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História Memórias Rasgadas - Capítulo XLI


Escrita por: Imagination

Notas do Autor


Obrigada pelos comentários, mensagens (ainda estou a tentar acabar de responder) e também pelos favoritos e a todos os que acompanham a fic!

Mais uma vez mil desculpas pelo atraso na postagem, mas o meu tempo livre está um pouco limitado e até não ia atualizar nada por ter escrito pouco comparado com outros capítulos, mas decidi atualizar mesmo que seja um capítulo mais pequeno.

Capítulo 41 - Capítulo XLI


Capítulo XLI

 

Eren olhou para o reflexo no espelho. Ainda havia a marca no rosto, ainda que esta começasse a desvanecer pouco a pouco. Não só graças às sessões de gelo no rosto, mas também à pomada que Armin receitou.

Ao tocar na bochecha, recordou os dedos cuidadosos de Levi que não só no sábado, mas também no dia anterior veio visitá-lo na companhia de Bianca. Ao que parece a pequena quis voltar depois de ter visto o pai a dormir nos braços de Eren. A criança também acabou por juntar-se aos dois na cama, assim que o moreno fez sinal de que podia entrar no quarto, mas sem fazer barulho.

Ao contrário dele, Levi costumava ter um sono leve, o que acabou por atestar o cansaço dele, pois só se apercebeu da presença da filha horas mais tarde quando acordou.

A imagem de pai e filha a dormir com ele tranquilamente, continuava a pôr um sorriso no rosto de Eren. Estava feliz por ter aquele efeito nos dois e parte dele desejava que o cenário se repetisse mais vezes no futuro. Esse tipo de pensamento acabou por juntar um ligeiro rubor ao sorriso.

O dono dos olhos verdes acabou de se arrumar e por fim, pegou na carteira e telemóvel. Já tinha tomado o pequeno-almoço com os dois amigos que ainda estavam a preparar-se para sair. Ele queria sair primeiro porque não queria ter que ver as expressões dos dois. Sabia que ambos tinham razões legítimas para estar preocupados com ele, mas também gostava que se alegrassem pelo bom humor que a conversa com Levi trouxe. Nem por isso passou a ignorar Eduardo como Annie insinuou. Aliás, a prova disso é que ainda trocavam mensagens, mas por mais que os amigos ou até mesmo Levi tenha falado em Eduardo, Eren não entendia a razão para o trazerem sempre como tema de um possível romance. Ele sempre deixou claro que eram amigos e embora não quisesse perder a amizade dele, se existissem de facto outro tipo de sentimentos, Eren podia afirmar quase com toda a certeza que Eduardo nada faria para tornar a vida dele insuportável. Estava quase certo, que sendo isso verdade, ele não era esse tipo de pessoa. Nada daquilo que o Thomas se tornou posteriormente.

Procurando distanciar-se desses pensamentos, saiu de casa despedindo-se dos amigos que ainda encontrou nas escadas antes de sair. Notou que era cedo e caminhou com calma até à estação de metro, mudando a lista de músicas daquela manhã.

No entanto, mesmo tendo tempo, acabou por quase correr quando viu que a porta do metro ia fechar-se. Apenas teve tempo de entrar porque alguém premiu o botão para manter a porta aberta por mais alguns segundos e permitir que ele entrasse. Assim que o fez, chamou-se a si próprio de idiota em silêncio por correr sem razão.

Parece que não consigo perder o hábito de correr para apanhar os transportes públicos. Estou tão habituado a que não cumpram horários que quando me mudo para um sítio, onde isso não acontece nem parece real”, pensava, deixando escapar um longo suspiro.

– Ainda é cedo, não precisavas de correr.

Os olhos verdes viraram-se de imediato na direção da voz. Um pouco perplexo encontrou a figura difícil de não reparar pela altura impressionante.

– Bertholdt, não sabia que ias de metro para o trabalho.

– Não ia, mas estou com algumas restrições de horários e de uso do carro da residência Smith, portanto, pode ser que nos vejamos mais vezes por aqui. – Comentou num tom desinteressado.

Pois… o Levi comentou que ele e o Reiner estavam ocupados com outras coisas em vez de zelar pela segurança dele e da Bianca durante o evento”.

– Ah… pois, eu não costumo sair tão cedo. Não sei se nos vamos ver assim tantas vezes. – Eren forçou um sorriso. Não havia forma de conseguir ficar confortável perto daquele segurança que olhava para o exterior enquanto metro se movia. – Ah… bem, vou sentar-me. Até já e… obrigado.

 

Eduardo – Mensagem:

Bom dia, Imhotep! <3

Então, hoje achas que consegues levar a pequena até ao parque?

Ou depois do que aconteceu, não é uma boa ideia?

 

Eren – Mensagem:

Anck-Su-Namun <3

Eu não queria que ela estivesse só em casa, mas não sei se vai querer sair ou mesmo se o pai vai autorizar que saia :/

 

Eduardo – Mensagem:

Pois… é provável que não.

Mas ela eventualmente deveria sair de novo.

Não é bom ou saudável que esteja sempre em casa.

 

Eren – Mensagem:

Pois… enfim, estás acordado cedo :o

Pensava que tinhas dito que ias dormir de manhã porque só ias trabalhar de tarde.

 

Eduardo – Mensagem:

Estou à espera que saia uma nota importante >.<

Se não puderes ir ao parque de tarde, achas que podes passar por cá?

Não quero começar a perder as minhas novas habilidades como dançarino :p

 

Eren – Mensagem:

Claro ;)

Já disse que sempre que tiveres disponível, praticamos mais um pouco.

Ainda bem que mandaste mensagem agora.

Sabes quem encontrei no metro?

A Kristen Stewart gigante :x

 

Eduardo – Mensagem:

Vês como afinal gostas dos apelidos que dou às pessoas? :p

A sério?

Caiu da cama e vai atrasado?

 

Eren – Mensagem:

Diz que agora tem horários mais restritos e que não pode andar tão livremente c/ o carro.

Bom, nem acredito que ele segurou a porta do metro pra mim.

A sério, eu acho que ele continua a odiar-me em segredo.

Ou nem em segredo porque parece que não me suporta e eu só estou a respirar.

 

Eduardo – Mensagem:

Deve estar com o cuzinho dorido porque deve ter ouvido um sermão do Sr. Smith…

Ignora a torre.

 

Eren também achava que por um lado, Bertholdt estava a ignorá-lo e sempre que olhou discretamente para o segurança, encontrou-o de olhar fixo no exterior. Porém, às vezes tinha a sensação, não só naquele momento mas em outros instantes, que o outro estava a observá-lo, mas sem provas, poderia ser só paranoia dele.

Quando saiu do metro, pensou que fosse reencontrar o segurança, mas não o viu mais até chegar à residência Smith, onde Levi estava a despedir-se da filha e a explicar que iriam ver-se na hora do almoço, mas ele precisava de trabalhar. A criança dizia entender que o pai precisava de ir para o emprego, mas ainda assim queria acompanhá-lo e prometia ter um bom comportamento.

– Mas não vais ficar sozinha, não é? Eu vou estar aqui. – Eren decidiu intervir. – Não gostas de estar comigo, Bia?

– Gosto. – Respondeu amuada. – Mas também quero o pai.

– E podes vir ver-me na hora do almoço. – Recordou Levi, passando a mão nos cabelos negros e longos da filha. – E logo vem cá a tia Hanji, a Petra, a Nina e o Mike. Vamos ter uma festa como fazemos às vezes.

– O Eren também vem?

– Se ele quiser, está convidado. – Disse o empresário.

– Hoje não posso ficar depois do trabalho, mas prometo um dia bem divertido hoje. – Disse o moreno com um sorriso.

– E vamos ver o pai?

– Claro, ele já disse que vai estar à nossa espera. – Assegurou Eren com um sorriso e a pequena apesar do amuo de antes, acabou por assentir e abraçar uma última vez o pai.

– Obrigado. – Murmurou Levi na direção do moreno e este apenas sorriu um pouco e ia afastar-se com Bianca para começar a distraí-la com alguma coisa, quando sentiu a mão do outro no braço dele e ao virar-se, foi puxado pelo ombro para se abaixar ligeiramente e recebeu um beijo curto nos lábios. – Até logo.

– Até logo… – Murmurou um pouco ruborizado.

Quando ia a sair da residência, o CEO da Survey Corporation viu Bertholdt e fez sinal para que este se aproximasse. Um pouco confuso, o segurança assim o fez. Ele tinha visto Oluo no carro, portanto, pensava que ia ficar com a vigia da casa juntamente com Gunther.

– Precisa de alguma coisa, Sr. Smith?

– Vieste com ele no metro, não foi? – Perguntou enquanto continuava a caminhar na direção do carro.

– Sim, mas ele estava sozinho. – Respondeu Bertholdt, acompanhando o chefe. – Peço desculpa, mas não ia ficar com a vigia da residência?

– Avisei o Oluo que ias trocar com ele hoje. Quero que me acompanhes. – Respondeu o homem de cabelos negros.

– Como queira, Sr. Smith. – Respondeu.

– Acaba de responder à minha pergunta.

– Ah… – Recomeçou confuso. – Não há muito mais a relatar. Ele veio sozinho durante todo o percurso. Imagino que quisesse saber se o tal Eduardo estaria a acompanhá-lo. – Acrescentou à medida que entravam no veículo.

– Não, se fosse o Eduardo não seria preocupante. – Comentou, colocando o cinto de segurança.

– Então, quem é que esperava ver com ele? – Questionou.

– Um tal Thomas. – Respondeu. – Algo que ficou sempre pendente e nunca acabei por entender muito bem a história. Ontem cheguei a perguntar, mas a Bianca cortou a conversa e por isso, apenas percebi que se conheciam. No entanto, aquele meu primeiro contacto com o Eduardo deixou-me a pensar em quem raio ele pensava que estava a ameaçar e queria até bater.

– Se o encontrar, esse Thomas, o que pretende que faça? – Perguntou já com o carro ligado.

– Quero saber quem é porque pelos vistos, preciso de dar um susto em alguém… – Comentou e olhou de soslaio para o segurança. – Mas se eu não estiver por perto e se vires que o Eren não está confortável na presença desse Thomas, quero que o afastes.

– Com certeza, Sr. Smith.

– Agora que não haverá mais distrações, suponho que seja uma tarefa simples. – Falou o empresário, abrindo o pequeno computador que levava com ele à sua frente.

– Lamento imenso o que aconteceu e espero que esteja a ser mais punitivo comigo do que com o Reiner, afinal de contas a ideia foi minha.

– Já disseste isso antes… – Disse, focado na informação que aparecia no ecrã. – Assim como disseste que o fizeste porque os eventos anteriores foram sempre bastante entediantes e por isso, tu e ele pensaram que desta vez não seria diferente. Uma infeliz coincidência que tenhas pensado nisso logo no dia errado…

– O Sr. Smith não pode estar a insinuar que…?

– A menos que isso já tenha acontecido antes e eu esteja a pensar que tanto eu como a minha filha estamos a ser vigiados, mas afinal não é nada disso que está a acontecer. – O empresário olhou pelo canto do olho para o segurança.

– Asseguro-lhe que foi a primeira e última vez que tal coisa aconteceu. – Respondeu. – Foi apenas uma infeliz coincidência.

– Esperemos mesmo que tenha sido só uma coisa sem importância que passou pela minha cabeça e sem qualquer fundo de verdade. – Comentou Levi, voltando a dar atenção ao ecrã à sua frente.

 

*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*

 

Há uns dias atrás, Tiago tomou a decisão que o amigo esperava. Aliás, ele até teria que dizer que foi manipulado a aceitar, mas estava perdido. Não sabia o que fazer e entregar as rédeas na mão de outra pessoa que tinha tanta segurança no que fazia, parecia ser mais fácil do que lidar sozinho com aquela vontade de chorar sem parar. Não conseguia compreender como as pessoas podiam considerar a paixão ou amor como algo bom, se era capaz de deixar alguém tão destroçado quando não era correspondido. Como se soubesses que a sede ou fome nunca fosse ser saciada e como se isso não fosse suficiente, era obrigado a ver o alvo dos seus afetos nos braços de outro.

E se tivesse hesitado por demasiado tempo e agora fosse tarde para fazer o que quer que fosse?

Contudo, cada vez que pensava em desistir, pensava nas coisas terríveis que leu e viu. O jovem não podia permitir que Levi caísse novamente nos mesmos erros. Estava mais do que provado de que ele e Eren não deviam ficar juntos. Nada de bom se gerava na vida do empresário a cada uma dessas reaproximações.

Além disso, era como o amigo afirmava… como é que ele podia aceitar ser trocado por alguém tão sujo e insignificante? Alguém de quem nem a própria família gostava. Chegou inclusive a ser deserdado de tudo e por isso, outras das razões para aquela nova aproximação ao empresário também devia estar relacionado com as posses. Essas que estiveram ao alcance de Tiago. Porém, o jovem não deu importância. Embriagou-se na sensação de ter conseguido a atenção de um homem tão poderoso. Era extasiante e o que obtinha com isso era tão mais do que imaginou. O dinheiro não comprava aquilo que Levi lhe deu durante aqueles meses e por isso, o dinheiro não era importante. Não naquela altura e agora só ligava mais a isso pela insistência dos amigos, que como se comprometiam a ajudá-lo a reconquistar Levi, queriam algum tipo de recompensa.

Não que o Thomas mereça grande coisa… nem sequer apareceu quando lhe pedi que viesse ajudar-me a voltar para casa. Acabei por ter que depender da boa vontade alheia…”, esboçou um sorriso amargo ao recordar o desconhecido, que quando acordou apresentou-se como…

 

Flashback

Puta que pariu ainda bem que acordaste. Queres beber ou comer qualquer coisa? – Perguntou.

Um pouco confuso notou que estavam numa paragem de metro vazia e ele tinha sido deitado num banco. Ao lado havia uma garrafa de água fresca.

– Saímos do metro?

– Tive que sair contigo. Perdeste os sentidos. Não podia deixar-te lá. – Respondeu. – Suponho que isso seja algo relacionado com ressaca, desidratação e afins e por isso, não chamei ninguém.

– Fizeste bem. – Respondeu Tiago, sentando-se. – Ninguém precisa de ver isto e tu…

– Eduardo. – Apresentou-se o outro.

– Eduardo. – Repetiu o nome. – Podias ter-me deixado lá. É a tua boa ação do dia?

– Isto não tem nada a ver com marcar pontos de boas ações e claro que não te ia deixar lá. Agora a sério, queres que chame alguém? Pelo menos algum amigo para acompanhar-te a casa. – Disse com uma expressão preocupada. – Continuas pálido. Não devias andar sozinho.

Tiago sorriu com alguma tristeza.

– Que merda, tu nem sequer pareces estar a fingir preocupação. A sério que és assim? Sabes que há uma probabilidade grande de te foderes na vida, sendo bonzinho para os outros. Ou te fodes a ti ou fodes os outros.

– É uma bonita linha de pensamento sobre a vida, mas sinceramente…? Quero que essa teoria se foda também. – Estendeu a mão. – Vá, acompanho-te a casa e podes tentar insultar-me como quiseres, mas vais aprender que te encontraste com a pessoa errada.

– Queres alguma coisa em troca? – Perguntou, aceitando a mão para se levantar.

– Sou um chato do caralho quando decido preocupar-me com alguém. – Respondeu. – A única coisa que quero é que chegues a casa inteiro e sem mais quedas ou apagões. Depois podes pensar o que quiser ou rever o que pensas acerca da humanidade em geral. Eu sei que a maioria aqui em Sina cheira o cu um dos outros em busca de favores e eu sou bastante cínico quanto a isso, mas olha que tu consegues ser mais pessimista do que eu.

– És uma pessoa muito estranha. – Comentou Tiago e o outro riu.

– Sim, também já me acusaram disso.

Fim do Flashback

 

Olhou para o ecrã do telemóvel, onde tinha a terceira mensagem desse Eduardo a perguntar se estava bem e como havia uma ameaça de aparecer na porta do prédio dele, Tiago optou por responder e evitar que o outro cumprisse o que estava a dizer. A resposta foi um curto e simples “sim”, mas isso parece ter sido suficiente para que o outro parasse.

Depois disso deixou de prestar atenção ao aparelho na mão porque o alvo dos seus afetos estava mais adiante e infelizmente, nos braços de outro. Viu quando ele passou, puxando Eren e os dois pararam num dos corredores pouco movimentados. Não estavam dentro de um escritório, totalmente escondidos de qualquer olhar indiscreto. Qualquer pessoa podia passar ali, ainda que fosse a hora do almoço e no entanto, isso parecia não ter qualquer relevância.

Os dois trocavam um beijo como se não houvesse mais ninguém e pior, Tiago não recordava aquela expressão no rosto de Levi em momento algum. Assim que se distanciaram um pouco, Eren deixou um beijo na testa do empresário que juntamente com o sorriso, ruborizou-se ao ouvir qualquer coisa que o outro lhe disse.

Mais do que um murro no estômago, sentia como se estivessem a enfiar qualquer coisa no peito dele.

Tiago não recordava momento algum em que Levi tivesse perdido o receio de mostrar afeto na frente dos outros. Com eles tudo era sempre secretismo e mesmo que tenha concordado com isso, sentia como se tivesse perdido momentos como aquele e não considerava justo. Não depois de tudo o que tinha aprendido sobre Eren. Como é que ele podia ser tratado daquela forma? Por que razão alguém como ele merecia aquele tipo de gesto e expressão na direção dele?

Ele tem razão, não posso… não posso simplesmente aceitar uma coisa destas…”, voltou a pegar no telemóvel.

– Thomas tenho um recado para ti e também novidades. – Murmurou com os olhos postos na interação do casal que estava a alguns metros.

 


Notas Finais


Até ao próximo capítulo!


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