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História Memories And Letters - Limerence


Escrita por: feeljhn

Notas do Autor


Limerence (nome do capítulo) é um estado involuntário da mente que resulta em uma atração romântica para outra pessoa combinada com a necessidade obsessiva de ter seus sentimentos retribuído.

Capítulo 2 - Limerence


“Senhores passageiros, deixem suas poltronas retas e afivelem os cintos. Dentro de alguns minutos, estaremos pousando no Aeroporto Internacional de Seul”. Eu ainda estava despertando quando ouvi as comissárias de bordo falarem as frases que eu mais estava aguardando, depois de horas dentro de um avião. Nunca fui muito fã de aeroportos porque é sempre a mesma dor de cabeça. Lembro-me quando minha mãe me deu de presente uma viagem para Nova Iorque para um mês de aula de dança em um estúdio renomado. Foi preciso fazer uma escala em Orlando porque o avião apresentou certos defeitos e tive que esperar 8h no aeroporto pelo próximo voo. Argh, péssimas memórias...

Depois de alguns minutos após o pouso, me encaminhei para o portão em que minha mala tinha sido encaminhada. Foi bastante estranho de início porque me deparei com palavras em hangul por todos os lados. Meu coreano estava bastante enferrujado, então tive que variar em seguir as informações escritas em inglês e em coreano. Eu estava tão nervoso que acabei me perdendo dentro daquele mundo metálico que era o aeroporto, então tive que correr atrás de algum guardinha para pedir informações em coreano misturado com mímicas. “Por que eu não dei uma boa revisada no meu coreano? Argh” pensei, depois de perceber na dificuldade que eu tive em lidar com essa língua logo de início.

No final, deu tudo certo. Ao me encaminhar para o portão de saída, avistei uma senhora baixinha, magra e que lembrava-me bastante minha mãe. Ela segurava uma placa com meu nome em coreano. Quando eu acenei para ela, ela soltou um sorriso e veio ao meu encontro.

- Meu filho, há quanto tempo!! Você cresceu, hein!! – dizia vovó Tsunade, apertando meus braços e me analisando de baixo para cima. Eu não soube o que responder, só levei meu braço à nuca e sorri de lado. Tenho uma memória muito vaga da minha vó. Tudo o que sei é que seu marido, meu avô, havia falecido alguns anos antes de eu nascer. Quanto aos meus avós paternos, também haviam falecido, mas não sei ao certo como, já que meu pai nunca gostou de falar sobre o assunto.

Depois de alguns abraços quentes, pegamos um táxi que nos levou até seu apartamento que se localizava em um bairro um pouco distante de onde estávamos mas que era consideravelmente próximo da minha universidade, sinal de que não teria que me preocupar com gastos no transporte. Como cheguei dois meses antes do início das minhas aulas, para poder organizar melhor as papeladas necessárias para a universidade (coisas da minha mãe, sempre precavida), acabei tendo um bom tempo para conhecer Seul e usar a minha tão amada câmera fotográfica, que não via uma paisagem bela há tempos.

Nesse tempo, fiz questão de acompanhar todas as atividades que minha vó costumava fazer, que podia variar entre assistir programas de culinária até acompanhá-la às aulas de yoga no parque que ficava no nosso bairro. Houve um dia em que, em uma dessas aulas de yoga, eu esperava sentado no banquinho do parque enquanto ela despedia-se de uma colega de classe. Enquanto elas conversavam, minha vó apontava para mim como se estivesse falando de mim. Não demorou muito para que ela me chamasse, então eu me aproximei delas.

- Meu filho – disse vovó Tsunade enquanto me puxava para perto dela – Eu estava conversando com minha amiga sobre você e suas manias de querer sair pra todo lugar tirando foto de todo tipo de coisa, sabe? E ela comentou que tem um sobrinho que vai viajar para conhecer algumas cidades turísticas próximas daqui mas ela não queria que ele fosse sozinho. Você poderia acompanhá-lo? Poderá aproveitar bastante conhecendo alguém além de sua velha avó e irá conhecendo lugares ótimos para a sua fotografia. Que tal?

Eu não pensei duas vezes, aceitei sorrindo e agradecendo, me curvando de tal modo que parecia que minha cabeça iria tocar meus pés. Depois de trocar algumas informações, ficou certo que eu e este tal garoto, chamado Jimin, iríamos nos encontrar na estação de trem. Eu havia recebido uma foto sua através do KakaoTalk mas ele parecia um idol, usando um óculos escuros juntamente com uma máscara. Ou seja, eu não tinha muita ideia de como ele era, só sabia que seus cabelos eram ruivos.

Chegado o dia, me encontrei com ele e, de fato, não consegui reconhecê-lo: ele que me reconheceu primeiro. Foi estranho porque ele era baixinho e suas mãos pequenas, mas não ousei falar nada, já que não nos conhecíamos bem. Sem muitas delongas, embarcamos e começamos a nos conhecer. Ele havia me dito que, assim como eu, queria se aventurar um pouco antes de começar uma etapa responsável em sua vida: a faculdade.

Depois de algumas horas de muita conversas e risadas, chegamos em Incheon, uma cidade próxima de Seul. Ao sairmos, nos dirigimos a um albergue que ficava próximo à estação de trem, e Jimin, que estava à frente da organização de nossas estadias, conseguiu resolver tudo com tanta facilidade que eu fiquei impressionado, pois eu demoraria anos para ter tanta experiência assim. Durante nossas conversas no trem, ele havia dito que viajar era uma paixão que não conseguia se libertar, tanto que ele estaria começando os estudos na área de turismo. De fato, pude perceber tamanha destreza e facilidade em suas ações.

Após nos instalarmos, Jimin quis descansar um pouco até o horário do almoço, pedindo-me para acordá-lo a tempo, e eu optei em sair para fotografar um pouco em uma praça que ficava no outro lado da rua até o horário do almoço. Depois de ter trocado de roupa, colocando vestes mais confortáveis e usando as minhas botas da sorte, peguei minha câmera e saí entusiasmado, pronto para conhecer os mínimos detalhes daquela paisagem linda de primavera coreana.

Ao chegar lá, eu não soube ao certo por onde começar por ter tantas opções de fotografia natural, algo que eu não tive muito no Brasil por morar no meio urbano. Depois de ter circulado toda aquela praça algumas centenas de vezes, cheguei a uma ponte onde corriam águas cristalinas embaixo dela. Ao sentir aquela brisa suave vindo em meu rosto, parei por um momento de fotografar como um viciado e, apoiando meus antebraços no corrimão, fechei meus olhos e aproveitei aquele momento de paz. Porém, uma voz grossa interrompeu-me naquele instante.

- Desculpa incomodar, mas acho que isso aqui é seu – disse aquela voz grossa, colocando sua mão em meu ombro. Quando me virei, deparei-me com um jovem esbelto, alto e com cabelos castanho claros escondidos em um chapéu deveras meigo. Parecia ser hipnose, pois não conseguia desviar meu olhar daqueles olhos tão viciantes quanto o néctar é para um beija-flor. Depois de alguns segundos, fechei meus olhos, balancei a cabeça e abri meus olhos, voltando à minha normalidade, observando o que ele tinha em mãos: era a minha carteira.

- Aigo! Não acredito que deixei cair minha carteira – falei rindo, tentando transparecer normal depois de ficar fitando-o por segundos – Muito obrigado, eu estaria literalmente ferrado se tivesse perdido meus documentos. Existe algum jeito de eu lhe agradecer? – continuei, querendo realmente ser muito grato, pois já estava pensando na complicação que seria na faculdade se eu tivesse perdido meus documentos.

- Hmmm, um sorvete talvez seja uma boa recompensa – ele disse, abrindo um sorriso quadricular um tanto fofo para alguém como ele.

- Então assim será! - falei um pouco alegre, sem conseguir controlar bem meu ânimo - Me chamo Jeon Jungkook, e você? Como se chama?

- Taehyung. Kim Taehyung, prazer em conhecê-lo.

E, mesmo sem eu saber, foi a partir desse momento que você, Kim Taehyung, começaria a fazer uma bagunça imensa em minha vida. Mas é como dizem: um pouco de bagunça não faz mal à ninguém.


Notas Finais


1- Hangul é o alfabeto coreano.
2- Curvar-se, na Coreia do Sul, é um ato de reverência. Esse ato tem vários sentidos, como, por exemplo, o sentido de agradecimento.
3- KakaoTalk é uma famosa rede social coreana de bate papo. Pode ser considerada como o Whats App do oriente.
4- "Aigo" é uma expressão coreana de surpresa que pode ser entendida como "Caramba".


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