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História Memories And Letters - Anchorage


Escrita por: feeljhn

Notas do Autor


Anchorage (nome do capítulo) é o desejo de segurar o tempo enquanto ele passa.

obs: O símbolo [Ѫ] significa uma quebra de tempo

Capítulo 17 - Anchorage


Estava quase na hora e eu já estava suando frio de nervosismo, até que fui surpreendido com uma mensagem sua avisando que você já havia chegado. Me despedi da minha vó com um beijo na testa e recebi um “fighting” como resposta. Saindo de casa, avistei você ao lado da porta aberta de um carro.

- Por favor – você disse se curvando enquanto estendia seu braço em direção ao interior do carro, indicando que eu entrasse. Entrei rindo com tal atitude e, ao fechar minha porta, você correu para o outro lado de uma forma tão engraçada que me fez continuar rindo feito bobo.

- Não sabia que você tinha um carro – comentei enquanto afivelava o cinto de segurança.

- Eu tenho mas esse aqui é do Namjoon.

- Ué, cadê o seu?

- Em Incheon – você falara, recebendo de mim uma expressão facial de confusão – É meio complicado de explicar – continuou, tentando diminuir minhas dúvidas sobre tal assunto.

- Ah, entendo.

- Você está muito bonito – você mudara de assunto rapidamente, fazendo minha face queimar de nervosismo com o elogio repentino – Não lembro de ter visto essa blusa.

- É porque ela é nova – falei enquanto arrumava minha gola – Minha vó me ajudou a escolher.

- Woo, ela tem muito bom gosto.

Quis comentar sobre a conversa que tive com ela mais cedo, porém ainda não era o momento nem a hora.

- Então, você já pode me dizer aonde vamos?

- Você vai ver quando chegarmos.

- Ya – exclamei enquanto segurava sua gola, fingindo que iria socá-lo, recebendo de você uma de suas risadas conjuntas com aquele seu sorriso quadrado. Sua insistente dramaturgia era (e ainda é) extremamente irritante.

Liguei, então, o rádio e fomos cantando em dueto até nosso destino final. Descobrimos em tal dia que formávamos uma ótima dupla mas, claro, não expomos tal mico para qualquer um. Ao chegarmos, vi que estávamos em frente à um prédio antigo que me lembrava um coliseu pela sua estrutura sofisticada.

- Chegamos – você falou enquanto pegava um buquê de flores que estava no banco traseiro e, logo em seguida, saiu, entregando a chave do carro para o manobrista do evento.

Quando saí, me senti um pouco intimidado com tal situação, por aparentemente ser um evento muito importante. Você me chamou e fomos em direção ao interior daquele prédio. Antes que pudéssemos, de fato, entrar, fomos parados pelo segurança do local.

- Nomes, por favor – falara o segurança.

- Kim Taehyung e acompanhante – você respondeu com seriedade.

- Oh, Senhor Kim. Pode passar – o segurança falou, mudando totalmente sua expressão facial, como estivesse diante de alguém famoso. De fato, naquele momento não entendi tal atitude. Eu nada perguntei, apenas o acompanhei, também me questionando sobre aquele buquê de flores, o qual também não eram para mim.

Dentro de tal prédio luxuoso, entramos em uma espécie de teatro, o qual já estava um pouco lotado de pessoas também muito bem arrumadas. De fato, o teatro era absurdamente refinado e majestoso, então já era de se esperar que só pessoas importantes estivessem ali.

- O que vamos assistir? – perguntei depois de analisar a arquitetura daquele teatro.

- Uma espetáculo de balé – assim que você falou, as luzes tornaram-se apagadas, sinalizando que já ia começar o espetáculo, fazendo com que eu ficasse empolgado como uma criança em um parque de diversões – Espero que goste – você continuou enquanto sorria, percebendo minha empolgação. Eu apenas ri de nervoso, quase não conseguindo me controlar.

Apesar de não ter óculos, minha baixa miopia permitiu que eu conseguisse ver com clareza, já que estávamos consideravelmente próximos do palco. Depois de conseguir manter minha calma, observei cada movimento dos bailarinos. Era magnífico. Eles estavam apresentando o Lago dos Cisnes, o qual se encaixa com o Cisne Negro. Foi muito belo. Houve algumas adaptações que diferenciava-se de outras apresentações do Lago dos Cisnes, as quais deram mais leveza nos passos dos bailarinos.

Ao fim, a coreógrafa, uma senhora fina e linda, recebeu flores dos bailarinos enquanto recebia os nossos aplausos. Depois de tudo ter, de fato, acabado, fomos saindo, até que você me puxou pro lado contrário à saída, me levando em direção aos bastidores. Chegando lá, o segui até que você achou a coreógrafa, cutucando-a. Quando ela virou, pegou o buquê de flores e o abraçou.

- Meu filho, que surpresa adorável – Ela complementou, enquanto o abraçava.

- Mãe – você falou, enquanto finalizava tal abraço – Quero que você conheça um amigo meu – falaste enquanto me puxava para perto – Este é o Jeon Jungkook.

- Muito prazer, achei o espetáculo magnífico – curvei-me em sinal de respeito com um sorriso incontrolável na face por estar meio nervoso.

- Obrigada, fico feliz que tenha gostado, Jungkook – respondeu, sorrindo de volta.

- Ele não fechou a boca nem um segundo sequer – você comentou, fazendo com que eu risse sem graça, desejando te socar naquele mesmo instante.

Antes que pudéssemos conversar mais, alguém do staff sussurrou no ouvido dela e a mesma teve que se despedir de nós por estar meio compromissada naquele momento.

- Filho, eu preciso me encontrar com os dançarinos – lamentou em suas palavras – Mas muito obrigada por ter vindo, eu amei a surpresa – o tomou nos braços, a fim de se despedir – Jeon Jungkook, prazer em te conhecer. Espero que nos encontremos mais vezes – ela continuou, agora se despedindo de mim. Apenas sorri acenando afirmativo, encantado em estar diante de alguém tão bela como ela. Era notável saber a quem você puxou tamanha beleza.

[Ѫ] 

- Então, gostou? – você perguntou enquanto nos retirávamos em direção à entrada do prédio.

- Tá falando sério? Ainda tô chocado que a mesma mulher que fez aquela coreografia é a sua mãe – comentei um pouco empolgado em minhas palavras, ainda entusiasmado pelo que havia acabado de vivenciar.

- Fico feliz que tenha gostado. Pensei muito em um primeiro encontro especial.

- Então, foi mesmo um primeiro encontro? – você riu com minha pergunta, não conseguindo tirar seus olhos do chão por estar ligeiramente tomado pela vergonha.

- Um primeiro encontro que ainda não acabou – respondeu, pedindo, logo em seguida, o carro para o manobrista responsável.

- Tem mais? – perguntei, depois que você terminara de falar com o manobrista.

- Sim, você vai ver logo.

Entramos no carro e você foi dirigindo até que, depois de um certo tempo, você entrou em um drive thru do Burger King. Quem diria, né?

- Não tem combinação melhor do que traje social e hambúrgueres – comentei ao perceber que estávamos, de fato, entrando em um drive thru.

- Concordo, mas só vim aqui por causa da coroa – ri com sua mentalidade, apesar de eu pensar o mesmo.

Pedimos e, ao recebermos os pedidos, pegamos as coroas como se fôssemos duas crianças. De lá, paramos em uma praça não muito distante. Sentamos em uma das mesinhas da praça e nos pusemos a comer. Sempre que me recordo de tal cena, acabo sorrindo bobo por ainda não acreditar que realmente vivenciei aquilo. Mais uma vez, quem diria, né? Eu não poderia imaginar outro desfecho de um encontro mais cômico e criativo que esse. Tal fato só fazia eu comprovar que estar com você é o mesmo que nunca estar no tédio. Você sempre foi indecifrável. Quando espero por algo, você me surpreende com uma coisa totalmente contrária e sem nexo. Creio que essa é apenas uma das qualidades que te fazem tão especial pra mim.

Enquanto brincávamos de rei e roubávamos batatinhas um do outro, algumas pessoas que passavam por ali nos olhavam estranho, o que fez com que você diminuísse o ritmo de suas brincadeiras.

- Tae

- O que? – disseste, dando uma mordida logo em seguida.

- Você tá se sentindo incomodado?

- Com o que?

- Com as pessoas nos olhando – falei olhando em volta, conferindo se havia alguém nos olhando.

- Ah, isso.. É difícil mas eu tento me acostumar.

- Como assim? – perguntei, roubando uma de suas batatinhas.

- Quando saio com os meus amigos, sempre nos olham com desprezo, então me acostumo aos poucos com isso.

- Seus amigos da gangue?

- Isso. É que falar “gangue” soa meio engraçado – riu com tal argumento.

- É, soa um pouco broxante – ri junto, concordando com suas palavras.

- E você? Se sente desconfortável com esses olhares estranhos sobre nós?

- Não muito. Claro que é meio chamativo dois garotos com roupa social e coroas de papelão fazendo barulho no meio de uma praça – ri em fazer uma rápida análise sobre aquele momento – Mas pelo fato de quase ninguém me conhecer aqui, me sinto mais à vontade pra fazer essas coisas.

- Eu sentia o mesmo em Incheon. Quase ninguém me conhece lá.

- Pensei que você era de lá.

- Minha mãe é, na verdade. Como os meus pais são separados, algumas vezes eu vou pra lá ficar um tempo com ela.

“Será esse um dos motivos de você ter entrado nessa vida de gangue?”, indaguei comigo mesmo.

- Ah, sinto muito por isso.

- É, também sinto. Já faz um tempo mas parece que foi ontem que vi minha mãe saindo de casa.

- Nessa época você conhecia o Namjoon? – perguntei, aproveitando tal oportunidade para começar a tirar algumas conclusões de você.

- Não, foi um pouco depois. Mas essa história tem que ficar pra outra noite, porque já tá ficando tarde – conferiu as horas no celular, certificando-se que estava certo sobre seu palpite.

- Ah, verdade – não querendo mais insistir em tal assunto, continuei – Esqueci de perguntar, você tem quantos anos mesmo? – perguntei enquanto nos levantávamos, recolhendo toda a nossa bagunça.

- 21, sou mais velho que você – riu, convencido em suas palavras por ser mais velho.

- Isso não significa nada, ainda assim vou continuar te chamando atenção com ‘Ya’ – deixei claro, não aceitando o fato de ser mais novo que você.

- Ya, mas não é certo – riu, tentando me corrigir como um bom coreano.

- Essa regra é pra coreanos, eu sou brasileiro – ri enquanto fazia um sinal de V no queixo com o polegar e com o indicador, sabendo que eu, de fato, estava livre de tal regra.

Antes que saíssemos de lá, tirei algumas fotos do local. Apesar de você se meter no meio de algumas fotos, consegui tirar fotos bem legais. Não que eu tirasse pela paisagem em si, mas eu gostava de relembrar alguns momentos da minha vida, e aquele momento... Aquele momento com certeza estava entre os que eu gostaria de relembrar. Você me levou, então, para minha casa, o que não demorou tanto quanto na ida, já que o trânsito estava mais leve, por já ser mais tarde.

- Chegamos – você falou.

- É.. – concordei, mas antes que eu pudesse retomar minha fala, você me cortou mais uma vez, fazendo com que nós dois falássemos ao mesmo tempo.

- Pode falar – falei.

- Você, eu falei primeiro da última vez – você respondeu, relembrando a última vez que nos interrompemos.

- Queria agradecer por hoje, me diverti muito, sem contar que amei conhecer sua mãe.

- Não precisa agradecer – riu sem graça enquanto olhava para o chão, algo que notei que você fazia com uma certa frequência – Eu tentei fazer com que fosse memorável e marcante.

- E de fato foi... E o que você queria falar? – perguntei curioso.

- Ahm.. No próximo feriado, você sairia comigo? – antes que eu pudesse responder, você continuou – Não que a gente só saia no próximo feriado, porque ainda tá meio longe, mas feriados são os únicos dias que você tá livre pelo dia inteiro – levou a mão à nuca, meio receoso com minha resposta.

- Claro – ri com suas explicações - Mas você vai precisar do dia inteiro?

- É, surpresa também.

- Claro que é, eu já deveria saber – ri, já não surpreso com mais um de seus dramas – Então, vou lá. Obrigado mais uma vez – lancei um sorriso agradecido, não desejando que tal momento de despedida chegasse.

Quando abri a porta, já me retirando do carro, sinto meu braço ser segurado. Ao me virar, a fim de saber o motivo de ser segurado, você apenas se desculpou, dizendo não ser nada. Apesar de ter achado estranho, acenei com a cabeça e me despedi mais uma vez de você, finalizando tal noite, a qual eu pedira aos deuses para que fosse a mais longa possível. Infelizmente, tive meu pedido negado. Talvez os deuses estavam bravos, ou até mesmo enciumados, por não terem presenciado uma noite tão magnífica quanto a nossa.


Notas Finais


1- "Fighting" é uma palavra de apoio usado com incentivo, encorajamento. É como dizer "Força".


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