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História Memories After All - Eu não estou preparada para dizer adeus.


Escrita por: ilumineshawn

Notas do Autor


Olaaaaaaa!!!
Boa leitura!!!

Capítulo 33 - Eu não estou preparada para dizer adeus.


O silêncio reinou no cômodo. Sofia buscou sua mãe com o olhar e ela estava olhando para baixo fingindo estar entretida com os cosméticos a sua frente. Sofia olhou novamente para a porta do quarto onde seu avô permanecia imóvel.

- O que ele está fazendo aqui? – Sofia repetiu a pergunta.

- É a minha casa. – Falou Tomás, avó de Sofia, tranquilamente.

- A sua casa é a cela de uma prisão, onde você deveria estar. – Falou a garota.

- Eu só vim deixar o dinheiro do mercado. Estou morando no quartinho dos fundos. – Falou e entregou o dinheiro a Maria.

- De repente lembrou que tem uma casa para ajudar a sustentar?! – Falou Sofia, sarcástica. – Se eu bem lembro a minha avó cuidou de todas as despesas durante anos enquanto você gastava todo o seu dinheiro com bebida e mulheres. Só para quando voltar em casa bater nela. – Falou Sofia aumentando o tom de voz a cada palavra.

- Sofia! – Repreendeu Luísa, séria.

- Por que ele não está preso? – Perguntou Sofia, um pouco mais calma, para sua mãe.

- Vocês podem sair? Quero falar com Sofia. – Falou Maria.

Em poucos segundos todos os presentes no quarto saíram, deixando apenas Sofia e sua avó nele. Maria pegou a mão trêmula da garota e segurou docemente.

- Por que ele está aqui, vó? – Perguntou Sofia com a voz trêmula. Respirou fundo para conter a vontade de chorar.

- Eu retirei as acusações contra ele. – Falou Maria serena.

Sofia fechou os olhos e lembrou-se daquela última noite, dois dias antes de ela se mudar para Fortaleza. Sofia estava indo visitar sua avó, e, ao aproximar-se da porta, ouviu gritos de uma discussão. Apressou-se para entrar logo e, assim que abriu a porta, encontrou seu avô apontando uma faca para sua avó. Por impulso ela foi até o avô e conseguiu retirar a faca das mãos dele. Ela sabe do grande risco que correu, mas, naquele momento, não conseguiu agir de outra forma. Assim que Sofia retirou a faca de suas mãos, seu avô imediatamente saiu da casa e a garota abraçou a sua avó que chorava incontrolável. Ela sabia que seu avô batia em sua avó, mas nunca teve provas e Maria nunca conseguiu admitir. Ali, vendo o estado de sua avó, ela tomou a iniciativa em denunciar.

- Por que você fez isso, vó? Você está correndo risco aqui com ele. – Falou Sofia.

- Eu correria riscos sem ele também. – Falou Maria serena. – A solidão para mim é ainda pior.

- Você não ficaria sozinha. – Falou Sofia.

- Mentalmente? Não. Mas fisicamente sim. – Falou e sorriu. – Meus filhos já estão todos criados, alguns estão espalhados pelo Brasil. Os que moram aqui eu só vejo aos domingos, pois cada um está cuidando de sua própria vida. É a ordem natural das coisas, não estou reclamando. Sua mãe está morando aqui agora, mas logo, logo ela encontra um lugar só dela para morar. – Falou e deu uma pausa. – Eu sei que você não vai me entender, assim como sei que meus filhos não me entenderam, mas é a minha decisão.

- Ele passa a maior parte do tempo fora. – Falou Sofia.

- Mas dorme aqui todas as noites. – Disse Maria. – Lá no quartinho dele, como eu exigi, mas de alguma forma eu me sinto segura quando ele está aqui. – Falou. – Eu sei que ele está longe de ser um bom pai, um bom avô e um bom marido, mas há muito, muito tempo eu deixei de querer isso dele. Só não quero ficar sozinha.

- Eu não consigo ficar tranquila com ele aqui perto da senhora. – Falou Sofia.

- Você vai ter que conseguir um jeito, não quero que se preocupe a toa. – Falou e antes que Sofia questionasse ela continuou. – Desde que ele voltou, ele não me bateu, não voltou com as discussões e quando chega bêbado vai direto para o quartinho dele. Como você pode ver agora ele ajuda nas despesas o que, confesso, é um alívio, pois minha aposentadoria nunca foi suficiente. Eu vivo a minha vida e ele vive a dele, não temos mais nenhum vínculo, apenas dividimos o mesmo teto. Mas ele ainda é o pai dos meus filhos e o meu esposo, mesmo que seja apenas no papel. Repito, eu não espero que você entenda, mas eu não me senti bem ao ver o pai dos meus filhos atrás daquela cela. – Falou e sorriu. – Além disso, meus filhos estão vindo me visitar mais vezes. Sei que é mais para se assegurarem que eu estou segura, mas é sempre bom vê-los.

- Eu não sei se sou capaz de entender. – Admitiu Sofia. Ela sabia que se tivesse algo a ser feito, seus tios já teriam tomado atitude. – Mas eu não vou julgar sua decisão. Só não garanto confiar nele, então pode se preparar para ainda mais ligações e, desta vez, espero que não me esconda nada.

- Vou adorar ouvir o som da sua voz mais vezes. – Falou Maria sorrindo. Sofia sorriu de volta e a abraçou.

Ela não estava nem um pouco tranquila em deixar sua avó morando com o seu avô, mas sabia que não conseguiria a fazer mudar de ideia.

                                          ***

- Não acredito que vocês deixaram meu quarto exatamente como eu deixei. – Falou Sofia surpresa ao entrar no seu quarto.

No quarto havia apenas uma cama de casal, um guarda-roupa e uma mesa de estudos. Nas paredes haviam três prateleiras: uma repleta de pelúcias e as outras com livros do colégio e da faculdade que Sofia frequentara. Dentro do guarda-roupa havia algumas roupas e sapatos que Sofia já sabia que iria para doação.

Era segunda-feira, Sofia estava na cidade há apenas um dia, mas quis visitar a sua antiga casa. Luísa aproveitou e pediu que ela escolhesse o que ela queria guardar e o que iria para doação, já que eles precisariam desocupar a casa. Luísa faltara ao trabalho durante a manhã para passar esse tempo com a filha.

- Nós queríamos deixar tudo no lugar para quando você voltasse. – Falou Luísa sorrindo olhando ao redor do cômodo de paredes azuis.

- Até as minhas pelúcias estão aqui, achei que você já tinha doado. – Falou Sofia olhando a variedade de pelúcias​ em cima de uma prateleira.

- Eu bem que gostaria, mas sei o quanto você gosta delas. Até nomeou cada uma delas.

- Eu ainda nomeio coisas. – Falou Sofia pegando um ursinho marrom que ela havia nomeado de Moriarty. – O meu violão roxo se chama Prince. O violão que ganhei no meu aniversário se chama Paul, pois é igual ao que o Paul McCartney usou várias vezes. A minha guitarra se chamar Hendrix, por causa do Jimi Hendrix e o meu piano se chamar Stevie...

- Deixe que eu adivinho... Em homenagem ao Stevie Wonder. – Falou segurando o riso. Sofia assentiu animada.

- Tenho certeza que outras crianças vão amar ter essas pelúcias como companhia. – Falou Sofia abraçada ao urso.

- Tem certeza? – Perguntou Luísa, ela sabia que a filha amava aquelas pelúcias.

- Tenho. – Falou e colocou o urso na prateleira. – O Vinícius deveria ficar com os livros, vai ser bem útil para ele. E os outros livros... Tenho certeza que tem algum recém-universitário por aqui. Esses livros são muito caros, acredito que vai ajudar bastante. – Falou e Luísa assentiu.

- Lembra que essa parede era repleta de pôsteres? – Perguntou Luísa apontando para a parede com a cama.

- Sim! – Falou Sofia rindo. – Eu tinha muitos pôsteres.

- Tinha aquele enorme daquela cantora... Qual é mesmo o nome dela?

- Demi Lovato! – Falou Sofia sorrindo com a lembrança. – Era em tamanho real. E eu ainda amo ela. – Falou sorrindo para a parede, recordando ela repleta de imagens. – Acho que já tenho tudo que preciso.

- Eu pensei em ficar com a cama e o guarda-roupa para o seu irmão. Ele vive reclamando que o guarda-roupa dele é de bebê e tenho certeza que ele vai amar uma cama de casal.

- Com certeza ele vai amar. E ele tem razão em reclamar, aquele guarda-roupa ele tem desde que era, de fato, um bebê. – Disse e as duas riram. – Já falou com algum corretor?

- A casa já foi vendida. Já tem um tempo, mas nos deram um bom prazo para retirar tudo. Como você deve ter visto, falta apenas os móveis do seu quarto e alguns da cozinha. Os que seu pai não levou.

- Por que não me falou? – Perguntou Sofia.

- Não achei necessário. – Falou Luísa serena.

- Eu gostaria de saber do que acontece aqui. – Falou Sofia. Sua mãe não falou nada e a garota resolveu não falar também.

Sofia saiu de seu quarto e foi em direção à cozinha. Abriu a porta dos fundos e teve a visão do quintal de sua casa. Era apenas um grande espaço vazio e cinza.

- Você sempre quis construir um deque aqui. – Falou Sofia ao ouvir a mãe se aproximar. – Nós sempre tínhamos planos de reforma. – Falou e a mãe assentiu sorrindo. – Queríamos alargar a lavanderia, mudar a fachada da casa e colocar um portão automático, transformar aquele quartinho do meu quarto, que deveria ser um banheiro, em um canto de estudos para o meu irmão, já que eu iria para a faculdade... Mas o principal era o deque. Para reunir os amigos de vocês, a família... Fazer um churrasco ou algo do tipo. – Falou. Sua mãe riu e olhou para a garota. Parou de sorrir ao ver que o rosto de Sofia estava repleto de lágrimas. – Eu não estou preparada para dizer adeus.

Luísa abraçou a filha e deixou-a chorar em seu ombro.

Sofia nunca gostou da cidade onde morava. A achava monótona demais. Ela queria novidades. Em sua mente sempre rondava planos de sair de lá para conhecer novos lugares, sem preocupações, pois sabia que sempre teria a sua casa a esperando. Foi naquela casa onde ela construiu suas piores e melhores memórias. Era naquela casa onde ela encontrava o seu lar.

                                        ***

Sofia respondia as mensagens de Stephan enquanto Rodolfo, pai da garota, preparava o café. Era 16h07min e Sofia estava na casa de seu pai desde a hora do almoço. Eles conversaram sobre muitas coisas, especialmente sobre as músicas de Sofia e a sua carreira. O pai da garota sempre fora um grande amante de música e estava amando ouvir Sofia falar sobre o processo de criação de suas canções. Ele, inclusive, disponibilizou o seu velho violão preto para a garota usar enquanto estivesse na cidade, já que os instrumentos dela estavam juntos aos outros instrumentos de sua banda.

- Aqui está seu café. – Falou Rodolfo entregando uma caneca com o líquido preto para a garota.

- Como eu sinto falta do seu café. – Falou Sofia com os olhos fechados após dar o primeiro gole.

- Eu quero ter uma conversa contigo há um tempo, mas confesso que não sei como agir. – Falou Rodolfo. Sofia o olhou curiosa, mas esperou que ele falasse. – Até os seus quinze anos eu ficava com muito medo que você me aparecesse com um namorado. – Falou. Sofia soltou uma leve risada ao entender o tema da conversa. – Eu não queria bancar o pai chato e protetor, mas sentia que seria necessário. Mas depois eu parei de me preocupar, pois confiava em você, confiava na sua escolha.

- Confiava no fato de eu ser bastante exigente. – Brincou Sofia.

- Bom, em outras palavras, é isso mesmo. – Falou e riu. – Mas agora eu não sei que influência eu posso ter. Você sempre foi bastante independente, inclusive nas suas decisões, mas agora é diferente. Você já é maior de idade, mora sozinha e em outro país, é capaz de se sustentar...

- E você ainda é meu pai. – Falou Sofia sorrindo. – É claro que tem influência sobre mim. Eu nunca namoraria alguém que vocês não aprovam.

- Eu nem sei se vou conhecê-lo e se um dia nos falarmos eu não vou conseguir ter uma conversa com ele. Meu inglês é péssimo e tenho certeza que o português dele também não é lá essas coisas.

- Eu tenho ensinado algumas coisas a ele. – Falou Sofia.

- Te conhecendo como eu conheço tenho certeza que só está ensinando essas gírias de internet. – Falou debochado.

- Talvez... – Falou Sofia bebendo um gole do café. Logo depois riu. -- "Gírias de internet."

- Não é assim que falam?

- Nos adaptamos para "memes". – Falou. Seu pai apenas balançou a cabeça em um tom divertido de reprovação.

- De qualquer forma, eu ainda não sei o que devo falar a você. – Disse. – Se fosse há alguns anos atrás, como normalmente acontece...

- Por que o fato de eu estar namorando pela primeira vez com 19 anos é tão estranho, mas o meu irmão, que tem apenas 11 anos, já ter uma namorada é bastante aceitável? – Perguntou Sofia colocando a caneca na mesa de centro. – Inclusive mais uma informação que vocês não tiveram interesse em compartilhar comigo.

- Xiii... – Falou Rodolfo colocando a caneca na mesa de centro e cruzando as mãos.

- "Xiii" mesmo. – Falou Sofia um pouco emburrada. – Desde que eu cheguei estou descobrindo várias coisas que vocês deixaram de me contar. Vocês sabem que eu odeio mentiras.

- Não mentimos em tudo. – Defendeu Rodolfo.

- Também odeio omissões. – Falou Sofia. Seu pai não respondeu nada. – Eu passei dois anos achando que aquele homem estava preso e que minha avó estava segura, agora descubro que antes mesmo de eu viajar para Fortaleza ele já estava solto. – Falou irritada. – Por que esconderam isso de mim? Acharam que eu nunca descobriria?

- Porque sabíamos que você iria desistir da mudança e nós não podíamos deixar isso acontecer. Você se esforçou muito para entrar naquela faculdade, sempre planejou o seu futuro, conseguiu um ótimo apartamento, encontrou pessoas que topariam dividir ele com você... Não podíamos deixar você desperdiçar tudo que você tanto batalhou para conquistar.

- Por que vocês acharam que eu iria desistir de tudo se sabem o quanto que era importante para mim?

- Você ficou entre sua avó e seu avô, que estava armado, e retirou a faca das mãos dele... Não podíamos confiar no seu racional naquele momento. – Falou Rodolfo. – Por que eu sinto que estou sendo acusado de algo?

- Desculpa, eu só não gostei de ser excluída assim e soou mais agressivo do que eu esperava. – Falou Sofia pegando a caneca para beber outro gole. Desta vem mais longo que os anteriores.

- Ninguém está te excluindo.

- Não? – Perguntou Sofia irônica colocando a caneca novamente na mesa. – Vocês esconderam que minha avó havia retirado as acusações, esconderam a separação por alguns dias, a mudança na guarda do Vinícius, que a casa já havia sido vendida, que o senhor voltou a beber como antes, que o Vinícius está namorando, que ele ficou em primeiro lugar no simulado da escola, que ele foi suspenso por matar aula junto a alguns colegas... Eu sempre ligo e sempre pergunto como vocês estão, o que tem acontecido... Vocês sempre são vagos e ocupam o tempo perguntando sobre mim. E eu sempre respondo, claro! – Falou firme. – Como eu não posso me sentir excluída, assim? – Perguntou.

- Não queríamos te preocupar. Você já vive muito ocupada, tem seus próprios problemas para dar atenção.

- Eu vivo ocupada mesmo, mas vocês são as minhas prioridades. E sempre vai ser assim. Eu me importo com vocês e com o que acontece com vocês. Acho que mereço um pouco mais de inclusão na vida de vocês​. Eu sequer sei o motivo da separação. Vocês apenas falaram que não dava mais. Por que não dava mais? O que aconteceu para vocês chegarem a essa conclusão? Eu não sei!

- Fico feliz que está expondo melhor o que sente e pensa. – Comentou Rodolfo. – Já que quer franqueza, vou ser franco com você sobre o divórcio. – Falou. Sofia apenas assentiu. – Decidimos nos separar porque eu finalmente ouvi de sua mãe que ela não me ama. E eu estava cansado de fingir que estava bem com isso. – Falou. Sofia ficou espantada com a revelação, não esperava ouvir aquilo de seu pai. – Ficamos mais de 20 anos juntos e eu ainda não tenho certeza se sua mãe era feliz, não sei o que se passa na cabeça dela, ouvi poucos "eu te amo" e sei que foram verdadeiros, pois foram no início do namoro e do casamento... Nós tivemos ótimos momentos, mas nossa vida juntos não pode ser composta apenas pelas boas memórias. Há atitudes que fazem falta. Nós não éramos infelizes, mas também não éramos felizes juntos. – Admitiu. Sofia ficou em silêncio olhando para a caneca que voltara a suas mãos. – Nós não falamos a vocês, pois não queríamos que vocês precisassem carregar o peso de nossas frustrações. Nós não demos certo, mas ainda somos os pais de vocês. E vocês sempre serão nossa prioridade.

- Sempre? – Perguntou Sofia ao lembrar-se do que seu irmão lhe falou sobre seu pai e a bebida.

- Eu errei feio com o Vinícius e não pense que eu não me importo. – Falou. – Estou frequentando o AA. Algo que eu já deveria ter feito há muito tempo, mas só agora percebi a necessidade de fazer.

- Eu fico feliz por você, pai. – Falou Sofia pegando nas mãos dele. Seu pai sorriu para ela. – Sinto muito, por tudo.

- Eu também. Mas estamos todos bem e prometo ser mais franco com você. Preciso lembrar que você não é mais uma criança.

- É uma boa ideia.

- Sobre o seu namoro, o que eu posso lhe dizer é: se você gosta desse rapaz, diga a ele. Deixe claro o que você sente. Eu sei das suas dificuldades e sei que parte disso é nossa culpa, mas eu também sei que você é capaz de superar isso. Descubra o que você sente e fale a ele.

Sofia apenas assentiu e abraçou o pai.

Passaram mais alguns minutos na companhia do outro, mas Sofia logo foi embora, pois queria visitar a academia onde começou a lutar jiu jitsu. Saiu da casa de seu pai com o violão dele em mãos e uma sensação pesada dentro de si, como se tivesse algo entalado. Ela sabia que só havia um jeito de aliviar essa sensação.

                                              ***

Sofia aproximou-se da academia de jiu jitsu e já pode ouvir a contagem dos pequenos. A turma infantil fazia o aquecimento para iniciar os treinos. De longe, seu antigo professor, Marcelo, a avistou e ela pode ver o imenso sorriso que surgiu no rosto dele. Foi impossível para ela não sorrir de volta.

- Posso entrar, professor? – Perguntou Sofia, assim como fizera meses atrás sempre antes de entrar no tatame.

- Oss! – Respondeu ele sorrindo. Sofia retirou os chinelos, fez a reverência ao tatame e entrou. – Sentimos a sua falta aqui. – Falou Marcelo.

Assim que ele terminou de falar, Miguel, primo de Sofia, viu a garota e correu em direção a ela. Em poucos segundos boa parte das crianças pararam o que estavam fazendo e correram para abraça-la. Sofia precisou se ajoelhar para não ser derrubada por eles.

Antes de iniciar a faculdade, Sofia ajudava o professor com a turma infantil. Ela, que sempre amou crianças, se deu muito bem com os pequenos.

- Deixem a Sofia respirar, pelo amor de Deus. – Brincou Marcelo rindo com a cena. – Agora acabou a moleza, voltem ao aquecimento. – Falou em tom de brincadeira, mas todos o obedeceram e voltaram a aquecer.

- Eu sinto muita falta daqui. – Falou Sofia olhando para eles e sorrindo.

- Cadê o kimono? – Perguntou Marcelo.

- Está na mala, e irei usar, prometo, mas hoje eu gostaria de usar outra coisa. Se você me permitir.

- Se estiver ao meu alcance... – Falou sorrindo.

- Você ainda tem aquele piano? – Perguntou Sofia.

- Aprendeu a tocar? – Perguntou ele. Sofia sempre compartilhou com ele o seu amor por música e o desejo de aprender a tocar piano.

- Sim, sei bastante coisa, mas quanto mais eu praticar, melhor. – Falou e ele assentiu.

- Pode subir as escadas, Karina está lá em cima e ela pode te mostrar onde ele está. – Falou se referindo a sua esposa.

- Muito obrigada. – Falou a garota sorrindo.

- Venha treinar! – Ordenou ele, mas logo sorriu. – Agora eu preciso voltar a eles. – Falou apontando para as crianças que agora estavam sentadas aguardando o professor. Sofia assentiu e subiu as escadas.

Encontrou Karina, sentada a mesa, organizando as contas em planilhas. Ela sorriu ao ver a garota e imediatamente se levantou. Elas se cumprimentaram e conversaram brevemente. Karina mostrou a Sofia onde estava o piano. Em um quarto, forrado com espumas, no fim do corredor.

- Fica a vontade. – Falou Karina antes de fechar a porta.

Sofia olhou ao redor e viu, ao lado do piano preto, uma mesa com alguns papéis brancos em cima e vários lápis, borrachas e canetas. Sofia pegou um lápis e um papel em branco e sentou em frente ao piano.

Sentiu o peso novamente.

Queria gritar.

Tocou várias notas aleatórias até que as melodias entraram em sincronia com as palavras em sua mente e assim ela construiu o primeiro trecho da música.

You used to tell me that you loved me once. What happened?


Notas Finais


Por favor, desculpem o atraso. Tentei postar o quanto antes, mas só deu agora. Espero muito que tenham gostado, apesar de o capítulo ser um pouco mais sério. (Tentei deixar o mais leve possível e espero não ter fugido da seriedade dos assuntos.) Queria aproveitar e falar uma coisinha para vocês. Eu sei que nem sempre a vida é justa e nem sempre aceitamos o que ela nos impõe, mas não recuem. Usem a voz de vocês. Se você veem ou vivenciam algo que sabem que está errado, falem, questionem, denunciem. Não se deixem vencer pelo medo. Eu sei que muitas vezes é muito mais fácil falar (ou escrever/digitar) do que agir, mas você só sabe o quanto é forte quando tenta.
Bom, novamente, espero muito que tenham gostado. Até próxima sexta,meus lindos, beijinhooos!!
P.S: desculpem os erros, revisei bem rápido, pois não queria demorar mais.


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