companhias. A irmã inicialmente era apenas uma tonta que achava que podia escolher com quem iria passar o resto da vida. Todos aqui sabem a importância de um bom casamento e ela quando se viu obrigada a casar com alguém com o dobro da idade dela, acabou por fugir com o irmão que a ajudou. – Explicou sumariamente.

– Então, tu conheceste-a de perto? – Questionou curioso.

– Sim, era uma iludida por quem vários se interessavam. Até bons partidos, mas a louca acreditava no amor. – Ironizou. – Bom, mas isso também não durou muito porque depois de fugirem e serem deserdados, ela teve que usar a única coisa que tinha, a aparência para conseguir sobreviver.

 

Flashback

– A tua irmã vai acabar por ter problemas, se continuar a dar-se com o vosso irmão Kenny. – Comentava a adolescente de cabelos loiros, elegantemente presos e que virou as costas a um dos rapazes que sorriu na direção dela.

– Pois, mas eles sempre foram unha e carne, Dina. – Respondeu a amiga ao seu lado. – É impossível separar aqueles dois e parece que… assim como ela também continuas a atrair as atenções de várias pessoas.

– Sim, mas eu tenho os olhos postos em alguém bem próximo à minha família.

– As coisas com o Grisha têm corrido bem? – Perguntou a jovem de cabelos negros à altura dos ombros. – Ouvi dizer que ele andava a ver alguém fora do colégio.

– Alguém que não chega aos meus calcanhares, mas nós não temos compromisso ainda por isso, sei que tenho que tolerar alguns comportamentos. – Respondeu Dina, mexendo numa mexa de cabelo, vendo mais um olhar interessado na direção dela.

– És sempre tão madura nestas coisas. – Elogiou a outra e repentinamente, as duas viram quando a outra adolescente se despedia do irmão e vinha ao seu encontro com os longos cabelos negros a caírem pelas costas, de sorriso rasgado que acabava sempre por fazer vários rostos virarem na direção dela.

– Já contaste à Dina acerca do que vimos ontem?

– Sobre o quê? – Perguntou a irmã confusa.

– Passámos em frente a uma loja, onde havia um vestido de noiva lindíssimo! Tirado mesmo de um conto de fadas e o pai disse que um dia usaria um desses. Só falta o meu príncipe encantado. – Dizia sorridente.

Dina sempre pensou que pessoas como ela estavam destinadas a um futuro trágico. O mundo não estava feito para que pessoas assim fossem felizes. Pessoas que não sabiam deixar de lado, por exemplo, o lixo que o irmão era, insistindo que ficaria sempre ao lado dele.

Enquanto ouvia Kuchel descrever o vestido, Dina pensava quantos anos teria que esperar até ver aquela inocência desmoronar. Nunca imaginou que o dia estivesse tão próximo, mas só provava a sua teoria de que pessoas tão ingénuas e boazinhas para os outros não recebiam nada de bom em retorno. Um dia alguém iria aproveitar-se delas, um dia o mundo iria ensiná-las que têm mais hipóteses de bater de frente com a crueldade do que algo tão fantasioso como o amor.

Fim do Flashback

 

– Vocês chegaram a ser amigas? É por isso que ainda soubeste o que aconteceu depois com mais pormenores?

– Não, eu era mais chegada à mãe da Mikasa e como irmã da Kuchel, as duas ainda se falaram durante vários anos, mas o contacto foi-se perdendo, conforme a fama de puta foi crescendo. Sabes que há até quem diga que aquela geração da família foi amaldiçoada, afinal de contas o herdeiro envolveu-se na droga, a irmã mais conhecida pela beleza transformou-se numa puta e a que parecia mais decente, agora também enlouqueceu e está num hospital psiquiátrico depois da morte da filha. – Contava Dina que bebeu mais um gole de vinho. – A fortuna dos Ackerman devia ter sido disputada, mas o patriarca, ou seja, o avô do Levi ainda chegou a saber que tinha um neto homem e apesar da vergonha que a filha representava para a família, acabou por deixar as coisas no nome dele. Esse dinheiro nunca teria chegado às mãos dele, se não fosse pelo Erwin Smith ter procurado lutar pelos direitos do marido dele. Não se trata de uma fortuna tão extensa como o império que os Smith têm, mas ainda é algo pelo qual valia a pena lutar.

– Então, mesmo que ele perdesse a fortuna que herdou do Erwin, continuaria a ter a herança da parte do avô que apesar de tudo, ainda quis deixar a maior parte do legado ao…

– Ao único descendente homem que restava da família. – Concluiu Dina. – Suponho que essa fortuna agora também esteja já no nome da filha, a Bianca, que quando chegar à maioridade irá herdar um império ainda maior do que aquele que existe agora.

– Porque tem a herança da família Ackerman?

– Também, mas há um terceiro elemento que nem o Erwin foi capaz de encontrar. – Disse Dina. – E essa parte da história apenas eu e o teu pai temos conhecimento dela. Aliás, se o teu pai me tivesse contado antes, eu teria tomado medidas mais cedo relativamente a esse Ackerman. O terceiro elemento que tornará esse império como o mais impressionante alguma vez visto, é o pai biológico do Levi.

Espantado com o que ouvia, Zeke estava cada vez mais absorto na história.

– Tu sabes quem é?

– E é aí que entra o triste do Nile. – Comentou Dina. – Esse idiota é um dos burros que achou que apaixonar-te por uma puta traria alguma coisa de bom à vida patética dele. De todas as putas que podia ter comido, por triste causalidade acabou por ser Kuchel por quem passou a ter sentimentos patéticos. Ele arrastou-se por ela, mas o que ele não soube durante muito tempo é que ela se tinha apaixonado por outra pessoa também. A patética história de amor que ela queria e pensava que ia acontecer com o pai do Levi.

– E esse era…?

– O apelido Andrade diz-te alguma coisa? – Perguntou a mulher, vendo o choque nos olhos do filho ao associar aquele nome a uma só pessoa a quem mãe poderia estar a referir-se.

– Andrade? O magnata dos diamantes? – Questionou assombrado.

– Exatamente. – Confirmou a mulher com um sorriso. – O que morreu naquele acidente na piscina, em que a mulher também se encontra internada depois de ter matado as três filhas pequenas depois de descobrir que o marido tinha deixado tudo no nome de outra mulher que tinha tido um filho homem dele. O bastardo misterioso que nunca se soube quem era e a história acabou por morrer com o tempo…

– Mas então…

– Na verdade, os mais próximos sabem que provavelmente foi a louca da mulher dele que o matou em casa depois de descobrir que estava a ser traída e que ele pretendia deixá-la por aquela puta. Nunca hei de entender o que é que o Nile ou o Andrade viam naquela mulher ao aponto de arruinarem a vida deles por ela. – Comentou com um certo desdém. – Ainda hoje corre a disputa no tribunal para saber para onde irá a fortuna. Dizem que irá provavelmente para as mãos do Estado, mas o herdeiro existe e está bem vivo.

– Então, o Nile foi dispensado pela puta que pensava que iria ter uma vida de sonho com o Andrade…

– Segundo o teu pai, a puta pisou e riu dos patéticos sentimentos do Nile. – Ironizou, fazendo Zeke ter vontade de rir da expressão da mãe. – Vê lá tu que nem as putas o querem e acabam a rir dele e embora ele nunca tenha sabido exatamente de quem é que o Levi era filho, ele sempre odiou o puto. Chegou a vê-lo quando foi implorar à puta que aceitasse o amor dele. Acho que se convenceu que ela nunca o quis por causa dele e o certo é que o Levi tem muitas semelhanças com a mãe dele e acho que isso o faz lembrar que é um rejeitado…

– Então quando dizias que um casamento com ele me faria ter muito mais do que imaginava…

– Exato, filho. Com um anel no dedo e a dividir os bens com ele seria o melhor momento para pouco depois, descobrir que a fortuna dele é ainda maior e depois… – Olhando para Zeke. – Tirando ele e a pirralha do teu caminho, serás o único herdeiro de tudo isso. – Estendeu a mão até tocar no rosto dele. – Faz com que continue a ter orgulho em ti e vamos em frente com isto.

 

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Eduardo estava no metro a caminho de casa. Ainda pensava se deveria ter saído e deixado Levi a conversar com Eren. Porém, sabia que não podia fazer nada se aqueles dois estivessem destinados a entender-se. Isso não significava que não sentisse um aperto no peito ao recordar-se como acordou com Eren a dormir perto dele, como queria poder fazer isso mais vezes e como apesar de tudo, podiam nunca ser mais do que amigos.

Antes de dizer o que quer que seja, vou tentar saber como correu a conversa com o Levi porque se as coisas tiverem ido bem entre eles… eu não posso atrapalhar mesmo que isso…”, deixou escapar um longo suspiro e então, viu um outro rapaz quase tropeçar antes de sentar-se nos bancos em frente ao que ele se encontrava. Estava ao telemóvel, mas cheirava um pouco a álcool e isso explicava a falta de equilíbrio. Poderia ter ignorado por pensar que seria alguém que estaria a voltar de alguma festa de uma noite longa, mas os olhos também estavam inchados e a voz rouca.

– Ele atendeu a minha chamada hoje de manhã. – Dizia à pessoa do outro lado. – Agradeceu a minha preocupação. Achas que estou a fazer as coisas bem? Hum, ok… sim, estou a ir para casa agora. Olha, ainda dói um bocado e… – Pareceu ser interrompido pela voz do outro lado. – Ok, eu fico à espera. Até logo. – Desligou a chamada e Eduardo um pouco sem jeito, mas um pouco preocupado, decidiu falar.

– Está tudo bem?

Os olhos castanhos aparentemente repararam nele pela primeira vez desde que se tinha sentado.

– Sim…

– Ah… – Eduardo coçou um bocado a cabeça. – Pareces em baixo. Desculpa lá que me esteja a meter assim na tua vida, mas se calhar devias chamar pelo menos um amigo para te acompanhar a casa. Quase caíste quando te sentaste aí.

O outro esboçou um sorriso triste.

– Será que sempre existiram pessoas que se preocupam mesmo com os outros ou agora que estou apaixonado por alguém assim, é que comecei a reparar que existe mais gente como ele? – Olhou ao ouvir o nome da paragem que devia ser aquela em que iria sair e começou a levantar-se. – Obrigado, mas não preciso de nada.

– Ok, tu é que sab… – Ia dizer, mas teve parar a frase a meio e segurar o outro que ia cair e claramente, não estava em condições de andar sozinho. – Hei, vês? Eu disse que não estavas bem. Espera, deixa-me ajudar. – Tentou equilibrar o braço do rapaz sobre o ombro dele e viu que ele se queixou mais do que devia. – Ups, desculpa. Estás magoado no braço? Ah, espera, então… – Segurou-o pela cintura. – Hei, podes dizer-me o teu nome? Ou pelo menos onde moras?

– Tiago… – Murmurou antes de perder a consciência.

– Hei Tiago? Tiago? – Chamou. – Puta que pariu, o que faço agora?

 


Notas Finais


Até ao próximo capítulo!


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